sábado, 18 de maio de 2024

OS EFEITOS MANDELA NA CULTURA POP.

 

O nome Efeito Mandela é dado  para definir o comportamento psicológico de memória coletiva  falsa.

Essa nomenclatura  é uma referência a Nelson Mandela(1918-2013), importante ativista sul-africano que foi o principal porta-voz da população negra na África do Sul contra o modelo político racista do Apartheid que vigorava  no país desde a colonização britânica  até os anos 1980.

Ele chegou a cumprir prisão por 27 anos, até ser solto em 1990 e ser eleito  Presidente da nação em 1994 e ficou no mandato até 1999. 

A explicação para ele dar nome a esse comportamento  de falsas memórias se deve quando a pesquisadora paranormal Fiona Broome  partiu disso por meio da experiencia própria de carregar uma memória falsa de pensar que o  Nelson Mandela havia morrido na prisão nos anos 1980, a ponto de negligenciar que após sua soltura ele foi eleito Presidente da África do Sul e  que viveu até os 95 anos quando faleceu em 2013 após enfrentar uma longa batalha contra um câncer de próstata.

Ela constatou não ser a única, pois, “muitas outras pessoas também tinham essa mesma recordação falsa e escreveu um artigo sobre a experiência no seu site. Dali, o conceito de memórias falsas comuns espalhou-se para outros fóruns e sites, incluindo as redes sociais.”(Retirado da matéria “O estranho 'Efeito Mandela' que a ciência tenta explicar”, do site da BBC, publicado em 14 de Outubro de 2022).

Foi pensando nisso que separei alguns exemplos de casos famosos envolvendo as memórias falsas tão difundidas. A maioria envolvendo coisas da cultura pop como filmes, séries de tv, desenhos animados dentre outros exemplos.

Uma lista é bem aleatória.

A FRASE “ESPELHO, ESPELHO MEU” DA RAINHA MÁ DA BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES.




Por muito tempo, foi difundido na falsa memória coletiva de que na clássica animação Disney Branca de Neve e os Sete Anões(Snow White and the Seven Dwarfs, EUA, 1937) inspirado no clássico literário de autoria dos irmãos Jacob(1785-1863) e Wilhelm Grimm(1786-1859) de  que a Rainha Má ao se dirigir ao espelho proferindo a frase: Espelho, Espelho Meu. Quem é a mais bela do que eu. Sendo que na verdade, a maneira como ela profere a frase  ao invocar o espelho é: Fala Mágico Espelho Meu. Quem é a mais bela do que eu?

Alerta de gatilho: O tópico sobre o Mágico de Oz vai abordar um tema sensível.

O SUÍCIDIO DO MUNCHKIN EM O MÁGICO DE OZ.





O clássico do cinema, O Mágico de Oz(The Wizard of the Oz, EUA, 1939), inspirado no romance de L.Frank Baum(1856-1919) é envolto de muitas teorias ocultas e um tanto obscuras, principalmente no que envolve um certo vício em mostrar o lado não tão bom que envolveu essa produção.  Como todo o tumulto envolvendo as filmagens que tiveram  trocas de diretores, onde apenas o nome de Victor Fleming(1889-1949) é creditado e durante o trabalho sacal do elenco cuja escolha para definir quem ficaria em tais papeis. Quando os principais foram definidos, estes sofreram bastante: Judy Garland(1922-1969) que o diga, ela para representar a Dorothy Gale uma menina de 10 anos, sendo ela uma adolescente com 16 anos enfrentou um duro perrengue de esconder os seios que já estavam crescidos para não deixar evidente no vestido fora que ela precisou encarar constantes assédios sexuais dos diretores executivos e isso a afetou  muito mentalmente até o momento que ela foi virando uma grande estrela do cinema e se viciou nas drogas a ponto de morrer precocemente de overdose em 1969 aos 46 anos.

Além dela, Ray Bolger(1904-1987) que fez o Espantalho sofreu com a  maquiagem no seu rosto que eram feitos à base de cola que deixou marcas no seu rosto que demorou mais de um ano para sair. Jack Haley(1898-1979) que fez o Homem de Lata adquiriu um infecção ocular por conta do material usado na maquiagem do seu personagem.  Bert Lahr(1895-1967) que fez o Leão Covarde sofreu com a maquiagem que o fazia passar por uma dieta se alimentando somente a base de líquidos  nos intervalos entre uma filmagem e outra por conta da dificuldade que a maquiagem dele gerava, fora o desconforto de vestir a roupa que foi da pele de um leão de verdade  e Margareth Hamilton(1902-1985) que fez  a Bruxa Má do Oeste sofreu uma queimadura após executar uma cena da Bruxa entrando numa explosão.

Fora eles que  precisavam aguentar filmar dentro do clima abafado do estúdio que usava de muitos jogos de luzes espalhados por todos os cantos, para que pudessem criar um ótimo efeito fotográfico colorido e até estourado usando da Technicolor para trazer uma atmosfera lúdica ao filme.

Todo esse vício diante de comentar sobre o lado sombrio da produção gerou uma lenda urbana a respeito de um membro do elenco que foi um dos anões munchkins inconformado com o salário e rejeitado por uma atriz havia se enforcado na frente das câmeras rodando  uma cena musical de Dorothy caminhando com o Espantalho e o Homem de Lata. Baseado num ponto escuro balançando parecendo uma silhueta de corpo humano.

     Mas,  pelo que Caren Marsh-Doll, uma  das atrizes substitutas  de Judy Garland no filme, uma senhora que hoje em dia  já é centenária com 105 anos e  até o momento em que escrevo ela parece figurar salvo meu equivoco como a única componente  viva do elenco do filme de 1939, veio publicamente esclarecer ao escrever no prefácio do livro oficial dedicado aos 75 anos da obra intitulado: The Wizard of Oz: The Official 75th Anniversary Companion de autoria de Jay Scafone e William Stillman e publicado em 2013, ela esclareceu que na verdade se tratava de um pássaro preto muito grande que estava movimentando suas asas, o que fazia sentido pois nas cenas anteriores apareciam a figura de pássaros em segundo plano.

Essa lenda urbana começou quando o filme foi lançado em VHS nos anos  1980, e daí pode estar a origem da explicação para essa falsa memória do povo pensar que a silhueta preta fosse de um anão se enforcando quanto que na verdade era apenas uma ave gigante movimentando suas asas, que devido à baixa resolução da imagem contida na fita, como consequência fez muita gente rebobinar a fita várias vezes para compreender e decifrar  o que era aquela silhueta  preta no fundo criou essa teoria viajada que fosse justamente de um anão enforcado.

Algo que só ficaria mais nítido quando nos anos 2000 houve uma digitalização do material do filme para ser lançado em DVD e Blu Ray e ser disponibilizado nos serviços de streaming a partir dos anos 2010.

 

 

DARTH VADER REVELAR PARA LUKE SKYWALKER: “LUKE, EU SOU SEU PAI”.




Em O Império Contra-Ataca(The Empires Strikes Back, EUA, 1980), segundo filme da trilogia clássica de Star Wars, que após George Lucas produzir em 1999 o prequel com A Ameaça Fantasma(The Phantom Menace, EUA, 1999), como Star Wars:Episódio I-A Ameaça Fantasma que fez ele ser renomeado de Star Wars: Episódio V-O Império Contra-Ataca,  e o que lhe antecedeu que era só Star Wars e passou a ser Star Wars: Episódio IV-Uma Nova Esperança(Star Wars: Episode IV-A New Hope, EUA, 1977) é meio complicado de compreender, mas foi assim que George Lucas adotou após retomar a franquia em 1999.

Foi nesse segundo filme da primeira trilogia de Star Wars, que não contou com a direção do George Lucas, ele apenas esteve envolvido no roteiro, quem assumiu a direção foi Irving Kershner(1923-2010) que se criou uma falsa memória a respeito da cena icônica da batalha entre Luke Skywalker(Mark Hamill) com o Darth Vader fazer a revelação se direcionando a ele dizendo:

-Luke, eu sou seu pai.

Quanto que na verdade o diálogo ocorre assim:

- Obi-Wan nunca lhe disse o que aconteceu com seu pai?

 

- Ele me disse o suficiente… que foi você que matou ele.

 

- Não. Eu sou seu pai.

Em nenhum momento Darth Vader começa mencionado o nome de Luke  na frase.




P.S:Outra falsa memória também ligada a Star Wars envolve todo mundo lembrar do robozão  C3PO com sua pele metalizada toda de dourado na trilogia clássica e que isso só foi modificado quando George Lucas retomou a franquia clássica nos anos 1990 ao colocar um braço vermelho nele. E nos relançamento dos filmes colocaram com uma perna direita prateada. Acontece que a perna prateada sempre esteve  no personagem, isso inclusive foi confirmado por Anthony Daniels o responsável por viver o robozão ao ser questionado numa entrevista.

A razão do porquê de muita gente nunca ter reparado nisso, se deve ao fato de que como o povo se concentrou muito nele todo de dourado, e como em algumas cenas ele raramente aparecia de corpo inteiro e quando apareciam eram em cenas ambientadas no deserto que devido da iluminação solar natural, aquilo camuflava a cor prateada em sua perna tudo levou a muitos criarem essa falsa lembrança sobre o C3PO.

 

 

O SORRISO METÁLICO  DA BOND GIRL EM 007 CONTRA O FOGUETE DA MORTE.




A longeva franquia 007 baseado na série literária do britânico Ian Fleming(1908-1964) que teve sua primeira publicação em 1953.

E a partir de 1962, ganhou a primeira adaptação cinematográfica com 007 Contra o Satânico Dr. No, produzida pela Eon Productions dos sócios Albert R. Broccolli(1909-1996) e Harry Saltzman(1915-1994).

E aos longos dos 25 filmes que já produziram até este momento em que escrevo, cujo papel do sedutor James Bond já passou pela pele de Sean Connery(1930-2020), George Lazenby, Roger Moore(1927-2017), Timothy Dalton, Pierce Brosnan e Daniel Craig e até este momento em que escrevo não foi definido quem será o próximo a protagonizar para o vigésimo sexto filme da franquia da Eon que depois da morte dos dois sócios, passaram a ficarem encarregados os irmãos Barbara Broccolli e Michael G. Wilson, portanto a filha e o enteado de Albert Broccolli.

Dentre os filmes em questão dessa longeva franquia cinematográfica que gerou uma falsa memória entre os fãs  está  em 007 Contra o Foguete da Morte(Moonraker, Reino Unido, França, 1979) o 11º filme da franquia, o quarto estrelado por Roger Moore no papel principal. O terceiro a contar com a direção do britânico Lewis Gilbert(1920-2018) e que marcou  também o último a contar com Bernard Lee(1908-1981) no papel do Chefe M.

Nesse filme muito lembrado por nós brasileiros pelas lindas locações no Rio de Janeiro, exaltando aquela visão utópica que gringo gosta de romantizar sobre o Brasil que são as praias com  as mulheres de biquinis rebolando num carnaval.

E  nessas cenas no Brasil  chegou a contar com a participação  brasileira no elenco de Carlos Kurt(1933-2003), muito famoso por participar do humorístico  dos Trapalhões, representando uns tipos mal-humorados que eram alvos de chacotas da trupe, onde no filme ele aparece como o segurança  de um aeroporto brasileiro que recepciona o gigante com  dentadura  metálica Jaws(Richard Kiel).

E é justamente aqui no Brasil que ocorre uma falsa memória que muita gente criou com relação a uma bond girl* que aparece ajudando o gigante assassino com dentes de aço Jaws, vivido pelo americano Richard Kiel(1939-2014), trata-se da Dolly(Blanche Ravalec).

Essa personagem aparece no momento em que ela está ajudando Jaws a sair dos escombros em cima dele, depois deste sofrer um acidente no bondinho numa tentativa sua frustrada de eliminar James Bond numa perigosa luta em pleno ar, tanto que essa cena foi filmada com dublê já que seu interprete Richard Kiel tinha pavor de altura.

É nesse momento que o Jaws ao ver sua cara angelical e fazendo uma troca de olhares e ela retribuindo com um sorriso que gerou a falsa memória entre os fãs da franquia 007 de que ela tivesse usando aparelho nos dentes.

Fazendo desse modo muita gente crer no motivo para  o Jaws  nutrir uma paixão por ela que faz ele automaticamente ter a sua redenção ao ponto de nas últimas cenas dentro do foguete resolver se voltar contra Drax(Michael Lonsdale) e se unir a Bond em nome do amor por ela.

Sendo que na verdade, a Dolly nunca usou aparelho nos dentes, a própria atriz que a representou, a francesa Blanche Ravalec veio a público em sua conta numa rede social esclarecer que nunca usou aparelho quando participou do filme.

A provável explicação para a falsa memória gerada com relação a essa personagem que era a mais aleatória da história, que sequer chegou a interagir com o herói para ser o  interesse amoroso dele como as que antecederam  se deve ao  fato de que como ela assim como o Jaws não verbalizava e se comunicava pela troca de olhares, o momento em que ela retribuiu sorrindo para ele fez as pessoas pensarem que ele havia se apaixonado por ela por causa do seu sorriso metálico como o dele.

Tanto que no terço final do filme quando ela reaparece dentro do foguete Moonraker, comandado pelo vilão principal da história Hugo Drax, representado pelo francês Michael Lonsdale(1931-2020). Quando Jaws se depara com ela resolve se redimir em nome do amor. Uma situação muito cringe para dizer o mínimo.

CHAVES ESTREOU NO PROGRAMA DO BOZO?

 
Reprodução de uma tumbir do vídeo do canal Fórum Chaves


Nesse ano de 2024, Chaves (El Chavo Del Ocho, México, 1973-1979) completa 40 anos que estreou no Brasil. A famosa criação do mexicano  Roberto Gómez Bolaños(1929-2014)  teve sua  estreia em solo brasileiro  ocorrida  tardiamente pelo SBT em 1984.

Isso porque na ocasião, o seriado já não era mais exibido no México como programa independente que nós aqui no Brasil  acostumamos a acompanhar repetidas vezes desde o final dos anos 1970.

Desde 1980, Chaves estava sendo produzido dentro do esquete do programa Chespirito (México, 1980-1995) que Bolaños roteirizou e gravou  até 1992.

Chaves sempre foi visto durante os longos anos que foi  exibido a exaustão pela emissora de Silvio Santos, como um trunfo, um coringa para atrair a audiência, isso até o momento  que o seriado teve de sair do ar em 2020, por conta da briga jurídica entre a Televisa com os herdeiros de Bolaños.

Por muito tempo, foi difundido entre as comunidades virtuais de fãs de Chaves a informação de que o programa estreou no Brasil no programa do palhaço Bozo.

A ponto dessa informação ser até mesmo replicado em alguns textos de sites que abordam sobre nostalgia e foi dessa forma que  em 2011, quando o SBT promoveu uma série de  especiais  em comemoração aos seus 30 anos,  dedicou um episódio  a Chaves, mostrando  Patrícia Abravanel comandando a atração investigando de forma pitoresca  nos arquivos do SBT sobre os episódios perdidos onde até aparece ela conversando com alguém de costas, mas que dá para observar  pela cabeça que estava de Bozo falando do mesmo jeito excêntrico do palhaço talvez acreditado que realmente o programa tenha estreado no programa do Bozo.

Muito com base em quem compartilhou alguma informação equivocada nesses fóruns se criou essa lenda urbana que foi dada como verdadeira.

Na verdade, quando a estreia de Chaves  ocorreu foi no dia 24 de Agosto de 1984, onde foi exibido dentro do programa TV Powww! (1984-1989), um game show exibido a tarde pelo SBT “era baseado no formato de mesmo nome, exibido nos Estados Unidos e foi o precursor no uso de jogos de computador na televisão brasileira. Os jogos eram simples e o telespectador gritava "pow" para o vídeo jogo realizar a ação. Os telespectadores ligavam para os apresentadores no famoso telefone 236-0873 e, numa das telas do cenário, aparecia um jogo de computador. O telespectador tinha que gritar pow sucessivamente e, se conseguisse concatenar os gritos com os movimentos do jogo, ganhava pontos que se transformavam em dinheiro.”(Fonte: Wikipédia).

Esse programa era comandado por uma rotatividade de apresentadores, cujo elenco contava com nomes que fizeram história na emissora como: Gugu Liberato(1959-2019), Wagner Montes(1954-2019), Christina Rocha e dois nomes que se tornaram celebres apresentadores  infantis na emissora que no caso foram: Sergio Mallandro e Mara Maravilha.

Mas nenhum desses foi responsável por apresentar  Chaves ao público brasileiro nesse programa, quem de  fato apresentou Chaves ao público brasileiro  no dia da sua estreia foi o jornalista Paulo Barboza(1944-2018).



Olha, sinceramente se alguém hoje na faixa dos 50 anos que foi criança na ocasião da estreia do seriado mexicano  costumava comentar  se recordar de assistir Chaves a primeira vez  no programa do Bozo eu não tenho dúvida de que isso fosse possível.

Digo isso porque Chaves, sempre foi visto por nós brasileiros como um programa infantil.

Tanto que no dia da estreia, pelo que pude consultar na grade de programação desse dia,  Chaves havia sucedido a uma programação matinal e vespertina muito dedicada a programas infantis, muitos desses desenhos.

Olha eu não vi o dia da estreia de Chaves, até porque na época eu não tinha nascido, estava  sendo gerado na barriga da minha mãe e só sairia de lá no dia 26 de Abril de 1985.

Eu não tenho uma recordação especifica  de qual idade  eu tinha quando assisti Chaves  a primeira vez e devia ser muito pequeno. No entanto,  carrego a recordação de que ao crescer vendo  Chaves com a emissora repetindo a exaustão os mesmos episódios sem seguir uma ordem cronológica por temporada, era sempre colocado na grade de programação infantil da emissora.

E pelo que pude apurar investigando no Google, os arquivos dos jornais anunciando as grades de programação do SBT por volta dos anos de 1990 a 2000, realmente Chaves ficava encaixado em algum bloco de programação infantil.

Só para exemplificar: Na grade de programação do dia 22 de Abril de 1999, mostra Chaves encaixados em dois horários destinados a programas infantis.

No primeiro horário das 13h30, começo da tarde ele estava sucedendo duas séries no caso Blossom(EUA, 1991-1995) e Chapolin (México, 1973-1979) que antecediam os antigos matinais infantis da Sessão Desenho(1981-2001), Bom Dia & Cia(1993-2022) e o  Festolândia(1991-2005).

E nesse mesmo dia, tinha Chaves aparecendo encaixado no horário de 17h40, final da tarde para  começo da noite  imprensado entre o Festival de Desenhos*** e o Disney Club(1997-2001).

E talvez por isso se criou uma falsa memória de que Chaves tenha estreado no programa do Bozo.

Muito disso  por causa do seriado ser visto  como infantil por nós brasileiros, se bem que  originalmente ele não foi pensado para ser infantil.

A começar pelo fato de que quando o seriado foi originalmente exibido no México, ele passava no horário nobre, onde as crianças mexicanas costumavam se prepararem para dormir.  

Onde inclusive no texto, a gente pode notar um teor adulto nos diálogos maliciosos dos personagens um tanto velado de duplo sentido nas entrelinhas onde criança não percebia, mas adulto sim.

E basta a gente lembrar  as repetidas vezes que quando víamos a Bruxa do 71, digo  Dona Clotilde(Angelines Fernandez) ao aparecer no pátio da Vila  e via o Seu Madruga(Ramon Valdés),  ela dava  uns pegas nele, onde podíamos bem notar como  sua reação de assanhamento ao abraçá-lo   deixava  transparecer um toque recalcado de fantasia sexual reprimida que ela sentia pelo Seu Madruga.

Talvez o que tenha  criado uma conotação infantil para nós brasileiros  no seriado se deva ao fato de que sua estética muito trabalhada no humor físico carregue aquele tom teatral que lembre muito um circo. Junto ao fato do mote do seriado ter como fio condutor um menino órfão que vive numa vila pobre onde ele interage com os moradores e quando são as crianças com quem ele brinca se criou esse toque infantil na série.

Algo nesse raciocínio  bem descreveu o jornalista Arlindo Silva(1923-2011), que foi assessor de imprensa de Silvio Santos no capitulo da biografia A Fantástica História de Silvio Santos(EB, 2000) de sua autoria ao compartilhar sua impressão da primeira vez que teve contato com o material  nos bastidores da estreia de Chaves na emissora onde todos os executivos estavam descrentes do sucesso e ele próprio como mostrado nesse trecho:

Quando tudo ficou pronto, Silvio me perguntou o que eu estava achando do seriado. Respondi que se tratava de um produto barato, sem qualidades em termos de televisão atual, que pecava pela iluminação, pecava nas cores, sempre muito fortes; enfim, percebia-se que o cenário simples da vila era de papelão. Mas comentei que preferia ver minha filha de quatro anos assistindo a esse humor puro, de circo, como o que eu assistia no Piolim, ao humor que víamos nos Trapalhões, impregnado de erotismo desnecessário.”

Todos esses fatores, podem explicar a razão para se criar toda uma falsa memória coletiva de que Chaves tenha estreado no programa do Bozo, por ser visto como um programa infantil por nós brasileiros por causa do encaixe que o SBT o colocou em programas infantis, sendo que a verdade é que a estreia de fato de  Chaves ocorreu na TV Powww!

P.S.1: Provavelmente nem todo o Brasil deveria acompanhar Chaves no horário das 13h30 como mencionado no texto. Isso porque por volta desse horário em que boa parte dos brasileiros estão retornando do trabalho e buscam seus filhos na escola  para irem almoçar em casa é uma hora em que está passando as atrações locais de algumas afiliadas do SBT, como aqui no Rio Grande do Norte que tem a Ponta Negra,  fundada por Carlos Alberto de Sousa(1945-1998) o popular comunicador que já foi comparado a Silvio Santos apresentando seus programas jornalísticos de cunhos policialescos. Que costumava começar  após o fim do Bom Dia & Cia, onde portanto não víamos o Festolandia, nem o seriado da Blossom e Chapolin, outra criação do Bolaños.

P.S.2: Sobre o mencionado programa Chespirito, ele ainda duraria até 1995, mas já sem contar com as esquetes do  Chaves.

 

 

 

DIGIMON ADVENTURE ESTREOU NA TV GLOBINHO COM A ANGÉLICA APARECENDO NA ABERTURA?




Em 2024, o anime de Digimon Adventure(Japão, 1999-2000) completou 25 anos de sua estreia no Japão ocorrido no dia 07 de Março de 1999 e no ano seguinte chegou no Brasil na tela da Globo.

Por muito tempo a comunidade de fãs do anime, os digifãs brasileiros sempre carregaram não uma, mas duas  memórias falsas a respeito da estreia do anime no Brasil.

Elas envolvem a afirmação de que eles se recordavam de que  o primeiro programa que passou o anime foi na TV Globinho a ponto de afirmarem se recordarem de ver a apresentadora Angélica de chapéu azul aparecendo na abertura cantado: Digimon, digitais, digimon somos os campeões.

Bem,  analisando  aqui por partes, porque o negócio  de fato é  complicado, mas vou tentar explicar ainda que de forma longa: Na verdade quando a estreia de Digimon na Globo  ocorreu no dia 03 de Julho de 2000 foi no programa Férias Animadas, que foi um programa provisório que a apresentadora Angélica comandava para tapar o buraco  do vácuo que ficaria até começar a produção de sua nova atração chamada de  Bambuluá(Brasil, 2000-2001).




Esse programa representou a fase  de transição do fim de seu antigo matinal infantil Angel Mix(1996-2000) que ela comandava desde que foi contratada pela emissora em 1996 para o começo de  Bambuluá. Cuja estreia só ocorreu apenas no dia 09 de Outubro de 2000, pelo que pude apurar checando ao consultar as grades de programação da Globo nessas datas do ano 2000 nos arquivos de jornais consultando o Google.

O Angel Mix pelo que pude apurar checando também a antiga grade de programação da Globo no arquivo do site da Folha de São Paulo  chegou ao fim no dia 30 de Junho de 2000.

A principal razão era porque, como pude apurar numa matéria do site Notícias da TV, publicado em 10 de Setembro de 2022 sobre a volta de Digimon a Globo, dessa vez em seu serviço de streaming Globoplay. Segundo a matéria, a   apresentadora “Angélica sofria muito para vencer o Bom Dia & Cia (1993-2022), do SBT, e o Eliana & Alegria (1998-2002), da Record. O programa da TV de Silvio Santos tinha os desenhos de Warner e Disney em um contrato milionário. Já a Record tinha justamente Pokémon no auge da "pokemania””.

Ou seja, analisando o contexto,  esses dois matinais infantis comandados por apresentadoras loiras como: Jackeline Petkovic no SBT e Eliana Michaelichen Bezerra na Record também chamadas pela mídia de babás eletrônicas davam trabalho para a também loira  Angélica Ksysivics** na Globo  conseguir reagir nessa disputa entre o público infantil, especialmente quando a gente lembra a fase louca do vale-tudo na guerra de audiência que a tv brasileira vivia no  recente fim da  década de 1990 e começo dos anos 2000.

Tanto que o Angel Mix que  Angélica comandava durante o primeiro semestre do ano 2000, estava enfrentando uma série de derrotas consecutivas na audiência justamente pela febre de Pokémon.

Justamente por isso que a Globo naquele momento adquiriu Digimon, que teve a árdua  tarefa ingrata de salvar a audiência da Globo para  enfrentar uma concorrência forte com Pokémon que gerou muitas rivalidades.

Foi nesse programa dos Férias Animadas que surgiu a Tv Globinho  como uma maneira de preparar o território  para introduzir Bambuluá que mostravam uns repórteres-mirins de nomes pitorescos que nos introduziam ao programa, quando Bambuluá estreou a Tv Globinho foi mantida como esquete e depois que a atração chegou ao fim em dezembro de 2001, foi que  a partir do começo de janeiro de 2002 a Tv Globinho virou uma atração independente que perdurou até 2015.

Pelo fato da atração ter se consolidado ao longo dos anos após o fim do Bambuluá foi que gerou essa confusão na cabeça dos digifãs.  A ponto deles criarem essa falsa memória de que a estreia do anime foi na TV Globinho. Sendo que na verdade, a estreia do anime ocorre no período de transição desses matinais infantis comandados por Angélica.

A maneira como Digimon estreou no Brasil há mais de vinte anos, seria impensável de se repetir hoje em dia.

Principalmente pelo fato de que após a aprovação no Congresso Nacional  da Resolução 163 em 2014 que passou a  proibir a  veiculação de publicidade infantil que tornou inviável produzir programa infantil na Tv aberta que passou a não ver mais programas infantis como lucrativos e com a concorrência dos streamings então.

Já quanto a memória equivocada  que eles tem  da Angélica cantando na abertura do anime?

Bom, na verdade, a Angélica de fato produziu a música para a abertura do anime, sendo que essa versão  não foi produzida  em cima da versão original feita no Japão que era a canção Butter-fly do finado Kōji Wada(1974-2016), mas da versão que a Globo adquiriu exportado dos EUA.

Ou seja, da versão americana, que contou com o dedo da Saban Productions, produtora de Power Rangers, já que os responsáveis por compor a música dessa versão anime nos EUA foram os produtores executivos de Power Rangers, os israelenses Haim Saban e Shuky Levy.

  Cujo primeiro refrão que é Digimon, Digitais, Digimon somos campeões, não é cantado pela Angélica, mas sim pela voz masculina do dublador Romeu D´Angelo que em Digimon dublou alguns digimons, como o Monzaemon que é um urso gigante.

Ela só começa mesmo a cantar a partir do refrão:Eles vão se transformar
Para o seu mundo salvar....”

 

De fato, foi produzido um videoclipe da Angélica usando um chapéu azul aparecendo  num fundo de chroma-key com o desenho, mas não era a abertura.

Na verdade, esse videoclipe era veiculado durante a janela que o programa Férias Animadas exibia entre o final do bloco  com o desenho que antecedia a Digimon para começar mesmo a sua exibição.

Era uma forma deles  conseguirem segurar os telespectadores mirins para atraírem para a  exibição de Digimon para servir como um esquenta, preparando o terreno  até a atração começar de fato.

Quando iniciava o desenho mesmo, era mostrado a abertura, mas sem a presença da Angélica.

Isso ocorria porque a Globo espertamente encaixou Digimon no horário das 11:00 Horas para poder  concorrer diretamente com Pokémon e  num horário que transitava entre o final do matinal infantil para o começo dos programas vespertinos que começava com as linhas jornalísticas e dava continuidade com os programas de entretenimento.  

Umas das razões para essa outra falsa memória que os digifãs brasileiros criaram em Digimon se deve ao fato de que nesse videoclipe da Angélica, o fundo mostrando o desenho com ela aparecendo de chapéu azul  cantando e dançado era da abertura o que ocasionou nessa outra  confusão  com relação a estreia do anime no Brasil.

P.S.1: O programa Bambuluá, nome inspirado no título do conto A Princesa de Bambuluá de autoria do historiador potiguar Luís da Cãmara Cascudo(1898-1986) marcou o último matinal infantil comandado por Angélica, cujo  ciclo vinha desde que ela foi lançada como apresentadora bem novinha com 13 anos comandando o Clube da Criança na extinta Rede Manchete no final dos anos 1980. Nos anos  que se seguiram enquanto ela ficou contratada da Globo até 2020, ela transitou pelo game show com o  VideoGame(2001-2011), pelo Estrelas(2006-2018) um programa de entrevistas com artistas da casa e por fim, o Simples Assim(2020).

P.S.2: Quando a Tv Globinho chegou ao fim em 2015, o programa já não era mais diário, mas apenas exibido aos sábados.  O programa havia deixado de ser diário quando em 2012, a apresentadora Fátima Bernardes  que recentemente foi demitida da Globo colocou no ar o  Encontro, que ela comandou até 2022 e com sua saída passou a ser comandada por Patrícia Poeta.

Isso ocorreu como uma consequência gradual, já que os programas infantis não eram mais vistos como rentáveis e como naquele momento do começo dos anos 2010 já estava sendo organizado essa lei de publicidade infantil pelas  entidades defensoras da criança e do adolescente que resultou em 2014 na aprovação da Resolução 163. Então consequentemente ficou inviável continuar produzindo programas infantis. 

 

 

UNI IMPEDIR A VOLTA DOS JOVENS  EM CAVERNA DO DRAGÃO.



Durante muitos anos que a Globo exibia e reexibia o desenho de Caverna do Dragão (Dungeons and Dragons, EUA, 1983-1985) em sua antiga grade matinal infantil, tipo fosse no Balão Mágico, no  Xou da Xuxa ou mesmo na TV Colosso. Algo que seria impensável hoje em dia devido à como mencionei no tópico de Digimon, por causa da Resolução 163 com a Lei de Publicidade Infantil, isso impossibilitou a continuidade da produção dos matinais infantis.  Ou seja, dessa  forma nenhuma criança hoje em dia vai saber do que se trata Caverna do Dragão.

O fato de sempre repetir os mesmos episódios mostrando o ciclo infinito dos seis jovens formados por: Hank, Eric, Presto, Diana e os irmãos Sheila e Bob tentando retornar em vão para casa e nunca mostrar um episódio final com essa proeza gerou uma teoria conspiratória  muito difundida nos primeiros anos de  fóruns da internet brasileira  do começo dos anos 2000 a respeito de que a razão do porque eles não poderem retornar para casa era porque ambos haviam morrido e estavam no purgatório em consequência do acidente ocasionado na montanha-russa que os levaram para o Reino da Caverna do Dragão.

Nessa teoria “apresenta que  dragão Tiamat conta para as crianças que elas nunca iriam para casa, pois a montanha russa que os teletransportou para aquele mundo descarrilou e todos eles morreram, sendo mandados diretamente para o inferno.” Ele seria uma representação do Anjo, quanto que o Diabo estaria simbolizado em três figuras: Vingador, Mestre dos Magos e Uni.

No meu tempo de faculdade eu convivi com um colega crente, não lembro qual Igreja ele frequentava, mas que ao comentar comigo  sobre essa teoria ele se utilizou como principal dos argumentos para defender que as duas figuras menos obvias que representariam o demônio que é o Mestre dos Magos e a Uni, está na maneira como o Diabo pode enganar se disfarçando de outras pessoas.  Como a fala mansa dos Mestre dos Magos ou mesmo o jeito dócil e fofo da Uni.

O que muitos brasileiros  levaram a acreditar que esse fosse  o final que de muito pesado a ponto de nenhuma emissora querer exibi-la. Que só foi exibido nos EUA. Mas, será mesmo?

A bem da verdade, o último episódio foi roteirizado, mas não animado.

Nele não existia nada desse conceito de inferno como essas teorias viajadas nos faziam acreditar, na verdade o mote desse episódio intitulado de Requiem mostrava o grupo dividido em consequência da aposta do Mestre dos Magos com o Vingador. Onde o Mestre dos Magos resolve não ajuda-los numa batalha contra um monstro que lembra uma Hidra.

Inconformados, eles então são recebidos com uma proposta do Vingador que “tentaria desvirtuar os protagonistas e o Mestre dos Magos deveria se recusar a ajudá-los. Caso os heróis resistissem e permanecessem fiéis ao Mestre, o próprio Vingador os levaria de volta para casa.

Após pedirem ajuda para o Mestre dos Magos, que os ignora, os personagens começam a duvidar dele, o que acaba rachando o grupo. Ainda mais depois do Vingador dizer que o verdadeiro vilão que os impede de voltar para casa é o mago de cabelos brancos. Porém, o Mestre segue firme na crença de que os heróis não sucumbirão e serão leais aos seus ensinamentos. É exatamente o que acontece.

No final, eles escolhem acreditar no Mestre dos Magos e há uma grande batalha, com vários segredos revelados. Primeiro, descobrimos que o Vingador é filho do Mestre dos Magos e se perdeu na vida por seguir outro mestre maligno. Depois, entendemos que a grande missão dos personagens era ajudar o Vingador a se redimir e voltar ao caminho certo.

Feito isso, os momentos finais de Caverna de Dragão trazem uma certa ambiguidade, uma vez que, os heróis foram presenteados com uma última escolha: voltar para casa ou permanecer no mundo mágico.”(Fonte: Matéria do site Techmundo de 29/10/2023).

 

A revelação de que esse era o real roteiro desse último episódio que não foi animado veio do seu roteirista Michael Reaves(1950-2023) divulgado em seu site oficial.  

A principal razão para esse último episódio não ter sido animado, se deve ao  cancelamento que a série sofreu em consequência que uma das empresas envolvidas na produção da animação que foi a TSR, que criou Caverna do Dragão originado de um jogo de RPG, decretou falência.

Além dessa, também houve o envolvimento da Marvel Productions, a subsidiária da Marvel Comics que era responsável pela distribuição e a Toei Animation, um estúdio de animação japonês, o mesmo responsável por animar Digimon. Que desenhava os episódios.

A Marvel não quis dar prosseguimento a produção da animação na ocasião pelo motivo de que  já estava sobrecarregada em dar contar com a distribuição de outras  animações para TV como Thundercats (EUA, 1985-1988) por exemplo.

Após a revelação desse episódio perdido de Caverna do Dragão ele finalmente ganhou uma ilustração em formato de HQ  feita pelo brasileiro Reinaldo Rocha.




Como na época não houve um pronunciamento oficial sobre o fim da animação isso gerou essa teoria que levou muita gente  a culpar a Uni por impedir a volta para casa dos jovens. Porém, a verdade é  o que impedia os jovens de retornarem nunca foi a Uni.

Em boa partes dos episódios isso ocorreu por causa do Vingador, em outra ocasião foi por culpa do Eric, o que não me surpreendi até porque eu o achava  o mais chato a nível desagradável  daquele  grupo e em outro momento foi por culpa da Diana já essa eu até que gostava, a achava mais equilibrada.

Talvez uma das razões do porquê que essa equivocada teoria conspiratória gerou essa memória de que a Uni era a culpada dos jovens não retornarem para casa se deve ao fato de que boa parte não sentir muita simpatia por ela, principalmente porque como ela não pode acompanhar os jovens no retorno para casa, por pertencer ao mundo mágico.

E dentre os seis, o caçulinha do grupo Bob era o que mais demonstrava  nutrir uma forte afeição por ela, tanto que era capaz de tudo para defende-la.  Sinceramente, esse era outro além do Eric que eu achava chato, porque se o Eric me irritava pelo seu perfil resmungão e um tanto encrenqueiro, o Bob no caso me irritava por agir muito impulsivamente, principalmente para defender a Uni ou mesmo não gostar quem mexia com sua irmã Sheila. .

A Uni por verbalizar por meio do som de uma cabra, e provavelmente alguém da comunidade evangélica brasileira que difundiu essa ideia de inferno viu uma semelhança com a representação judaico-cristã do bode  ser  sacrificado onde ele “era apartado do rebanho e deixado só na natureza  selvagem como parte das cerimônias hebraicas  do Yom Kippur, o Dia da Expiação, na época do Templo de Jerusalém. Este rito é descrito na Bíblia no livro do Levítico.”(Fonte: Wikipédia).

Isso deu origem a expressão bode expiatório, que se refere a nada mais, nada menos do que  “alguém que é escolhido arbitrariamente para levar (sozinho) a culpa de uma calamidade, crime ou qualquer evento negativo (embora não o tenha cometido). A busca do bode expiatório é um ato irracional de determinar que uma pessoa ou um grupo de pessoas, ou até mesmo algo, seja responsável de um ou mais problemas sem a constatação real dos fatos.” (Fonte: Wikipédia).

Onde já houve descrições do povo de dizer que teve contato com Satã por meio de um bode.

Olha sinceramente sobre isso posso deduzir que não passou de um delírio coletivo para gerar algum pânico moral.

Porque de verdade, eu não tenho nada contra os crentes, mesmo porque eu cheguei a frequentar um culto evangélico na infância, já que minha mãe veio de um lar batista. Atualmente eu pratico o espiritismo.

Onde inclusive eu tenho um tio materno que é sacerdote e há anos  trabalha no oficio de pastor ministrando uma igreja batista na Bahia.

Porém, se tem uma coisa que eu não concordo muito é quanto essa postura reacionária e um tanto autoritária dessa camada expressar opiniões equivocadas a respeito de animes ou qualquer item da cultura pop de assimilar como demoníaco.

Porque para mim, o que eu acho mais demoníaco é uma igreja ser ministrada por um sacerdote   que é um predador sexual e a nossa sociedade se calar diante disso.

Por esse tipo de pessoa, me desculpem a franqueza, mas, eu não  vou ter respeito.

 

 

JASPION  BRASILEIRO NO JÔ SOARES ONZE E MEIA.




Quem acompanhava O Fantástico Jaspion(Kyouju Tokusu Juspion, Japão, 1985-1986) na extinta Rede Manchete (1983-1999) como eu deve se lembrar do quão empolgante que era  e da exaustão como era exibido na grade da Manchete, e do quanto até hoje ela nos impactou.

Ainda assim tem gente que carrega uma falsa memória do Jaspion que não envolve especificamente a série em si, mas no caso especifico da aparição do dublê do Jaspion sendo entrevistado no extinto talk show do finado humorista Jô Soares(1938-2022), que no caso trata-se do Jô Soares Onze e Meia(1988-1999) no SBT.

Tudo isso aconteceu em 1997, quando Jô Soares chama para ser entrevistado e sentar no seu sofá Tadashi Kamitani, o responsável por representar o Jaspion no Circo Show que foi promovido pela antiga distribuidora brasileira que detinha o registro da série a Everest Vídeo de propriedade do empresário  Toshihiko Egashira entre o final dos anos 1980 e começo dos anos 1990.

Ele por falar bem português, admitir que era brasileiro e pela cara nipônica criou uma equivocada confusão que se tornou muito difundida a afirmação  na internet brasileira do Jaspion ser brasileiro?

Principalmente porque nos minutos finais da entrevista, Jô exibiu no seu telão uma cena da série de  Jaspion dentro do Daileon enfrentando uma batalha contra o  monstro do episódio 17, o que se criou em cima disso uma  falsa memória de que ele fosse o protagonista da série.

A verdade é que Tadashi Kamitani não é o ator que fazia o Jaspion na série de tv, mas sim apenas no Circo Show, onde ele inclusive se dividia entre Adriel de Almeida que vestia a armadura nas apresentações.

Quem protagonizou o Jaspion na série foi Hikaku Kurosaki, que após o fim da série se afastou do meio artístico e atualmente vive na ilha japonesa de Okinawa trabalhando como instrutor de mergulho para uma empresa que ele administra.   

A razão que ocasionou ao equivoco dessa falsa memória em nós brasileiros se deve ao fato de que a produção do Jô em nenhum momento da entrevista  esclareceu que Kamitani protagonizava o Jaspion apenas no circo, e nem o próprio esclareceu isso ao longo da entrevista.

Muito disso se deve ao fato de que como na época, segunda metade da década de 1990 ainda não existia Google para fazer uma checagem de informação e provavelmente a escassa informação que a produção do Jô tinha acesso era por meio da antiga assessoria do Circo e os únicos acessos de informação que a camada otaku conseguia era por meio das nichadas revistas Herói.

E como cereja do bolo, Jô Soares mostrou no telão um trecho do episódio da série, pronto, foi a partir de todos esses equívocos que se criou a lenda do Jaspion Brasileiro que foi difundido na internet que ocasionou nessa falsa memória do povo replicar essa informação que descobriu no Jô Soares que o Jaspion era brasileiro por meio da entrevista do ator do Jaspion, quanto que na verdade não, quem o Jô Soares entrevistou foi o ator  brasileiro que representou o Jaspion apenas no Circo que fazia turnês aqui no Brasil.

 

HIGTHER DE WINSPECTOR SER AZUL?



Quem lembra do Esquadrão Especial  Winspector(Tokkei Winspector, Japão, 1990-1991) passando na extinta Rede Manchete, que estreou aqui por volta de 1994.

Essa série do gênero tokusatsu da qual pertence Jaspion, que não por acaso é da mesma franquia Metal Hero.

Essa série chegou no Brasil numa leva posterior a Jaspion por outra distribuidora a Tikara Filmes.

A série girava em torno de uma equipe de resgate de combate ao crime formado pelo policial Liuma Ogawa/Fire(Masaru Yamashita) cuja armadura era vermelha e tinha dois robôs: Biker de amarelo e Higther de azul?

Eu tenho de confessar que eu já me confundi algumas vezes  com a cor do uniforme do Highter achando que fosse azul, a ponto de carregar uma falsa lembrança que fosse a cor do uniforme e eu não sou a única pessoa que tive essa impressão.

Sendo que na verdade, o Higther é verde, e a prova disso está no trecho da canção de abertura interpretada por Takayuki Miyauchi  que menciona os nomes do trio que vou reproduzir aqui com os nomes originais do Biker e do Higther:

Fire, RED! Bikel, YELLOW! Walter, GREEN!

A principal razão  para toda a confusão que gira em torno da sua cor causar essa sensação meio daltônica aos telespectadores pode estar na maneira como antigamente funcionava os aparelhos de tv analógicos.

Vou reproduzir aqui um trecho de uma matéria de 2018  que o site TokuBlog fez explicando sobre esse assunto:

Televisões e computadores usam o sistema RGB cuja sigla significa Red (Vermelho), Green (Verde) e Blue (Azul). Portanto, toda vez que você liga a televisão, notebook ou o seu celular, as cores mostradas na tela são baseadas nessas três cores primárias. Uma vez que o sistema de cores seja regulado de forma errada, as tonalidades podem mudar de modo que a cor verde pode ficar mais azul, até mesmo mais vermelho ou amarelo tal como ocorre com os filtros de Instagram.  E nos anos 80 e 90, era comum a cópia analógica das fitas masters, além da danificação delas ao longo do tempo. E Winspector foi a série que mais sofreu com esse dano nas cores. Tanto é que Highter realmente aparece verde em alguns poucos episódios e noutros chega a ter uma tonalidade um pouco avermelhada.”

Por essa razão é que nos confundíamos com a cor do Highter de verde para azul.

 

 

 

 

 

O FANTASMA EM TRÊS SOLTEIRÕES E UM BEBÊ.



A clássica comédia  oitentista Três Solteirões e um Bebê(Three Man and a Baby, EUA,1987), estrelada por Tom Selleck, Steve Gutemberg e Ted Danson, que contou com a direção do falecido ator Leonard Nimoy(1931-2015), famoso por representar o Spock na série  de TV Jornada nas Estrelas nos anos 1960.

Neste  filme, baseado em um filme francês intitulado: Três Homens e um Bebê (Trois hommes et un couffin, França, 1985) dirigida pela cineasta Coline Serreau.

Que conta a história de um trio de amigos que dividem um apartamento e são surpreendidos pela chegada inesperada de um bebê e sendo ambos solteirões vão ter de lidar com a difícil tarefa ingrata  de se dividirem para cuidar dessa criança.

Durante muito tempo, foi difundida uma falsa memória de que nesse filme apareceria uma presença assustadora  de um fantasma.

Em uma determinada cena do filme, Jack (Danson) apresenta Mary, a bebê que está sob os cuidados dos três amigos, à sua mãe (Celeste Holm). Enquanto os dois passeiam pelos cômodos do apartamento conversando sobre a menina, é possível identificar o que parece ser um espírito atrás de uma cortina, observando a cena de maneira bizarra. Segundo as teorias da internet, a assombração seria o fantasma de um jovem que se suicidara naquele mesmo local. 

A atriz Margaret Colin, que interpreta Rebecca na comédia, declarou que a imagem que aparece atrás das cortinas é uma figura de papelão de Ted Danson em tamanho real como a dos posteres promocionais de filmes. A presença do acessório de cena era parte da trama, mas a menção ao comercial de comida de cachorro que o personagem de Danson teria feito foi cortada. "Alerta de spoiler: não é um fantasma - é uma figura de papelão. De Ted Danson. Em um smoking. Aluguem o filme de novo e vejam por si mesmos", afirmou a intérprete, que também agradeceu aos fãs pelo dinheiro recebido por cada aluguel do filme durante os últimos anos.”

(Retirado da matéria do site AdoroCinema de 03 de Junho de 2017).

Portanto, nada disso apenas de um equivocado mal entendido do nosso cérebro.

O que acende um alerta para tomarmos cuidados com o que ouvimos sobre opiniões equivocadas.

Como bem o pai da psicanálise Sigmund Freud(1856-1939) bem tem uma frase que resume tudo isso:

“Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo”.

*Bond Girl é uma terminologia usada pelos fãs da franquia 007 para se referir as mulheres  de beleza atraente com quem o herói vive dando uns pegas, fossem elas as mocinhas de bom caráter  com aquele perfil batido  do tropo narrativo da donzela a ser salva ou mesmo as mulheres de mau caráter com perfil arquetípico maniqueístas das femme fatales.

**Este é o sobrenome de solteira da apresentadora antes dela se casar com o

apresentador Luciano Huck que passou a adotar com o sobrenome dele

e assinando como Angélica Ksysivics Huck. Ela tem ascendência polaca-russa, o que explica

esse seu peculiar sobrenome.

***O título Festival de Desenhos, também foi de um programa que a Globo exibiu entre os anos 1981 a 2015, que era um bloco exibindo desenhos. Do mesmo modo  que esse bloco do SBT.