QUATRO
DÉCADAS SEM O ESCRITOR MALDITO.
No dia 21 de Dezembro de 1980, falecia no Rio de Janeiro, o mais importante escritor, que já foi jornalista e dramaturgo brasileiro. Nelson Falcão Rodrigues, ou simplesmente Nelson Rodrigues como costumava assinar. Nascido em Recife, capital do estado de Pernambuco, em 23 de Agosto 1912.
Quinto filho de quatorze irmãos do jornalista, que também já fez carreira política, sendo eleito Deputado Federal, Mário Rodrigues(1885-1930), conhecido pelo rótulo de O Escritor Maldito, seja pela maneira como escrevia suas obras, descrevendo a face oculta de cada um de nós, com os caráter dúbios das pessoas, suas obsessões, seus transtornos, seus cinismos, suas hipocrisias, seus falsos moralismos, de uma maneira quase a brincar de psicólogo, e utilizando-se do erotismo para explorar sobre temas delicados como o adultério, ou mesmo sobre situações trágicas, inspirado nos textos policiais dos quais escreveu para o jornal A Manhã. Mudou-se para o Rio de Janeiro, então capital federal do Brasil em 1916.
Foi lá que construiu sua carreira no jornalismo, e também na
dramaturgia. Começou trabalhando no jornal A Manhã, de propriedade de
seu pai. Sendo repórter policial durante longos anos, responsável por lhe
inspirar grandes peças de teatro com alto teor denso. Sua peça de estreia foi A
Mulher sem Pecado. Mas foi com Vestido de Noiva, que ele conseguiu
angariar um imenso sucesso de crítica, pela maneira como renovou a linguagem
teatral, que o transformou num grande representante da novo formato do teatro
brasileiro, apesar delas serem estigmatizada e tachadas de imorais e obscenas,
o que criou o rotulado de O Escritor Maldito. Com alto teores banais,
muito disso inspirado na fatídica vivência da tragédia familiar ocorrida em
1929 quando teve seu irmão que também trabalhava no jornal foi brutalmente
assassinado por uma mulher que o jornal publicou o desquite e pouco tempo
depois, seu pai morreu e o jornal foi fechado a mando do Governo de Getúlio Vargas(1882-1954). E somando
ao fato dele escrever em crônicas policiais, num ambiente cheio de energias
negativas então já dá para imaginar de onde ele se inspirou para criar estes
tipos mais incomuns e esquisitos. A partir de 1962, começa a escrever crônicas
esportivas, onde deixava transparecer sua paixão por futebol.
Muitas
de suas obras, já ganharam diferentes adaptações para cinema e televisão, como
por exemplo A Vida Como ela é... (Brasil, 1996)uma série de 40
episódios, inspirados numa série de crônicas que ele escreveu no jornal Última
Hora, entre os anos 1950 que ganhou uma adaptação televisiva produzida pela
Rede Globo em 1996, que foi o meu primeiro contato com a obra do autor. Além de
ter escrito para o jornal A Manhã, de propriedade da sua família, Nelson também escreveu para O Globo, e o Diários
Associados. Na sua vida pessoal Nelson foi casado três vezes, a primeira
com Elza Bretanha, sua colega de redação, com quem se casou em 1940, e que
duraria 30 anos, e quando separou de Elza, casou com Lúcia Lima Cruz, do fruto
dessa união tiveram Daniela, que nasceu com sérios problemas mentais, e depois
desta casou com Helena Maria. Nos últimos anos de sua vida, mesmo já sendo
consagrado como jornalista e dramaturgo, além de sua vida pessoal não ir às mil
maravilhas como essas séries de separações da qual passou, também viveu o drama
de ver seu filho Nelson Rodrigues Júnior, virar um guerrilheiro no combate ao
Regime Militar, do qual ele tinha uma posição favorável, e para piorar, o seu
estado de saúde não era dos melhores, vinha ficando bastante fragilizado em
decorrência de problemas gastroenterologicos e também cardíacos.
Que o levaria a falecer numa manhã de domingo,
21 de Dezembro de 1980, de complicações cardíacas e respiratórias, aos 68 anos
de idade, e deixando uma vastas obras que mesmo quem ame ou odeie, o aprecia e
respeita sua genialidade para escrever a realidade torturante e densa de cada
um de nós.
PARA
ENCERRAR UMA SELEÇÃO DE FRASES RODRIGUIANAS:
"O
Brasileiro é um feriado".
"O
Brasil é um elefante geográfico. Falta-lhe, porém, um rajá, isto é, um líder que
o monte".
"Sou
a maior velhice da América Latina. Já me confessei uma múmia, com todos os
achaques da múmia". "Toda oração é linda. Duas mãos postas são sempre
tocantes ainda que rezem pelo vampiro de Dusseldorf".
"O
grande acontecimento do século foi a ascensão espantosa e fulminante do
idiota".
"Sou
o menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci
menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha
ótica de ficcionista. Sou(e sempre fui) um anjo pornográfico( desde
menino)".
"Na
vida, é importante fracassar".
"Daqui
a duzentos anos, os historiadores vão chamar este final de século de "a
mais cínica das épocas". O cinismo escorre por toda a parte, como a água
das paredes infiltradas".
"Sexo
é para operário".
"O dinheiro compra até amor
sincero".
"O
Socialismo ficará como um pesadelo humorístico da História".
"Todas
as vaias são boas, inclusive as más".
“Toda
unanimidade é burra.”
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