Na Terça-Feira da semana passada, faleceu no dia 18 de dezembro,
aos 91 anos, Antônio Santinato. Um
senhor de vida comum, trabalhava como mecânico em Jundiai/SP. Mas que em toda época
natalina adorava alegrar a vidas da criançada vestido como o famoso bom
velhinho Papai Noel. Foi nesta função de Papai Noel que ele se tornou estrela
de muitos comerciais natalinos, mas o que ele ficar famoso mesmo foi ter
estrelado a capa de uma das maiores revistas masculinas em circulação do pais,
a Playboy.
Esta revista que sempre se caracterizou por estampar em sua
capa mulheres peladas desde as mais lindas ou mesmo não tão lindas
beldades brasileiras, das atrizes da Globo, passando pelas tops models internacionais, cantoras, ou até mesmo
celebridades instantâneas como as de reality
show dentre outras. Resolveu aproveitar o clima natalino para presentear os seus leitores e assinantes na edição do mês de Dezembro de 2000, tendo como grande estrela na capa, não uma estrela
qualquer, mas sim uma verdadeira deusa como Carla Perez, ex-dançarina da banda de pagode baiana É o Tchan, uma das grandes beldades
dos anos 1990. Era a terceira e também
última vez que ela estrelava a capa da
revista para fazer o ensaio sensual completamente pelada, a primeira vez fora em 1996 na época em que ela já se destacava
na banda que era uma grande explosão nacional e a segunda vez fora em 1998, ano que marcava um importante transição na sua vida de estrela, ela deixava o E O Tchan para seguir carreira como apresentadora de TV
e foi justamente nesta nova fase da vida dela que veio o convite para posar mais
uma vez para a maior revista masculina. Além de tê-la como principal estrela
para o ensaio na capa da revista daquela edição, a capa temática ao natal
também a traria acompanhada com a celebre figura querida por todo mundo que é o
Papai Noel todo atrevido de costas para
ela segurando os seus braços enquanto tapava os seios que foi
vivido justamente por Antônio Santinato que acredito eu tenha passado por uma
seleção dentre outros candidatos, da direção
da revista para ser o escolhido para estampar
a capa com Carla Perez. Muitos que estão lendo este texto podem até estarem perguntado, o porque de eu
estar dando importância a história deste cara que não era só um
figurante na capa, não tinha tanto destaque como era Carla Perez, que após
participar deste ensaio teria passado batido, como outro qualquer da
revista. Acontece que a participação desse senhor como Papai Noel na capa da
Playboy naquele Natal de 2000, foi sem
querer marcado por ter chamado atenção pelo grande alvoroço do episódio muito polêmico na história da revista
aqui no Brasil, esta situação embaraçosa
aconteceu
quando o então Juiz da Vara da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro Siro
Darlan, pediu ao Ministério Público para censurar a revista que era para ser
vendida numa embalagem escura e lacrada. Esta medida segundo o próprio era para
impedir que as crianças e adolescentes se interessassem em comprar. Já que na
visão dele, a imagem do Papai Noel, o
bom velhinho simboliza a figura lúdica e dócil das crianças. E como não se não bastasse só este grande
alvoroço causado pelo Juiz Siro Darlan fazendo tempestade em copo d´água por causa da
capa natalina da revista. Também na época ocorreu o episódio de alunos de um
curso de formação do Rio de Janeiro em
Papai Noel, indignados com a revista deturpar a figura do bom velhinho, como
forma de protesto resolveram colocar as tarjas pretas nos gorros, para
simbolizar a revolta. Esta peculiar e indigesto episódio também despertou na época o interesse dos muitos
programas de televisão, especialmente os da linha de fofocas sobre o mundo vip.
Inclusive eu que já era adolescente, me lembro vagamente, eu devia ter o quê quinze anos na época de ter visto este senhor
caracterizado de Papai Noel num programa de celebridades que não lembro direito
qual, nem em que canal foi ao ar onde ele estava dando um esclarecimento ao mau
entendido que a sua participação na capa da revista gerou na época. Uma
tentativa de censura que nem por isso foi capaz de proibir a circulação da
revista no anos seguintes até chegar ao seu recente trágico desfecho.
Nesse ano de 2018 marcado pelo
fim melancólico da revista no Brasil. Criada
em 1953 pelo americano Hugh Heffner(1926-2017), como símbolo de tudo ligado ao fetiche
masculino e que chegou ao Brasil somente em 1975 pela Editora Abril, com nome
de A Revista do Homem para driblar a censura imposta pela Ditadura Militar. A
mesma que conseguiu superar os entraves de um governo totalitário, nos últimos anos não conseguiu superar os problemas da sua má gestão, a revista foi
perdendo a força completamente até que em 2015, quando completou 40 anos no
Brasil foi tirada do catálogo da Abril e passou a ser publicado em outro selo editorial,
que de forma picareta deu um fim a circulação da revista no Brasil após 42
anos. Uma pena de verdade.
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