quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

A PRIMEIRA ANIMAÇÃO DE O SENHOR DOS ANÉIS

 

Para quem está na expectativa da estreia da animação de O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirririm(The Lord of the Rings: The War of the Rohirrim, Japão, EUA, 2024) uma nova adaptação do famoso livro do britânico  John Ronald Reuel Tolkien ou como assinava abreviadamente J.R.R. Tolkien(1892-1973) nessa data de 2024 em que o famoso livro completou 70 anos de sua primeira publicação.




Sendo que  dessa vez  em forma de anime, já que será uma coprodução nipo-americana, cuja direção é do animador japonês Kenji Kamiyama.

Talvez não saibam que essa não é a primeira vez que a obra de Tolkien foi adaptada para animação.

Quase vinte anos antes de haver a monumental adaptação da  saga literária de Tolkien ganhar as telonas na trilogia de filmes lançadas nos anos 2000, produzidas pela New Line Cinemas e  dirigidas pelo neozelandês Peter Jackson que é formada por: A Sociedade do Anel(The Fellowship of the Ring, Nova Zelândia, EUA, 2001), As Duas Torres(The Two Towers, Nova Zelândia, EUA,  2002) e O Retorno do Rei(The Return f the King, Nova Zelândia, EUA, 2003).




          Houve uma primeira adaptação cinematográfica  de O Senhor dos Anéis feita por incrível que pareça  em animação.

Foi na animação O Senhor dos Anéis(The Lords of the Rings, EUA, 1978) dirigida por Ralph Baksh que caiu no esquecimento com o passar dos anos.




Eu lembro de ter tido contato a primeira vez com essa obra lá por volta de 2002, quando vi por mero acaso numa videolocadora esse filme disponível ainda em VHS. Peguei para locar por curiosidade e assim, confesso ter achado um tanto estranho, principalmente a qualidade da animação ser um  tanto sombria, principalmente as criaturas orcs que eram bem pavorosas e de aspecto medonho.

Lembravam bem o design de criaturas de filmes de terror.





Sobre essa animação que marcou o primeiro registro de adaptação cinematográfica de O Senhor dos Anéis, ela além de contar com a direção de Ralph Baksh que já era renomado nesse meio, isso porque antes ele havia lançado a animação de O Gato Frtiz(Frtiz The Cat, EUA, 1972) que é até hoje uma cultuada animação de temática adulta, se é que vocês me entendem de classificação inapropriada para menores de 18 anos pela sua estética bem fora do convencional.




A produção dessa primeira  versão animada de Senhor dos Anéis, também contou com o envolvimento de Saul Zaentz(1921-2014) como produtor-executivo, também contou com o envolvimento  dos roteiristas Chris Conkling e Peter S. Beagle que se encarregaram da função de serem os adaptadores do roteiro.

Assim como contou com o envolvimento dos músicos Leonard Rosenman(1924-2008) e Paul Kont(1920-2000) que se encarregaram de compor a trilha sonora do filme.




Do mesmo modo, há de mencionar o envolvimento de alguns renomados atores britânicos  que compuseram o  elenco das vozes originais que contou com John Hurt(1940-2017) que fez o Aragorn na animação, Anthony Daniels, expert em mimica que fez o androide C-3PO em todos filmes da franquia Star Wars(1977-2019), na animação deu voz ao Legolas.

E vale mencionar a participação no elenco  de André Morell(1909-1978), que na animação de Senhor dos Anéis fez o Elrond que marcou um dos seus últimos trabalhos em cinema, onde ainda deixou uma participação póstuma no filme O Primeiro Assalto de Trem(The First Great Train Robbery, Inglaterra, 1979).




Bom, a ideia de Baksh de fazer uma adaptação do cultuado livro de Tolkien, de quem ele assumidamente era muito fã e conseguiu adquirir os direitos de adaptação pouco tempo depois do  falecimento do autor  e procurando manter-se fiel cem por cento ao livro não seria uma tarefa das mais fáceis.




Ainda mais  porque o maior desafio seria tentar condensar os três livros em um filme só  que podiam carregar uma duração longa de tempo a ponto de ficarem entediantes e chatos  demais para se assistirem.





Foi pensando nisso que seguindo  a sugestão de sua produtora, Baksh condensou os dois livros: Sociedade do Anel e As Duas Torres  em  um único filme  e exploraria a conclusão do Retorno do Rei no filme seguinte que acabou não sendo lançado em virtude da animação  ter dividido as opiniões da crítica da época.

Apesar do filme ter sido um sucesso financeiro, ele foi recebido de forma mista pela crítica especializada e nenhuma sequência foi produzida para contar o restante da história.” (Fonte: Wikipédia).

Num comparativo ao trabalho que Jackson desenvolveu vinte anos depois ao adaptar cada um dos três livros numa franquia cinematográfica onde ele soube como bem desenvolver os arcos narrativos dramáticos dos leques de personagens que foram aparecendo ao longo da história e trabalhar a construção de suas personalidades com calma e dando tempo e respiro para os espectadores poderem  imergir ao universo da Terra-Média para acompanhar a jornada de Frodo  e companhia contra as forças de Sauron e do poderoso anel.





Com os melhores recursos disponíveis de efeitos especiais em CGI.   E explorando a muita contemplatividade panorâmica das montanhas que foram gravadas em locações da Nova Zelândia, terra natal do diretor Peter Jackson e saber como compreender as sutilezas complexas das mensagens filosóficas do texto de Tolkien que abordava sobre teologia, existencialismo entre outros conceitos filosóficos.

 Já nessa animação de Baksh, a coisa não foi muito bem trabalhada dessa forma.

O fato dele condensar dois livros num filme só, fez com que o andar da narrativa  em suas 2 horas e 12 minutos de duração soasse muito apressado e um tanto mastigado para conseguir absorver o cunho filosófico da obra a ponto de ficar raso.





Junte isso  a alguns cortes secos entre uma transição para outra, terminaram deixando a compreensão da narrativa confusa, e por deixar um final aberto já que Bakshi não produziu o filme do Retorno do Rei. O entendimento ficou inconcluso.

No entanto, há de destacar que a maior virtude que a obra apresentou foi quanto ao traço da animação que Baksh se utilizou da técnica da rotoscopia.

A rotoscopia é uma técnica de animação que consiste em desenhar sobre uma filmagem real, quadro a quadro, para criar personagens e objetos que se movem de forma realista.” (Informação gerada por IA-Inteligência Artificial numa pesquisa do Google).




O uso disso na animação criou uma brilhante aura psicodélica de movimentações fluidas, e com as paletas  de cores que variavam entre as mais quentes e saturadas nas cenas das florestas e mais densamente frias dos Orcs.

No entanto, há momentos onde nos deparamos com um ar de estranheza na animação, principalmente quando aparece os rostos reais de atores que cria uma sensação estranha, fora que o design dos olhos vermelhos dos orcs é de arrepiar.




Ainda assim, foi da referência dessa animação que Peter Jackson que já havia assistido antes e  quando este  dirigiu décadas depois a monumental trilogia de filmes usou para replicar algumas cenas que não existiam no livro, ou seja, recriou as licenças poéticas que Bakshi havia criado nessa animação. Exemplo: A cena dos orcs tentando matar os hobbits enfiando a espada enquanto eles estavam deitados  na cama dormindo, esse é um dos exemplos de cenas que não existiam nos livros que foi especialmente criado pelo diretor.

Enfim, posso concluir a respeito  dessa primeira adaptação cinematográfica de O Senhor dos Anéis, que ela não é perfeita, apresenta lá seus defeitos envolvendo  problemas em relação justamente a estrutura do roteiro que é muito apressado, e por não apresentar uma conclusão porque como  não foi produzida  a adaptação animada  de O Retorno do Rei, para poder fechar a história  isso gerou um enorme  vácuo deixando o final em aberto.

 Ainda mais por condensar dois livros em um único filme onde nisso termina se perdendo muita coisa da mensagem filosófica que o livro de Tolkien apresenta, mas em compensação no quesito do design da animação soube bem como criar um típico escapismo de fantasia que o torna incrível.

A nível de curiosidade vale a pena dá uma conferida, com uma ressalva de que apesar de ser animação ela tem uma classificação 12 anos, que não recomendo vocês assistirem acompanhado dos seus filhos pequenos.

Ainda mais pelo clima sombrio da  estética da animação, principalmente pela caracterização grotesca e pavorosa dos orcs, isso pode ser assustador. Portanto, sejam  cuidadosos.

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