O
nome Efeito Mandela é dado para definir
o comportamento psicológico de memória coletiva
falsa.
Essa
nomenclatura é uma referência a Nelson
Mandela(1918-2013), importante ativista sul-africano que foi o principal
porta-voz da população negra na África do Sul contra o modelo político racista
do Apartheid que vigorava no país desde a
colonização britânica até os anos 1980.
Ele
chegou a cumprir prisão por 27 anos, até ser solto em 1990 e ser eleito Presidente da nação em 1994 e ficou no
mandato até 1999.
A
explicação para ele dar nome a esse comportamento de falsas memórias se deve quando a
pesquisadora paranormal Fiona Broome
partiu disso por meio da experiencia própria de carregar uma memória
falsa de pensar que o Nelson Mandela
havia morrido na prisão nos anos 1980, a ponto de negligenciar que após sua
soltura ele foi eleito Presidente da África do Sul e que viveu até os 95 anos quando faleceu em
2013 após enfrentar uma longa batalha contra um câncer de próstata.
Ela
constatou não ser a única, pois, “muitas outras pessoas também tinham essa
mesma recordação falsa e escreveu um artigo sobre a experiência no seu site.
Dali, o conceito de memórias falsas comuns espalhou-se para outros fóruns e
sites, incluindo as redes sociais.”(Retirado da matéria “O estranho 'Efeito
Mandela' que a ciência tenta explicar”, do site da BBC, publicado em 14 de
Outubro de 2022).
Foi
pensando nisso que separei alguns exemplos de casos famosos envolvendo as
memórias falsas tão difundidas. A maioria envolvendo coisas da cultura pop como
filmes, séries de tv, desenhos animados dentre outros exemplos.
Uma
lista é bem aleatória.
A
FRASE “ESPELHO, ESPELHO MEU” DA RAINHA MÁ DA BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES.
Por
muito tempo, foi difundido na falsa memória coletiva de que na clássica
animação Disney Branca de Neve e os Sete Anões(Snow White and the Seven
Dwarfs, EUA, 1937) inspirado no clássico literário de autoria dos irmãos
Jacob(1785-1863) e Wilhelm Grimm(1786-1859) de que a Rainha Má ao se dirigir ao espelho
proferindo a frase: Espelho, Espelho Meu. Quem é a mais bela do que eu.
Sendo que na verdade, a maneira como ela profere a frase ao invocar o espelho é: Fala Mágico Espelho
Meu. Quem é a mais bela do que eu?
Alerta
de gatilho: O tópico sobre o Mágico de Oz vai abordar um tema sensível.
O
SUÍCIDIO DO MUNCHKIN EM O MÁGICO DE OZ.
O
clássico do cinema, O Mágico de Oz(The Wizard of the Oz, EUA, 1939),
inspirado no romance de L.Frank Baum(1856-1919) é envolto de muitas teorias
ocultas e um tanto obscuras, principalmente no que envolve um certo vício em
mostrar o lado não tão bom que envolveu essa produção. Como todo o tumulto envolvendo as filmagens
que tiveram trocas de diretores, onde
apenas o nome de Victor Fleming(1889-1949) é creditado e durante o trabalho
sacal do elenco cuja escolha para definir quem ficaria em tais papeis. Quando
os principais foram definidos, estes sofreram bastante: Judy Garland(1922-1969)
que o diga, ela para representar a Dorothy Gale uma menina de 10 anos, sendo
ela uma adolescente com 16 anos enfrentou um duro perrengue de esconder os
seios que já estavam crescidos para não deixar evidente no vestido fora que ela
precisou encarar constantes assédios sexuais dos diretores executivos e isso a afetou muito mentalmente até o momento que ela foi
virando uma grande estrela do cinema e se viciou nas drogas a ponto de morrer
precocemente de overdose em 1969 aos 46 anos.
Além
dela, Ray Bolger(1904-1987) que fez o Espantalho sofreu com a maquiagem no seu rosto que eram feitos à base
de cola que deixou marcas no seu rosto que demorou mais de um ano para sair. Jack
Haley(1898-1979) que fez o Homem de Lata adquiriu um infecção ocular por conta do
material usado na maquiagem do seu personagem. Bert Lahr(1895-1967) que fez o Leão Covarde
sofreu com a maquiagem que o fazia passar por uma dieta se alimentando somente
a base de líquidos nos intervalos entre
uma filmagem e outra por conta da dificuldade que a maquiagem dele gerava, fora
o desconforto de vestir a roupa que foi da pele de um leão de verdade e Margareth Hamilton(1902-1985) que fez a Bruxa Má do Oeste sofreu uma queimadura após
executar uma cena da Bruxa entrando numa explosão.
Fora
eles que precisavam aguentar filmar
dentro do clima abafado do estúdio que usava de muitos jogos de luzes
espalhados por todos os cantos, para que pudessem criar um ótimo efeito
fotográfico colorido e até estourado usando da Technicolor para trazer uma
atmosfera lúdica ao filme.
Todo
esse vício diante de comentar sobre o lado sombrio da produção gerou uma lenda
urbana a respeito de um membro do elenco que foi um dos anões munchkins
inconformado com o salário e rejeitado por uma atriz havia se enforcado na
frente das câmeras rodando uma cena musical
de Dorothy caminhando com o Espantalho e o Homem de Lata. Baseado num ponto
escuro balançando parecendo uma silhueta de corpo humano.
Mas, pelo que Caren Marsh-Doll, uma das atrizes substitutas de Judy Garland no filme, uma senhora que hoje
em dia já é centenária com 105 anos e até o momento em que escrevo ela parece
figurar salvo meu equivoco como a única componente viva do elenco do filme de 1939, veio
publicamente esclarecer ao escrever no prefácio do livro oficial dedicado aos
75 anos da obra intitulado: The
Wizard of Oz: The Official 75th Anniversary Companion de autoria de Jay Scafone e William Stillman
e publicado em 2013, ela esclareceu que na verdade se tratava de um pássaro
preto muito grande que estava movimentando suas asas, o que fazia sentido pois
nas cenas anteriores apareciam a figura de pássaros em segundo plano.
Essa
lenda urbana começou quando o filme foi lançado em VHS nos anos 1980, e daí pode estar a origem da explicação
para essa falsa memória do povo pensar que a silhueta preta fosse de um anão se
enforcando quanto que na verdade era apenas uma ave gigante movimentando suas
asas, que devido à baixa resolução da imagem contida na fita, como consequência
fez muita gente rebobinar a fita várias vezes para compreender e decifrar o que era aquela silhueta preta no fundo criou essa teoria viajada que
fosse justamente de um anão enforcado.
Algo
que só ficaria mais nítido quando nos anos 2000 houve uma digitalização do material
do filme para ser lançado em DVD e Blu Ray e ser disponibilizado nos serviços
de streaming a partir dos anos 2010.
DARTH
VADER REVELAR PARA LUKE SKYWALKER: “LUKE, EU SOU SEU PAI”.
Em
O Império Contra-Ataca(The Empires Strikes Back, EUA, 1980), segundo
filme da trilogia clássica de Star Wars, que após George Lucas produzir
em 1999 o prequel com A Ameaça Fantasma(The Phantom Menace, EUA, 1999),
como Star Wars:Episódio I-A Ameaça Fantasma que fez ele ser renomeado de
Star Wars: Episódio V-O Império Contra-Ataca, e o que lhe antecedeu que era só Star Wars
e passou a ser Star Wars: Episódio IV-Uma Nova Esperança(Star Wars:
Episode IV-A New Hope, EUA, 1977) é meio complicado de compreender, mas foi
assim que George Lucas adotou após retomar a franquia em 1999.
Foi
nesse segundo filme da primeira trilogia de Star Wars, que não contou
com a direção do George Lucas, ele apenas esteve envolvido no roteiro, quem
assumiu a direção foi Irving Kershner(1923-2010) que se criou uma falsa memória
a respeito da cena icônica da batalha entre Luke Skywalker(Mark Hamill) com o
Darth Vader fazer a revelação se direcionando a ele dizendo:
-Luke,
eu sou seu pai.
Quanto
que na verdade o diálogo ocorre assim:
-
Obi-Wan nunca lhe disse o que aconteceu com seu pai?
-
Ele me disse o suficiente… que foi você que matou ele.
-
Não. Eu sou seu pai.
Em
nenhum momento Darth Vader começa mencionado o nome de Luke na frase.
P.S:Outra
falsa memória também ligada a Star Wars envolve todo mundo lembrar do
robozão C3PO com sua pele metalizada
toda de dourado na trilogia clássica e que isso só foi modificado quando George
Lucas retomou a franquia clássica nos anos 1990 ao colocar um braço vermelho
nele. E nos relançamento dos filmes colocaram com uma perna direita prateada. Acontece
que a perna prateada sempre esteve no
personagem, isso inclusive foi confirmado por Anthony Daniels o responsável por
viver o robozão ao ser questionado numa entrevista.
A
razão do porquê de muita gente nunca ter reparado nisso, se deve ao fato de que
como o povo se concentrou muito nele todo de dourado, e como em algumas cenas
ele raramente aparecia de corpo inteiro e quando apareciam eram em cenas
ambientadas no deserto que devido da iluminação solar natural, aquilo camuflava
a cor prateada em sua perna tudo levou a muitos criarem essa falsa lembrança
sobre o C3PO.
O
SORRISO METÁLICO DA BOND GIRL EM 007
CONTRA O FOGUETE DA MORTE.
A
longeva franquia 007 baseado na série literária do britânico Ian
Fleming(1908-1964) que teve sua primeira publicação em 1953.
E
a partir de 1962, ganhou a primeira adaptação cinematográfica com 007 Contra
o Satânico Dr. No, produzida pela Eon Productions dos sócios Albert R.
Broccolli(1909-1996) e Harry Saltzman(1915-1994).
E
aos longos dos 25 filmes que já produziram até este momento em que escrevo,
cujo papel do sedutor James Bond já passou pela pele de Sean
Connery(1930-2020), George Lazenby, Roger Moore(1927-2017), Timothy Dalton,
Pierce Brosnan e Daniel Craig e até este momento em que escrevo não foi
definido quem será o próximo a protagonizar para o vigésimo sexto filme da
franquia da Eon que depois da morte dos dois sócios, passaram a ficarem
encarregados os irmãos Barbara Broccolli e Michael G. Wilson, portanto a filha
e o enteado de Albert Broccolli.
Dentre
os filmes em questão dessa longeva franquia cinematográfica que gerou uma falsa
memória entre os fãs está em 007 Contra o Foguete da Morte(Moonraker,
Reino Unido, França, 1979) o 11º filme da franquia, o quarto estrelado
por Roger Moore no papel principal. O terceiro a contar com a direção do britânico
Lewis Gilbert(1920-2018) e que marcou também o último a contar com Bernard
Lee(1908-1981) no papel do Chefe M.
Nesse
filme muito lembrado por nós brasileiros pelas lindas locações no Rio de
Janeiro, exaltando aquela visão utópica que gringo gosta de romantizar sobre o
Brasil que são as praias com as mulheres
de biquinis rebolando num carnaval.
E
nessas cenas no Brasil chegou a contar com a participação brasileira no elenco de Carlos
Kurt(1933-2003), muito famoso por participar do humorístico dos Trapalhões, representando uns tipos
mal-humorados que eram alvos de chacotas da trupe, onde no filme ele aparece
como o segurança de um aeroporto
brasileiro que recepciona o gigante com dentadura
metálica Jaws(Richard Kiel).
E
é justamente aqui no Brasil que ocorre uma falsa memória que muita gente criou
com relação a uma bond girl* que aparece ajudando o gigante assassino com
dentes de aço Jaws, vivido pelo americano Richard Kiel(1939-2014), trata-se da
Dolly(Blanche Ravalec).
Essa
personagem aparece no momento em que ela está ajudando Jaws a sair dos
escombros em cima dele, depois deste sofrer um acidente no bondinho numa
tentativa sua frustrada de eliminar James Bond numa perigosa luta em
pleno ar, tanto que essa cena foi filmada com dublê já que seu interprete Richard
Kiel tinha pavor de altura.
É
nesse momento que o Jaws ao ver sua cara angelical e fazendo uma troca de
olhares e ela retribuindo com um sorriso que gerou a falsa memória entre os fãs
da franquia 007 de que ela tivesse usando aparelho nos dentes.
Fazendo
desse modo muita gente crer no motivo para o Jaws nutrir
uma paixão por ela que faz ele automaticamente ter a sua redenção ao ponto de
nas últimas cenas dentro do foguete resolver se voltar contra Drax(Michael
Lonsdale) e se unir a Bond em nome do amor por ela.
Sendo
que na verdade, a Dolly nunca usou aparelho nos dentes, a própria atriz que a
representou, a francesa Blanche Ravalec veio a público em sua conta numa rede
social esclarecer que nunca usou aparelho quando participou do filme.
A
provável explicação para a falsa memória gerada com relação a essa personagem
que era a mais aleatória da história, que sequer chegou a interagir com o herói
para ser o interesse amoroso dele como
as que antecederam se deve ao fato de que como ela assim como o Jaws não
verbalizava e se comunicava pela troca de olhares, o momento em que ela
retribuiu sorrindo para ele fez as pessoas pensarem que ele havia se apaixonado
por ela por causa do seu sorriso metálico como o dele.
Tanto
que no terço final do filme quando ela reaparece dentro do foguete Moonraker,
comandado pelo vilão principal da história Hugo Drax, representado pelo francês
Michael Lonsdale(1931-2020). Quando Jaws se depara com ela resolve se redimir
em nome do amor. Uma situação muito cringe para dizer o mínimo.
CHAVES ESTREOU NO PROGRAMA DO BOZO?
Nesse
ano de 2024, Chaves (El Chavo Del Ocho, México, 1973-1979) completa 40
anos que estreou no Brasil. A famosa criação do mexicano Roberto Gómez Bolaños(1929-2014) teve sua estreia em solo brasileiro ocorrida tardiamente pelo SBT em 1984.
Isso
porque na ocasião, o seriado já não era mais exibido no México como programa
independente que nós aqui no Brasil acostumamos a acompanhar repetidas vezes desde
o final dos anos 1970.
Desde
1980, Chaves estava sendo produzido dentro do esquete do programa Chespirito
(México, 1980-1995) que Bolaños roteirizou e gravou até 1992.
Chaves
sempre
foi visto durante os longos anos que foi
exibido a exaustão pela emissora de Silvio Santos, como um trunfo, um
coringa para atrair a audiência, isso até o momento que o seriado teve de sair do ar em 2020, por
conta da briga jurídica entre a Televisa com os herdeiros de Bolaños.
Por
muito tempo, foi difundido entre as comunidades virtuais de fãs de Chaves
a informação de que o programa estreou no Brasil no programa do palhaço Bozo.
A
ponto dessa informação ser até mesmo replicado em alguns textos de sites que abordam
sobre nostalgia e foi dessa forma que em
2011, quando o SBT promoveu uma série de especiais em comemoração aos seus 30 anos, dedicou um episódio a Chaves, mostrando Patrícia Abravanel comandando a atração investigando
de forma pitoresca nos arquivos do SBT
sobre os episódios perdidos onde até aparece ela conversando com alguém de
costas, mas que dá para observar pela
cabeça que estava de Bozo falando do mesmo jeito excêntrico do palhaço
talvez acreditado que realmente o programa tenha estreado no programa do Bozo.
Muito
com base em quem compartilhou alguma informação equivocada nesses fóruns se
criou essa lenda urbana que foi dada como verdadeira.
Na
verdade, quando a estreia de Chaves
ocorreu foi no dia 24 de Agosto de 1984, onde foi exibido dentro do
programa TV Powww! (1984-1989), um game show exibido a tarde pelo SBT “era
baseado no formato de mesmo nome, exibido nos Estados Unidos e foi o precursor
no uso de jogos de computador na televisão brasileira. Os jogos eram simples e
o telespectador gritava "pow" para o vídeo jogo realizar a ação. Os
telespectadores ligavam para os apresentadores no famoso telefone 236-0873 e,
numa das telas do cenário, aparecia um jogo de computador. O telespectador
tinha que gritar pow sucessivamente e, se conseguisse concatenar os gritos com
os movimentos do jogo, ganhava pontos que se transformavam em dinheiro.”(Fonte:
Wikipédia).
Esse
programa era comandado por uma rotatividade de apresentadores, cujo elenco
contava com nomes que fizeram história na emissora como: Gugu
Liberato(1959-2019), Wagner Montes(1954-2019), Christina Rocha e dois nomes que
se tornaram celebres apresentadores infantis na emissora que no caso foram: Sergio
Mallandro e Mara Maravilha.
Mas
nenhum desses foi responsável por apresentar
Chaves ao público brasileiro nesse programa, quem de fato apresentou Chaves ao público
brasileiro no dia da sua estreia foi o
jornalista Paulo Barboza(1944-2018).
Olha,
sinceramente se alguém hoje na faixa dos 50 anos que foi criança na ocasião da
estreia do seriado mexicano costumava
comentar se recordar de assistir Chaves
a primeira vez no programa do Bozo eu
não tenho dúvida de que isso fosse possível.
Digo
isso porque Chaves, sempre foi visto por nós brasileiros como um
programa infantil.
Tanto
que no dia da estreia, pelo que pude consultar na grade de programação desse
dia, Chaves havia sucedido a uma
programação matinal e vespertina muito dedicada a programas infantis, muitos
desses desenhos.
Olha
eu não vi o dia da estreia de Chaves, até porque na época eu não tinha
nascido, estava sendo gerado na barriga
da minha mãe e só sairia de lá no dia 26 de Abril de 1985.
Eu
não tenho uma recordação especifica de
qual idade eu tinha quando assisti Chaves
a primeira vez e devia ser muito
pequeno. No entanto, carrego a
recordação de que ao crescer vendo Chaves
com a emissora repetindo a exaustão os mesmos episódios sem seguir uma ordem
cronológica por temporada, era sempre colocado na grade de programação infantil
da emissora.
E
pelo que pude apurar investigando no Google, os arquivos dos jornais anunciando
as grades de programação do SBT por volta dos anos de 1990 a 2000, realmente Chaves
ficava encaixado em algum bloco de programação infantil.
Só
para exemplificar: Na grade de programação do dia 22 de Abril de 1999, mostra Chaves
encaixados em dois horários destinados a programas infantis.
No
primeiro horário das 13h30, começo da tarde ele estava sucedendo duas séries no
caso Blossom(EUA, 1991-1995) e Chapolin (México, 1973-1979) que
antecediam os antigos matinais infantis da Sessão Desenho(1981-2001), Bom
Dia & Cia(1993-2022) e o Festolândia(1991-2005).
E
nesse mesmo dia, tinha Chaves aparecendo encaixado no horário de 17h40,
final da tarde para começo da noite imprensado entre o Festival de Desenhos***
e o Disney Club(1997-2001).
E
talvez por isso se criou uma falsa memória de que Chaves tenha estreado
no programa do Bozo.
Muito
disso por causa do seriado ser
visto como infantil por nós brasileiros,
se bem que originalmente ele não foi
pensado para ser infantil.
A
começar pelo fato de que quando o seriado foi originalmente exibido no México,
ele passava no horário nobre, onde as crianças mexicanas costumavam se
prepararem para dormir.
Onde
inclusive no texto, a gente pode notar um teor adulto nos diálogos maliciosos
dos personagens um tanto velado de duplo sentido nas entrelinhas onde criança
não percebia, mas adulto sim.
E
basta a gente lembrar as repetidas vezes
que quando víamos a Bruxa do 71, digo Dona Clotilde(Angelines Fernandez) ao aparecer
no pátio da Vila e via o Seu Madruga(Ramon
Valdés), ela dava uns pegas nele, onde podíamos bem notar como sua reação de assanhamento ao abraçá-lo deixava transparecer um toque recalcado de fantasia
sexual reprimida que ela sentia pelo Seu Madruga.
Talvez
o que tenha criado uma conotação
infantil para nós brasileiros no seriado
se deva ao fato de que sua estética muito trabalhada no humor físico carregue
aquele tom teatral que lembre muito um circo. Junto ao fato do mote do seriado
ter como fio condutor um menino órfão que vive numa vila pobre onde ele
interage com os moradores e quando são as crianças com quem ele brinca se criou
esse toque infantil na série.
Algo
nesse raciocínio bem descreveu o
jornalista Arlindo Silva(1923-2011), que foi assessor de imprensa de Silvio
Santos no capitulo da biografia A Fantástica História de Silvio Santos(EB,
2000) de sua autoria ao compartilhar sua impressão da primeira vez que teve
contato com o material nos bastidores da
estreia de Chaves na emissora onde todos os executivos estavam
descrentes do sucesso e ele próprio como mostrado nesse trecho:
“Quando
tudo ficou pronto, Silvio me perguntou o que eu estava achando do seriado.
Respondi que se tratava de um produto barato, sem qualidades em termos de
televisão atual, que pecava pela iluminação, pecava nas cores, sempre muito
fortes; enfim, percebia-se que o cenário simples da vila era de papelão. Mas
comentei que preferia ver minha filha de quatro anos assistindo a esse humor
puro, de circo, como o que eu assistia no Piolim, ao humor que víamos nos
Trapalhões, impregnado de erotismo desnecessário.”
Todos
esses fatores, podem explicar a razão para se criar toda uma falsa memória coletiva
de que Chaves tenha estreado no programa do Bozo, por ser visto
como um programa infantil por nós brasileiros por causa do encaixe que o SBT o
colocou em programas infantis, sendo que a verdade é que a estreia de fato de Chaves ocorreu na TV Powww!
P.S.1:
Provavelmente nem todo o Brasil deveria acompanhar Chaves no horário das
13h30 como mencionado no texto. Isso porque por volta desse horário em que boa
parte dos brasileiros estão retornando do trabalho e buscam seus filhos na
escola para irem almoçar em casa é uma
hora em que está passando as atrações locais de algumas afiliadas do SBT, como
aqui no Rio Grande do Norte que tem a Ponta Negra, fundada por Carlos Alberto de Sousa(1945-1998)
o popular comunicador que já foi comparado a Silvio Santos apresentando seus programas
jornalísticos de cunhos policialescos. Que costumava começar após o fim do Bom Dia & Cia, onde
portanto não víamos o Festolandia, nem o seriado da Blossom e Chapolin,
outra criação do Bolaños.
P.S.2:
Sobre o mencionado programa Chespirito, ele ainda duraria até 1995, mas
já sem contar com as esquetes do Chaves.
DIGIMON ADVENTURE ESTREOU NA TV GLOBINHO COM A ANGÉLICA APARECENDO NA ABERTURA?
Em
2024, o anime de Digimon Adventure(Japão, 1999-2000) completou 25 anos
de sua estreia no Japão ocorrido no dia 07 de Março de 1999 e no ano seguinte
chegou no Brasil na tela da Globo.
Por
muito tempo a comunidade de fãs do anime, os digifãs brasileiros sempre
carregaram não uma, mas duas memórias falsas
a respeito da estreia do anime no Brasil.
Elas
envolvem a afirmação de que eles se recordavam de que o primeiro programa que passou o anime foi na
TV Globinho a ponto de afirmarem se recordarem de ver a apresentadora
Angélica de chapéu azul aparecendo na abertura cantado: Digimon, digitais,
digimon somos os campeões.
Bem, analisando aqui por partes, porque o negócio de fato é
complicado, mas vou tentar explicar ainda que de forma longa: Na verdade
quando a estreia de Digimon na Globo ocorreu no dia 03 de Julho de 2000 foi no
programa Férias Animadas, que foi um programa provisório que a
apresentadora Angélica comandava para tapar o buraco do vácuo que ficaria até começar a produção
de sua nova atração chamada de Bambuluá(Brasil,
2000-2001).
Esse
programa representou a fase de transição
do fim de seu antigo matinal infantil Angel Mix(1996-2000) que ela
comandava desde que foi contratada pela emissora em 1996 para o começo de Bambuluá. Cuja estreia só ocorreu
apenas no dia 09 de Outubro de 2000, pelo que pude apurar checando ao consultar
as grades de programação da Globo nessas datas do ano 2000 nos arquivos de
jornais consultando o Google.
O
Angel Mix pelo que pude apurar checando também a antiga grade de
programação da Globo no arquivo do site da Folha de São Paulo chegou ao fim no dia 30 de Junho de 2000.
A
principal razão era porque, como pude apurar numa matéria do site Notícias
da TV, publicado em 10 de Setembro de 2022 sobre a volta de Digimon
a Globo, dessa vez em seu serviço de streaming Globoplay. Segundo a
matéria, a apresentadora “Angélica sofria muito para vencer o Bom
Dia & Cia (1993-2022), do SBT, e o Eliana & Alegria
(1998-2002), da Record. O programa da TV de Silvio Santos tinha os desenhos de
Warner e Disney em um contrato milionário. Já a Record tinha justamente Pokémon
no auge da "pokemania””.
Ou seja, analisando o contexto, esses dois matinais infantis comandados por
apresentadoras loiras como: Jackeline Petkovic no SBT e Eliana Michaelichen
Bezerra na Record também chamadas pela mídia de babás eletrônicas davam
trabalho para a também loira Angélica Ksysivics**
na Globo conseguir reagir nessa disputa
entre o público infantil, especialmente quando a gente lembra a fase louca do
vale-tudo na guerra de audiência que a tv brasileira vivia no recente fim da década de 1990 e começo dos anos 2000.
Tanto que o Angel Mix que Angélica comandava durante o primeiro semestre
do ano 2000, estava enfrentando uma série de derrotas consecutivas na audiência
justamente pela febre de Pokémon.
Justamente por isso que a Globo naquele momento
adquiriu Digimon, que teve a árdua tarefa ingrata de salvar a audiência da Globo
para enfrentar uma concorrência forte
com Pokémon que gerou muitas rivalidades.
Foi nesse programa dos Férias Animadas
que surgiu a Tv Globinho como uma
maneira de preparar o território para
introduzir Bambuluá que mostravam uns repórteres-mirins de nomes
pitorescos que nos introduziam ao programa, quando Bambuluá estreou a Tv
Globinho foi mantida como esquete e depois que a atração chegou ao fim em
dezembro de 2001, foi que a partir do
começo de janeiro de 2002 a Tv Globinho virou uma atração independente
que perdurou até 2015.
Pelo fato da atração ter se consolidado ao
longo dos anos após o fim do Bambuluá foi que gerou essa confusão na
cabeça dos digifãs. A ponto deles
criarem essa falsa memória de que a estreia do anime foi na TV Globinho.
Sendo que na verdade, a estreia do anime ocorre no período de transição desses
matinais infantis comandados por Angélica.
A maneira como Digimon estreou no Brasil
há mais de vinte anos, seria impensável de se repetir hoje em dia.
Principalmente pelo fato de que após a
aprovação no Congresso Nacional da
Resolução 163 em 2014 que passou a proibir a veiculação de publicidade infantil que tornou
inviável produzir programa infantil na Tv aberta que passou a não ver mais
programas infantis como lucrativos e com a concorrência dos streamings então.
Já quanto a memória equivocada que eles tem
da Angélica cantando na abertura do anime?
Bom, na verdade, a Angélica de fato produziu a
música para a abertura do anime, sendo que essa versão não foi produzida em cima da versão original feita no Japão que
era a canção Butter-fly do finado Kōji Wada(1974-2016), mas da versão
que a Globo adquiriu exportado dos EUA.
Ou seja, da versão americana, que contou com o
dedo da Saban Productions, produtora de Power Rangers, já que os
responsáveis por compor a música dessa versão anime nos EUA foram os produtores
executivos de Power Rangers, os israelenses Haim Saban e Shuky Levy.
Cujo primeiro refrão que é Digimon,
Digitais, Digimon somos campeões, não é cantado pela Angélica, mas sim pela
voz masculina do dublador Romeu D´Angelo que em Digimon dublou alguns
digimons, como o Monzaemon que é um urso gigante.
Ela só começa mesmo a cantar a partir do
refrão: “Eles vão se transformar
Para o seu mundo salvar....”
De fato, foi produzido um videoclipe da
Angélica usando um chapéu azul aparecendo num fundo de chroma-key com o desenho, mas não
era a abertura.
Na verdade, esse videoclipe era veiculado
durante a janela que o programa Férias Animadas exibia entre o final do
bloco com o desenho que antecedia a Digimon
para começar mesmo a sua exibição.
Era uma forma deles conseguirem segurar os telespectadores mirins
para atraírem para a exibição de Digimon
para servir como um esquenta, preparando o terreno até a atração começar de fato.
Quando iniciava o desenho mesmo, era mostrado a
abertura, mas sem a presença da Angélica.
Isso ocorria porque a Globo espertamente
encaixou Digimon no horário das 11:00 Horas para poder concorrer diretamente com Pokémon e num horário que transitava entre o final do
matinal infantil para o começo dos programas vespertinos que começava com as
linhas jornalísticas e dava continuidade com os programas de entretenimento.
Umas das razões para essa outra falsa memória
que os digifãs brasileiros criaram em Digimon se deve ao fato de que
nesse videoclipe da Angélica, o fundo mostrando o desenho com ela aparecendo de
chapéu azul cantando e dançado era da
abertura o que ocasionou nessa outra confusão
com relação a estreia do anime no
Brasil.
P.S.1: O programa Bambuluá, nome
inspirado no título do conto A Princesa de Bambuluá de autoria do
historiador potiguar Luís da Cãmara Cascudo(1898-1986) marcou o último matinal
infantil comandado por Angélica, cujo ciclo vinha desde que ela foi lançada como
apresentadora bem novinha com 13 anos comandando o Clube da Criança na
extinta Rede Manchete no final dos anos 1980. Nos anos que se seguiram enquanto ela ficou contratada
da Globo até 2020, ela transitou pelo game show com o VideoGame(2001-2011), pelo Estrelas(2006-2018)
um programa de entrevistas com artistas da casa e por fim, o Simples Assim(2020).
P.S.2: Quando a Tv Globinho chegou ao
fim em 2015, o programa já não era mais diário, mas apenas exibido aos sábados.
O programa havia deixado de ser diário
quando em 2012, a apresentadora Fátima Bernardes que recentemente foi demitida da Globo
colocou no ar o Encontro, que ela
comandou até 2022 e com sua saída passou a ser comandada por Patrícia Poeta.
Isso ocorreu como uma consequência gradual, já
que os programas infantis não eram mais vistos como rentáveis e como naquele
momento do começo dos anos 2010 já estava sendo organizado essa lei de
publicidade infantil pelas entidades
defensoras da criança e do adolescente que resultou em 2014 na aprovação da
Resolução 163. Então consequentemente ficou inviável continuar produzindo
programas infantis.
UNI
IMPEDIR A VOLTA DOS JOVENS EM CAVERNA DO
DRAGÃO.
Durante
muitos anos que a Globo exibia e reexibia o desenho de Caverna do Dragão
(Dungeons and Dragons, EUA, 1983-1985) em sua antiga grade matinal infantil,
tipo fosse no Balão Mágico, no Xou
da Xuxa ou mesmo na TV Colosso. Algo que seria impensável hoje em
dia devido à como mencionei no tópico de Digimon, por causa da Resolução
163 com a Lei de Publicidade Infantil, isso impossibilitou a continuidade da
produção dos matinais infantis. Ou seja,
dessa forma nenhuma criança hoje em dia
vai saber do que se trata Caverna do Dragão.
O
fato de sempre repetir os mesmos episódios mostrando o ciclo infinito dos seis
jovens formados por: Hank, Eric, Presto, Diana e os irmãos Sheila e Bob tentando
retornar em vão para casa e nunca mostrar um episódio final com essa proeza
gerou uma teoria conspiratória muito
difundida nos primeiros anos de fóruns
da internet brasileira do começo dos
anos 2000 a respeito de que a razão do porque eles não poderem retornar para
casa era porque ambos haviam morrido e estavam no purgatório em consequência do
acidente ocasionado na montanha-russa que os levaram para o Reino da Caverna do
Dragão.
Nessa
teoria “apresenta que o dragão Tiamat conta para as crianças que
elas nunca iriam para casa, pois a montanha russa que os teletransportou para
aquele mundo descarrilou e todos eles morreram, sendo mandados diretamente para
o inferno.” Ele seria uma representação do Anjo, quanto que o
Diabo estaria simbolizado em três figuras: Vingador, Mestre dos Magos e Uni.
No meu tempo de faculdade eu convivi com um
colega crente, não lembro qual Igreja ele frequentava, mas que ao comentar
comigo sobre essa teoria ele se utilizou
como principal dos argumentos para defender que as duas figuras menos obvias
que representariam o demônio que é o Mestre dos Magos e a Uni, está na maneira
como o Diabo pode enganar se disfarçando de outras pessoas. Como a fala mansa dos Mestre dos Magos ou
mesmo o jeito dócil e fofo da Uni.
O que muitos brasileiros levaram a acreditar que esse fosse o final que de muito pesado a ponto de nenhuma
emissora querer exibi-la. Que só foi exibido nos EUA. Mas, será mesmo?
A bem da verdade, o último episódio foi
roteirizado, mas não animado.
Nele não existia nada desse conceito de inferno
como essas teorias viajadas nos faziam acreditar, na verdade o mote desse episódio
intitulado de Requiem mostrava o grupo dividido em consequência da
aposta do Mestre dos Magos com o Vingador. Onde o Mestre dos Magos resolve não ajuda-los
numa batalha contra um monstro que lembra uma Hidra.
Inconformados, eles então são recebidos com uma
proposta do Vingador que “tentaria desvirtuar os protagonistas e o Mestre dos
Magos deveria se recusar a ajudá-los. Caso os heróis resistissem e
permanecessem fiéis ao Mestre, o próprio Vingador os levaria de volta para
casa.
Após pedirem ajuda para o
Mestre dos Magos, que os ignora, os personagens começam a duvidar dele, o que
acaba rachando o grupo. Ainda mais depois do Vingador dizer que o verdadeiro
vilão que os impede de voltar para casa é o mago de cabelos brancos. Porém, o
Mestre segue firme na crença de que os heróis não sucumbirão e serão leais aos
seus ensinamentos. É exatamente o que acontece.
No final, eles escolhem
acreditar no Mestre dos Magos e há uma grande batalha, com vários segredos
revelados. Primeiro, descobrimos que o Vingador é filho do Mestre dos Magos e
se perdeu na vida por seguir outro mestre maligno. Depois, entendemos que a grande
missão dos personagens era ajudar o Vingador a se redimir e voltar ao caminho
certo.
Feito isso, os momentos
finais de Caverna de Dragão trazem uma certa
ambiguidade, uma vez
que, os heróis foram presenteados com uma última escolha: voltar para casa ou
permanecer no mundo mágico.”(Fonte: Matéria do site Techmundo
de 29/10/2023).
A revelação de que esse era o real roteiro
desse último episódio que não foi animado veio do seu roteirista Michael
Reaves(1950-2023) divulgado em seu site oficial.
A principal razão para esse último episódio não
ter sido animado, se deve ao cancelamento que a série sofreu em
consequência que uma das empresas envolvidas na produção da animação que foi a
TSR, que criou Caverna do Dragão originado de um jogo de RPG, decretou
falência.
Além dessa, também houve o envolvimento da Marvel
Productions, a subsidiária da Marvel Comics que era responsável pela
distribuição e a Toei Animation, um estúdio de animação japonês, o mesmo
responsável por animar Digimon. Que desenhava os episódios.
A Marvel não quis dar prosseguimento a produção
da animação na ocasião pelo motivo de que já estava sobrecarregada em dar contar com a
distribuição de outras animações para TV
como Thundercats (EUA, 1985-1988) por exemplo.
Após a revelação desse episódio perdido de Caverna
do Dragão ele finalmente ganhou uma ilustração em formato de HQ feita pelo brasileiro Reinaldo Rocha.
Como na época não houve um pronunciamento
oficial sobre o fim da animação isso gerou essa teoria que levou muita gente a culpar a Uni por impedir a volta para casa
dos jovens. Porém, a verdade é o que
impedia os jovens de retornarem nunca foi a Uni.
Em boa partes dos episódios isso ocorreu por
causa do Vingador, em outra ocasião foi por culpa do Eric, o que não me
surpreendi até porque eu o achava o mais
chato a nível desagradável daquele grupo e em outro momento foi por culpa da
Diana já essa eu até que gostava, a achava mais equilibrada.
Talvez uma das razões do porquê que essa
equivocada teoria conspiratória gerou essa memória de que a Uni era a culpada
dos jovens não retornarem para casa se deve ao fato de que boa parte não sentir
muita simpatia por ela, principalmente porque como ela não pode acompanhar os
jovens no retorno para casa, por pertencer ao mundo mágico.
E dentre os seis, o caçulinha do grupo Bob era
o que mais demonstrava nutrir uma forte afeição
por ela, tanto que era capaz de tudo para defende-la. Sinceramente, esse era outro além do Eric que
eu achava chato, porque se o Eric me irritava pelo seu perfil resmungão e um
tanto encrenqueiro, o Bob no caso me irritava por agir muito impulsivamente,
principalmente para defender a Uni ou mesmo não gostar quem mexia com sua irmã
Sheila. .
A Uni por verbalizar por meio do som de uma
cabra, e provavelmente alguém da comunidade evangélica brasileira que difundiu
essa ideia de inferno viu uma semelhança com a representação judaico-cristã do
bode ser sacrificado onde ele “era apartado do rebanho e deixado só na natureza
selvagem como parte das
cerimônias hebraicas do
Yom Kippur, o Dia da Expiação, na época do Templo de Jerusalém. Este rito é
descrito na Bíblia no livro do Levítico.”(Fonte: Wikipédia).
Isso
deu origem a expressão bode expiatório, que se refere a nada mais, nada menos
do que “alguém que é escolhido
arbitrariamente para levar (sozinho) a culpa de uma calamidade, crime ou
qualquer evento negativo (embora não o tenha cometido). A busca do bode
expiatório é um ato irracional de determinar que uma pessoa ou um grupo de
pessoas, ou até mesmo algo, seja responsável de um ou mais problemas sem a
constatação real dos fatos.” (Fonte: Wikipédia).
Onde
já houve descrições do povo de dizer que teve contato com Satã por meio de um
bode.
Olha
sinceramente sobre isso posso deduzir que não passou de um delírio coletivo
para gerar algum pânico moral.
Porque
de verdade, eu não tenho nada contra os crentes, mesmo porque eu cheguei a
frequentar um culto evangélico na infância, já que minha mãe veio de um lar
batista. Atualmente eu pratico o espiritismo.
Onde
inclusive eu tenho um tio materno que é sacerdote e há anos trabalha no oficio de pastor ministrando uma
igreja batista na Bahia.
Porém,
se tem uma coisa que eu não concordo muito é quanto essa postura reacionária e
um tanto autoritária dessa camada expressar opiniões equivocadas a respeito de
animes ou qualquer item da cultura pop de assimilar como demoníaco.
Porque
para mim, o que eu acho mais demoníaco é uma igreja ser ministrada por um
sacerdote que é um predador sexual e a
nossa sociedade se calar diante disso.
Por
esse tipo de pessoa, me desculpem a franqueza, mas, eu não vou ter respeito.
JASPION BRASILEIRO NO JÔ SOARES ONZE E MEIA.
Quem
acompanhava O Fantástico Jaspion(Kyouju Tokusu Juspion, Japão,
1985-1986) na extinta Rede Manchete (1983-1999) como eu deve se lembrar do quão
empolgante que era e da exaustão como
era exibido na grade da Manchete, e do quanto até hoje ela nos impactou.
Ainda
assim tem gente que carrega uma falsa memória do Jaspion que não envolve
especificamente a série em si, mas no caso especifico da aparição do dublê do
Jaspion sendo entrevistado no extinto talk show do finado humorista Jô
Soares(1938-2022), que no caso trata-se do Jô Soares Onze e Meia(1988-1999)
no SBT.
Tudo
isso aconteceu em 1997, quando Jô Soares chama para ser entrevistado e sentar
no seu sofá Tadashi Kamitani, o responsável por representar o Jaspion no
Circo Show que foi promovido pela antiga distribuidora brasileira que
detinha o registro da série a Everest Vídeo de propriedade do empresário
Toshihiko Egashira entre o final dos
anos 1980 e começo dos anos 1990.
Ele
por falar bem português, admitir que era brasileiro e pela cara nipônica criou
uma equivocada confusão que se tornou muito difundida a afirmação na internet brasileira do Jaspion ser
brasileiro?
Principalmente
porque nos minutos finais da entrevista, Jô exibiu no seu telão uma cena da
série de Jaspion dentro do Daileon
enfrentando uma batalha contra o monstro
do episódio 17, o que se criou em cima disso uma falsa memória de que ele fosse o protagonista
da série.
A
verdade é que Tadashi Kamitani não é o ator que fazia o Jaspion na série
de tv, mas sim apenas no Circo Show, onde ele inclusive se dividia entre
Adriel de Almeida que vestia a armadura nas apresentações.
Quem
protagonizou o Jaspion na série foi Hikaku Kurosaki, que após o fim da
série se afastou do meio artístico e atualmente vive na ilha japonesa de
Okinawa trabalhando como instrutor de mergulho para uma empresa que ele
administra.
A
razão que ocasionou ao equivoco dessa falsa memória em nós brasileiros se deve
ao fato de que a produção do Jô em nenhum momento da entrevista esclareceu que Kamitani protagonizava o Jaspion
apenas no circo, e nem o próprio esclareceu isso ao longo da entrevista.
Muito
disso se deve ao fato de que como na época, segunda metade da década de 1990
ainda não existia Google para fazer uma checagem de informação e
provavelmente a escassa informação que a produção do Jô tinha acesso era por
meio da antiga assessoria do Circo e os únicos acessos de informação que
a camada otaku conseguia era por meio das nichadas revistas Herói.
E
como cereja do bolo, Jô Soares mostrou no telão um trecho do episódio da série,
pronto, foi a partir de todos esses equívocos que se criou a lenda do Jaspion
Brasileiro que foi difundido na internet que ocasionou nessa falsa memória
do povo replicar essa informação que descobriu no Jô Soares que o Jaspion
era brasileiro por meio da entrevista do ator do Jaspion, quanto que na verdade
não, quem o Jô Soares entrevistou foi o ator
brasileiro que representou o Jaspion apenas no Circo que
fazia turnês aqui no Brasil.
HIGTHER
DE WINSPECTOR SER AZUL?
Quem
lembra do Esquadrão Especial Winspector(Tokkei Winspector, Japão,
1990-1991) passando na extinta Rede Manchete, que estreou aqui por volta de
1994.
Essa
série do gênero tokusatsu da qual pertence Jaspion, que não por acaso é da
mesma franquia Metal Hero.
Essa
série chegou no Brasil numa leva posterior a Jaspion por outra distribuidora a
Tikara Filmes.
A
série girava em torno de uma equipe de resgate de combate ao crime formado pelo
policial Liuma Ogawa/Fire(Masaru Yamashita) cuja armadura era vermelha e tinha
dois robôs: Biker de amarelo e Higther de azul?
Eu
tenho de confessar que eu já me confundi algumas vezes com a cor do uniforme do Highter achando que
fosse azul, a ponto de carregar uma falsa lembrança que fosse a cor do uniforme
e eu não sou a única pessoa que tive essa impressão.
Sendo
que na verdade, o Higther é verde, e a prova disso está no trecho da canção de
abertura interpretada por Takayuki Miyauchi
que menciona os nomes do trio que vou reproduzir aqui com os nomes
originais do Biker e do Higther:
Fire, RED! Bikel, YELLOW! Walter, GREEN!
A principal razão para toda a confusão que gira em torno da sua
cor causar essa sensação meio daltônica aos telespectadores pode estar na
maneira como antigamente funcionava os aparelhos de tv analógicos.
Vou reproduzir aqui um trecho de uma matéria de
2018 que o site TokuBlog fez explicando
sobre esse assunto:
“Televisões e
computadores usam o sistema
RGB cuja sigla significa Red (Vermelho), Green (Verde) e
Blue (Azul). Portanto, toda vez que você liga a televisão, notebook ou o seu
celular, as cores mostradas na tela são baseadas nessas três cores primárias.
Uma vez que o sistema de cores seja regulado de forma errada, as tonalidades
podem mudar de modo que a cor verde pode ficar mais azul, até mesmo mais
vermelho ou amarelo tal como ocorre com os filtros de Instagram. E nos
anos 80 e 90, era comum a cópia analógica das fitas masters, além da
danificação delas ao longo do tempo. E Winspector foi a série que mais sofreu
com esse dano nas cores. Tanto é que Highter realmente aparece verde em alguns
poucos episódios e noutros chega a ter uma tonalidade um pouco avermelhada.”
Por essa razão é que nos confundíamos com a cor do Highter de
verde para azul.
O
FANTASMA EM TRÊS SOLTEIRÕES E UM BEBÊ.
A
clássica comédia oitentista Três
Solteirões e um Bebê(Three Man and a Baby, EUA,1987), estrelada por Tom
Selleck, Steve Gutemberg e Ted Danson, que contou com a direção do falecido ator
Leonard Nimoy(1931-2015), famoso por representar o Spock na série de TV Jornada nas Estrelas nos anos
1960.
Neste filme, baseado em um filme francês
intitulado: Três Homens e um Bebê (Trois hommes et un couffin, França,
1985) dirigida pela cineasta Coline Serreau.
Que
conta a história de um trio de amigos que dividem um apartamento e são
surpreendidos pela chegada inesperada de um bebê e sendo ambos solteirões vão
ter de lidar com a difícil tarefa ingrata de se dividirem para cuidar dessa criança.
Durante
muito tempo, foi difundida uma falsa memória de que nesse filme apareceria uma presença
assustadora de um fantasma.
“Em uma determinada cena do filme, Jack
(Danson) apresenta Mary, a bebê que está sob os cuidados dos três amigos, à sua
mãe (Celeste Holm). Enquanto os dois passeiam pelos cômodos do apartamento
conversando sobre a menina, é possível identificar o que parece ser um espírito
atrás de uma cortina, observando a cena de maneira bizarra. Segundo as teorias
da internet, a assombração seria o fantasma de um jovem que se suicidara
naquele mesmo local.
A atriz Margaret Colin, que interpreta Rebecca na comédia, declarou
que a imagem que aparece atrás das cortinas é uma figura de papelão de Ted
Danson em tamanho real como a dos posteres promocionais de filmes. A presença
do acessório de cena era parte da trama, mas a menção ao comercial de comida de
cachorro que o personagem de Danson teria feito foi cortada. "Alerta de
spoiler: não é um fantasma - é uma figura de papelão. De Ted Danson. Em um
smoking. Aluguem o filme de novo e vejam por si mesmos", afirmou a
intérprete, que também agradeceu aos fãs pelo dinheiro recebido por cada
aluguel do filme durante os últimos anos.”
(Retirado da matéria do site AdoroCinema de 03
de Junho de 2017).
Portanto, nada disso apenas de um equivocado
mal entendido do nosso cérebro.
O que acende um alerta para tomarmos cuidados
com o que ouvimos sobre opiniões equivocadas.
Como bem o pai da psicanálise Sigmund
Freud(1856-1939) bem tem uma frase que resume tudo isso:
“Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de
Pedro que de Paulo”.