sábado, 23 de março de 2024

EM MEMÓRIA A AKIRA TORIYAMA

 

Na manhã de sexta-feira, 08 de Março de 2024, fui surpreendido pela notícia do falecimento de Akira Toriyama, o criador de Dragon Ball.




Na verdade, ele havia falecido uma semana antes, no dia 01 de Março. Vitimado por um hematoma subdural aos 68 anos. Isso ocorreu porque no Japão é “fortemente influenciado pelo budismo, xintoísmo, taoísmo e confucionismo. E, embora muitas dessas tradições sejam amplas e variem entre cada região, geralmente a forma de lidar com falecimentos costuma ser parecida.

Ela precisa ser feita com a maior discrição possível e com foco na família e amigos mais próximos. Sem interferência de terceiros ou muitas distrações. Os ritos funerários são feitos em um ambiente totalmente privado, pois o corpo precisa estar intacto e só após tudo o público fica sabendo.”(Fonte: IGN Brasil).




 

Nascido em Nagoya, no dia 05 de Abril de 1955, Akira Toriyama sempre foi muito apaixonado por desenhar.

Antes de criar Dragon Ball, ele criou Dr. Slump em 1980.

Mas foi com Dragon Ball que ele publicou primeiro como mangá  pela Shonen Jump em 1984 e depois virou anime em 1986 quem lhe trouxe fama mundial e não é um exagero dizer isso.




Para exemplificar melhor vou descrever minha  vivencia pessoal de Dragon  Ball no exterior.  No ano passado, mais precisamente em junho,  eu viajei durante 15 dias  para dois países: França e Tunísia,  isso ocorreu por ocasião da celebração do casamento da minha prima que é médica e residi na França e lá ela conheceu o seu marido  tunisiano que é seu colega médico.




Durante a minha estadia de cinco dias em Paris onde fiquei hospedado num apartamento de modelo Airbnb, onde dividi o local com alguns parentes que fomos para acompanhar a celebração do casamento dela na Tunísia, terra natal do seu noivo.

Foi num dia em que eu me sentindo indisposto e não resolvi acompanhar todo mundo saindo junto  para passear pelas ruas parisienses, que para minha agradável  surpresa quando o povo retorna da rua aparecem  me dando de presente um calção de dormir que eu havia esquecido de trazer em minha bagagem.



Calção esse personalizado de Dragon Ball com as esferas do dragão e licenciado pela Toei, ou seja, produto  reconhecido oficialmente.

Já durante minha estadia por Túnis, capital da Tunísia, onde fomos para acompanhar a celebração do casamento da minha prima. Ela havia providenciado o serviço de um ônibus de turismo para promover passeios por lá, onde levou a gente e um grupo de amigos “gringos” dela que foram prestigiar a cerimônia do seu casamento.




Foi num desses dias passeando  dentro do ônibus em Túnis, que me deparei passando em frente a  um mural apresentando um desenho gigante do Goku criança acompanhado do Kuririn, bem uma prova do quanto Dragon Ball é realmente uma marca de fama mundial.



Uma das explicações do porquê de Dragon Ball conquistar tamanha popularidade e atravessa gerações esteja no fato de que o mote de sua história segue bem a fórmula campbeliana da jornada do herói.

Onde vemos a história do Goku se assemelhar um pouco a história do Superman. Já que do mesmo jeito que na história do herói da DC que surgiu em 1938, na revista Action Comics,  criado pela dupla formada pelo americano Jerry Siegel(1914-1996) e o canadense Joe Shuster(1914-1992).

Onde o herói Ka-el é um alienígena  natural de Kripton, que veio para a Terra bebê em estado embrionário depois que seu planeta explodiu e aqui na Terra foi adotado por um humilde casal de fazendeiros de Smallville chamados Jonathan e Martha Kent que o batizaram de Clark Kent e ele sob esse nome fez carreira como jornalista em Metropolis.

Na história de Dragon Ball, também se assemelha por ser um alienígena com algumas diferenças.



Na história de Dragon Ball,  Goku   é o único sobrevivente de uma raça guerreira de sayajins, um povo habitante do Planeta Sadala, cuja principal característica é eles terem rabos de macacos que foi exterminado por Freeza na época em que Goku era um bebê. Cujo nome real de batismo por seu pai Bardock é  Karkarotto*.  O que dá para entender o porquê do Vegeta o chamar por esse nome.



E quando foi enviado para a Terra em estado embrionário para fugir de ser extinto por Freeza, aqui foi adotado por um velho numa montanha chamado Son Gohan que o batizou de Son Goku.

Essa origem de Goku é explicado na OVA** Dragon Ball Z: Bardock: O Pai de Goku(Dragon Ball Z: A Lonesome, Final Battle – The Father of Z Warrior Son Goku, who Challenged Freeza, Japão, 1990) que está disponível no Amazon Prime Vídeo.




Aqui na Terra fomos acompanhando Goku crescendo após ficar órfão de Son Gohan e conhecendo os mais diferentes tipos de amigos: Bulma, Yamcha, Kuririn, Mestre Kame, Piccolo, Chi-chi com quem se casaria  e se tornaria pai  de Gohan em homenagem ao avô  e Gothen, Vegeta, Kuririn, Dendê,  dentre outros em sua jornada heroica pela procura das seis  esferas redondas alaranjadas  do dragão para invocar o poderoso dragão Shen-Long, e em  cada uma dessas esferas contém   uma estrela vermelha  para lhe conceder um desejo.  





Chamadas de Dragon Ball, o que justifica o título da série  em inglês escolhida pelo Toriyama: onde Dragon significa Dragão e Ball significa  Bola.

E sempre enfrentando uma nova ameaça demoníaca ao Planeta Terra das Tropas Red Ribbons, Tao-Pai-Pai, Freeza, Cell, Majin Boo dentre outros exemplos.




Goku refletia bem o exemplo que o fato de ser órfão, ele não mostrava a postura de coitadismo, sempre procurava  lutar  por um mundo melhor com muita resiliência.  

Para mostrar o quão humanista ele é.

Mesmo as vezes agindo meio patético, mas enfim, ele simbolizava sempre a luta diária de superação que devemos encarar no dia a dia, onde o pior mal está na realidade cotidiana.




O meu primeiro contato com Dragon Ball foi bem antes da Fase Z,  eu vi a primeira vez com 11 anos,  passando no SBT por volta de 1996 nas manhãs de sábado e chegou bem pegando carona  na época   da Era de Ouro dos Animes na Tv Brasileira durante a década de 1990  que teve início com a estreia de Cavaleiros do Zodíaco(Saint Seyia, Japão, 1986-1989) na extinta Rede Manchete em 1994.




Nessa sua  primeira  passagem no Brasil, Dragon Ball ainda não chegou a ganhar popularidade como ganharia posteriormente quando chegou a Fase Dragon Ball Z, com o protagonista Goku adulto, casado com Chi-chi e pai do Gohan.

Que estreou no Brasil na Band em 1999 e no canal pago Cartoon Network, pegando carona na febre de Pokémon.




A popularidade de Dragon Ball ganhou no Brasil com a Globo sendo exibido em sua extinta grade matinal de programação infantil chamada Bambuluá***(Brasil, 2000-2001) que exibia outro anime de sucesso para concorrer com Pokémon que foi Digimon Adventure(Japão, 1999-2000) foi tamanha que ocasionou numa  parcela dos fãs nostálgicos por TV Globinho criaram até uma memória coletiva  falsa, denominada de Efeito Mandela**** de assimilar com o fatídico 11 de Setembro de 2001.




Para entender essa questão aqui vai a explicação dessa bizarra teoria:  Segundo a opinião desses internautas,  eles afirmavam  acreditar que lembravam de estarem assistindo a Dragon Ball Z naquela manhã  de terça-feira, 11 de Setembro, a uma cena de batalha de Goku transformado em Super Sayajin 3 e no momento em que a Globo interrompeu a transmissão de sua programação normal  para começar a  exibir o Plantão Globo com a cobertura do atentado terrorista das Torres Gêmeas, o que segundo eles levam a afirmar  foi o dia mais frustrante da vida deles.

A questão é que o maior furo que pesa contrário  a afirmação dessa teoria conspiratória  e segundo pelo que pesquisei no site da Folha de São Paulo sobre a grade de programação da Globo nesse dia, pesquisei também lendo  numa matéria do site da Folha de Pernambuco de 11 de Setembro de 2023 e  nos canais do Youtube da Kama Sama Explorer postado em 11 de Setembro de 2020 e numa postagem do usuário Michel Souza de 11/09/23 e que faz a afirmação desse pessoal cair por terra.

Quando ocorreu no dia, a primeira interrupção do Plantão Globo para fazer a cobertura do atentado em Nova York, foi no horário das 9h52, quando a Globo estava dando início a sua programação infantil exibindo Bambuluá, apresentado por Angélica que exibia os desenhos de Mickey e Donald.

O primeiro plantão da Globo durou quatro minutos e a programação da emissora se dedicou totalmente ao tema a partir das 10h30, tendo se estendido até o horário do Jornal Hoje, que começou naquele dia às 13h. A emissora também derrubou a exibição do jornal local e do Globo Esporte.

Dragon Ball Z era uma das atrações do Bambuluá e entrava no ar por volta das 11h15 — ou seja, naquele dia, a animação seria transmitida apenas mais de uma hora depois. Bambuluá era exibido das 9h20 às 11h55.”*****

                                       Extinto matinal infantil da Globo onde Dragon Ball Z foi exibido. 


Ou seja, pode-se concluir que na verdade, no momento que a Globo interrompeu sua programação matinal infantil naquele momento Dragon Ball Z estava longe de começar a ser exibido.

A maneira como Dragon Ball era exibido há vintes  anos seria impensável nos dias de hoje, isso porque depois que foi aprovada uma Resolução 163, aprovada em 2014 que passou a proibir publicidade infantil, isso tornou inviável produzir programas infantis matinais.




Mais ai eu me pergunto: Se tanta gente pseudossábia preocupada com nossas crianças.  Condenavam tanto  anime como motivador da violência, satânico, como seus bodes expiatórios e apontar o dedo como culpados. Será mesmo que anime causa tudo isso mesmo, pois, pelo que eu tenho reparado desde que essa Resolução 163 foi aprovada o nível de violência nas escolas só aumentou com tantos casos de  massacres e alguns consequências de bullying que se tornou criminalizado.  

Será que dessa vez a culpa continua mesmo sendo de anime ou culpa da irresponsabilidade desses progenitores que não souberam como educar direito os seus filhos?

E eles agindo de forma passiva, minimizando a situação, com discursos de coitadismo para cá, coitadismo para lá. Não.

Definitivamente  só sei que desse tipo de gente de opinião equivocada  ai eu não tenho um pingo de respeito.

Quanto ao Akira Toriyama, esse sim merece meu respeito.

Que para criar o seu universo mitológico próprio de Dragon Ball, colocou muitos elementos de sua paixão pelos filmes de artes marciais, como os de Kung Fu estrelados pelo Jackie Chan.


                                               Toriyama era muito fã dos filmes de Kung Fu estrelados por Jackie Chan, e foi neles a inspiração para Dragon Ball.

Isso não é oficial, mas eu não duvido que um dos filmes de kung fu  que Toriyama tenha assistido foi: A Câmara 36 de Shaolin(Shao Lin san shi liu fang, Hong Kong,1978) do diretor Lau Kar-leung(1934-2013), para conceber o  perfil do Kuririn que na história é um monge budista do Templo Shaolin principalmente por ele aparecer careca e com as seis pontas na testa. E essa obra  se ambienta no Templo Shaolin onde os monges tem essa característica.


                                                        Cartaz de A Câmara 36 de Shaolin(1978). 






Também se inspirou na lenda chinesa  do Rei Macaco que inspirou a característica calda de primata  que o Goku usava quando criança. Outra inspiração de Toriyama  na cultura chinesa para criar Dragon Ball foi no livro  Jornada ao Oeste, romance mitológico do século 16, publicado anonimamente  por Wu Chengen(1500-1582) por volta do ano de 1570 da Dinastia Ming, onde o Rei Macaco é o protagonista dessa história.

 
                                                  Capa da edição brasileira do romance chinês que inspirou Akira Toriyama a conceber Dragon Ball. 


O mais curioso é a inspiração para o nome do golpe Kamehameha, que foi inspirado numa figura real de Kamehameha I(1736-1819) que comandou o Havaí antes desse lugar virar um território americano.


                                                             O verdadeiro Kahameha que deu nome ao famoso golpe de Goku.

E pelo que se comenta, a primeira vez que Akira Toriyama teve um contato com esse nome foi por meio de sua esposa, que antes de se casar com ele  havia viajado para o Havaí e ao mencionar o nome dessa importante personalidade no Havaí, achou que soaria legal para o nome do golpe usado pelos seus personagens e que virou a marcada registrada deles.

E não duvido nada que Toriyama devia ser fã do gênero ficção cientifica para ambientar Dragon Ball num ambiente futurista com os carros voadores e as casas surgindo em cápsulas e revivendo os animais pré-históricos.

Um cenário como esse fora da realidade e até meio fantasioso, por mais estranho que possa parecer também teve inspiração na realidade, especificamente na triste  realidade socioeconômica japonesa naquele período da bolha financeira  dos anos 1980 que estava lidando com a atividade  dos especuladores imobiliários.




Que estavam prejudicando a vida de muitos japoneses, esse tipo de gente  danosa que lucram em cima da desgraça dos outros para fins pessoais, foi a inspiração para  a figura do Freeza, um crápula  tirano  espacial egocêntrico, megalomaníaco que destrói planetas para depois vender.

É curioso imaginar como foi através  de Dragon Ball que Toriyama teve contato com o ídolo brasileiro do automobilismo Ayrton Senna(1960-1994). Isso porque como no Japão do final dos anos 1980 o automobilismo estava começando a ganhar popularidade por causa do calendário dos Grandes Prêmios e Toriyama chegou a ser convidado para ajudar a divulgar mais o esporte entre os japoneses.




E ele como sempre foi muito fã de automobilismo desde a infância, herdado de seu pai mecânico que chegou a montar uma oficina em sua casa.

Foi por causa disso que surgiu o  convite para ele desenhar Goku dirigindo  numa MacLaren e por conta disso  teve o privilégio de cumprimentar Ayrton Senna.


                                                            Judson, o popular Goku Natalense. 

Pode-se dizer que Senna teve o privilégio que nós brasileiros fãs do anime sonharíamos de conhecer pessoalmente o Akira Toriyama e querer cumprimenta-lo, isso bem antes de ocorrer a exibição de Dragon Ball.

Aqui no Brasil, eu ouso em dizer como Dragon Ball  atingiu todas as classes sociais, uma vez quando veio um jardineiro aqui em casa. Quando esse viu meus mangás de Dragon Ball ficou tão impressionado que começou a comentar que gostava do anime e começou a ter uma longa conversa sobre o anime.

Quando eu costumava ir muito aos eventos de cultura pop aqui de Natal-RN como o SAGA, por exemplo, eu sempre me deparava com um rapaz chamado Judson.  Que vivia fazendo cosplay  de Goku, e sempre que era cumprimentado se identificava como Goku: “Oi eu sou o Goku”, a ponto dele ficar popularmente conhecido pela população local como Goku Natalense.

Para concluir, compartilho aqui sobre meu primeiro contato com os mangás de Dragon Ball, que tenho de admitir que demorei um tempão para me poder gostar daquele tipo de leitura.

Ainda mais  que na época mesmo que Dragon Ball estava uma febre aqui no Brasil e lá já se comentava sobre os mangás, onde inclusive até na minha época de ensino médio,  eu tive um colega chamado Uesllei que chegou a me apresentar aqueles modelos de leitura que a primeira vista eu demorei um pouco a aderir.

Visto que eu como boa parte da camada média brasileira, comecei tendo meu primeiro contato de leituras de HQs lendo Turma da Mônica, que é uma marca tipicamente brasileira criado pelo Mauricio de Sousa.

E as referências que eu tinha de HQ eram naquele modelo de leitura de frente para trás, com desenhos coloridos, onde os quadros das cenas e dos diálogos dos personagens nos balões eram sequenciados horizontalmente  de cima para baixo.

Eu confesso que estranhei à primeira vista aquele modelo de leitura de trás para frente como é no estilo inverso de leitura dos japoneses e com traços todo em preto e branco.

Ao contrário de hoje já estou mais familiarizado com esse estilo típico de leitura.

Há algum tempo  comecei a ler um mangá de Sanland, outra criação de Akira Toriyama que já estreou como anime.

Akira Toriyama  você partiu, mas o legado que você deixa com Dragon Ball nunca será esquecido.

Que descanse em paz,

(1955-2024).


*Akira Toriyama batizou cada um dos seus personagens de DB cujas origens são bem pitorescas, a maioria remete a comida como é o caso do nome original do protagonista, Karkarotto que vem de uma mutação da palavra inglesa carrot que em português significa cenoura. Já o nome de Goku como conhecemos foi inspirado “no personagem principal do romance mitológico, Jornada do Oeste, que se chamava de Sun Wukong e que significava "despertar para o vazio". Curiosamente, Goku é ainda uma expressão japonesa utilizada para fazer referência à quantidade de arroz que uma pessoa consome durante um ano”.(Fonte: Site Aficionados).

**Sigla em inglês para Original Video Animation trata-se de ”um formato de animação que consiste de um ou mais episódios de anime lançados diretamente ao mercado de vídeo (VHS ou LD, atualmente DVD e Blu-ray), sem prévia exibição na televisão ou nos cinemas. OVAs servem tanto para histórias originais como complementos ou paralelos na história exibida na TV, normalmente tem duração igual ou um pouco maior que a duração padrão de um episódio de TV de anime (25 minutos), mas nunca alcança a duração de um longa-metragem.” (Fonte: Wikipédia).

***O nome  desse antigo matinal infantil da Globo onde DBZ foi exibido é inspirado no título do conto A Princesa de Bambuluá do historiador potiguar Luís da Cãmara Cascudo(1898-1986), importante nome e referência  no estudo do folclore brasileiro. 

****O nome Efeito Mandela para definir o comportamento psicológico de memória coletiva  falsa é uma referência a Nelson Mandela(1918-2013), importante ativista sul-africano que foi o principal porta-voz da população negra na África do Sul contra o modelo político racista do Apartheid que vigorava  no país até os anos 1980. Ele chegou a cumprir prisão por 27 anos, até ser solto em 1990 e ser eleito  Presidente da nação em 1994 e ficou no mandato até 1999.  A explicação para ele dar nome a esse comportamento  de falsas memórias se deve quando a pesquisadora paranormal Fiona Broome  partiu disso por meio da experiencia própria de carregar uma memória falsa de pensar que Nelson Mandela havia morrido na prisão nos anos 1980, a ponto de negligenciar que após sua soltura ele foi eleito Presidente da África do Sul e que ele viveu até os 95 anos. Ela constatou não ser a única, pois, “muitas outras pessoas também tinham essa mesma recordação falsa e escreveu um artigo sobre a experiência no seu site. Dali, o conceito de memórias falsas comuns espalhou-se para outros fóruns e sites, incluindo as redes sociais.”(Retirado da matéria “O estranho 'Efeito Mandela' que a ciência tenta explicar”, do site da BBC, publicado em 14 de Outubro de 2022).

*****Trecho da matéria do site da Folha de Pernambuco, publicado em 11 de Setembro de 2023.

 


segunda-feira, 11 de março de 2024

8 FILMES DOS ANOS 1980 QUE ENVELHECERAM MAL

 


     

Desde que o cinema surgiu na França em 1895, uma invenção dos Irmãos Auguste(1862-1954) e Louis Lumiére(1864-1948).  Ele sempre foi uma arte que  procurou simbolizar um pouco do reflexo de sua época do mesmo jeito que outras manifestações artísticas mais antigas. Ainda que não possamos julgar certos comportamentos que eram toleráveis antigamente,  ainda  assim é difícil passar pano.

Separei aqui uma lista de oito filmes dos anos 1980 com quem tive primeiro contato na infância vendo na TV  e que revisitando anos depois, ao ficar adulto percebi com outro olhar mais crítico como eles envelheceram mal.

 

 

 

COMANDO PARA MATAR(1985)



Esse típico filme de ação estrelado por Arnold Schwarzenegger,  astro do fisiculturismo que junto com Sylvester Stalonne passaram a figurar como os machões brucutus dos filmes de ação. Eu cresci vendo esse filme passando na Sessão da Tarde da Globo, que traz aquele elemento um tanto absurdo de mostrar Schwarzenegger fazendo manobras quase sobre-humanas a ponto de virar quase um super-herói com direito ao  momento Tarzan dele na cena de tiroteio num shopping. Bom, o aspecto que envelheceu mal no filme não está tanto  na violência brutal e gráfica  ou nos efeitos práticos para as cenas de explosões. Está na forma como o protagonista John Matrix(Schwarzenegger) ao colocar a comissária de bordo Cindy(Rae  Dawn Chong) para ajudar na sua missão de resgatar sua filha Jenny(Alyssa Milano) faz toda uma violência psicológica em torno dela de  forçar a barrar pedindo a sua  colaboração,  a ponto de obriga-la a ver toda a violência brutal com que ele prática. Principalmente para eliminar gente perigosa como  o Sully(David Patrick Kelly) e depois o Cook(Bill Duke), os capangas de Arius(Dan Hedaya) e Bennet(Vernon Wells). Como se não bastasse isso, Matrix numa cena com ela dentro do motel onde Cook estava hospedado,  sem o consentimento dela rasga o seu decote para Cook ao  chegar fazer  acreditar que ela estava se divertindo fazendo sexo com o Sully. E a coitada da Cindy nisso tudo é obrigada a ter uma postura passiva com Matrix, ao vê-lo furtar os carros dos caras que ele matou, furtar uma loja de armas para eliminar o exército de  Arius em Valverde, onde a filha de Matrix é mantida refém.  Invadir um quarto de motel onde eles não estavam hospedados e meio que sem querer invadir um quarto vizinho mostrando um casal no momento intimo fazendo sexo, onde   a mulher coitada tomada com os sustos  que toma ao ver a brutalidade da violência de Matrix com Cook acaba mostrando seus seios grandes  balançando. Uma situação um tanto  inconveniente.  Fora o momento nonsense dela explicar para o Matrix após disparar uma bazuca  para resgatá-lo  do camburão da polícia e ele ao questiona-lo como ela aprendeu, engoli a explicação fajuta dela  que aprendeu lendo o manual. Coisa que ele não só com a força física e com muito treinamento militar para carregar uma arma pesada sabe bem que manejar um troço daquele não se aprende só lendo manual, uma justificativa um tanto chinfrim da parte dela.

Como se não bastasse tudo isso, há  o momento em que ele  botou a vida dela em perigo ao manda-la   pilotar uma aeronave velha para dar uma carona a ele até Valverde, sendo que ela ainda não tinha  tirado o brevê,  que é o registro profissional para piloto. Tudo isso que a Cindy passou ao lado do Matrix, se mostrou mais perigoso do que em relação ao que Jenny passou nas mãos dos sequestradores.

 

 

DE VOLTA PARA O FUTURO(1985)




Esse tão cultuado filme dos anos 1980, que mescla comédia juvenil com aventura de  viagem no tempo. Que ele mereça esse culto não é questionável. Ainda assim ele  apresenta uma das coisas que mais envelheceu mal que não está nos efeitos especiais práticos ou mesmo no tanto de furos de roteiros por ser uma história que mexe com viagem no tempo. Está, primeiro em Martin McFly(Michael J.Fox) sendo assediado pela Lorraine(Lea Thompson) que vem a ser sua futura mãe.  O que já vira um caso de  incesto.

Ok,  ainda que a gente compreenda que isso tenha acontecido quando Martin estava viajando ao passado antes dele nascer em 1955 sendo seduzido  pela  sua jovem mãe assanhada.  Ainda assim, isso não romantiza a situação nociva como um  caso de incesto. Pior mesmo é observar Martin McFly após ver sua mãe sendo estuprada  pelo Biefe(Thomas Wilson) dentro de um carro e ser impedida pelo George(Crispin Glover) seu futuro pai. Ao retornar a sua época contemporânea que é 1985 se depara com o mesmo Biefe, estuprador da sua mãe trabalhando num serviço doméstico  de sua família. É preciso que você seja muito ingênuo, para acreditar que a Lorraine tenha conseguido superar no passar de 30 anos, o trauma daquele momento brutal  em que foi estuprada ao se deparar novamente com o estuprador em sua residência prestando um servicinho doméstico.

Um verdadeiro  desserviço a causa da violência sofrida pelas mulheres.

 

 

LOUCADEMIA DE POLÍCIA(1984)



Essa franquia cômica de Loucademia de Polícia, cujo meu primeiro contato foi primeiramente vendo a versão animada com um humor mais amenizado. No primeiro filme podemos observar como ele trazia um elemento bem provocativo de sexy explotation ao mostrar nudes de umas mulheres tirando a roupa e mostrando os seios ou mesmo uma cena do Mahoney(Steven Guntemberg) espiando as meninas peladas mostrando as bundas de fora no chuveiro. Se isso não fosse o bastante para provar como esse filme envelheceu mal.  Quando a gente vê o momento pornográfico  implícito de mostrar uma garota de programa fazendo uma boquete no Comandante Lassar(George Gaynes) e depois no Mahoney(Steven Gutemberg) cara, com certeza isso não seria replicado coisa alguma nos filmes atuais de comédia.

UMA PROFESSORA, MUITO ESPECIAL(1981)




Eu assisti apenas uma vez quando era bem  menino passando na TV, e ingenuamente e sem discernimento como qualquer criança  não tinha noção da nocividade da qual fui percebendo  ao reassistir anos depois com um olhar de adulto mais crítico. Pude perceber como esse tipo de história erotizada  não era para ter sido feita, ainda mais por romantizar a relação de pedofilia.

É preciso você entrar na suspensão da descrença para  realmente acreditar que exista amor de verdade ao  ficar observando a Nicole Mallow(Sylvia Kristel), a  empregada do milionário Mr. Filimore(Ron Foster) se aproveitando da situação que seu rico  patrão vai se ausentar para fazer uma viagem a trabalho  para tentar se aproximar do filho dele,  o adolescente  Philip Filimore(Eric Brown) para seduzi-lo sem pudor nenhum. Um rapaz de 15 anos com idade para ser seu filho, muito desajeitado, imaturo  e inocente da vida.  

Muitas vezes até forçando a barra, como nas cenas dela  tirando a roupa, ou chamando Philip para lhe fazer companhia na banheira do seu pai e fazerem cenas picantes de sexo.

É preciso que você seja muito voyeurista  ou até mesmo sadomasoquista para ficar observando  o Philip e a Nicole  nessas constrangedoras cenas picantes de sexo ao se sentir excitado e ignorar o perigo do Philip correr  nas mãos de uma predadora sexual.

 E quando a gente repara    na Nicole sendo  representada pela holandesa Sylvia Kristel(1952-2012), famosa pela série de filmes eróticos de Emmanuelle. Que no Brasil ganharam  popularidade pelas exibições de madrugada no Cine Privé da Band. 

 Ai você já nota o nível de safadeza que essa obra carrega, e perceber o seu  grau comprometedor. Ainda mais que nas cenas picantes de amor e muito tesão dela peladona  com o Philip são mostrados cada  close anatômico em seus seios e na sua bunda, que fica mesmo parecendo  uma versão Emmanuelle para menores. Só faltando nessas cenas picantes da Nicole com o Philip  botarem para tocar a canção tema dos filmes de Emmanuelle eternizadas na voz do francês Pierre Bachelet(1944-2005).

Fora o repertório musical  quando a gente ouve tocar as  canções  Lost in Love da dupla Air Suplly ou mesmo ouvir  Just When I Needed You Most  de Randy VanWarmer(1955-2004).

Baladas românticas do começo dos anos 1980 que exemplificam bem como este filme ficou datado  ao  explorar o tom brega da obra.

Junto  a representação romantizada do Philip querer pedir a mão da Nicole em casamento e achar normal ele querer mostrar para todo mundo ao acompanhá-lo no restaurante refinado que ela é sua esposa  como se fosse seu troféu, romantizando ele sem perceber  a representação da escravidão sexual.

Outro ponto absurdo, que mostra como esse filme envelheceu mal   é ver   a situação nonsense do Sherman(Patrick Piccinini), melhor amigo do Philip dirigindo um carro desajeitadamente, sendo ele menor de idade como o Philip. Situação tão pifiamente ridícula.   Ou mais absurdo ainda é observar o Philip pedindo para seu instrutor de tênis Jack Travis(Ed Begley Jr.) bancar o policial para ficar na cola do Lester.

Mostrando bem o exemplo de como o roteiro foi muito mal trabalhado.

Como se não bastasse só  você ficar digerindo o filme inteiro observando o   momento absurdo da perigosa relação sexual  do adolescente  Philip com a sua empregada Nicole.  O que tende a deixar  você ficar mais revoltado é ver como o pai do garoto representado pelo finado Ron Foster(1930-2015),  se mostra um pateta, melhor dizendo, um cretino  ao tomar a decisão equivocada de ao se ausentar não perceber o grau da nocividade de deixa-lo sozinho na mansão, ainda mais com a ausência  da mãe do Philip que é falecida  dividindo o teto   com  seus serviçais mal intencionados.

Como se não fosse o bastante engolir ao  observamos a depravada da Nicole seduzindo, assediando e violando sexualmente o garoto Philip. O deixando vulnerável.

 Ainda temos de digerir e observar o chofer do Philip que é o Lester, representado pelo também finado Howard Hesseman(1940-2022) observando a situação quieto, mordendo-se de inveja. Como se não bastasse  ele ser cúmplice da Nicole, por acobertar seu crime sexual com um garoto menor de idade, ele ainda arma uma armadilha de fazê-la fingir-se de morta para não contar ao patrão desse ato criminoso com o garoto  que pela lei  federal americana  poderia deporta-la para EUA, já que Nicole é uma imigrante francesa que vive ilegalmente em território americano. E ele subornar o Philip e a coisa terminar em pizza mostra o nível da motivação ridícula e um tanto chinfrim para o ar da breguice que esse filme apresenta.

Ainda pior é de quem teve a ideia de jerico de colocar no filme, o título em português BR de Uma Professora, Muito Especial, se bem que nem docente a Nicole é, criando equivocadamente uma representação erótica das nossas docentes que merecem respeito.

Esse é um típico de exemplo de filme cujo mote  não devia ter sido  feito. E com certeza, hoje em dia jamais seria replicado.  É bem para esquecer.



AS MINAS DO REI SALOMÃO (1985)



Essa produção da picareta Cannon Pictures, produtora dos israelenses Menahem Golan(1929-2014) e Yoram Globus veio bem para aproveitar a onda aventuresca dos filmes de Indiana Jones,  que estavam bombando nos anos 1980.

E a principal evidência é a participação do ator John Rhys-Davies, que representou o Salah em Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida (1981) e em  Indiana Jones e  a  Última Cruzada(1989).  Nesse filme ele  faz o vilão Dogati, um traficante de escravos que persegue o protagonista Allan Quaterman(Richard Chamberlain), um caçador de recompensas.  Sob a direção do britânico  J. Lee Thompson(1914-2002), inspirado no livro homônimo publicado em 1885 do britânico Henry Rider Haggard(1856-1924), que antes de ganhar esta versão cinematográfica, ganhou outras duas versões sendo a primeira em 1937 e a segunda  em 1950. Essa versão dos anos 1980, produzida pela picareta Canon Pictures, é a que meu ver mais envelheceu mal, pelo fato de que como a Cannon era uma produtora  que costumava investir em filmes a rodo e de qualquer jeito. Você pode notar pela qualidade questionável de como a história foi mal trabalhada e na maneira como eles criaram uma representação estereotipada racista do povo tribal africano beirando a caricatura infantil.  Bem um retrato da representação da mentalidade branca eurocentrista de quando a obra foi concebida no final do século 19. O que já o tornava obsoleto para os anos 1980.

 



RAIN MAN (1988)



Esse drama trazendo a abordagem do autismo, onde pode se dizer que foi o primeiro registro no audiovisual sobre a temática.  Ainda mais que na época, final dos anos 1980 ainda não havia a internet  para se compartilhar tão facilmente informações sobre o espectro.

O diretor Barry Levinson, junto de sua equipe de roteiristas pegou para trabalhar  no mote da história no caso real de um autista chamado Kim Peek(1951-2009), mas não fez uma cinebiografia sobre ele.

Onde o protagonista autista Raymond Babbit(Dustin Hoffman) que viveu recluso a vida inteira num hospital psiquiátrico. De repente recebe a visita do seu irmão mais novo Charles Babbit(Tom Cruise) que ele sequer sabia da existência, foi conhecê-lo depois que este  ficou sabendo  que seu falecido  pai deixou a maior parte da  herança a  Ray  e nisso ocorre dele tirá-lo da clínica sem o consentimento do Ray para viverem uma aventura no estilo road movie.

 Este drama vencedor do Oscar de 1989 na categoria de melhor filme, melhor direção para Barry Levinson, melhor ator para Dustin Hoffman e melhor roteiro original.  Ainda que o filme  continue sendo uma boa referência atemporal sobre o tema do autismo, porém, eu como portador do Transtorno do Espectro do Autismo(TEA) tenho que infelizmente colocar que uma das coisas que envelheceu mal nesse filme está na forma como Charles Babbit se aproxima do seu irmão autista  Ray.

Ainda que muitos achem tocante a forma do filme  abordar a relação fraternal com que é construída entre os protagonistas, ainda assim isso não romantiza a forma como Charles comete o crime de sequestro  a Ray que se encontrava  numa situação vulnerável por conta do seu nível de suporte o caracterizar como savant que foi como o personagem real que inspirou o filme se caracterizava. Onde Ray apesar de ser altamente inteligente e comunicativo, ainda assim ele sofria com o vocabulário limitado, tinha suas rotinas  rígidas e era altamente sensível com sua audição. E o caráter exploratório de Charles  ao se aproveitar de sua grande habilidade de cálculo matemático  para leva-lo a Las Vegas para ganhar dinheiro fácil simboliza bem qual era a sua real intenção ao se aproximar dele.

Acompanhando hoje o empoderamento que nós autistas temos tido nas redes sociais, especialmente um rapaz autista que sigo que tem mostrado muita coragem em expor  casos horrorosos e banais  de como nós autistas  temos sido vítimas da intolerância  social dentro dos nossos lares familiares e tal, a maneira como esse filme cria aquela visão estereotipada sobre nós hoje em dia daria polémica, principalmente se fosse produzida aqui no Brasil*

 

 

 

 

 

 

 

FÉRIAS DA PESADA(1985)




Essa típica comédia solar com cara de verão, uma típica comédia lançada diretamente em home vídeo, o que era comum na ocasião. Estávamos  vivendo a onda da popularização das videolocadoras. O mote dessa trama, que contou com a direção de James Frawley(1936-2019) envolvia um grupo de amigos curtindo férias em Palms Springs. Nesse trio formado por Wendell(Stephen Geoffreys), Mother(Tim Robbins) e Joe (Cameron Dye).

Joe e Mother irão se meter numa grande cilada, após levarem duas lindas mulheres Chrissie(Barbara Crampton) e Marianne(Kathleen Kimmont) para o quarto onde estavam hospedados para transarem com elas, quando de repente, descobrem que foi tudo armação da dupla formada por Chas(Leigh McCloskey) e Springer(Matt McCoy) seus colegas de faculdade com quem não se bicam. Vivem constantemente em concorrência por eles serem os maiorais e eles considerados os menores, já que pertencem a fraternidades rivais. Onde Chas faz uma aposta com Joe para ver qual deles  conseguiria conquistar e transaria primeiro com a mulher mais linda daquele resort que é Ashley Taylor(Sheree J. Wilson). 

Cada um fazendo a maior maluquice para se aproximar dela com pretexto de conquista-la para levar a cama. Joe inventa que havia terminado recentemente um namoro duradouro e que está muito abalado para assim dessa forma ela morder a isca para atraí-la,  já Chas vai mais longe que isso.

Primeiro chama a atenção dela com uma manobra descendo de paraquedas acima do resort e cai na piscina. Onde inventa como pretexto que estava se preparando para uma apresentação numa faculdade onde iria abordar sobre sexo  e que estava escrevendo um livro. Depois participa de uma aula de ginástica dela onde consegue  chamar a atenção  dela e ela morde a  sua isca para o plano que envolve ela ser o centro das atenções dessa armação para saber com qual ela irá transar.

O tom apelativo de safadeza apresentado neste filme é um dos fatores que o torna bastante datado, especialmente pelo tipo de abordagem que ele apresenta aqui, como por exemplo: a Ashley ser alvo da aposta de Joe e Chas que se utilizam de manobras bizarras  para se aproximar dela é uma coisa que nos tempos de hoje com empoderamento feminino poderiam acusar este filme de machista, misógino, assim como ele não se filtra em  apelar para a sensualidade extrema  ao mostrar o strip-tease de Chrisse e Marianne para Joe e Mother  ou mesmo eles não terem o menor senso de ridículo ao mostrar a perversão de Mother tirando  fotos da Ashley peladona da janela dela.

Não só por esse aspecto esse filme mostra que envelheceu mal, como também a forma como um dos protagonistas o Wendell traz uma representação do tipo nerd desengonçado que beira ao infantil a ponto dele ser visto como ingênuo que a dupla de amigos que o acompanhava nessa viagem só faziam companhia porque estavam sendo pagos pelo seu pai onde eles tinham a dura tarefa de torna-lo um cara mais socialmente agradável.

Enfim, esse é um tipo de filme  que retrata bem sua época com seus ares de breguice.




SUPERMAN IV-EM BUSCA DA PAZ(1987)





Esse quarto e último filme da franquia do  Superman estrelado por Christopher Reeve(1952-2004), por já não contar com a participação do produtor executivo Alexander Salkind(1921-1997). Depois desse ter enfrentado muitas brigas internas envolvendo conflitos  com a diretoria executiva da Warner, responsável pela distribuição, cujo estopim para ele deixar a franquia se deveu depois do fracasso do filme da Supergirl(EUA, 1984).

Nisso resultou do filme ter sido produzido a toque de caixa pelas mãos da picareta Cannon Pictures e sob a direção do canadense Sidney J. Lurie que teve a ingrata tarefa de substituir Richard Donner(1930-2021) e Richard Lester que dirigiram os três primeiros filmes dessa franquia Superman.

O fato do filme ter sido produzido por uma produtora picareta ocasionou na má qualidade dos efeitos especiais, com uma história mal escrita.

Provavelmente, o fato do fracasso desse filme tenha levado a Cannon a ruina, a ponto de não-oficialmente ela ter sido vítima da famosa  maldição do Superman.

Algo que aconteceu com alguns dos atores que estiveram envolvidos na produção, como o próprio exemplo do  protagonista Christophe Reeve que anos depois de deixar o papel do Superman.

Reeve sofreu uma queda do cavalo ocorrido em 27 de Maio de 1995, que o deixou tetraplégico por quase 10 anos até ele falecer no dia  10 de Outubro de 2004, com 52 anos vitimado após sofrer de uma infecção.


*Houve dois casos aqui no Brasil, onde a maneira como o autismo foi representado no audiovisual gerou má repercussão, o primeiro foi em 2011 no extinto humorístico Comédia MTV. Onde uma esquete com o nome de Casa dos Autistas, trocadilho com a Casa dos Artistas do SBT gerou revolta entre grupos de pais de autistas que processaram a MTV Brasil,  a ponto deles como forma de se desculparem passaram ao longo de sua grade de programação propagandas de utilidade pública sobre o autismo. Obs: A MTV Brasil encerrou suas operações dois anos depois.  E o segundo  caso ocorreu em 2013, quando a então novela  da Globo em cartaz no horário nobre Amor á Vida apresentou a personagem autista Linda(Bruna Linzmeyer) com o envolvimento amoroso com o advogado Rafael( Rainer Cadete) criou um grande descontentamento por parte do grupo de mães de autistas que presidiam entidades espalhadas pelo Brasil. Que criticaram bastante a representação romantizada da Linda.