segunda-feira, 8 de abril de 2024

O FILME DO MENINO MALUQUINHO(1995)

 

EM MEMÓRIA A ZIRALDO(1932-2024)


Neste último sábado, 06 de Abril de 2024, perdemos o importante nome da arte brasileira. O desenhista e escritor Ziraldo Alves Pinto, ou apenas Ziraldo(1932-2024) como costuma assinar.



Em sua memória, comento aqui sobre a adaptação de sua famosa obra O Menino Maluquinho(Brasil, 1995), que foi minha primeira introdução que estou reescrevendo o que eu já havia publicado para outro blog em 2019.

Desta vez com informações novas.





Um filme infanto-juvenil brasileiro que me lembro vagamente de ter ido assistir, eu estava com 10 anos acompanhado da minha família no antigo prédio da sala de cinema do Rio Verde aqui em Natal/RN, localizado em frente à Catedral Nova na Avenida Floriano Peixoto em Tirol, no centro da cidade, onde hoje é o prédio de uma Igreja Evangélica. O filme contou com a direção de Helvecio Ratton e produção de Tarcísio Vidigal com roteiro adaptado pelo próprio criador.





Com inspiração no famoso personagem literário do desenhista, chargista, cartunista e escritor Ziraldo que o publicou em 1980.   O filme analisando pelos olhos de hoje, passados mais de vinte anos após seus lançamento, dá para ver e sentir que ele bem representou uma enorme contribuição para a retomada da produção do cinema brasileiro naquele momento em que as produções estavam bem tímidas, especialmente depois que no começo dos anos 1990, o Governo de Fernando Collor de Mello prejudicou a nossa produção cultural, e bem naquele momento em que tínhamos recém-lançado a moeda do Real do Governo FHC que nos deu uma estabilidade e deu fim ao longo ciclo de inflação. 




É que nossa produção cinematográfica foi aos poucos retomando. O filme apesar de apresentar entre suas falhas técnicas, uma qualidade meio sofrível da imagem com alguns chuviscos que criam uma sensação de ter envelhecido mal com o tempo, dando uma sensação de produção amadora por causa da retomada tímida e a captação do áudio também não estava lá essas coisas.




Mas que de todo jeito ainda é uma produção que mesmo com recursos bem limitados e com um orçamento até modesto se formos comparar aos padrões hollywoodianos.

Apresenta um belo primor no roteiro  que foi bem fielmente adaptado como eu bem pude verificar algum tempo depois de ganhei uma edição em livro presenteado por meus pais que era uma maravilha todo ilustrado e com poucos textos. Mas mesmo assim muito empolgante, história incrível.




Onde lá eu também pude apreciar bem o estilo da estética textual-ilustrativa característica do Ziraldo que além do Menino Maluquinho também criou a HQ da   Turma do Pereré, que no filme inclusive na cena inicial ambientada na escola tem o momento passado na banca que rapidamente podemos observar umas edições da Turma do Pereré e também criou o livro Uma Professora, Muito Maluquinha que em 2011 foi adaptado para cinema.

 Assim como elogiar no filme, o design de produção impecável, especialmente dos figurinos dos personagens que remetem bem a atmosfera datada ao final dos anos 1960.




A panorâmica do bairro onde reside o protagonista, cheio de residências bem coloridas e com umas paletas cujas tonalidades dão o toque lúdico a obra.

E a atmosfera bucólica de quando ele vai para a fazenda de seu avô e junta sua galera, que teve como locações a cidade histórica de Tiradentes/MG da qual tive o privilégio de conhecer quando fiz uma viagem de férias em 2017 que é incrivelmente mostrado com ele fugindo de uma gang de meninos.

Outra boa qualidade que merece ser destacado no filme está no roteiro, soube bem como trabalhar além do tom divertido, também o tom dramático, especialmente na sutilidade do personagem lidar com a separação dos pais.




Do mesmo modo como o elenco que contou com Samuel Costa como o protagonista mostrou um desempenho brilhante.

E a seleção das crianças com quem o protagonista interage na escola, como para João Romeu Filho fazendo o inseparável Bocão.




Fora também contar com participações de um grande elenco de feras como Roberto Bomtempo e Patrícia Pillar na pele dos pais do protagonista, Luís Carlos Arutin na pele do simpático Vovô Passarinho, o avô do protagonista.

Ele que assim como seu personagem terminou morrendo no filme, Arutin  morreria no ano seguinte após o lançamento, vitimado por uma asfixia em um incêndio ocorrido no seu apartamento em Janeiro de 1996.

Que também contou com as participações da  Hilda Rebelo(1924-2019) como a Avó do Menino Maluquinho.




Também mencionar as participações de  Vera Holtz como a Professora. Tonico Pereira como Seu Domingos, o motorista do ônibus escolar, a cantora Edyr de Castro(1946-2019) ex-integrante do conjunto musical As Frenéticas  no filme representando  a Irene, empregada doméstica do Menino Maluquinho e Othon Bastos como o Padre que reza no enterro do Vovô Passarinho e com a produção musical  também incrível do Antônio Pinto, filho do Ziraldo com um repertório de músicas lúdicas interpretadas por Milton Nascimento e um coral infantil.





Mesmo que o seu formato à primeira vista possa parecer um tanto datado, já  que o protagonista reflete uma característica um tanto rara de se ver entre as crianças da atualidade que é a das crianças  brincarem na rua, visto o nível a que chegamos com o clima de insegurança que fazem a gente gastar horrores com segurança pessoal, e fora que no atual momento onde passamos a morar em condomínios fechados e o mundo moderno afetou e muito a maneira de nos relacionarmos com outras pessoas e as nossas crianças tem encontrado mais refúgio no mundo virtual.





Coisa que na própria época em que o filme foi lançado a própria época do lançamento deste filme  isto também já acontecia, já que era a época que nossas crianças estavam mais brincando nos videogames de SuperNitendo e eu fui uma dessas.   





 

 Acredito que por essas e outras que o filme do Menino Maluquinho merece ser revisitado e apresentado para as novas gerações. Um fato curioso a se observar, mesmo que não seja muito relevante,   entre os créditos aparece entre uma menção ao nome de muitas  as empresas responsáveis por patrocinar o filme, entre estas aparece o da extinta TELERJ(Empresa de Telecomunicações do Rio de Janeiro), que deixou de existir após ser privatizada em 1998, e que a partir de 1999 passou a ser chamada  com outras empresas de telefonias de outros estados como a TELERN aqui do Rio Grande do Norte, por exemplo,  de TELEMAR e a partir de 2007 passou a usar a marca OI.