No dia 09 de Junho de 2017,
o ilustre e celebre historiador britânico Eric John Ernest Hobsbawm, ou
simplesmente Eric Hobsbawm considerado uma unanimidade acadêmica como o mais
importante historiador do século XX estaria completando 100 anos. Também aproveito
para fazer minha análise critica sobre a recente leitura que fiz de uma de suas
obras literárias Bandidos.
Nascido em Alexandria,
famosa cidade histórica do Egito, que naquela época de 1917 ainda sob dominação
britânica. Hobsbawn era filho de pai britânico Leopold Percy Hobsbaum cujo
sobrenome era escrito originalmente com u no final, mas por causa de um erro na
escrituração ao ser registrado no cartório
acabou adquirido um w no lugar do u com mãe austríaca sendo ambos em
comum de descendência judaica. Passou parte de sua infância e juventude vivendo
entre a Áustria e Alemanha. Foi no começo da sua juventude que Hobsbawnn
vivenciou uma situação familiar trágica, primeiro perde o pai aos 12 anos,
morto em 1929, e pouco tempo depois perderia a mãe em 1931, então com 14 anos.
Com a morte desses Hobsbawn passou a ser criado sob a tutela de seu tio paterno
Sidney. Ao mesmo tempo em que resolveu aderir ao Partido Comunista que
influenciaria no seu segmento acadêmico como intelectual marxista. Em 1933, no
caótico cenário politico da Alemanha Hitlerista, Hobsbawn resolve se mudar para
a Inglaterra. Foi lá que passou por dois diferentes casamentos, primeiro foi
com Muriel Seamen em 1943, com quem se divorciou em 1951. Mas foi com Marelene
Schwarz sua companheira pelo resto da vida por quem teve dois filhos Júlia e Andy. O seu primeiro passo no
mundo acadêmico aconteceram em 1947, quando estudou no King´s College de
Cambridge, de onde depois de formado se tornou reitor. Chegando a lecionar em conceituadas
universidades americanas, como em Stanford, Massachussetts e Comel. Seu
primeiro livro publicado foi "Rebeldes Primitivos" em 1959. Depois
publicou umas infinidades de obras dentre estas obra há quatro com “Era” no
titulo: A Era das Revoluções com
enforque na Revolução Francesa ocorrida em 1789 até Revolução Industrial na
Inglaterra do século 19, A Era do Capital
com enfoque na Primavera dos Povos ocorrido em 1848 até a Grande Depressão em
1875 não confundir com a Grande Depressão ocorrida após a Queda da Bolsa de
Nova York em 1929, A Era dos Impérios
com enfoque nas grandes potencias colonialistas europeias entre os anos de 1875-1914 e por fim A Era dos Extremo-o Breve Século XX, com enfoque na Primeira Guerra
Mundial que teve inicio em 1914 até
chegar a ruptura do império comunista na
União Soviética em 1991. Falecido em 2012, aos 95 anos, vitima de uma
pneumonia. Hobsbawm, publicou além dessas citadas, outras obras de cunho acadêmico histórico que foram:
Sobre História, Globalização, Democracia e Terrorismo, Da
Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo, História
Social do Jazz, Pessoas
Extraordinárias: Resistência, Rebelião e Jazz, Nações e Nacionalismo desde 1780,Tempos
Interessantes(autobiografia),Os Trabalhadores: Estudos Sobre a História do
Operariado, Mundos do Trabalho: Novos Estudos Sobre a História Operária, Revolucionários:
Ensaios Contemporâneos, Estratégias para uma Esquerda Racional, Ecos da Marselhesa : dois séculos revêem
a Revolução Francesa, As Origens
da Revolução Industrial e Bandidos, obra da qual vou fazer
aqui minha análise.
Publicado originalmente na
Inglaterra em 1969, Bandidos, como
bem consta no texto do prefácio escrito pelo próprio autor em Junho de 1999, para
uma nova publicação inglesa do livro
lançada em 2000 nesta edição da
Editora Paz & Terra, Rio de Janeiro/São Paulo,2015. Esta obra apresenta uma forte abordagem de forma sucinta
e objetiva para o leitor o enfoque no fenômeno social de seres marginalizados
pela alta classe elitista, foras da lei, delinquentes despertarem tanta paixão pelos
seus supostos atos de bravura contra a opressão dos poderosos burgueses que os tornam nem tão malvados, nem tão
bonzinhos, ao mesmo tendo sendo temidos pela maneira brutal como saqueavam e
matavam pessoas inocentes. Mas tipos, heróis, ou melhor, dizendo anti-heróis
acima do bem e do mal. Uma análise de estudo bem profunda sobre este assunto. Principalmente
quando suas proezas se tornam exaltadas pela arte com os versos poéticos, e as
representações artísticas que fazem se tornarem celebridades cultuadas como se
fossem artistas de cinema. No livro é mencionado exemplos diversos nomes de
lideres de bandos em diferentes países das mais diferentes épocas que praticavam
o delitos contra os ricos em favor do povo oprimido que a partir dai deu a
origem a denominação da corrente acadêmica do banditismo social. No livro
são exemplificados desde o famoso e lendário Robin Hood, mítico
arqueiro da Inglaterra Medieval, o brasileiro Virgulino Ferreira da Silva,
vulgo Lampião(1898-1938), ilustre figura folclórica do cangaço, um movimento originado
no Nordeste muito antes dele nascer, os primeiros registros datam do século 18, surgidos como bandos armados
contra a opressão da miséria em consequência da seca, e da violência do
autoritarismo dos coronéis, eles passaram a se denominarem de cangaceiros em
referencias a canga, “peça de madeira colocada sobre o pescoço dos bois de
carga. Assim como o gado, os bandoleiros carregavam os pertences nos ombros.”
Um
dos precursores deste movimento nesta ocasião foi José Gomes, o malvado
Cabeleira, cruel e sanguinário apavorou todas as terras pernambucanas por volta
de 1775. Depois deste veio o potiguar Jesuíno Alves de Melo Calado, mais
conhecido pelo codinome de Jesuíno Brilhante(1844-1879), este pode-se assim
dizer foi o responsável por originar a famosa lenda do cangaço ser um movimento
de banditismo social, já que ele distribuía aos pobres os alimentos saqueados
dos comboios do governo. Depois deste teve o pernambucano Antônio
Silvino(1875-1944), mais conhecido pelo codinome de Rifle de Ouro, o primeiro a
ser denominado de Rei do Cangaço, antes de Lampião. Este teve como uma de suas
façanhas, arrancar os trilhos, perseguir engenheiros e sequestrar funcionários
da Great Western. Empresa inglesa responsável pela construção da ferrovia no
interior da Paraíba. Já o Lampião mesmo, melhor dizendo Virgulino Ferreira da
Silva seu nome real de batismo só entraria neste movimento a partir de 1920.
Sobre como era o modo de vida deste antes de entrar no cangaço, e virar o
idolatrado Lampião sabe-se pouco. Além dele, também é mencionado o mexicano
Pancho Villa(1878-1923) um general que comandou a Revolução Mexicana. É também
mencionado os haiduks, bandoleiros que assaltavam as regiões dos países
balcânicos. Louis-Dominique Cartouche(1693-1721) o mais famoso bandoleiro da
França no século 18, Johannes Büclker(1778-1803) bandoleiro da Alemanha,
Romanetti(1884-1926) da Itália do começo do século 20, o romantizado bandoleiro
inglês John Haynes Williams(1836-1908), Wu Sung e Chien Chen da China do século
XII, Kamo”(1882-1922) da Rússia entre outros exemplos mencionados, como o
cowboy fora da lei do Velho Oeste americano Jesse James entre outros exemplos. Bandidos trata-se de um excelente livro
com cunho de estudo de importante análise social desse fenômeno de serem
marginais inspirarem tanta admiração por serem vistos como revolucionários
contra a opressão, que roubavam em nome do social ao mesmo temidos pela
crueldade. Que fique muito claro, no livro, o autor não teve a intenção de ao descrever sobre as ações dos bandoleiros,
é querer santificá-los como heróis, nem muito menos demonizá-los mas sim
apenas analisar o contexto em cada um surgiu, quais motivações eles tiveram
para atuarem no mundo criminoso, o porque deles serem idolatrados como heróis
na cultura popular , o porque deles inspirarem medos por suas atitudes cruéis entre
outros fatores que é preciso ler o livro com a cabeça sem nenhum mal
julgamento.
Bandidos trata-se de um
excelente livro de Hobsbawm para compreendermos o fenômeno
social-cultural e antropológico de como
o ser humano dependendo do lar em que convive pode entrar no caminho perigoso
da criminalidade. Um ótimo livro que
recomendo para historiadores, sociólogos, antropólogos, psiquiatras, advogados
entre outros estudiosos fazerem suas leituras e tirarem suas próprias
conclusões.
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