Quando alguém se perguntar quem foi José Dirceu? A resposta que obviamente deve vir a cabeça é dele como o
cabeça do mensalão, que foi o maior escândalo de corrução do primeiro mandato de
Luís Inácio Lula da Silva na Presidência da Republica entre 2003-2006.
Um episódio que representou uma grande mancha para sua reputação e para o Partido
dos Trabalhadores também, legenda a qual ele era um dos caras com maior influencia
por presidi-la e principalmente por ser o grande porta-voz dela nesses
primeiros anos a frente do Governo.
Tamanha foi a desmoralização,
que ele passaria a ser visto como a persona non grata do partido, não só no
partido, como também em todos os lugares que ele frequentava em sua rotineira vida
comum. Aliás, muito antes desse escândalo, ele já era visto como uma persona
non grata em sua terra natal Passa
Quatro, no interior de Minas Gerais. Onde quando criança vivia dando trabalho a
seus pais Seu Castorino e Dona Olga quando praticava furtos das frutas nas feiras
ou mesmo das galinhas dos vizinhos dentre
outras infinidades de problemas.
E já na juventude, no começo dos anos 1960 quando saiu de sua bucólica Passa
Quatro para residir na grande metrópole de
São Paulo, para concluir os estudos de colegial
para depois ingressar numa conceituada faculdade como a PUC(Pontifícia Universidade Católica).
Ele também seria visto como uma persona non grata, principalmente por sua personalidade
difícil e sendo indisciplinado que o fazia criar muitos problemas para poder
acompanhar o ritmo dos estudos. Especialmente naquele momento tenso em que o cenário
político brasileiro vivia num clima de
constantes malabarismo de presidentes e depois de aconteceu o Golpe Militar em
1964 os estudantes começaram a se organizarem em rebeliões foi então que ele
oportunamente entraria nesse contexto para liderar o movimento, se tornando o símbolo
da luta contra a opressão. Com boa articulação na fala e porte de galã de
cinema, ele conseguia atrair muita gente para ouvir o seu discurso incluindo as
mulheres, com o talento que ele tem para a cafajestice ele conseguia se
envolver com todo tipo de mulher com quem ele se interagiu na faculdade, dentre
estas estão uma agente infiltrada do Dops ou mesmo com a Iara Iavelberg, a bonita
jovem musa do movimento estudantil que posteriormente viraria uma das mártires da
ditadura quando participou da luta armada e pertenceu ao grupo comandado por
Carlos Lamarca e estava na Bahia quando em circunstancias misteriosas foi morta
numa emboscada do Exercito no dia 20 de Agosto de 1971.
Ele também teria outros envolvimentos
afetivos ao longo do percurso de sua vida depois que em 1968, se tornaria a persona non
grata do militares, estampando o rosto de criminoso. Foi para o exilio no
exterior, fez cirurgia e ao voltar vivendo ilegal no Brasil com outras
identidades até chegar a Anistia em
1979, onde ele finalmente poderia viver legalmente. E foi neste contexto que
ele faria contato com o grupo sindical operário-metalúrgico liderado por Luís
Inácio da Silva, que ainda não tinha Lula no sobrenome. Que fundariam o Partido
dos Trabalhadores, o PT. A legenda sindical de onde lá ele teria muita influência,
principalmente nos bastidores das campanhas eleitorais, incluindo para a Presidência,
enfrentou três derrotas seguida até chegar ao governo em 2002 onde ele se
tornou uma das principais bases sólidas do partido nesse primeiro mandato ao
assumir a Casa Civil até chegar ao seu fim melancólico com o episódio do
Mensalão em 2005 que manchou de vez a sua
reputação e cujo fantasma lhe atormentou bastante logo depois que foi deposto do poder e o atormenta
até hoje.
Tudo isso aqui descrito está
bem documentado no livro biográfico Dirceu (Ed.Record, RJ/SÃO PAULO,
2013). Escrita pelo jornalista Otávio Cabral, repórter da revista Veja
que fez todo um apanhado de toda a trajetória, mencionando as mais diferentes
fontes, das primárias, secundárias ou mesmo terciárias sobre dessa figura tão
controversa que a política brasileira já conheceu. O livro começa com o prólogo, colocando a frase que Dirceu colocou
sobre tudo o que fez na vida: “O que fiz só vou falar mesmo depois de 80
anos. Que fiz depois na guerrilha, na luta armada, no mundo, isso só depois de
80 anos. Mas como vou viver 90 anos, vou falar depois dos 80”. Ele também
vai explicando aos leitores ao longo dos 21 capítulos toda a sua jornada para desenvolver a produção
desse livro biográfico sobre Dirceu. O
que resultou num vasto material escrito numa narrativa bem descritiva com uma
ótima qualidade textual, numa linguagem bem coloquial que torna a leitura bem acessível
de ser compreendida em uma estética de livro-reportagem. Sendo concluída com um
epilogo intitulado “O homem que não chegou a lugar nenhum”. É necessário
colocar uma ressalva, de que a publicação deste livro trata-se de uma biografia
não-autorizada onde em nenhum momento ele sequer menciona alguma checagem de
informação ou alguma confirmação com o próprio
Dirceu de alguns fatos descritos, e como
na época que foi publicada esta
biografia, ou seja em 2013, estava em
tramitação no Congresso Nacional a aprovação da lei PL 393/2011 a respeito de
como funcionaria a produção autorizada ou não-autorizada de escritores de
biografias de grandes personalidades, projeto que gerou muita polêmica na época e dividiu as opiniões de muitos artistas, especialmente da música e de muitos escritores que já escreveram biografias
como por exemplo, Fernando Morais, Ruy Castro dentre outros. Inclusive ao
pesquisar no google sobre o livro, encontrei um texto no site da Revista Fórum publicado no
ano de 2013, que faz uma dura crítica ao
livro e a maneira como o autor descreve com muitos erros crassos, vou deixar abaixo
o link para quem tiver interessado em saber uma outra opinião da obra. Quando fiz umas pesquisa no google sobre
alguma informação nova envolvendo o seu atual estado de carcereiro, descobri que ele recentemente publicou o primeiro volume do livro de Memórias.
Acredito que com este livro ele deve realmente
esclarecer se o que sempre foi descrito nesta biografia faz algum sentido ou
são só puras invencionices de um personagem mais controverso que a política brasileira
já conheceu.
Resenha desmonta livro de
repórter da Veja contra Zé Dirceu.
Zé Dirceu: Memórias – Volume 1
Repórter da Veja lança
biografia não autorizada de José Dirceu no Recife.
http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/politica/2013/09/16/interna_politica,462581/reporter-da-veja-lanca-biografia-nao-autorizada-de-jose-dirceu-no-recife.shtml
Entenda a polêmica sobre a
publicação de biografias não autorizadas
https://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/livros/2013-10-21/entenda-a-polemica-sobre-a-publicacao-de-biografias-nao-autorizadas.html