Outro dia conferi na Netflix a uma série chamada Trotsky(Rússia, 2017).
Série que mostra a trajetória de um dos mais importantes lideres do movimento da Revolução Bolchevique em 1917, Liev Davidovich Bronstein ou Trotsky como ficou conhecido que destroçou do poder a última família monarca da Rússia, os Romanov. Com oito episódios exibidos originalmente na Rússia em 2017, em comemoração ao centenário da Grande Revolução Bolchevique.
Com direção de Alexander Kott e Konstantin Statkys, produzido pela produtora Sreda e transmitida no canal russo The Channel One. Esta série que desde que foi incluída no catálogo da Netflix no final do ano passado tem gerado uma imensa polêmica principalmente da parte dos historiadores mais ligados a corrente esquerdista que tem questionado demais o teor da série em apresentar a figura de um Trotsky(1879-1940) um tanto quanto mau-caráter ao mostrar um lado muito oportunista dele e agindo de forma muito autoritária ao mandar assassinar os opositores do regime e suas articulações. Quem não tem nada de verossimilhante com aquela figura endeusada que eles criaram de líder dos trabalhadores, dos camponeses e de todos os oprimidos pelo capitalismo.
Independentemente da sua visão politica. Posso descrever que a Trotsky é uma série que vale a pena de ser sim assistido e os motivos são vários. 1) O fato de ser uma produção russa, portanto, ele nos apresenta a ótica dos russos de como para eles significou aquele momento importante e como eles veem a figura de Trotsky. E entender pela contextualização da época a quem agradou e a quem desagradou. 2) A série pelo que pude constatar, ela não tem a intenção de exaltar e endeusar a figura de Trotsky, nem muito menos tentar demonizá-lo como bem acusam os esquerdistas mais cegos. E ouso até descrever que não tenta criar nenhuma apologia ao comunismo. Apenas procura nos apresentar toda a contextualização de como ele um simples jovem camponês, nascido numa família judia na Ucrânia fez carreira de intelectual na Rússia e se tornou um grande porta-voz do movimento marxista dentro do contexto mostrando diferentes camadas mais humanas de um mesmo Trotsky. Os oitos episódios seguem um ritmo narrativo não muito linear, há horas que temos muitos cortes abruptos de uma cena para outra. Tipo há episódios que em que mostram Trotsky já velho e com a saúde frágil nos seus últimos momentos de vida no exilio no México, em 1940.
Onde acompanhamos ele sendo entrevistado por um suposta jornalista de nome Frank Jacson, mas que na verdade era o agente do serviço secreto da NKVD Ramon Mercacer(1913-1978). Que a serviço de Josef Stalin(1879-1953), se infiltrou na vida intima de Trotsky para depois assassina-lo. Nesses momentos onde mostram essas cenas dele fazendo suas declarações para Jacson para abrir a sua intimidade.
Temos um corte mostrando os diferentes momentos da vida Trotsky do antes ao depois da Revolução Bolchevique. Onde vamos conhecendo sempre as mais diferentes camadas a seu respeito, de quando se separou de sua primeira esposa Aleksandra Sokolovskaya(1872-1938), e que dessa união nasceram suas duas filhas Nina e Zinaida. Principalmente após viver na clandestinidade para lutar contra a Monarquia e mostra quando ele foi preso e adotou o nome o codinome de Trotsky inspirado num guarda dessa prisão que ele conheceu. Depois temos sua passagem pela França, onde lá é mostrado ele assistindo uma apresentação de Sigmund Freud(1856-1939), o pai da psicanalise. O seu relacionamento com Natália Sedova(1882-1962), com quem teve seus dois filhos Lev e Serguei e com quem esta o acompanhou no exilio no México.
Nisso a cada episódio mostrando os diferentes momentos dele na história politica russa, onde ocorre o corte de mostrar ele no México já cansado e sempre sendo provocado por Jacson e em cada fim de episódio toda vez que aparece a citação de alguém que foi mencionado aparece para ele em sua mente subconsciente o provocando e transformando em caveira que serve bem como uma boa rima poética em referência a morte para mostrar que o tempo dele estava com os dias contados a partir dali. Em uma produção bastante primorosa como posso descrever. O design cenográfico reconstituindo a Rússia do final do século XIX para o começo do século XX Pré-Revolução, junto a brilhante composição dos figurinos de cada personagem que ficaram bem representados nas caracterizações dos atores em cena.
Konstantin Khabensky responsável por protagonizar o Trotsky do título ficou impecavelmente idêntico ao Trotsky real, além de também ter mostrado um bom desempenho em cena ao encarnar todas as camadas do personagem, todas as complexas desse tipo controverso da história russa. Do simples intelectual que por ser judeu vivia sofrendo as hostilidades anti-semitas do povo russo virou um dos ícones do movimento popular marxista, que agia sempre acima do bem e do mal, principalmente quando estava no posto principal. Quando precisava agir como déspota, principalmente quando alguém fosse contrário aos seus ideais comunistas, principalmente quando mandava executar e prender ou mesmo expulsar do pais quem não lhe agradasse. Do mesmo modo que também mostra uma face dele bastante de mulherengo também, é tanto que nem ligava para a esposa e os filhos. Além dele, também merece destaque Yevgeny Stychkin na pele Lenin(1870-1924) com um ótimo trabalho de caracterização onde ele desempenha perfeitamente o personagem mostrando um sentimento de inveja com relação a Trotsky. E para Orkahn Abulov na pele de Josef Stalin já começando a articular suas intrigas para expulsar Trotsky da Rússia. Fora também a brilhante fotografia, principalmente em cenas nevadas da Rússia com um toque mais escuro que contrasta com as cores solares ambientadas no México quando ele estava exilado, e esperando pelo seu fim melancólico ao lado só da esposa, já que nenhum dos seus quatro estava mais vivo.
Na série foram colocadas alguns tipos de convenções narrativas com toques licenças poéticas para poder tornar a dramaticidade mais fluida e orgânica, visto que como as fontes biográficas sobre Trotsky e os arquivos russos não são muito confiáveis, então por isso mesmo foi optado por mostrar uns momentos que uns podem achar estranho como o fato de ao mostrar uma cena dele em seu exilio no México, ele recebe a visita em sua casa do celebre casal de pintores do pais Diego Rivera(1886-1957) e Frida Khalo(1907-1954), onde é mostrado um momento dela transando com ele na cama e mostra a observação de Jacson e que ao se aproximar dela também resolve transar com ela. Um tipo de coisa que serviu bem mais como uma convenção narrativa. No Balanço Geral, posso resumir que Trotsky é uma boa série que procura retratar a figura de um personagem tão controverso da historia da Rússia Pré e Pós Revolução Bolchevique pela ótica dos russos sem precisar fazer apologias ao comunismo e mais do que isso, retratar Trotsky sem querer tentar santifica-lo como um mártir, apenas cumpre o seu dever de apresentar camadas mais humanas de um personagem real, mas que é sempre é confundindo com a representação do comunismo que o tornou mitificado. Uma maneira muito peculiar de mostrar um Trotsky além do mito que se criou entre os esquerdista.
Série que mostra a trajetória de um dos mais importantes lideres do movimento da Revolução Bolchevique em 1917, Liev Davidovich Bronstein ou Trotsky como ficou conhecido que destroçou do poder a última família monarca da Rússia, os Romanov. Com oito episódios exibidos originalmente na Rússia em 2017, em comemoração ao centenário da Grande Revolução Bolchevique.
Com direção de Alexander Kott e Konstantin Statkys, produzido pela produtora Sreda e transmitida no canal russo The Channel One. Esta série que desde que foi incluída no catálogo da Netflix no final do ano passado tem gerado uma imensa polêmica principalmente da parte dos historiadores mais ligados a corrente esquerdista que tem questionado demais o teor da série em apresentar a figura de um Trotsky(1879-1940) um tanto quanto mau-caráter ao mostrar um lado muito oportunista dele e agindo de forma muito autoritária ao mandar assassinar os opositores do regime e suas articulações. Quem não tem nada de verossimilhante com aquela figura endeusada que eles criaram de líder dos trabalhadores, dos camponeses e de todos os oprimidos pelo capitalismo.
Independentemente da sua visão politica. Posso descrever que a Trotsky é uma série que vale a pena de ser sim assistido e os motivos são vários. 1) O fato de ser uma produção russa, portanto, ele nos apresenta a ótica dos russos de como para eles significou aquele momento importante e como eles veem a figura de Trotsky. E entender pela contextualização da época a quem agradou e a quem desagradou. 2) A série pelo que pude constatar, ela não tem a intenção de exaltar e endeusar a figura de Trotsky, nem muito menos tentar demonizá-lo como bem acusam os esquerdistas mais cegos. E ouso até descrever que não tenta criar nenhuma apologia ao comunismo. Apenas procura nos apresentar toda a contextualização de como ele um simples jovem camponês, nascido numa família judia na Ucrânia fez carreira de intelectual na Rússia e se tornou um grande porta-voz do movimento marxista dentro do contexto mostrando diferentes camadas mais humanas de um mesmo Trotsky. Os oitos episódios seguem um ritmo narrativo não muito linear, há horas que temos muitos cortes abruptos de uma cena para outra. Tipo há episódios que em que mostram Trotsky já velho e com a saúde frágil nos seus últimos momentos de vida no exilio no México, em 1940.
Onde acompanhamos ele sendo entrevistado por um suposta jornalista de nome Frank Jacson, mas que na verdade era o agente do serviço secreto da NKVD Ramon Mercacer(1913-1978). Que a serviço de Josef Stalin(1879-1953), se infiltrou na vida intima de Trotsky para depois assassina-lo. Nesses momentos onde mostram essas cenas dele fazendo suas declarações para Jacson para abrir a sua intimidade.
Temos um corte mostrando os diferentes momentos da vida Trotsky do antes ao depois da Revolução Bolchevique. Onde vamos conhecendo sempre as mais diferentes camadas a seu respeito, de quando se separou de sua primeira esposa Aleksandra Sokolovskaya(1872-1938), e que dessa união nasceram suas duas filhas Nina e Zinaida. Principalmente após viver na clandestinidade para lutar contra a Monarquia e mostra quando ele foi preso e adotou o nome o codinome de Trotsky inspirado num guarda dessa prisão que ele conheceu. Depois temos sua passagem pela França, onde lá é mostrado ele assistindo uma apresentação de Sigmund Freud(1856-1939), o pai da psicanalise. O seu relacionamento com Natália Sedova(1882-1962), com quem teve seus dois filhos Lev e Serguei e com quem esta o acompanhou no exilio no México.
Nisso a cada episódio mostrando os diferentes momentos dele na história politica russa, onde ocorre o corte de mostrar ele no México já cansado e sempre sendo provocado por Jacson e em cada fim de episódio toda vez que aparece a citação de alguém que foi mencionado aparece para ele em sua mente subconsciente o provocando e transformando em caveira que serve bem como uma boa rima poética em referência a morte para mostrar que o tempo dele estava com os dias contados a partir dali. Em uma produção bastante primorosa como posso descrever. O design cenográfico reconstituindo a Rússia do final do século XIX para o começo do século XX Pré-Revolução, junto a brilhante composição dos figurinos de cada personagem que ficaram bem representados nas caracterizações dos atores em cena.
Konstantin Khabensky responsável por protagonizar o Trotsky do título ficou impecavelmente idêntico ao Trotsky real, além de também ter mostrado um bom desempenho em cena ao encarnar todas as camadas do personagem, todas as complexas desse tipo controverso da história russa. Do simples intelectual que por ser judeu vivia sofrendo as hostilidades anti-semitas do povo russo virou um dos ícones do movimento popular marxista, que agia sempre acima do bem e do mal, principalmente quando estava no posto principal. Quando precisava agir como déspota, principalmente quando alguém fosse contrário aos seus ideais comunistas, principalmente quando mandava executar e prender ou mesmo expulsar do pais quem não lhe agradasse. Do mesmo modo que também mostra uma face dele bastante de mulherengo também, é tanto que nem ligava para a esposa e os filhos. Além dele, também merece destaque Yevgeny Stychkin na pele Lenin(1870-1924) com um ótimo trabalho de caracterização onde ele desempenha perfeitamente o personagem mostrando um sentimento de inveja com relação a Trotsky. E para Orkahn Abulov na pele de Josef Stalin já começando a articular suas intrigas para expulsar Trotsky da Rússia. Fora também a brilhante fotografia, principalmente em cenas nevadas da Rússia com um toque mais escuro que contrasta com as cores solares ambientadas no México quando ele estava exilado, e esperando pelo seu fim melancólico ao lado só da esposa, já que nenhum dos seus quatro estava mais vivo.
Na série foram colocadas alguns tipos de convenções narrativas com toques licenças poéticas para poder tornar a dramaticidade mais fluida e orgânica, visto que como as fontes biográficas sobre Trotsky e os arquivos russos não são muito confiáveis, então por isso mesmo foi optado por mostrar uns momentos que uns podem achar estranho como o fato de ao mostrar uma cena dele em seu exilio no México, ele recebe a visita em sua casa do celebre casal de pintores do pais Diego Rivera(1886-1957) e Frida Khalo(1907-1954), onde é mostrado um momento dela transando com ele na cama e mostra a observação de Jacson e que ao se aproximar dela também resolve transar com ela. Um tipo de coisa que serviu bem mais como uma convenção narrativa. No Balanço Geral, posso resumir que Trotsky é uma boa série que procura retratar a figura de um personagem tão controverso da historia da Rússia Pré e Pós Revolução Bolchevique pela ótica dos russos sem precisar fazer apologias ao comunismo e mais do que isso, retratar Trotsky sem querer tentar santifica-lo como um mártir, apenas cumpre o seu dever de apresentar camadas mais humanas de um personagem real, mas que é sempre é confundindo com a representação do comunismo que o tornou mitificado. Uma maneira muito peculiar de mostrar um Trotsky além do mito que se criou entre os esquerdista.
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