quarta-feira, 31 de março de 2021
Doca Street, o assassino de Ângela Diniz | Nerdologia Criminosos
quarta-feira, 24 de março de 2021
A HISTÓRIA DA CAPOEIRA - EDUARDO BUENO
terça-feira, 23 de março de 2021
História dos Maori e a Nova Zelândia | Nerdologia
segunda-feira, 22 de março de 2021
UMA HQ SOBRE O NAZISMO: MAUS-A HISTÓRIA DE UM SOBREVIVENTE
Acabei
de concluir minha leitura dessa HQ bastante densa, que é Maus-A História
de um sobrevivente do Art
Spiegelman. Contando os horrores dos campos de concentração na Segunda Guerra
Mundial, mostrando os judeus aprisionados. De uma forma bem intimista. Já que a
trama ele se baseou na trajetória do seu pai Vladek Siegelman quando foi aprisionado pelos campos de
concentração.
Publicada
originalmente na revista underground Raw, entre os anos de 1980-1991, essa obra
vencedora do importante Prêmio Pulitzer, cuja contada na edição brasileira da Quadrinhos
na Cia. Traz a história a história completa em formato de livro com 296 páginas
que é dividido em duas partes, começando
com a primeira parte intitulada de Meu pai sangra história que é
dividido em seis capítulos e a segunda parte intitulada de E Aqui meus
problemas começaram que é dividido em cinco partes.
Ele
retrata de uma forma brilhante em um traço gráfico bastante sinistro com tom de violência bem
explicita, sem cores e usando de forma metafórica a representação dos judeus
como ratos, os roedores que além de simbolizarem animais nojentos e transmissores
de doenças, também são simbolizados como larápios. E as vezes cheio da própria metalinguagem em
alguns momentos. Os alemães são representado como gatos, entre outros, num tom fabular,
mas bastante pesado. Uma boa leitura para entendemos como funciona a visão
Totalitária de um regime intolerante e puramente racista como foi o nazismo.
E
como o modelo dele pode ser sentido atualmente pelo nosso presidente Jair Bolsonaro.
quarta-feira, 17 de março de 2021
O JOGO DE AZAR DO DOUTOR CASTOR - EDUARDO BUENO
terça-feira, 16 de março de 2021
Histórias dos Beatles | Nerdologia
quarta-feira, 10 de março de 2021
Piratas no Brasil e a colonização | Nerdologia
segunda-feira, 8 de março de 2021
ROSA EGIPCÍACA, ESCRAVA, MERETRIZ, SANTA E CONDENADA - EDUARDO BUENO
terça-feira, 2 de março de 2021
MAMONAS ASSASSINAS: 25 ANOS DE SAUDADES
25 ANOS
SEM O EXCÊNTRICO CONJUNTO MUSICAL DO
DEBOCHE.
Se os cinco integrantes do conjunto musical Mamonas Assassinas estivessem vivos em
2020, com certeza teriam comemorado os
25 anos do lançamento do único álbum em CD que eles lançaram que foi um sucesso e os
tornaram fenômenos no Brasil inteiro.
Um sucesso que até chegar
aquele patamar não foi tarefa das mais
fáceis para conseguir, e inesperadamente uma fatídica tragédia interrompeu o
sucesso precoce da banda no fatídico acidente aéreo ocorrido em 02 de Março de 1996.
É difícil imaginar que
antes deles irem ao segmento cômico do deboche, do pastiche, do espalhafatoso,
do extravagante, do escracho e do
circense com suas letras de teor puramente sacanas, cheias de duplo sentido e
com cunho satírico. Os cinco quando se formaram entre o final dos anos 1980 e
começos dos anos 1990 em Guarulhos/SP, terra natal deles, primeiro quando o baterista Sérgio Reoli foi
apresentado a Bento Hinoto por intermédio do seu irmão Mauricio quando eles
trabalhavam juntos na empresa Olivetti, que ao ver ele tocando bateria falou de
seu irmão que tocava guitarra e ele interessado o convida para tocar, assim teve início a trajetória da banda que começou como trio onde Sergio chamou
seu irmão Samuel para tocar baixo. Foi durante um show que eles conheceram
Dinho que estava na plateia e lá se ofereceu para ser o vocalista e para completar foi por meio
de Dinho que Júlio seu amigo foi incluído
como tecladista. A banda nessa primeira formação seguiu com um segmento musical completamente diferente e com outro nome. Era o Utopia.
Uma banda séria que nada
lembrava o jeito exagerado dos Mamonas que eles se tornaram, cuja estética musical que eles adotaram como
Utopia era por meio do rock progressivo com doses de heavy metal, e punk.
Influenciados pelo estilo consagrado do rock brasileiro dos anos 1980 da Legião Urbana, por exemplo, onde as letras que compunham carregavam um tom panfletário, de
protesto, com cunho de crítica social assim como era a Legião, com umas doses de new
wave. Chegaram a lançar um álbum em LP mas
que não conseguiu vender a porcentagem do número de cópias que foram lançadas.
Naquele contexto da
primeira metade da década de 1990, onde o que reinava no cenário comercial da
indústria fonográfica brasileira dando rios de dinheiro, e figurando como as
minas de ouros dos produtores, das gravadoras, das emissoras de rádios em que
tocavam com muito jabá, e nas constantes
apresentações populares programas de
auditório da TV e enchiam as suas agendas de shows eram as músicas de artistas dos segmentos mais
popularescos como o sertanejo, o pagode romântico e o ritmo baiano da axé music
que importou para o Brasil inteiro o modelo das micaretas.
E com isso, os cantores
do segmento rock brasileiro que reinavam nos anos 1980, com suas músicas de
alto teor intelectualizado, com tons de protesto, de crítica social já tinham perdido espaço naquele cenário
comercial que se encontrava a música brasileira, pois já não despertavam mais
interesse de lucro do mercado musical,
que depositava todas as suas fichas nos artistas mais popularescos.
Foi a partir daí que os
cinco rapazes formados por Alecsander Alves que assinava artisticamente como Dinho(1971-1996) apelido que já vinha de
sua infância, Júlio Cesar Barbosa que assinaria como Júlio Rasec(1968-1996), Alberto
“Bento” Hinoto(1970-1996), e os irmãos Sérgio(1969-1996)
e Samuel Reis de Oliveira(1973-1996) que passaram a assinarem como Sérgio e
Samuel Reoli junção dos seus dois sobrenomes, acordaram para a realidade e tiveram a brilhante ideia de mudar completamente o segmento musical seguindo
a sugestão do seu produtor Rick Bonadio, e mudaram de nome e de identidade e passaram a
se assumirem como artistas cômicos para se aderirem ao segmento popularesco
como os Mamonas Assassinas, o que se mostrou de fato uma decisão sabia e
acertada.
Ao adotarem este tipo de
segmento que os tornaram famosos nacionalmente, sendo explorados até a última
gota para darem audiência nos mais diversos programas de auditórios da época e
tocavam a exaustão nas rádios brasileiras, figurando no top dos discos mais vendidos e sendo premiados com
discos de ouro, prata, platina e
diamante.
A unanimidade de sucesso
de público, não correspondia a mesma coisa em relação ao que a crítica especializada
pensava deles que os massacravam, considerando suas canções muito ofensivas, de
puro mau gosto, principalmente para as camadas mais jovem, que incluía as
crianças. Considerando o teor humorístico de suas canções com piadas
escatológicas, um exemplo de pura música besteirol com uma estética bem
característica de rock cômico.
As letras de puro teor
sacana, pastelão poderiam não se adequarem a este tempos atuais adotado pela
geração do politicamente correto. Ao dar
revisitada em cada uma dessas canções que compõe as 14 faixas do único álbum
que a banda lançou em 1995, onde pude
bem perceber que boa parte até que se mostradas bastante atemporais, porém
tiveram umas cinco que separei que ficaram muito datadas. E vou explicar e argumentar por quais razões
cheguei a esta conclusão:
MÚSICAS DOS MANONAS QUE SÃO
ATEMPORAIS:
PELADOS EM SANTOS
Pelados em Santos ficou atemporal pelo que pude constatar por ter se mostrado ser uma música que
debochava do teor romanticamente brega, principalmente na forma como ele
demonstrava fazer uma declaração de amor a sua pitchula ao convidá-la
para caminhar numa Brasília Amarela, carro já visto como uma velharia e que já se encontrava fora de fabricação no
Brasil há muito tempo, para fazer uma viagem ao Paraguai, por exemplo, como a
letra abaixo da canção pode mostrar:
“Mina, seus cabelo é
da hora
Seu corpão violão
Meu docinho de coco
Tá me deixando louco
Minha Brasília amarela
Tá de portas abertas
Pra mode a gente se
amar
Pelados em Santos
Pois você, minha
pitchula
Me deixou legalzão
Não me sintcho sozinho
Você é meu chuchuzinho
Music is very good
(Oxente ai, ai, ai!)
Mas comigo ela não
quer se casar
(Oxente ai, ai, ai!)
Na Brasília amarela
com roda gaúcha
Ela não quer entrar
(Oxente ai, ai, ai!)
É feijão com jabá
A desgraçada num quer
compartilhar
Mas ela é lindia
Mutcho mar do que
lindia
Very, very beautiful
Você me deixa doidião
Oh, yes! Oh, no!
Meu docinho de coco
Music is very porreta
(Oxente Paraguai!)
Pos Paraguai ela não
quis viajar
(Oxente Paraguai!)
Comprei um Reebok e
uma calça Fiorucci
Ela não quer usar
(Oxente Paraguai!)
Eu não sei o que faço
Pra essa mulé eu
conquistchar
Porque ela é lindia
Mutcho mar do que
lindia
Very, very beautiful
Você me deixa doidião
Oh, yes! Oh, no!
Meu chuchuzinho
Oh, yes! No, no, no,
no!
Eu te I love you!
Pera aí que tem mais
Um poquinho de u
Uuuuu
Tchê”
O que bem servia para
refletir a condição social deles próprios que representavam um reflexo de
pertencerem a maior parte da população brasileira que são de uma classe
média-média, mas para lado periférico, mas que tinham um padrão de vida até confortável. A pitchula
de quem Dinho se declara na canção, não é
referente a Valéria Zorpello,
com quem ele estava namorando na época como se pensava, ainda mais que ela
aparecia muito em público nos populares programas de auditório da TV onde ele se apresentava, mas sim a Mirella Zacanini, com quem ele namorou antes dessa, quando já estava tocando na banda
na época que ainda era Utopia
e era produtora de um programa de TV, apresentado por seu pai Savério Zacanini
chamado Sábado Show na Rede
Record onde lá a banda tocava constantemente. Por esse motivo é que eu a
separei como a canção que se mostrou atemporal.
UMA ARLINDA MULHER
Com título inspirado no filme Uma Linda Mulher famosa
obra de romance da década de 1990,
estrelado por Júlia Roberts e Richard Gere. Uma Arlinda Mulher também
a meu ver do repertório desse único
álbum dos Mamonas Assassinas conseguiu ficar atemporal, por se tratar de uma
canção que mesmo tendo um tom cômico de
romance numa pegada de heavy metal, trazia uma bem trabalhada letra que usava
de muitos conceitos científicos da física que dava um ar bastante
intelectualizado a canção. O que chega a provocar um pouco de viagem ao cosmo
infinito. Como a letra completa bem
reflete isso com aquele debochado de sempre:
“Te encontrei
Toda remelenta e
estronchada num bar
Entregue às bebida
Te cortei os cabelos
do suvaco e as unhas do pé
Te chamei de querida
Te ensinei todos os
auto-reverse da vida
E o movimento de translação
que faz a Terra girar
Te falei que era
importante competir
Mas te mato de pancada
se você não ganhar
Você foi
Agora a coisa mais
importante
Que já me aconteceu
neste momento
Em toda a minha vida
Um paradoxo do
pretérito imperfeito
Complexo com a Teoria
da Relatividade
Num momento crucial
Um sábio soube saber
que o sabiá sabia assobiar
E quem amafagafar os
mafagafinhos
Bom amafagafigador
será
Te falei
Que o pediatra é o
doutor responsável pela saúde dos pé
O 'zoísta' cuida dos
zóio e o oculista
Deus me livre, nunca
vão mexer no meu
Pois pra mim
Você é uma besta
mitológica
Com cabelo pixaim
parecida com a Medusa
Eu disse isso
Pra rimar com a soma
dos quadrados dos catetos
Que é igual à porra da
hipotenusa
Você foi
Agora a coisa mais
importante
Que já me aconteceu
neste momento
Até hoje em toda a
minha vida
Um paradoxo do
pretérito imperfeito
Complexo com a Teoria
da Relatividade
Num momento crucial
Um sábio soube saber
que o sabiá sabia assobiar
E quem amafagafar os
mafagafinhos
Bom amafagafigador
será
Eu fundei
A Associação
Internacional
De Proteção às
Borboletas do Afeganistão
Te provei por B mais C
Que as meninas dos
teus olhos
Não têm menstruação
Dar um prato de trigo
pra dois tigres
E ver os bichos
brigando é legal que só (miau)
Pois nos 'tira e põe,
deixa ficar' da vida
Serei sempre seu
escravo-de-Jó
Vamos para o fim?
Logo agora que você
estava quase
Entendendo o que eu
estou falando (falando)
A canção está acabando
e o Creuzebeck
Está abaixando ali o
volume (volume)
E você não entende
nada mesmo porque
Quando você estiver em
sua casa nesse
Momento a música vai
tá baixinha (baixinha)
E você não vai
entender nada mesmo
Porque não sei por que
eu tô falando
Esse monte de besteira
aqui já que estou
Porra! Vamo parar com
esse papo chato (vamo lá)
Eu já não estou
aguentando mais
Está doendo minha
garganta
Eu tenho que fazer ali
um gargarejo com vinagre
Soltei um peido aqui
dentro (caralho!)
Está fedido o
ambiente, meus dedos estão dormentes
Pelo amor de Deus,
parem com esta porra!”
JUMENTO CELESTINO
Jumento Celestino é outra canção do único álbum dos
Mamonas Assassinas que separei como tendo ficado atemporal, isto porque nele
você nota um pouco do tom intimista de como o vocalista Dinho expressa um pouco da
sua sensação como imigrante
nordestino, nascido em Irecê/BA, onde se
mudou para Guarulhos/SP, ainda bebê com apenas dois meses de vida com seus
pais, onde lá eles conseguiram viverem bem num padrão de vida confortável
fincando raízes por lá e Dinho estava
conquistando isto. De certa forma, a
letra da música refletia bem um pouco dessa sensação de como Dinho se via como
imigrante nordestino nessa canção que carrega muito da sonoridade do autentico forró pé de serra, cujo começo há uma introdução de uma popular canção de Genival Lacerda(1941-2021) que
partiu recentemente no dia 07 de Janeiro, para o plano espiritual com 79 anos, vitimado
pela Covid-19, que na época estava sendo bastante tocada nas rádios que é o Rock
do Jegue, cuja introdução é:
“De quem é esse jegue?
De quem é esse jegue?
De quem é esse jegue?
Oh, rapaz!
Não é jegue não, é Jumentiu
Tava ruim lá na Bahia
Profissão de bóia-fria
Trabaiando noite e dia
Nera' isso que eu queria
Eu vim-me embora pra São Paulo
Eu vim no lombo dum jumento
Com pouco conhecimento
E enfrentando chuva e vento
E dando uns peido fedorento (Vish,
que bunda!)
Até na bunda fez um calo”
MUNDO ANIMAL
Mundo Animal ficou bem atemporal ao meu ver por se tratar de uma letra onde
eles brincam com a característica com muito duplo sentido, mais que também
reflete o contraste em relação a vida humana. Como a letra completa abaixo bem
demonstra com tom bem debochado e com palavras inventadas:
“Comer tatu é bom
Que pena que dá dor
nas costas
Porque o bicho é
baixinho
E é por isso que eu
prefiro as cabritas
As cabrita tem seios
Que alimentam os seus
descendentes
No mundo animal ixéste
muita putaria
Por exemplo, os
cachorro
Que come a própria
mãe, sua irmã e suas tias
Eles ficam grudados de
quatro se amando
Em plena luz do dia
Os animal, tem uns
bicho interessante
Imaginem só como é o
sexo dos elefante
E os camelos que tem
as bolas em cima das costas
E as vaquinhas que por
onde passam
Deixam um rastro de
bosta
As pombas quando avoam
Por incrível que
pareça ficam sobrevoando
Com seu cu amirando em
nossas cabeças
Daí vem a rajada de sua
bazuca anal
Já tem pomba com mira
a laser
O tiro sai sempre
fatal
Totalmente beautiful
as baleias no oceano
Nadando com graça,
fugindo da caça
Dos homens humanos
O homem é corno e
cruel
Mata a baleia que não
chifra e é fiel
Os animal tem uns
bicho interessante
Imaginem só como é o
sexo dos elefantes
E os camelos que tem
as bolas em cima das costas
E as vaquinhas que por
onde passam
Deixam um rastro de
bosta
Os animal tem uns
bicho interessante
Imaginem o tamanho que
é o pintcho de um elefante
E os camelos que tem
as bolas em cima das costas
E as vaquinhas que por
onde passam
Deixam um rastro de
bosta”
ROBOCOP GAY
Robocop Gay também é uma canção desse único álbum que se mostrou
atemporal, por se tratar de uma canção que na época mesmo em forma de deboche
já demonstrava um ar bastante
panfletário contra a homofobia e dando voz a representatividade LGBTQ+, numa época que boa parte ainda se escondia do
armário por serem visto de forma banal como desviantes, isto fica bem evidente quando ele coloca na
letra que diz:
“Abra sua mente
Gay também é gente “
Por esse motivo ele tem
um grau de importante relevância para a música brasileira, numa paródia do
Robocop com o Capitão Gay, personagem do Jô Soares no humorístico Viva o
Gordo da Rede Globo.
DÉBIL METAL
Débil Metal também se mostrou muito atemporal por
ter uma sonoridade e uma letra que apesar de ser toda em inglês ainda assim
consegue manter o tom debochado ao se inspirar na estética musical do heavy
metal, do grunge que estava em alta nos anos 1990, enfim. Fora a própria letra transmite
bem isso. Com Dinho cantando em um
timbre imitando o vocalista do Sepultura. Como pode ser visto na letra original
e com sua tradução:
“Walking in the dark
now there's just some
cookies
it's not for you
I know it's not yet
I just can't explain
it melts in my mouth.
Dying to me now is
popcorn.
Can't you understand?
Can't you understand,
boy?
So, shake your head
So, shake your head,
sucker!
No more ideas, it's
over!!!”
Tradução:
“Andando na escuridão
Agora só há alguns
biscoitos
Não são pra você
Eu sei que ainda não é
Eu simplesmente não
posso explicar
Derrete na minha boca
Morrendo pra mim agora
é pipoca
Você não consegue
entender?
Você não consegue
entender, garoto?
Então balance sua
cabeça
Então balance sua
cabeça, chupão!
Sem mais ideias,
acabou!”
LÁ VEM O
ALEMÃO
Lá vem o Alemão é uma canção desse único álbum dos
Mamonas que se mostrou bem atemporal por se tratar de uma canção que brincava
com o pagode romântico que estava em alta na época. Tanto que o titulo brinca
com a canção Lá vem o negão, o único hit da banda Cravo e Canela
com aquele ar bem romântico e bem debochado da banda sobre a sua
amada o ter trocado por um cara bonitão,
loiro e forte de carro conversível, enquanto ele um lascado o levava de Kombi
pelo Boqueirão, um famoso bairro de classe média de Santos para levar a curtir
uma praia. Dinho em diferentes trechos dessa canção que fecha o único CD
gravado pelo conjunto faz imitações de
dois vocalistas de bandas de pagodes de sucesso na época que não por acaso eram conterrâneos da Banda,
ou seja, ambos paulistas, como Luiz
Carlos do Raça Negra Netinho de Paula do Negritude Jr. A letra expressa bem isso como pode ser visto
abaixo:
“Só de pensar que nós
dois éramos dois
Eu feijão, você arroz
Temperados com Sazon
Só de lembrar nós na
Kombi no domingo
Nosso amor era tão
lindo
Nós descíamos pro
Boqueirão
A Kombi quebrada lá na
praia
E você de minissaia
Dando bola para um
alemão
O alemão de carro
conversível
Eu mexendo nos fusível
Nem vi quando você me
deixou
Subiu a Serra
Me deixou no Boqueirão
Arrombou meu coração
Depois desapareceu
Fiquei na merda
Nas areias do destino
Me tratou como um
suíno
Cuspiu no prato que
comeu
O amor é uma faca de
dois legumes
A luz anal de um
vagalume
Que ilumina o meu
sofrer
Eu ainda sinto o seu
perfume
Um cheirinho de
estrume
Não tá fácil de te
esquecer
Toda vez que eu lembro
de você
Me dá vontade de
bater, te espancar
Ó, meu amor
Só porque ele é lindo,
loiro e forte
Tem dinheiro e um
Escort
Como Modess você me
trocou
Subiu a Serra
Me deixou no Boqueirão
Arrombou meu coração
Depois desapareceu
Fiquei na merda
Nas areias do destino
Me tratou como um
suíno
Cuspiu no prato que
comeu
Subiu a Serra
Me deixou no Boqueirão
Arrombou meu coração
Depois desapareceu
Fiquei na merda
Nas areias do destino
Me tratou como um
suíno
Cuspiu no prato que
comeu
Subiu, sim, subiu, sim
Subiu
Geladinho, gostosinho
Ui, uh, uh
Eu disse sim, eu disse
sim
Eu fiquei, você subiu
Subiu, subiu...”
BOIS DON´T CRY
Bois Don´t Cry trata-se de uma canção cujo título se referia ao clássico
rock Boys Don´t Cry, sucesso nos anos 1980 da
banda britânica The Cure, com uma letra bem apropriada para se ouvir na fossa, com
aqueles toques que bem remete a típica música
da sofrência, da dor de cotovelo,
traição, do homem levando chifre na testa, um corno, com uma pegada que bem lembra as populares músicas de
cantores bregas como Reginaldo
Rossi(1943-2013) e Waldick Soriano(1933-2008). Usando de um ar shakespeariano
com aquela famosa frase da peça de
Hamlet “Ser ou não ser, eis a questão”, aqui ele modica começando o texto com “Ser
corno ou não ser”, para carregar bem o ar da pura dor de cotovelo de um
cara traído pela amada tomando porres nos botecos, acompanhado
uma sonoridade de trombone no começo até
a metade da canção, lembrando um bolero
tipicamente latino americano, principalmente quando ele coloca em um trecho “Soy
um hombre conformado” com aquele exagero de galã canastrão de novela
mexicana, e vai
ficando intensa com som de rock. Justamente pela estética da letra o torna
bastante atemporal. Como a letra abaixo
bem demonstra:
“Ser corno ou não ser
Eis a minha indagação
Sem você vivo sofrendo
Pelos buteco bebendo
Arrumando confusão
Você é muito fogosa
Tão bonita e carinhosa
Do jeito que eu sempre
quis
Minha coisinha gostosa
Dá aos pobres, é
bondosa
Sou corno mas sou
feliz
Soy un hombre
conformado
Escuto a voz do
coração
Sou um corno
apaixonado
Sei que já fui chifrado
Mas o que vale é tesão
E na cama quando
inflama
Por outro nome me
chama
Mas tem fácil
explicação
O meu nome é Dejair
Facinho de confundir
Com João do caminhão
Vejam só como é que é
A ingratidão de uma
mulher
Ela é o meu tesouro
Nós fomos feitos um
pro outro
Ela é uma vaca, eu sou
um touro
E na cama quando
inflama
Por outro nome me
chama
Mas tem fácil
explicação
O meu nome é Dejair
Facinho de confundir
Com João do caminhão
Vejam só como é que é
A ingratidão de uma
mulher
Ela é o meu tesouro
Nós fomos feitos um
pro outro
Ela é uma vaca eu sou
um touro
Ela é uma vaca eu sou
um touro
Ela é uma vaca
Eu sou um touro”
VIRA-VIRA
Para finalizar a
minha lista das canções dos Mamonas que
ficaram atemporais, coloco aqui Vira-Vira é um bom exemplo de música atemporal
do conjunto, especialmente pela forma de causo em que o vocalista representando
o português Manoel, conta a história da experiência de ter ido parar numa festa
que estava rolando uma suruba cujo ritmo trazia muita influência das canções do
popular cantor português Roberto Leal(1951-2019). Que até comenta-se que Leal quase foi obrigado
a processá-los por ridicularizar o português, mas ele nunca se sentiu nada
ofendido. Essa canção é a única da faixa desse único CD dos Mamonas Assassinas
que contou com um duo de Dinho com Júlio Rasec representando a Maria, esposa do
Manoel usando uma técnica de timbre de voz em falsete. Como bem a letra abaixo
pode exemplificar:
“Raios!
Fui convidado pra uma
tal de suruba
Não pude ir, Maria foi
no meu lugar
Depois de uma semana
ela voltou "pra" casa
Toda arregaçada, não
podia nem sentar
Quando vi aquilo
fiquei assustado
Maria chorando começou
a me explicar
Daí então eu fiquei
aliviado
E dei graças a Deus
porque ela foi no meu lugar!
(Refrão)
Roda-roda vira, solta
a roda e vem
Me passaram a mão na
bunda e ainda não comi ninguém
Roda-roda vira, solta
a roda e vem
Neste raio de suruba,
já me passaram a mão na bunda
E ainda não comi
ninguém!
Oh, Manoel, olha cá
como eu estou
Tu não imaginas como
eu estou sofrendo
Uma "teta"
minha um negão arrancou
E a outra que sobrou
está doendo
Ôô Maria, vê se larga
de frescura
Eu te levo no hospital
pela manhã
Tu ficaste tão bonita
"monoteta"
Mais vale um na mão do
que dois no sutiã!
Roda-roda vira, solta
a roda e vem
Me passaram a mão na
bunda e ainda não comi ninguém
Roda-roda vira, solta
a roda e vem
Neste raio de suruba,
já me passaram a mão na bunda
E ainda não comi
ninguém!
Bate o pé, (arrota),
bate o pé
Ôô Maria, essa suruba
me excita
(arrebita, arrebita,
arrebita!)
Então vai fazer amor
com uma cabrita!
(arrebita, arrebita,
arrebita!)
Mas Maria, isso é bom
que te exercita!
(bate o pé, arrebita,
arrebita!)
Manoel, tu na cabeça
tem titica
Larga de putaria e vai
cuidar da padaria!
Roda-roda vira, solta
a roda e vem
Me passaram a mão na
bunda e ainda não comi ninguém
Roda-roda vira, solta
a roda e vem
Neste raio de suruba,
já me passaram a mão na bunda
E ainda não comi
ninguém!
Vamos lá, dançando
raios!
Todo mundo comigo:
Ueu ueu ueu! A maria
se deu mal!
Vamos lá!
Ai, como dói...”
MÚSICAS DOS MANONAS QUE
FICARAM DATADAS DEMAIS:
1406
1406, canção que abre o único álbum dos
Mamonas Assassinas, foi a que pude perceber como ficou bastante datada. O
próprio título já entrega esse tom datado. A primeira vista fica a impressão de
ser referente a uma estação de rádio por causa da numeração. Principalmente na
estrofe inicial onde Dinho parece bancando um radialista:
“Atenção, Creuzeback
Ao toque de quatro já vai
Já, já, já, já vai”
O Creuzeback é uma
referência ao produtor musical da banda Rick Bonadio, que eles chamavam por
esse apelido. Acontece que esse número se referia ao número do serviço de
teleatendimento comercial do (011) 1406, muito veiculado nas muitas emissoras
de TV, durante a década de 1990. Na
canção, Dinho trazia uma crítica da história de um cara lascado, que sonhava
em morar num apartamento no Guarujá,
mas, acaba conseguindo um barraco em Itaquá, e sobre o drama dentro da família
como esse trecho pode mostrar:
“Eu queria um
apartamento no Guarujá
Mas o melhor que eu
consegui foi um barraco em Itaquá
Você não sabe como
parte o coração
Ver seu filhinho
chorando querendo ter um avião
Você não sabe como é
frustrante
Ver sua filhinha
chorando por um colar de diamantes
Cês não sabe como eu
fico chateado
Ver meu cachorro
babando por um carro importado”
No trecho seguinte em inglês, eles brincam com os excessos de
estrangeirismos na língua portuguesa usados de forma comercial:
“Money
Que é good nóis num
have
Se nóis havasse nóis
num tava aqui playando
Mas nóis precisa de
worká
Money
Que é good nóis num
have
Se nóis havasse nóis
num tava aqui workando
O nosso work é playá”
O trecho que “Que é
good nóis num have”, foi tirado da
canção Laika nóis Laika, gravado em 1973 pela dupla brega Ponto &
Vírgula.
O que evidencia o quão a
letra da música ficou datada é neste trecho que ele critica os desejos da
esposa do cara lascado:
“Mas a pior de todas é
minha mulher
Tudo o que ela olha a
desgraçada quer
Televisão,
micro-ondas, micro system
Microscópio
Limpa-vidro,
limpa-chifre, e
Facas Ginsu
Eu sou cagado, veja só
como é que é
Se der uma chuva de
Xuxa no meu colo cai Pelé
É como aquele ditado
que já dizia
Pau que nasce torto
mija fora da bacia”
O tom crítico que a
canção refletia sobre o comportamento social do modelo de consumismo brasileiro na década de 1990, dos
produtos que eram exibidos à exaustão nos intervalos das programações das
grandes emissoras naquela fase pré-mídia digital nesse serviço de
teleatendimento que eram veiculados pelo extinto Grupo Imagem e estava surgindo
na época o canal por assinatura Shoptime
que usava o formato de Home Shopping é
algo que ficou bastante datado, visto que passados muitas décadas depois este
tipo de serviço se tornou obsoleto. Um
adolescente de hoje que ouvir essa música e nasceu bem depois dela pode achá-lo muito estranho e não compreender
o seu significado, ainda mais que o consumismo tem sido mais pelos sites da Amazon,
por exemplo. Ainda mais na forma como eles colocam uma menção a Xuxa e ao
jogador Pelé que uma década antes tiveram uma relação amorosa. “Algumas pessoas
interpretam esse trecho como racista, mas a ideia era apenas mencionar o azar
da classe baixa. Ou seja, mesmo se chovesse mulheres bonitas, no colo do
personagem da música, cairia um homem. Vale lembrar que a banda usou Xuxa e
Pelé por conta do relacionamento que eles tiveram nos anos 80. Eles namoraram por
seis anos e foram um casal muito falado pela mídia.”¹
SÁBADO DE SOL
Sábado de sol foi a de todas as canções do único CD
dos Mamonas Assassinas que ficaram
datadas, a que mais envelheceu mal. No sentido de que a maneira como foi
gravado deixou parecer uma gravação muito amadora, gravada como se tivesse sido
num encontro de luau de amigos de forma muito caseira, o que gera uma forte
estranheza de qualidade sofrível. A canção não foi composta originalmente por
nenhum dos Mamonas. Mas sim pelo Baba Cósmica, cuja sonoridade deram uma
roupagem bem atemporal a letra. A letra contava o causo de um cara que
programou o final para se juntar com uns amigos num caminhão para comer uma
feijoada e de repente se deparam com muita maconha como o trecho pode bem
exemplificar:
“Sábado de sol
Aluguei um caminhão
Pra levar a galera
Pra comer feijão
Chegando lá, mas que
vergonha
Só tinha maconha
Os maconheiros tava
doidão
Querendo meu feijão”
SABÃO CRÁ-CRÁ
Sabão Crá-Crá é uma canção cuja autoria é desconhecida, surgiu de uma lenda
urbana escolar, a forma de cantar deles dá a impressão de ter sido uma canção
de ninar de duplo sentido como a letra bem transmiti de uma forma boba e infantilóide
com sentido escatológico, o que dá a
impressão de ter envelhecido mal de tão datada que ficou:
“Sabão crá-crá
Sabão crá-crá
Não deixa os cabelos
do saco enrolar
Sabão cré-cré
Sabão cré-cré
Não deixa os cabelos
do saco de pé
Sabão crí-crí
Sabão crí-crí
Não deixa os cabelos
do saco cair
Sabão cró-cró
Sabão cró-cró
Não deixa os cabelos
do saco dar nó
Sabão crú-crú
Sabão crú-crú
Não deixe os cabelos
do saco
Pera, aí
Galera aprendeu legal
isso aí
Já, né
Sabão crá-crá
Sabão crá-crá
Não deixa os cabelos
do saco enrolar
Sabão cré-cré
Sabão cré-cré
Não deixa os cabelos
do saco de pé
Sabão crí-crí
Sabão crí-crí
Não deixa os cabelos
do saco cair
Sabão cró-cró
Sabão cró-cró
Não deixa os cabelos
do saco dar nó
Sabão crú-crú
Sabão crú-crú
Não deixe os cabelos
do saco
Pera aí
Respira bem fundo
O final tem que ser
legal, assim
Enrolar com os do cu”
CHOPIS CENTIS
A canção Chopis Centis que representa bem uma crítica a
representação de um cara da periferia passeando pelo shopping acompanhado da namorada e adora
ostentar ser cliente das Casas Bahia e de quando fica impressionado com as
quantidades de gente da classe média andando por lá e da estranheza com a
comida sofisticada que experimentou num restaurante fino temperada de gergelim que comeu e dando preferência a uma comida
simples como o aipim. Tem uma letra que ficou datada demais, principalmente
pela forma como ele na parte do cinema menciona os nomes dos astros Arnold
Schwarzenegger e Jean-Claude Van Damme, que na época ok, eram os que mais reinavam
com seus filmes de ação no ambiente mainstream da época, mas já faz muito tempo
que eles tinham perdido seus espaços para outros gêneros e outros astros também.
Atualmente o que tem reinado são os filmes de super-heróis da Marvel. Um jovem
de hoje com referência nos heróis da Marvel, jamais entenderia que essa citação
que eles fazendo na música desses astros que hoje figuram no ostracismo. Como a
letra bem demonstra:
“Eu di um beijo nela
E chamei pra passear
A gente fomos no
shopping
Pra mó di a gente
lanchar
Comi uns bicho
estranho
Com um tal de gergelim
Até que tava gotchoso
Mas eu prefiro aipim
Quantcha gente
E quantcha alegria
As minha felicidade
É um crediário nas
Casas Bahia
Quantcha gente (Oba!)
Quantcha alegria
As minha felicidade
É um crediário nas
Casas Bahia
Pra arriba!
Joinha, joinha,
chupetão, vamo lá!
Chuchuzinho, vamo lá
Onde é que entra, ein?
Esse tal Chopi Centis
É muithco legalzinho
Pra levar as namorada
(Vem cá, vem!)
E dar uns rolezinho
Quando eu estou no
trabalho
Não vejo a hora de
descer dos andaime
Pra pegar um cinema,
ver Schwarzeneger
Tombém o Van Diaime
Quantcha gente (Sai
daí!)
Quantcha alegria
A minha felicidade
É um crediário nas
Casas Bahia (Bem forte)
Quanta gente
Quantcha alegria
(Oba!)
A minha felicidade
É um crediário nas
Casas Bahia.”
CABEÇA DE BAGRE II.
Já Cabeça de Bagre
II, foi a que posso encerrar como a canção que compõe esse único álbum em
CD dos Mamonas Assassinas que mais ficou datada, por se tratar de uma música
onde Dinho também imprimiu um caráter bem intimista ao retratar como ele em sua
fase de estudante de ensino fundamental de escola pública, foi um aluno problemático
com notas sofríveis e deploráveis quando ficou em repetência da quinta série. Confesso que
essa foi uma das músicas que eu mais me identificava quando menino e ouvia constantemente este CD no antigo aparelho de som do quarto
dos meus pais. Já que na época eu também estava passando pela fase de repetência
na escola. Ela até que carrega uma atemporalidade, por se tratar de uma canção
que crítica bastante como funciona o sistema engessado do método de ensino público brasileiro e suas políticas
públicas, um problema que não mudou. Nesse
aspecto, que até que a canção envelheceu bem. Porém existem, umas parte que ficaram
bastante datadas, que talvez um jovem que não era nascido na época dessa época
talvez não pegue a referência. Como o
fato dele mencionar quando repetiu a Quinta Série do antigo Ensino Fundamental brasileiro,
que ainda era adotado dessa forma, mas que agora passou a equivaler ao Sexto
Ano do Ensino Fundamental. E fazendo alusão a recente conquista do tetra da seleção brasileira de futebol na Copa do
Mundo de 1994 nos EUA com uma modificação da grafia para “Tretacampeão”, que
longo que a seleção levou o Penta na Copa de 2002 poderia soar estranho. Como vocês podem conferir na letra abaixo:
“Loucura, insensatez,
estado inevitável
Embalagem de iogurte
inviolável
Fome, miséria,
incompreensão
O Brasil é
"tretacampeão"
Quando eu repeti a
quinta série, êh
Tirava E, D, de vez em
quando um C
Mais de dez minutos se
passaram-se
Cê, cê,
cê-cererê-cê-cê
A polícia é a justiça
de um mundo cão
Mês de agosto sempre
tem vacinação
Na política o futuro
de um país
Cala a boca e tira o
dedo do nariz
Quando eu repeti a
quinta série, êh
Tirava E, D, de vez em
quando um C
Mais de dez mil anos
se passaram-se
Cê, cê,
cê-cererê-cê-cê
Quando eu repeti a
quinta série, êh
Mais de dez mil anos
se passaram-se
É Mamona-na-nas
Mamona-na-nas,
Mamona-na-nas
Mamona-na-nas,
Mamona-na-nas
Mamona-na-nas
Assassina-na-nas
Quando eu repeti a
quinta série, êh
Tirava E, D, de vez em
quando um C
Mais de dez mil anos
se passaram-se
Cê, cê,
cê-cererê-cê-cê”
A estética da letra traz
muita referência a canção Cabeça Dinossauro dos Titãs.
De fato, muito desse
sucesso entre os jovens e as crianças pode se explicar o porque dos Mamonas
Assassinas tenham sido o grande fenômeno para a sua geração. Muito disso se
deve ao fato deles simbolizarem um pouco do que o jovem queria dizer num
ambiente chato e de falsa moralidade. Uma crítica a caretice da hipocrisia do mundo de então.
Pena que tenha durado
muito pouco, e acabou de forma trágica no acidente aéreo quando estavam dentro
de um voo particular na Serra da Cantareira para se preparem para uma turnê internacional.
Boa parte já estava esgotada das agendas de shows e queria descansar para o próximo
trabalho que infelizmente não viu a luz do dia.
Boa parte dos cinco
integrantes do conjunto quando faleceram eram todos muitos precoces, boa parte estavam na faixa de
idade dos 20 anos, e mal tiveram tempo de além de aproveitarem do sucesso, poderem constituírem família. O vocalista Dinho estava com 24 anos,
que se destacava pela característica de
fazer imitações e ele imprimia bem isso também nas canções quando modificava
algum timbre dependendo do refrão. Ele estava namorando com Valéria Zorpello, com quem
planejava casar. Já Júlio Rasec, o
tecladista, que era o mais velho dos integrantes, na época que morreu no
acidente estava com 28 anos, se destacava por sempre se apresentar com o cabelo
pintado de vermelho. Foi o único que dividiu com Dinho a autoria de algumas
composições e a fazer um dueto na faixa de Vira-Vira, onde representava a Maria
fazendo um tom de falsete. Muito se atribuiu a ele o tom profético do acidente,
já que na mesma época que era noticiado a morte do grupo, era veiculado o
registro do vídeo horas antes dele se
preparar para a última apresentação da banda em Brasília/DF, e partirem para a
turnê internacional em Portugal, quando
ele estava saindo de seu cabelereiro, que filmou a confissão de um sonho que
ele teve na noite anterior do acidente no avião sentindo uma premonição do acidente.
Pelo que se sabe, ele morreu solteiro, já que não havia aparecido nenhuma
mulher em público que se apresentou como sua namorada. Já Sérgio Reoli, o baterista
que deu origem a formação da banda estava com 26 anos quando foi morto no fatídico
acidente de avião. Ele também pelo que se sabe estava namorando na época. Já
Bento Hinoto, o guitarrista que conheceu Sérgio por intermédio de seu irmão,
que era colega dele numa empresa estava com 25 anos quando houve o acidente e
estava namorando e já tendo planos futuros, havia comprado um apartamento em construção e viver junto de sua
companheira, que foi interrompido pelo fatídico acidente aéreo. E por fim, Samuel
Reoli, o baixista do grupo e irmão baterista
Sérgio, era o caçulinha da banda, tinha
só 22 anos e pelo que parece, assim como Júlio Rasec, ele também morreu solteiro.
O que é muito triste.
¹Tirado do site
Letras.Mus.
https://www.letras.mus.br/blog/1406-analise-mamonas-assassinas/