Para
quem está na expectativa da estreia da animação de O Senhor dos Anéis: A
Guerra dos Rohirririm(The Lord of the Rings: The War of the Rohirrim,
Japão, EUA, 2024) uma nova adaptação do famoso livro do britânico John Ronald Reuel Tolkien ou como assinava
abreviadamente J.R.R. Tolkien(1892-1973) nessa data de 2024 em que o famoso livro
completou 70 anos de sua primeira publicação.
Sendo
que dessa vez em forma de anime, já que será uma coprodução
nipo-americana, cuja direção é do animador japonês Kenji Kamiyama.
Talvez
não saibam que essa não é a primeira vez que a obra de Tolkien foi adaptada
para animação.
Quase
vinte anos antes de haver a monumental adaptação da saga literária de Tolkien ganhar as telonas na
trilogia de filmes lançadas nos anos 2000, produzidas pela New Line Cinemas e dirigidas pelo neozelandês Peter Jackson que é
formada por: A Sociedade do Anel(The Fellowship of the Ring, Nova
Zelândia, EUA, 2001), As Duas Torres(The Two Towers, Nova Zelândia,
EUA, 2002) e O Retorno do Rei(The
Return f the King, Nova Zelândia, EUA, 2003).
Houve uma primeira adaptação
cinematográfica de O Senhor dos Anéis
feita por incrível que pareça em
animação.
Foi
na animação O Senhor dos Anéis(The Lords of the Rings, EUA, 1978)
dirigida por Ralph Baksh que caiu no esquecimento com o passar dos anos.
Eu
lembro de ter tido contato a primeira vez com essa obra lá por volta de 2002,
quando vi por mero acaso numa videolocadora esse filme disponível ainda em VHS.
Peguei para locar por curiosidade e assim, confesso ter achado um tanto
estranho, principalmente a qualidade da animação ser um tanto sombria, principalmente as criaturas
orcs que eram bem pavorosas e de aspecto medonho.
Lembravam
bem o design de criaturas de filmes de terror.
Sobre
essa animação que marcou o primeiro registro de adaptação cinematográfica de O
Senhor dos Anéis, ela além de contar com a direção de Ralph Baksh que já era
renomado nesse meio, isso porque antes ele havia lançado a animação de O
Gato Frtiz(Frtiz The Cat, EUA, 1972) que é até hoje uma cultuada animação de
temática adulta, se é que vocês me entendem de classificação inapropriada para
menores de 18 anos pela sua estética bem fora do convencional.
A
produção dessa primeira versão animada
de Senhor dos Anéis, também contou com o envolvimento de Saul
Zaentz(1921-2014) como produtor-executivo, também contou com o envolvimento dos roteiristas Chris Conkling e Peter S.
Beagle que se encarregaram da função de serem os adaptadores do roteiro.
Assim
como contou com o envolvimento dos músicos Leonard Rosenman(1924-2008) e Paul
Kont(1920-2000) que se encarregaram de compor a trilha sonora do filme.
Do
mesmo modo, há de mencionar o envolvimento de alguns renomados atores
britânicos que compuseram o elenco das vozes originais que contou com John
Hurt(1940-2017) que fez o Aragorn na animação, Anthony Daniels, expert em
mimica que fez o androide C-3PO em todos filmes da franquia Star Wars(1977-2019),
na animação deu voz ao Legolas.
E
vale mencionar a participação no elenco de
André Morell(1909-1978), que na animação de Senhor dos Anéis fez o
Elrond que marcou um dos seus últimos trabalhos em cinema, onde ainda deixou
uma participação póstuma no filme O Primeiro Assalto de Trem(The First
Great Train Robbery, Inglaterra, 1979).
Bom,
a ideia de Baksh de fazer uma adaptação do cultuado livro de Tolkien, de quem
ele assumidamente era muito fã e conseguiu adquirir os direitos de adaptação
pouco tempo depois do falecimento do
autor e procurando manter-se fiel cem
por cento ao livro não seria uma tarefa das mais fáceis.
Ainda
mais porque o maior desafio seria tentar
condensar os três livros em um filme só que podiam carregar uma duração longa de tempo
a ponto de ficarem entediantes e chatos demais para se assistirem.
Foi
pensando nisso que seguindo a sugestão
de sua produtora, Baksh condensou os dois livros: Sociedade do Anel e As
Duas Torres em um único filme e exploraria a conclusão do Retorno do Rei no
filme seguinte que acabou não sendo lançado em virtude da animação ter dividido as opiniões da crítica da época.
“Apesar
do filme ter sido um sucesso financeiro, ele foi recebido de forma mista pela
crítica especializada e nenhuma sequência foi produzida para contar o restante
da história.” (Fonte: Wikipédia).
Num
comparativo ao trabalho que Jackson desenvolveu vinte anos depois ao adaptar
cada um dos três livros numa franquia cinematográfica onde ele soube como bem
desenvolver os arcos narrativos dramáticos dos leques de personagens que foram
aparecendo ao longo da história e trabalhar a construção de suas personalidades
com calma e dando tempo e respiro para os espectadores poderem imergir ao universo da Terra-Média para
acompanhar a jornada de Frodo e
companhia contra as forças de Sauron e do poderoso anel.
Com
os melhores recursos disponíveis de efeitos especiais em CGI. E
explorando a muita contemplatividade panorâmica das montanhas que foram
gravadas em locações da Nova Zelândia, terra natal do diretor Peter Jackson e
saber como compreender as sutilezas complexas das mensagens filosóficas do
texto de Tolkien que abordava sobre teologia, existencialismo entre outros
conceitos filosóficos.
Já nessa animação de Baksh, a coisa não foi
muito bem trabalhada dessa forma.
O
fato dele condensar dois livros num filme só, fez com que o andar da
narrativa em suas 2 horas e 12 minutos
de duração soasse muito apressado e um tanto mastigado para conseguir absorver
o cunho filosófico da obra a ponto de ficar raso.
Junte
isso a alguns cortes secos entre uma
transição para outra, terminaram deixando a compreensão da narrativa confusa, e
por deixar um final aberto já que Bakshi não produziu o filme do Retorno do
Rei. O entendimento ficou inconcluso.
No
entanto, há de destacar que a maior virtude que a obra apresentou foi quanto ao
traço da animação que Baksh se utilizou da técnica da rotoscopia.
“A
rotoscopia é uma técnica de animação que consiste em desenhar sobre uma
filmagem real, quadro a quadro, para criar personagens e objetos que se movem
de forma realista.” (Informação gerada por IA-Inteligência Artificial numa
pesquisa do Google).
O
uso disso na animação criou uma brilhante aura psicodélica de movimentações
fluidas, e com as paletas de cores que
variavam entre as mais quentes e saturadas nas cenas das florestas e mais
densamente frias dos Orcs.
No
entanto, há momentos onde nos deparamos com um ar de estranheza na animação,
principalmente quando aparece os rostos reais de atores que cria uma sensação
estranha, fora que o design dos olhos vermelhos dos orcs é de arrepiar.
Ainda
assim, foi da referência dessa animação que Peter Jackson que já havia
assistido antes e quando este dirigiu décadas depois a monumental trilogia
de filmes usou para replicar algumas cenas que não existiam no livro, ou seja,
recriou as licenças poéticas que Bakshi havia criado nessa animação. Exemplo: A
cena dos orcs tentando matar os hobbits enfiando a espada enquanto eles estavam
deitados na cama dormindo, esse é um dos
exemplos de cenas que não existiam nos livros que foi especialmente criado pelo
diretor.
Enfim,
posso concluir a respeito dessa primeira
adaptação cinematográfica de O Senhor dos Anéis, que ela não é perfeita,
apresenta lá seus defeitos envolvendo
problemas em relação justamente a estrutura do roteiro que é muito
apressado, e por não apresentar uma conclusão porque como não foi produzida a adaptação animada de O Retorno do Rei, para poder fechar
a história isso gerou um enorme vácuo deixando o final em aberto.
Ainda mais por condensar dois livros em um
único filme onde nisso termina se perdendo muita coisa da mensagem filosófica que
o livro de Tolkien apresenta, mas em compensação no quesito do design da
animação soube bem como criar um típico escapismo de fantasia que o torna
incrível.
A
nível de curiosidade vale a pena dá uma conferida, com uma ressalva de que
apesar de ser animação ela tem uma classificação 12 anos, que não recomendo vocês
assistirem acompanhado dos seus filhos pequenos.
Ainda
mais pelo clima sombrio da estética da
animação, principalmente pela caracterização grotesca e pavorosa dos orcs, isso
pode ser assustador. Portanto, sejam cuidadosos.