segunda-feira, 14 de abril de 2014

O SURGIMENTO DO CAPITÃO AMÉRICA

Para entrar no clima  de Capitão América: O Soldado Invernal que já está em cartaz nas salas de cinema.
Vou descrever um pouco de como ele se originou e o contexto histórico de como surgiu.




A ORIGEM:

Criado em Março de 1941, na revista Capitan América Comics, numa parceria entre Joe Simon(1913-2011) e por Jack Kirby(1917-1994), o primeiro filhote da Marvel Comics quando esta ainda estava engatinhando como sua concorrente DC Comics com as publicações de Supeman(1938) e Batman(1939). Apesar de apresentarem uma pequena diferença de idade. A DC surgiu primeiramente em 1934, portanto  nesse ano de 2014 completa 80 anos de atividade, já a Marvel que só nasceria  em 1939 completando então 75 anos também no momento presente.









Bom, mas voltando ao foco sobre o Capitão América, foi aproveitando o momento em que o mundo vivia a tensão da Segunda Guerra Mundial, no momento onde a população de cada país vivenciava direta ou mesmo indiretamente, o pavor dos bombardeios que começaram a partir
 do momento em que o tirano Chefe de Estado  da Alemanha Nazista Adolf Hitler(1889-1945) deu inicio ao conflito mandando suas tropas invadirem a Polônia em Setembro de 1939.
 


Curiosamente, pode se colocar que o surgimento do herói ocorreu bem antes dos americanos sofrerem os ataques da tropas japonesas aliadas de Hitler a base militar de Pearl Harbor no Havaí, ocorrida no dia 07 de Dezembro de 1941.



O tom de sátira alegórica  para criar a figura do herói patriótico dos americanos deu muito certo. E assim ele representou bem a figura arquetípica para os americanos, nesta empreitada ousada da Timely Comics, a responsável pelas publicações iniciais
 nessa época do Capitão América antes de pertencer   Marvel.  A trama do Capitão América girava em torno de Steve Rogers,  um jovem civil muito franzino e com a saúde bastante frágil, que   tem como objetivo  de vida entrar a todo e qualquer custo   no exercito para colaborar e ajuda-los a vencer a Segunda Guerra Mundial. Suas tentativas de alistamento mostram-se em  vão, devido ao fato de receber muitas recusas por causa da sua fragilidade de saúde.




















Caveira Vermelha, primeiro inimigo do Capitão América, alegoria arquetípica dos alemães nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.









Tanto que chega uma hora que ele recebe a proposta de fazer parte de um experimento cientifico,  servindo  então de  cobaia humana para ser criado como um supersoldado.  Dessa experiência  resultou que ele adquiriu muitos músculos e se tornou um soldado extremamente forte, com poderes sobre-humanos para combater no front contra as tropas inimigas, mais especificamente os nazistas. É no front que ele irá conhecer  um comandante denominado de Johann Schmidt cujo codinome é Caveira Vermelha, seu mais famoso inimigo que surgiu no mesmo ano da primeira publicação de Capitão América na revista Capitain América #7, publicada em Outubro de 1941.  Estes também retornaria junto com o Capitão América quando este foi descongelado do seu sono profundo. Caveira Vermelha fazia bem uma alegoria arquetípica  dos alemães malvados em plena época de conflito.























Famoso símbolo do escudo do Capitão América com a gigante estrela branca.






As suas publicações nessa ocasião duraram até 1945, ano que marcou o encerramento dos bombardeios na Alemanha. Depois disso,  a Timely Comics resolve encerrar as publicações do Capitão América, visto que não faria mais um herói temporal que simbolizava o ideal americano contra os nazistas, com sobrevida depois seria impossível.



O RESSURGIMENTO NOS VINGADORES

Foi então que em 1964, a Marvel decide reviver o Capitão América, na publicação da revista The Avengers #4, desta vez voltado para um novo público com a supervisão da dupla Stan Lee e Jack Kirby, o ressurgimento do herói ocorreu quando o então grupo recém-criado pela Marvel denominado de Vingadores os encontrou congelado num avião caído após o fim da Segunda Guerra Mundial e de repente acorda num mundo completamente diferente do qual ele conhecia na década de 1940.

Nesta sua nova fase, ele começa a ganhar suas primeiras histórias solo na revista Tales of Suspense, onde dividia as suas páginas com as aventuras do Homem de Ferro*.






CAPITÃO AMÉRICA NA GUERRA FRIA:


Desta vez, os tipos de inimigos a quem o Capitão América teria de lidar não era mais os nazista, mas sim desta vez seriam os soviéticos em pleno contexto da conturbada Guerra Fria, onde a partir dai   surgiriam muitos vilões na Mitologia Marvel que criariam uma grande alegoria ao contexto em questão. Alguns outros exemplos de heróis que tem estes  tipos de vilões são: Homem-Aranha com Kraven, Rino e o Camaleão, Os X-Men com o Ômega Vermelho, o Homem de Ferro com o Dínamo Vermelho, a própria Viúva Negra, uma heroína vira-casaca também pertence a este exemplo dessa safra alegórica durante a Guerra Fria.


GALERIA DOS VILÕES MARVEL NA GUERRA FRIA:
















CAPITÃO AMÉRICA EM OUTRAS MÍDIAS:


O primeiro registro de adaptação midiática do Capitão América de 1944 numa cine série produzida pela Republic Pictures, recurso  de entrenimento muito comum numa época em que a televisão não existia ainda  o conceito de teledramaturgia, servia apenas para exibir noticiários ou mesmo programas. Seguindo o mesmo esquema que no ano anterior ganhou sua primeira adaptação pelas mãos da Columbia Pictures.

A primeira vida midiática do Capitão América como uma série de TV em preto e branco, durou pouco apenas 15 capítulos, a mesma do Batman.












Cena de Capitão América na Cine Série de 1944.



O primeiro ator a trajar o uniforme do Capitão América neste momento foi Dick Purcell(1908-1944). Nesta primeira empreitada midiática do Capitão América, a produtora Republic Pictures fez muitas modificações tanto na parte do roteiro quanto no design do traje do herói para diferenciá-lo do herói da Timely, uma das drásticas mudanças  no traje foi tirar os adereços  das asinhas de cima de sua cabeça e as botinhas vermelhas e lhe tiraram também o escudo como uma de uma maneira de se adequar a este tipo de mídia, além  modificar   sua identidade que passou a ser Grant Gardner**, e não fazer citação nenhuma aos nazista e ele ser representando na figura de um homem comum querendo combater o crime com uma máscara***. Além do fato de não ser citado o soro e muito menos ele aparece utilizando o famoso escudo. O que não agradou muito a Timely.  Logo depois que a série  encerrou os seus  capítulos, o ator Dick Pucell faleceu repentinamente o que levou o herói a ficar engavetado por duas décadas nas mídias, o mesmo também ocorreu com as suas revistas.




Muitas décadas depois, quando Capitão América ressurgiria no mundo midiatico numa versão em desenho animado pelas mãos de uma produtora canadense pouco tempo depois dele ser revivido nos quadrinhos do Vingadores em 1964. Contou com Buck como seu parceiro.















Primeira adaptação animada do Capitão América acompanhado de seu parceiro Buck.







Em 1979, foi feita uma nova tentativa  de adaptar para um filme em Live Action, desta vez  no formato de telefilmes produzida pela emissora CBS. Reb Brown foi o responsável por dar vida ao herói. Nesta sua  versão a principal modificação feita foi no lugar da máscara o colocaram um capacete muito ridículo. Além de não ser retratado como o soldado Steve Rogers.


 
 






Em 1990, foi feita  mais uma tentativa  de transformar Capitão América num filme live action e se mostrou também um tremendo fracasso. É tanto que nem chegou a ser exibido nas salas de cinemas, foi lançado diretamente em VHS.   Quem encarnou o papel do herói neste filme foi Matt Sallinger.  Como você podem conferir na imagem abaixo, o design do rosto do Caveira Vermelha ficou muito tosco, além dele neste filme ser representado como uma criação dos fascistas e dos nazistas.


















No decorrer das décadas de 1990 e 2000, Capitão América teve muitas aparições nas séries animadas inspiradas nos heróis da Mitologia Marvel. Apareceu em X-men: Animated Series(1992-1997). e em X-men:Evolution(2000-2003). Sempre presente nos flashbacks de Wolverine.




















Participação do Capitão América na série animada X-Men(1992-1997)


















Capitão América em X-Men: Evolution(2000-2003)









Apareceu também na série animada do  Homem-Aranha(1994-1998), principalmente nas sagas envolvendo a ligação do pai da Gata Negra com o Caveira Vermelha. E quando foi recrutado pelo Aranha a mando do Doutor Estranho para combater o Doutor Destino.













Capitão América e a Gata Negra em Spiderman animated series(1994-1998)










Mas foi finalmente em 2011, que o Capitao América ganharia um filme live action mais decente produzido pela Marvel Studios em parceria com a Paramount Pictures como distribuidora.  Escalaram para o papel principal  Chris Evans para ser Steve Rogers em Capitão América: O Primeiro Vingador.  Chris Evans já era um rosto conhecido de alguns fãs de quadrinhos por já ter encarado o Tocha Humana no filme do Quarteto Fantástico(2005-2007). Com a direção de Joe Johnston, o filme tinha sua trama girando em torno do contexto em que o herói surgiu durante os bombardeios da Segunda Guerra Mundial. O primeiro grupo maligno que ele enfrenta neste filme é a HIDRA, liderado pelo mais conhecido de todos os seus inimigos, o Caveira Vermelha(Hugo Weaving), líder desta primeira formação dentro do Exército Nazista. Que sonha em dominar o mundo utilizando de um antigo objeto místico que já foi venerado pelos antigos povos vikings, chamado de Tessaracht.  Este objeto seria o gancho para atrair o público ao filme dos Vingadores lançado no ano seguinte.  Onde mostrou sua primeira atuação no presente junto com a equipe de heróis lideradas pelo poderoso chefão da SHIELD, Nick Fury(Samuel L. Jackson), tendo como componentes o metálico Homem de Ferro(Robert Downey Jr.), o deus asgardiano Thor (Chris Hersworth), o monstro verde Hulk(Mark Rufallo), e os agentes Barton/Gavião Arqueiro(Jeremy Renner) e Natasha Romanoff/Viúva Negra(Scarlett Johansson).  Para enfrentar o malvado irmão de Thor, Loki(Tom Hiddleston) para dominar a Terra com o Tessarecht abrir um portal invocando a raça dos Chitaurri para trazer o caos ao mundo.  Agora vamos pensar como vai ser Capitão América: Soldado Invernal, será que ele vai superar o primeiro? Agora  durante o feriado da Páscoa vou dar uma conferida no filme e depois descreverei o que eu achei dele no meu outro blog: Breno Cinefilo.
























Cartaz de Capitão América: O Primeiro Vingador(2011).





















Capitão América presente no filme dos Vingadores(2012)




FONTES:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Capit%C3%A3o_Am%C3%A9rica*
http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2011/07/em-outros-tempos-capitao-america-ja-foi-promotor-e-filho-de-jd-salinger.html***
http://pt.wikipedia.org/wiki/DC_Comics
http://pt.wikipedia.org/wiki/Captain_America_(1944)**
http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Batman
http://en.wikipedia.org/wiki/Dick_Purcell
Revista Superinteressante, Edição especial coleções: Decifrando os Super-Heróis, São Paulo, Ed. Abril, Julho/2012.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Marvel_Comics

domingo, 6 de abril de 2014

TRIBUTO A JACQUES LE GOFF(1924-2014)

Faleceu na Terça-Feira, 01 de Abril de 2014, aos 90 anos  em Paris, o historiador francês Jacques Le Goff.

Le Goff foi responsável por revolucionar o estudo historiográfico, principalmente sobre o conceito da Idade Média, cuja corrente ganhou o nome de medievalismo.





















Nascido em Paris, no dia 01 de Janeiro de 1924, a sua principal contribuição  ao academicismo historiográfico foi contrapor-se a chamada "história positivista", vista como uma maneira muito tecnicista e fria de analisar por meio das revoluções e das batalhas, as biografias de homens importantes ou mesmo a imposição do relato dos vencedores sobre os vencidos.

Integrou a terceira da importante Escola dos Annales, importante movimento  historiográfico surgido na França  no final da década de 1920, criado pelos historiadores Marc Bloch(1886-1944) e por Lucien Febvre(1878-1956) que representaram a Primeira Geração, sucedido por Fernand Braudel(1902-1985) que integrou a Segunda Geração dos Annales.


Escreveu diversas obras dedicadas abordando os acontecimentos marcantes sobre a Idade Média pelas óticas sociais, das transformações das "mentalidades", tratando também dos estudos sobre "a vida material, da relações sociais e transformações intelectuais na Europa nos séculos 12 e 13"*.


Esteve no comando da École des Hautes études em sciences sociales, uma importante instituição francesa para estudos acadêmicos e de pesquisa que já tevê muitos outros nomes do mundo cientifico além de Le Goff no comando.


Dentre suas obras que publicou dedicadas a abordar sobre a Idade Média figuram aqui: Mercadores e Banqueiros na Idade Média(1956), Os Intelectuais na Idade Média(1957), A Civilização do Ocidente Medieval(1964), Para um novo conceito da Idade Média(1977), O Nascimento do Purgatório(1981), O Imaginário Medieval(1985), História e Memória(1988), onde este no caso foi onde tive o privilégio de ler na época da minha graduação no curso de História pela Universidade Potiguar-UnP. E posso assim garantir que ele era uma verdadeira autoridade no assunto, fora os tantos de textos que li retirados em cada uma das disciplinas que paguei e que foram indicadas pelos meus professores. Além dessas que eu citei, ele também um biografia dedicada ao rei francês Luís IX da França. Intitulado de São Luís(1996).


Além de contribuir  na Escola dos Annales,  na École des Hautes e na corrente acadêmica do medievalismo, Le Goff também colaboraou na criação da corrente historiográfica chamada de  Nova História,  movimento surgido  na década de 1970, com a intenção de fazer uma nova revolução na historiografia. A metodologia da Nova História, tinha como objetivo explicar a história das soberanias no qual  "trata-se de estabelecer uma história killer das formas de representação coletivas e das estruturas mentais das sociedades, cabendo ao historiador a análise e interpretação racional dos dados. São analisados globalmente os fenômenos de longa duração, os grandes conjuntos coerentes na sua organização social e econômica e articulados por um sistema de representações homogêneo. A nova história também recorre à antropologia histórica. Por sua definição abrangente do objeto da História, essa corrente também foi designada "História total", em contraste com as abordagens que privilegiam a política ou a "teoria do grande homem" de Carlyle e outros"**.





Sendo dessa forma, a nova metodologia histórica passou a rejeitar a composição da História unicamente como narrativa, começando a valorizar mais os documentos oficias os documentos oficiais como a fonte básica para poder dar mais credibilidade aos contexto dos eventos históricos.





Le Goff foi realmente incrível, e para qualquer tentar e compreender o que foi Idade Média, precisa ler muitas de suas obras. Ele realmente vai deixar um grande vazio para os historiadores.


Para encerrar vou  colocar uma das suas  frases que andei vasculhando por diferentes sites no qual ele defini o que ele achava sobre a participação do Homem na História:



"O homem não vive somente de pão; a História não tinha mesmo pão; ela não se alimentava se não de esqueletos agitados, por uma dança macabra de autômatos. Era necessário descobrir na História uma outra parte. Essa outra coisa, essa outra parte, eram as mentalidades"
Jacques Le Goff




 































FONTE:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/04/1434032-morre-os-90-anos-o-historiador-frances-jacques-le-goff.shtml*
http://www.estadao.com.br/noticias/arte-e-lazer,historiador-jacques-le-goff-morre-aos-90-anos,1147726,0.htm
http://www.publico.pt/cultura/noticia/morreu-o-historiador-jacques-le-goff-1630555
http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_dos_Annales
http://www.estadao.com.br/noticias/arte-e-lazer,historiador-jacques-le-goff-morre-aos-90-anos,1147726,0.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques_Le_Goff
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nova_Hist%C3%B3ria**