A FRASE DO PRESIDENTE BRASILEIRO
NUM QUADRINHO JAPONÊS.
Eu
nunca tinha lido uma obra impressa do desenhista
japonês Osamu Tezuka(1928-1989), grande autor de mangás, quadrinhos japoneses,
o mangaká que é considerado pelos otakus como o “Pai do Mangá Moderno”
ou mesmo na divinização de “Deus do Mangá”, que pessoalmente
acho um exagero de glorificação se me
desculpem a franqueza, não querendo parecer um blasfemador. Mas enfim, as
referências vagas que eu já conhecia
sobre as obras do Tezuka foi vagamente vendo a série animada de Kimba-O Leão Branco.
Recentemente,
uma obra dele que ganhou uma republicação no Brasil pela Editora Pipoca &
Nanquim, e me despertou o interesse de leitura, esta obra em questão trata-se
de Recado a Adolf (Adolf Ni Tsugu), minissérie que já
havia sido publicada antes no Brasil pela Editora Conrad dividida em cinco
volumes com o título apenas de Adolf entre o período de Abril de
2006 a Janeiro de 2007.
Essa
obra que originalmente foi publicada no Japão pela Editora Kodansha entre os
anos de 1983-1985, onde desta vez, na edição do Pipoca & Nanquim foi compilado
em dois volumes bem grossos e num trabalho caprichado de capa.
Uma
das razões que me despertaram o interesse pela leitura dessa obra, envolve,
principalmente por se tratar de uma temática muito delicada que é sobre o contexto histórico do nazismo durante a Segunda Guerra Mundial, onde
o próprio autor traz essa abordagem com uma grande propriedade e de forma
bastante intimista, já que vivenciou aquele período do Japão estava aliado aos
nazistas e teve seu território arrasado pelas bombas atômicas em Hiroshima e
Nagasaki em 1945. Além desse fator, outro
real motivo mesmo que me despertou o interesse pelo mangá de Recado
a Adolf, é que nessa nova
publicação brasileira, o Conselho Editorial do Pipoca & Nanquim teve a grande ousadia de incluir no balão do
diálogo da cena de um ex-oficial nazista
em pleno leito de morte a frase do fascista, execrável, nojento, vil, bronco, energúmeno,
ignorante e intolerante do nosso atual Presidente da República Bozo, falada
publicamente durante o começo da
pandemia do coronavírus, que não existia na primeira versão brasileira traduzida pela Conrad nos anos 2000, e que nem
o próprio Tezuka já falecido havia
incluído quando a publicou originalmente no Japão na década de 1980.
Nessa
obra que trata-se de uma ficção
histórica com toques de espionagem e policial, conta a história “da vida de três Adolfs. O primeiro deles
é filho de um oficial nazista do consulado da Alemanha no Japão. O outro é um
japonês filho de imigrantes judeus. E o terceiro é... Adolf Hitler. Três
pessoas completamente distintas, com apenas o nome em comum, cujos destinos
estão entrelaçados com o de um repórter japonês chamado Souhei Touge, detentor
de um valioso documento que guarda um grave segredo sobre Hitler. Um segredo
que, se revelado, colocará fim à marcha dos nazistas e destruirá o pior Adolf
que o mundo já conheceu”*. O
jornalista japonês Shouhei Touge é apresentado fazendo cobertura dos Jogos Olímpicos de
Berlim em 1936, em pleno período da ditadura totalitarista do Governo Hitlerista. E será o narrador da
obra. Depois de um tragédia ocorre na sua família enquanto ele estava
trabalhando na Alemanha.
A
repercussão da colocação dessa frase do nosso presidente num personagem com
ideias nazistas gerou uma polêmica das grandes nas redes sociais,
principalmente da parte de apoiadores bolsonaristas gerando um forte desagrado.
O que tem me deixado bastante indignado.
É impressionante como tem gente que não abre o olho para as ideias
autoritárias desse canalha do Bozo.
Mas ninguém
quer abrir os olhos para as posturas autoritárias e intolerantes que este
sujeito prega é ainda mais revoltante e pior o ovacionam como mito. Um povo que
sofreu mesmo uma lavagem cerebral desse negacionista e terraplanista. De um
sujeito cuja trajetória política sempre foi bastante obscura, aposto como boa
parte dos que votaram nele sequer conheciam o trabalho que ele desenvolvia,
visto que nos longos 20 anos de atuação parlamentar dele, nunca desenvolveu,
nem sequer aprovou projetos e emendas relevantes nos longos mandatos que já
teve e fora as legendas que ele já disputou
que eram pífias. A popularidade pública dele só começou a mostrar proporção que tomou quando ele virou o porta-voz
de grupos da direita conservadora, ligados a ala evangélica que eram contra a
união LGBT+ e passou a perseguir o sistema o pedagógico de ensino acusando de assédio
ideológico, material pornográfico entre outras coisas.
Ele já
vem adotando umas posturas de censura, como tentou proibir a veiculação de uma charge do Aroeira
que mostrava ele ao lado da suástica nazista ou mesmo tentar calar de uma atleta
do vôlei contra ele. No tempo que eu ainda estudava na antiga oitava série do
ensino fundamental no Colégio Objetivo, isto lá em 2002, numa aula de história
sobre a ditadura militar no Brasil, meu professor Edilberto durante a
explicação de como ele foi bastante repressor e não permitia a liberdade de
expressão dos meio de comunicação para exemplificar melhor, usou o exemplo do
humor da trupe do Casseta & Planeta
que ainda se apresentava na televisão naquela época, nas noites
de terça-feira na Rede Globo de Televisão. Com aquele estilo de humor sarcástico, ácido, debochado,
transgressor onde eles faziam paródias tirando sarro da politica não perdoando
ninguém, seguindo a cartilha desde a época que eles começavam a fazer humor
impresso em forma de fanzines da Casseta
Popular e no Planeta Diário do
Humorismo Verdade, Jornalismo Mentira.
Hoje em
dia com este governo fascista desse Bozo então, aquela forma de humor que eles
faziam na TV seria impossível de ser feito.
Enfim, talvez
se não fosse por esta repercussão, provavelmente eu não me interessaria pela
leitura do mangá de Recado a Adolf.
Depois que
ler vou tirar minhas próprias conclusões.
*Texto
extraído da resenha do mangá do site da
Amazon.
https://www.amazon.com.br/Recado-Adolf-Vol-1-2/dp/6586672228
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