Numa
tarde de sábado de Fevereiro de 2023, eu
estava caminhando pelo Beco da Lama
em Cidade Alta apreciando o importante evento cultural da Feira de Quadrinhos
quando casualmente apareceu a Governadora Fátima Bezerra para divulgar
oficialmente o nome da deputada Natália Bonavides para ser a candidata a
prefeita de Natal-RN para a campanha à prefeitura de 2024 pelo seu partido o PT.
Uma
nomeação antecipada, visto que até aquele momento os três adversários dela para essa campanha que
foram: Carlos Eduardo Alves(PSD), Paulinho Freire(União Brasil) e Rafael
Mota(AVANTE) ainda não tinham anunciado suas candidaturas.
Daquela
época para cá, eu confesso que eu nunca poderia imaginar que Natália Bonavides
pudesse ir para o segundo turno nessa campanha.
Isso
porque desde que eu acompanho o histórico de tentativas frustradas do PT à prefeitura de Natal-RN e desde que
foi divulgada a primeira pesquisa de intenção de voto que constava em Carlos Eduardo liderando,
confesso que fiquei um pouco descrente de ocorrer no domingo 06 de Outubro essa
grande virada e mostrar enfrentando ela enfrentando um segundo turno para a prefeitura de Natal
algo que só ocorreu uma vez e faz mais de vinte anos.
Para
compreender melhor, vou colocar cronologicamente o histórico de campanhas para
a prefeitura natalense onde o PT(Partido
dos Trabalhadores) foi derrotado
analisando aqui o contexto de cada época por tópicos até chegar ao
segundo turno de Natália Bonavides em 2024. Beleza então vamos.
CAMPANHA
DE 1996
Começo
como ponto de partida na campanha para a prefeitura de 1996, pois foi nessa
data que contou a primeira vez com nossa
atual Governadora Fátima Bezerra
disputando a prefeitura de Natal pelo
partido. Eu ainda não votava nessa época, porque eu era muito moleque. Mas
tenho uma recordação fresca de como foi essa campanha.
Bem
antes dessa campanha, o PT já havia tentado a primeira vez a prefeitura
indiretamente quando colocou Hugo Manso como vice na chapa de Waldson Pinheiro
pelo PSB durante a campanha de 1988.
Naquela
época, durante a década de 1980, o PT
aqui no Rio Grande do Norte e no Nordeste, praticamente não existia
resumindo-se a lideranças sindicais nas capitais e grandes cidades, Sindicatos
dos Professores, SINDIPETRO, Sindicato dos Bancários, eram os mais fortes.
Waldson
Pinheiro ficou na terceira colocação no
primeiro turno perdendo para Wilma Maia.
Em
1992, o PT lançou de fato uma
candidatura própria lançando Júnior Souto que ficou em quarto lugar atrás de
Ana Catarina Alves pelo PFL, que marcou a vitória em segundo turno de Aldo
Tinoco pelo PSB contra Henrique Eduardo Alves pelo PMDB.
A
futura governadora Fátima Bezerra que
fundou o partido no estado nessa
ocasião era muito atuante nos movimentos sindicais, formada como
professora e tinha sido eleita deputada estadual em 1994.
Nessa
primeira campanha que contou com sua participação como candidata a prefeita ela conseguiu um
feito único na história do partido que foi ir para um segundo turno, algo que
só se repetiu agora em 2024 com a
campanha de Natália Bonavides.
Ainda
mais naquele momento em que seu partido ainda tinha um sonho muito distante de alcançar eleger seu fundador Luíz Inácio Lula da Silva para a
Presidência da República, algo que só foi possível com a sua vitória em 2002.
Onde
inclusive entre seus adversários mais fortes estavam dois nomes que figuravam
como os maiores dinossauros da política potiguar e eram apoiados pelas duas
maiores oligarquias potiguares que naquele momento já viviam se digladiando
pelo poder no Estado há mais de vinte anos.
De
um lado estava Wilma de Faria(1945-2017) que disputava pelo PSB, formada
professora pela UFRN, Wilma já carregava um longo histórico na política
potiguar que já vinha no seu DNA, isso porque ela era sobrinha-neta de Dinarte Mariz(1903-1984),
que já foi uma ilustre figura da política potiguar por já ter sido Governador do Rio Grande do Norte entre os
anos de 1956 a 1961 e também já foi Senador.
Iniciou
sua carreira na política em 1979,
durante o Governo do seu então marido Lavoisier Maia(1928-2021) com quem
assinou como Wilma Maia onde trabalhou no Programa Nacional do Voluntariado
(Pronav), assumiu a presidência da Legião Brasileira de Assistência (LBA)
no Estado.
Seu
primeiro marido, o médico Lavoisier Maia Sobrinho com quem ela foi casada por
mais de 20 anos até se separar em 1991 pertencia ao clã familiar dos Maia, onde
havia sucedido no Governo sendo eleito indiretamente por nomeação dos
militares, temos que lembrar que no final dos anos 1970 ainda vivíamos sob a
repressão da Ditadura, por seu primo
Tarcísio Maia(1916-1998) cujo filho José Agripino Maia que foi quem sucedeu
Lavoisier sendo o primeiro eleito diretamente governador em 1982.
Onde
foi no primeiro governo de José Agripino que Wilma exerceu o cargo de Secretaria
de Trabalho e Bem-Estar Social, tenta a primeira candidatura para prefeita de
Natal em 1985 onde perde para Garibaldi
Alves Filho e tinha sido eleita deputada federal em 1986 e foi eleita
prefeita de Natal a primeira vez em 1988 quando ainda assinava como Wilma Maia.
Mesmo
depois de separada de Lavoisier Maia, e agora assinando como Wilma de Faria, ela
ainda recebia forte apoio político do Clã dos Maia, onde o então senador José
Agripino, principal nome da oligarquia
dos Maia era seu forte aliado naquela campanha para prefeito.
Já
por outro lado, Fátima também enfrentava como outro forte adversário que também
já era uma figura jurássica na política potiguar que foi no caso João Faustino(1942-2014), nascido em
Recife-PE, mas que construiu sua carreira política aqui em Natal-RN, foi um militante do movimento estudantil onde assumiu o cargo de presidente da União Estadual dos Estudantes do
Rio Grande do Norte.
Se
formou pedagogo e era matemático formado pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. Assumiu o cargo de Secretário da Educação da prefeitura
de Natal entre os anos de 1971 a 1972 e
de Secretário de Estado de Educação do Rio Grande do Norte entre 1975 e 1979.
Em
1978 elegeu-se pela primeira vez deputado federal, então filiado a ARENA. Seria
reeleito em 1982 e novamente eleito em 1990.
Em
1986 concorreu ao governo do Estado do Rio grande do Norte pela Aliança
Popular, composta pelos candidatos ao senado José Agripino Maia e
Lavoisier Maia, era chamada de Aliança Popular João, Lavô e
Jajá, sendo derrotado pelo candidato do PMDB, chamado no estado de Bacurau, o
usineiro Geraldo Melo(1935-2022). Exerceria como suplente entre 1997 e 1998.
Pertenceu ao PDS, PFL e era filiado ao PSDB.
João
Faustino foi um dos fundadores do PSDB e tinha forte influência no
partido.
E
foi justamente pelo PSDB, partido que na ocasião se encontrava na situação no
cenário político nacional, pois quem governava o Planalto Central em Brasília
era o sociólogo Fernando Henrique Cardoso que João Faustino concorria à
prefeitura de Natal.
Faustino
naquela eleição era apoiado pela
oligarquia dos Alves que já foram seus adversários políticos no passado representado pelo então governador Garibaldi
Alves Filho, um dos importantes caciques da política potiguar.
É
o principal representante dessa tradicional família oligarca do estado. Cujo
longo histórico vinha de seu pai, o
pecuarista Garibaldi Alves(1923-2022) que já tinha sido eleito para o cargo de
deputado estadual por três vezes consecutivas em 1958, 1962 e em 1966. E foi vice-governador durante o período do mandato de Geraldo Melo(1987-1991).
Fora
que seu tio era ninguém menos que o
jornalista e advogado Aluízio Alves(1921-2006) que já ocupou por três
vezes o cargo de deputado federal, foi
governador do Estado entre 1961 a 1966, e também assumiu duas vezes a pasta de
ministério: Foi Ministro da Administração do Brasil durante o período do
mandato de José Sarney(1985-1990) e Ministro da Integração Regional do Brasil
durante o mandato de Itamar Franco(1992-1994).
E
foi a principal figura das comunicações no Estado do Rio Grande do Norte,
fundador do Jornal Tribunal do Norte, da Rádio Cabugi e da
filiada da Globo, a Tv Cabugi atual InterTV Cabugi. Afiliada da
Globo do Grupo da Família Marinho.
Pois
bem, foi nesse cenário que ocorreu de Fátima surpreendentemente conseguir
derrotar o candidato João Faustino e enfrentou um segundo turno acirrado contra
Wilma de Faria.
Um
feito impressionante, mesmo para um partido cuja base era sindical chegar ao
segundo turno de uma capital nordestina com raízes fincadas no modelo tradicionalmente
patriarcal, coronelista e oligarca foi um feito e tanto apesar da derrota.
Esse
feito jamais se repetiu nas três vezes consecutivas em que nossa atual
governadora disputou a prefeitura pelo partido que fundou até recentemente com
Natália Bonavides.
CAMPANHA
DE 2000
Na
segunda vez que o PT nomeou Fátima Bezerra para disputar a campanha para a
prefeitura que foi no ano de 2000.
Fátima
não conseguiu repetir o mesmo feito da campanha de 1996. Onde ela contou numa
coligação com o PDT e teve como seu vice de chapa o ex-deputado estadual
Leonardo Arruda(1946-2024) que também foi seu adversário na campanha para
prefeito de 1996.
Muito
disso em virtude de que a então titular do cargo Wilma de Faria estava mais fortalecida para se reeleger para
um segundo mandato consecutivo.
Wilma
naquela eleição rompeu politicamente com os Maias, e foi atrás de se aliar ao
então governador Garibaldi Alves Filho o representante do grupo oligárquico
rival dos Alves.
Numa
troca de favores, Wilma aceitou colocar como vice em sua chapa o primo do
Governador Garibaldi Alves Filho, o então deputado estadual Carlos Eduardo
Alves no lugar de Marcilio Carrilo que era seu vice na campanha de 1996 e no
cargo de vice da titular. Guardem bem esse nome que mais para frente nos tópicos
seguintes ele vai ser bastante mencionado.
Quanto
que os Maias, apostaram em lançar Sonali Rosado como candidata a prefeita,
pertencente à importante família oligarca dos Rosado em Mossoró/RN pela sigla
do PSDB contando com Anita Maia, esposa de José Agripino como vice em sua
chapa.
Wilma
pela força e grande prestigio que havia conseguiu se eleger para o seu segundo
mandato logo no primeiro turno da campanha de 2000. Deixando Fátima Bezerra em
segundo lugar e Sonali em terceiro lugar.
CAMPANHA
DE 2004
Tanto ela quanto sua própria
cúpula foram meio ingênuos achando que poderiam ganhar facilmente a campanha
para prefeito, principalmente pelo fato de finalmente a legenda ter conseguido
eleger o fundador Lula para a Presidência da República.
Ainda mais por ela ter
subestimado o então titular do cargo na prefeitura Carlos Eduardo Alves que iria enfrentar uma
eleição para ser eleito ao segundo mandato.
Um membro da importante
família oligarca dos Alves, filho do
jornalista Agnelo Alves(1932-2015) que já havia sido prefeito de Natal no
mandato de 1966 a 1969 quando foi cassado pela Ditadura, formado em Direito pela Universidade Santa
Úrsula, mas não seguiu carreira de advogado.
Carlos Eduardo já havia
construído uma sólida carreira na política ao ser eleito por quatro mandatos
consecutivos para deputado estadual, mas sempre foi visto como uma obscura
figura de segundo escalão, mesmo dentro dos Alves.
Naquele momento em que ele disputava pela primeira vez o cargo de
prefeito, ele já era titular da prefeitura porque em Abril de 2002 havia
assumido o cargo depois que a então titular Wilma de Faria renunciou para
disputar o cargo de Governadora do Rio Grande do Norte. Quando já estava
rompida politicamente com a oligarquia dos Alves.
Quanto que Carlos Eduardo Alves aliado a Wilma que estava com o
prestigio em alta a ponto conseguiu
alavancar o nome de Carlos Eduardo se
eleger e teve como vice de sua chapa Micarla de Sousa do PP depois de enfrentar
um segundo turno acirrado contra o popular comunicador, o radialista Luiz Almir
pela legenda do PSDB apoiado pela camada dos Alves.
Aquela campanha de 2004, ficou marcada também pela participação de um
candidato pitoresco, o militar reformado Miguel Joaquim da Silva, natural de
Mossoró e dessa sua cidade de nascença ficou popularmente conhecido pela alcunha de Miguel Mossoró(1939-2015) representando a sigla nanica do PTC com discursos que beiravam
a palhaçada de prometer as coisas mais esdruxulas possíveis como a ponte que
ligaria Natal a Ilha de Fernando de Noronha.
Isso o tornou um fenômeno a ponto
de figurar no terceiro lugar atrás de Fátima Bezerra pelo PT que ficou em
quarto lugar. Atrás de Fátima, em quinto
lugar ficou o advogado Ney Lopes pelo PFL, partido da oligarquia dos
Maia.
CAMPANHA
DE 2008
Na
quarta e última vez que o PT nomeou Fátima Bezerra
para disputar a campanha para a prefeitura que foi no ano de 2008. Toda sua
cúpula fez uma grande articulação com os mais poderosos dinossauros da política
potiguar para serem seus apoiadores
nessa campanha que já foram seus adversários como os do então titular Carlos
Eduardo Alves, da Governadora Wilma de Faria e do Senador Garibaldi Alves Filho
e justamente com o seu companheiro o Presidente Lula.
Cujos
adversários que apresentou alguns nomes um tanto medíocres como os de Wober
Júnior pelo PPS ou mesmo de Joanilson Rego pelo PSDC e novamente Miguel Mossoró
pelo PTC.
Não
imaginava ela que teria como adversária que a derrotou no primeiro turno, a jornalista
Micarla de Sousa pelo PV, que teve como vice em sua chapa Paulinho Freire este
que veio a ser a adversário de Natália Bonavides no segundo turno em 2024.
Uma
popular apresentadora de programas da TV Ponta Negra, filiada do SBT emissora
do popular apresentador Silvio Santos(1930-2024) no Rio Grande do Norte e
fundada pelo seu pai Carlos Alberto de Sousa(1945-1998), um popular comunicador
que fez carreira na política sendo várias vezes eleito para o cargo de Senador.
Micarla
já tinha sido vice de Carlos Eduardo, que após romper politicamente foi eleita
para o cargo de deputada estadual na Eleição de 2006.
Provavelmente
a vitória de Micarla representou uma resposta dos eleitores de Fátima que estavam insatisfeitos
com sua decisão de fazer esse acordão. Ainda mais que entre seus aliados, a então Governadora
Wilma de Faria se encontrava com a sua reputação já bastante manchada depois do
recente acontecimento da prisão do seu filho Lauro Maia na Operação Higia pela
Policia Federal em Junho de 2008 que lhe custou duas derrotas seguidas para o
Senado em 2010 e em 2014 e sua última tentativa para o cargo foi para Vereadora
em 2016, chegou a vencer com 4.421 votos, chegou a assumir a cadeira de
Vereadora em 01 de Janeiro de 2017, mas devido ao problema de saúde por conta
do tratamento de câncer precisou se afastar do cargo vindo a óbito no dia 15 de
Junho de 2017.
Pode-se
resumir que a derrota de Fátima Bezerra nessa campanha de 2008 que ela teve
como sua aliada, significou um presságio para o fim melancólico de sua carreira política até o
fim de sua vida.
CAMPANHA
DE 2012
Nessa
campanha para prefeito em 2012, marcou a primeira vez a não contar mais com Fátima Bezerra para
disputar a prefeitura pelo PT. Quem passou a representar o PT nessa disputa
para a prefeitura foi o Professor da Rede Estadual de Ensino com Licenciatura
em Biologia Fernando Wanderley Vargas da Silva vulgo Fernando Mineiro, já que
era natural do município de Curvelo/MG o que justifica seu codinome político.
Um
militante sindical nos anos 1980, que junto com Fátima Bezerra ajudou a fundar
o PT aqui no Rio Grande do Norte.
O
primeiro cargo que foi eleito foi para Vereador na campanha de 1988, onde ele
foi o primeiro vereador eleito pela sigla do PT aqui na capital. Cargo que ele
assumiu por 13 anos. Depois foi eleito para Deputado Estadual em 2002, onde
ficou no cargo por 15 anos e atualmente se encontra no cargo de Deputado
Federal eleito em 2022.
Ele
tinha uma verdadeira tarefa árdua de angariar votos para conseguir fazer o PT
vencer na capital potiguar.
Ainda
que entre seus adversários estava presente novamente Carlos Eduardo Alves pelo
PDT que dispensa apresentações. Além desse, também teve como adversário o
bancário Hermano Morais que disputava pelo PMDB, partido fortemente ligado aqui
no Estado a família Alves e ele já tinha consolidado uma longa carreira política
sendo eleito por quatro mandatos
consecutivos para Vereador. E desde de 2011 que se encontrava no mandato de Deputado Estadual.
E
teve também o economista Rogério Marinho
que disputava pelo PSDB, neto de Djalma Marinho(1908-1981) que também já foi
uma ilustre figura da política potiguar. Antes de se aventurar a disputar o
cargo para prefeito, Rogério Marinho já tinha assumido o cargo de Vereador
primeiro de forma interina entre 2001 a 2003 e depois de eleito em 2004 assumiu
o mandato entre os anos de 2005 a 2007.
Ambos
teriam a tarefa ingrata, independente de quem fosse o vencedor de herdar uma
das piores gestões que foi a de Micarla de Sousa, que tamanha foi o nível de
desastre que foi a sua administração, principalmente na parte urbana cujo nível
desfavorável do alto índice de rejeição de sua administração a deixou
enfraquecida. Fez ela decidir não disputar aquela eleição para um segundo mandato.
A situação foi tão crítica para o lado dela que faltando dois meses para encerrar
o mandato, ela abruptamente pela pressão popular e do Ministério Público foi deposta do cargo em
31 de Outubro de 2012, acusada de envolvimento com a Operação Assepsia, um
suposto esquema de corrupção na Secretaria de Saúde de Natal. Após sua saída, o
vice Paulinho Freire chegou provisoriamente o mandato para tapar daquele vácuo
até posse de Carlos Eduardo.
Mas
como Paulinho Freire, havia sido eleito para Vereador e estava para ser diplomado,
então teve de renunciar em 13 de dezembro de 2012, deixando o cargo para ser empossado pelo
advogado, Vereador e Vice-Presidente da Cãmara e filho do ex-deputado federal Ney Lopes, Ney Lopes Júnior(1974-2021) em 13
de dezembro de 2012 até a posse de Carlos Eduardo como prefeito-eleito em 01 de
Janeiro de 2013.
O
cenário político potiguar naquela eleição de 2012 viveu um dos momentos mais
tensos em toda a sua história.
CAMPANHA
DE 2016
Nessa
campanha para prefeito em 2016, o PT contou novamente com Fernando Mineiro para
disputar a prefeitura de Natal. Que novamente teve como adversário o então
prefeito Carlos Eduardo disputando novamente um novo mandato.
Nessa
campanha, Mineiro teve a mais árdua tarefa
de angariar votos da população natalense que naquele momento a reputação do seu
partido a nível nacional estava fragilizada pelo clima de antipetismo que
assolou o Brasil depois das manifestações apartidárias que começaram em 2013 e
que são sentidas até pelo discurso de
ódio e polarização política.
O que ocasionou no duro Golpe do Impeachment
sofrido por sua companheira de partido Dilma Roussef que
havia sucedido Lula na campanha presidencial de 2010.
Se
antes quando o PT estava na presidência, dificilmente alguém na capital elegeria um candidato da sigla, depois disso
então.
Fora
que entre outros adversários havia o advogado e deputado estadual Kelps Lima pelo Solidariedade que ficou em
segundo lugar atrás de Carlos Eduardo que venceu em primeiro turno.
Ele
fazia uma pitoresca campanha gravando apenas no celular.
Contou
também com o economista, professor
universitário e vereador Robério Paulino
pelo PSOL que ficou em quarto lugar atrás de Fernando Mineiro.
E
a cientista social Marcia Maia, filha de Wilma de Faria e Lavoisier Maia que disputava
pelo PSDB ficando em quinto lugar.
CAMPANHA
DE 2020
Nessa
campanha para prefeito em 2020, ocorrida no contexto da Pandemia de Covid-19. Naquele
clima tenso causado pelo discurso de ódio da extrema direita elitista representada
pelo militar reformado Jair Bolsonaro que foi o porta-voz do autoritarismo
reacionário fascista, das Fake News, foi
também o porta-voz dos negacionistas, dos milicianos, da bancada evangélica e
dos agro empresários.
Ele
era quem estava governando o Brasil, foi nesse clima tenso, critico que o PT
aqui no lançou como candidato a prefeito o nome de Jean Paul Prates, um advogado e
economista nascido no Rio de Janeiro, onde lá teve sua formação em Direito pela
UERJ e em Economia pela PUC-RJ.
Antes
de se lançar no cargo de prefeito, Prates já tinha exercido o cargo de
Secretário do Estado durante o Governo de Wilma de Faria entre 2008 a 2010 e estava
no cargo de Senador.
Apesar
de contar como ponto favorável o fato de contar com sua companheira de partido Fátima
Bezerra que era Governadora do Rio Grande do Norte que havia vencido uma
acirrada eleição em segundo turno contra Carlos Eduardo Alves em 2018 que simbolizou assim o fim do ciclo oligarca
dos Alves na política potiguar, já que naquele mesmo ano o seu primo Garibaldi
era derrotado para Senador.
Um
grande feito para ela que representava a camada popular de um partido sindical.
Essa
tarefa não seria nada fácil, principalmente entre seus adversários estava o
então prefeito Álvaro Dias, homônimo de outro Alvaro Dias, esse no caso
trata-se de um historiador que construiu
sua carreira política no estado do Paraná.
Quanto
ao Álvaro Dias potiguar trata-se de um médico, nascido em Caicó-RN. Onde foi lá
em Caicó que ele assumiu o cargo de vice-prefeito sendo eleito em 1988 e foi
eleito deputado estadual por oito mandatos consecutivos até ser eleito vice-prefeito
em 2016 pela chapa de Carlos Eduardo.
Em
2018, Álvaro Dias assumiu o cargo da prefeitura depois que Carlos Eduardo renunciou
a prefeitura para disputar o Governo e ser derrotado por Fátima Bezerra.
E
era um forte apoiador do bolsonarismo quando disputava pelo PSDB a eleição para
o segundo mandato.
Pelo
clima do antipetismo muito forte, Jean Paul Prates sofreu uma derrota em
primeiro turno, atrás de Álvaro Dias que venceu o primeiro turno daquela
eleição.
Abaixo
de Jean Paul Prates ficaram em terceiro lugar Sergio Leocádio pelo PSL, em
quarto lugar Kelps Lima pelo Solidariedade e em quinto lugar Hermano Morais
pelo PSB.
CAMPANHA
DE 2024
Nessa
recente campanha para prefeito, o PT
lançava um novo nome, o da advogada
Natália Bastos Bonavides, uma representante jovem que simboliza a renovação da
politica potiguar.
Começou
na carreira politica como militante estudantil quando cursava Direito na UFRN antes
de ser eleita para o cargo de Vereadora em 2016 e depois e para deputada
federal nas eleições de 2018 e 2022.
Como
eu já havia antecipado na introdução, ela tinha sido a primeira a divulgar antecipadamente
o seu nome para disputar a vaga para a prefeitura.
Muita
gente com certeza imaginava que dos quatro
principais adversários, o que ela não teria a menor chance de derrotar seria
Carlos Eduardo, que já a essa altura figurava como que já explorei em outros tópicos
desse texto como um dinossauro da politica potiguar em virtude do seu longo histórico
familiar. Eu mesmo confesso que fui uma dessas pessoas.
Mesmo
tendo o seu partido com grande força sendo governado aqui no estado por Fátima
Bezerra e no plano nacional novamente por Lula.
Ainda
mais que desde que foi divulgada a primeira pesquisa prévia de intenção de voto
lançada no segundo de 2023, o nome dele aparecia liderando e ele foi continuando
subindo até quando chegou de fato e surpreendentemente ele sofreu uma
esmagadora derrota no primeiro turno.
Talvez
uma das razões que explicam o porque dessa humilhante derrota de Carlos Eduardo
no primeiro turno se deve muito ao fato de que ele subestimou muito a
capacidade dos adversários e teve umas atitudes polêmicas de revanchismo ao PT
que não pegaram bem para ele o que ocasionou na sua derrota e ainda se ambientava
em discursos antiquados.
O
que também explica a razão para ser possível Natália Bonavides ter enfrentado
um segundo turno o empresário Paulo Eduardo da Costa Freire, homônimo do
ilustre pedagogo brasileiro Paulo Freire(1921-1997) que é mais popularmente
conhecido como Paulinho Freire, sócio da produtora Destaque Produções, responsável
pelo Carnatal.
Que
disputava pelo UNIÃO BRASIL, Paulinho Freire já vinha de uma longa carreira
politica no cargo Vereador que ocupou por 10 anos, sendo eleito a primeira vez
em 1992 e foi no cargo de vereador que ocupou a Presidência da Câmara Municipal
de Natal já foi vice-prefeito na gestão
de Micarla de Sousa e foi deputado federal eleito em 2022 e nesta eleição ele
estava sendo apoiado por Álvaro Dias.
Que
também apresentou entre outros candidatos, o engenheiro Rafael Motta pelo AVANTE.
Que não conseguia sair da quarta colocação.
Filho
do ex-deputado estadual por sete mandatos Ricardo Motta e neto de Clóvis Motta(1928-1979),
um advogado e engenheiro que construiu uma carreira politica como deputado
estadual, depois deputado federal e foi vice-governador durante o mandato do
Monsenhor Walfredo Gurgel(1908-1971).
Rafael
Motta começou sua carreira politica sendo eleito para vereador em 2012 e depois
para deputado federal em 2014 por três vezes consecutivas.
Natália
e Paulinho enfrentaram um segundo turno bastante acirrado, com Natália
enfrentando uma série de ataques eleitorais da parte de Paulinho Freire.
Mesmo
tendo sofrido outra derrota, Natália ainda assim mostrou sua grande capacidade.
Por
essas questões todas, pode-se explicar as razões do porquê dessa recente campanha
eleitoral marcou muito o PT em Natal-RN com Natália Bonavides conseguir esse feito que foi ir para o segundo turno.