sábado, 25 de dezembro de 2021

30 ANOS DO FIM DA UNIÃO SOVIÉTICA

 

30 ANOS DO FIM DA UNIÃO SOVIÉTICA

 

A data do dia 25 de Dezembro de 1991, não seria marcado apenas como um dia comum de comemoração do Natal, naquele exato momento acontecia algo muito importante que marcaria para sempre aquele histórico dia natalino para o mundo inteiro, além não ser só apenas marcado como uma data típica de festa natalina, de reunião em família ou mesmo de entrega de presentes, situação muito comum numa data de celebração cristã que lembra o nascimento do Menino Jesus, aquele Natal de 1991, ficou  marcado e testemunhado por muita gente por uma situação bastante atípica, isso porque foi exatamente nessa data que o então Presidente da enfraquecida União Soviética, Mikhail Gorbachev, anunciava pela televisão para todo mundo do planeta ver e ouvir o seu discurso de renúncia, discursando rapidamente com duração de menos de 12 minutos, sem transparecer amargura, comentou o seu não arrependimento pela criação da Glasnot(Transparência) e da Perestroika(Reconstrução), dois planos de aberturas do governo soviético que tinham como objetivo criar a liberdade econômica e política para o pais, planos que acabaram se mostrando desastrosos, ocasionando um enfraquecimento ainda maior do sistema comunista no pais, que ficou ainda mais fraco depois da Queda do Muro de Berlim em 1989, naquele momento Gorbachev também comentou as razões do seu discurso de renúncia, o seu argumento usado por ele foi o seguinte: “Diante da criação da Comunidade de Estados Independentes que substituiu o espaço geopolítico da União Soviética, ele não tinha outra alternativa a não ser renunciar.”(Trecho da cobertura de reportagem de Pedro Bial para a Rede Globo em 25/12/1991.)

 


 

 

 

 

 INTRODUÇÃO

Naquele mesmo dia assumia o poder na nova Rússia, Boris Yeltsin(1931-2007), aquele momento marcaria para sempre o fim de um longo ciclo, de um potente governo comunista ateu, que era o único capaz de  enfrentar em pé de igualdade com um pais capitalista protestante, os Estados Unidos, marcada por uma guerra que nunca chegou a ocorrer derramamento de sangue de fato, mas que tinha objetivos econômicos, políticos, militares e principalmente no que dizia respeito ao investimento nas corridas espaciais, onde nesse quesito os russos foram os pioneiros em mandarem para o primeiro homem ao espaço, um camponês chamado Yuri Gagarin(1934-1968). 



O seu povo naquele momento reagia com muita frieza, isso porque ele era visto como um grande vilão, com altos índices de rejeição e baixa popularidade, ao mesmo tempo que era odiado pelo seu próprio povo, ele também era admirado no mundo inteiro “por ter interrompido a Guerra Fria, e por ter afastado a hipótese de uma Guerra Nuclear”(Trecho de reportagem de Pedro Bial para a Rede Globo no dia 25/12/1991).






        Foi dessa maneira discreta, que saia de cena o último líder soviético, de uma nação que no começo do século XX, foi a grande responsável por uma das maiores revoluções proletárias responsável por destroçar do poder em 1917, o último líder czar da Rússia, Nicolau II, tirando a vida dele e toda sua família, formada por sua esposa Alexandra, e os cinco filhos: as Princesas Maria, Anastásia, Olga, Tatiana e o Pequeno Príncipe Alexei, ou seja, essa revolução foi a grande responsável pela dizimação da Dinastia dos Romanov em 1918, a última família monárquica do extinto império czarista, o fim do longo ciclo do Império Czarista, que já teve como principais líderes, homens tiranos como Ivan, O Terrível e também homens competentes como Alexandre I, responsável pela ideia de defender a Rússia da invasão das tropas de Napoleão Bonaparte(1769-1821), usando da estratégia climática, e também armando uma armadilha inusitada, que foi pedir para o seu povo destruir todas as suas casas, queimar tudo, para na hora das tropas napoleônicas chegarem ficarem surpresos com a falta de resistência, e ficando todos enfraquecidos pela neve, esfomeados e mortos de frio e fome, foi dessa maneira que Napoleão Bonaparte, o maior general e  líder político da França Pós-Revolução de 1789, que do mesmo modo como aconteceu na Rússia em 1917, essa revolução francesa inspirada nos ideais iluministas de Voltaire, Montesquieu e Diderot, foi a grande responsável por destroçar uma monarquia, cujo rei Luís XVI, e sua esposa Maria Antonieta foram degolados pela guilhotina, a mesma também responsável posteriormente por degolar a cabeça dos líderes-ícones do movimento: Danton e Robespierre, foi derrotado. Esse importante episódio da resistência russa contra as tropas de Napoleão Bonaparte, inspirou uma bela obra-prima do maestro Piotr Ilitch Tchaikovsky(1840-1893), com a sua Abertura 1812, que em alguns momentos há sons que reproduzem os tiros dos soldados russos as tropas de Napoleão. Foi por esse mesmo climático o grande responsável por enfraquecer as tropas alemãs nazistas na Segunda Guerra Mundial.





        Aquele dia histórico do Natal de 1991, marcaria para sempre o fim do ciclo do Império Comunista, liderado por Lenin, em 1917 inspirados nos ideais comunistas do filosofo alemão Karl Marx(1818-1883) em favor da classe operária, e que a partir de 1922 passaria a se chamar de União das Repúblicas Socialistas Soviéticas ou também pela sigla URSS, que no alfabeto cirílico é CCCP ( nome Soviético é originado dos sovietes, no original cobét, que como se denominava os Conselhos Operários, colegiados deliberativos, constituído por operários ou membros da classe trabalhadora que regulam e organizam a produção material de um determinado território, ou mesmo indústria). Este termo é comumente usados para descrever trabalhadores governando a si mesmo, sem patrões, em regime de autogestão.

 

FASES DO GOVERNO SOVIÉTICO



Nos 74 anos de Governo Comunista Soviético, a Rússia fez uma imensa expansão de seus blocos políticos, inspirado nos ideias marxistas,  passou pela Segunda Guerra Mundial, invadida pelos alemães nazistas durante o regime de Josef Stalin(1879-1953), passou pela fase de Nikita Kruschev(1894-1971), Leonid Brejnev(1906-1982) até finalizar com Mikhail Gorbachev, naquele mesmo dia que Gorbachev anunciava sua renúncia para TV Russa, aconteceu também de muitas televisões de todas as partes do planeta mostrar uma imagem que deixou todo muito perplexos ao observarem “ no mastro principal do Kremlin, em Moscou a bandeira soviética era recolhida pela última vez e substituída pela bandeira russa”(Fonte: Revista História Viva. Ed.Duetto. Dez/2011. Texto: Diogo Carvalho.)




Aquele momento foi o grande responsável por simbolizar o fim total dessa nação, onde a tradicional bandeira vermelha com a foice e o martelo, símbolos da luta proletária, e com uma estrela dourada em cima, era retirado do mastro pela última vez, e foi retirado de uma maneira a deixando completamente no esquecimento, sem direito a hino, sem direito a cerimônia, sem direito a discurso, e muito menos sem direito a uma homenagem, e dessa maneira também discreta como aconteceu a retirada daquele símbolo do comunismo, que já representou medo e ao mesmo tempo admiração, a partir daquele momento, aquela bandeira da que foi símbolo da maior nação potente do mundo, que já foi vista como símbolo do “Império do Mal”, ou mesmo símbolo de idolatria e admiração nas lutas sindicais, seria apenas objeto de museu, naquele dia essa antiga bandeira seria trocada pela bandeira branca, azul e vermelha da atual nação russa.

 

INFLUENCIA CINEMATOGRÁFICAS: DA ARTE DE VANGARDA DA DÉCADA DE 1920, PASSANDO DO CINEMA SATIRICO DA DÉCADA DE 1980 ATÉ AS INFLUENCIAS HOLLYWOODIANAS.

Durante aqueles primeiros anos de Governo Comunista Soviético, a Rússia vivia um momento áureo na arte de vanguarda com os cinemas de Serguei Eisenstein(1898-1948), Dziga Vertov(1896-1954), Lev Kuleshov(1899-1970), Vsevolod Pudovkin(1893-1953) e Aleksandr Medvedkin(1900-1989), entre todos estes Eisenstein foi o principal responsável por propagandear os ideais do regime soviético, inclusive ele até chegou a produzir um filme sobre a história da Revolução Russa no filme Outubro(Oktabyr, URSS,1927), mas o filme de maior referência desse diretor é O Encouraçado Potemki (Bronesnosets Potyokim, URSS, 1925), retratando outro evento histórico importante no pais que foi a revolta dos marinheiros do Potemki, por maus tratos e péssima qualidade de alimentação e higiene, esse episódio ocorreu no ano de 1905, quando o pais era regido pelo Czar Nicolau II, mas durante o regime totalitário stalinista a arte do cinema soviético foi perdendo um pouco rumo em decorrência da censura imposta pelo governo, só depois que Stalin morreu foi que a arte cinematográfica pode aos poucos retomar uma certa liberdade maior de expressão, ocorrida principalmente a partir da década de 1980 com filmes críticos satirizando o momento em que a já enfraquecida União Soviética estava passando, como por exemplo: Kin-Dza-Dza(URSS, 1986) do diretor Georgi Danelyia(1930-2019), o enredo do filme conta a história de” dois cidadãos soviéticos, Vladimir Nikolaevich e o músico Gedevan, são tele transportados para o Planeta Plyuk, na galáxia de Kin-Dza-Dza, onde a posição social dos habitantes é definida pela cor da calça que usam. Os Pliyukianos vivem em condições paupérrimas, e tudo é escasso no planeta, o que é explicitado pela paisagem desértica na qual a narrativa é ambientada. O caráter crítico da obra salta aos olhos: a situação do planeta Plyuk é uma referência direta a incapacidade soviética em suprir as necessidades básicas de sua população na época devido á oferta insuficiente de bens de consumo não duráveis. Por isso, grande parte do enredo do filme gira em torno da disputa por palitos de fósforo, artigos considerados pelos nativos do planeta uma espécie de moeda em um contexto de escassez. Diante desse panorama, os personagens soviéticos tem sorte, pois um deles, Nikolaevich, que é fumante, tem muitas caixas de fósforos. Os palitos lhes permitem comprar dos extraterrestres um aparelho que os manda de volta à Terra. Em nenhum momento do filme os habitantes do Planeta Plyuk oferecem a Nikolaevich e Gedevan a oportunidade de voltar de graça. Na maioria das vezes em que tentam negociar a compra da passagem de volta, a dupla não conta sequer com a boa vontade dos plyukianos. Muito pelo contrário: os soviéticos são roubados em diversas negociações. O comportamento dos extraterrestres no filme é uma clara alusão a burocracia soviética. Na década de 1980, diante da escassez gerada pela baixa produtividade da indústria leve do pais, os funcionários do Estado criaram um mercado negro de produtos negociados por meio de suborno, propinas e outras práticas ilegais.”(Fonte: Revista História Viva. Editora Duetto. Texto: Diogo Carvalho.Ed. Dez/2011)







 

          Essa história de filmes críticos sobre o sistema político comunista soviético, já serviu de inspiração principalmente no auge da Guerra Fria aos cinemas hollywoodianos produzirem um monte de filmes que faziam críticas tanto diretas quanto indiretas ao sistema totalitário soviético, não tem como esquecer as mais diferentes imagens de como os americanos já retrataram os russos das mais diferentes maneiras como seus bandidos, seus lobos-maus, seja de forma direta desde a imagem atraente  sensual da espiã da KGB, Major Anya Amasova/Agente TriploX(Barbara Bach) no filme 007-O Espião que me Amava(1977), um dos filmes da franquia do sedutor agente britânico, o único que tem licença para matar o “Bond, James Bond”, que também já passou pela figura carrancuda  e mal encarada do gigante boxeador Ivan Drago(Dolphen Lundgren), adversário de Rock Balboa no filme Rock IV(EUA, 1985), dos soldados malvados matando civis na Tailândia, Vietnam e Afeganistão nos filmes Rambo II-A Missão(Rambo: First Blood Part II, EUA,1985) e Rambo III(EUA, 1988). 









Passando pelos tipos bizarros, com fantasias ridículas nas histórias em quadrinhos como o Ômega Vermelho nos quadrinhos dos X-men, ao Camaleão do Homem-Aranha, ou até mesmo indiretamente como no filme O Dia em que a Terra Parou(1951), um clássico filme da ficção científica do diretor Robert Wise(1914-2005), que em 2008 ganhou uma refilmagem dirigida por Scott Derrickson, contando a história do pânico da população de Washington DC, quando uma nave extraterrestre aterrissa, trazendo o alienígena Kaatu e seu companheiro robótico chamado Gort, uma crítica indireta ao momento em que a sociedade americana vivia o pavor das perseguições marcathistas, contra os comunistas dentro do território americano, a crítica ao sistema totalitarista soviético também serviu de inspiração para que um dos maiores autores do século XX, George Orwell(1903-1950) publicasse  os romances A Revolução dos Bichos em 1945, cuja história se ambientava numa fazenda onde os animais se revoltam com o dono e começa uma nova hierarquia do porco e isso se inicia outro sistema ditatorial,  e 1984, uma publicação de 1949, último livro do autor,  cuja obra-de-ficção se ambientava num distante ano de 1984, onde essa obra futurista mostrava o protagonista Winston, vivendo amarguradamente numa fictícia ilha da Oceania, vivendo uma vida de prisioneiro e escravo nesse lugar junto com outros companheiros sobre um regime opressor, que fiscaliza de maneira indireta através das tele telas, que eram telões, como se fossem telas de cinema, que era o único meio que eles tinham de contato com o seu líder, denominado de Grande Irmão. o Grande Irmão( era uma clara alusão ao líder tirânico Josef Stalin) funcionava ali como uma espécie de o olho que tudo vê, ficava espionando e fiscalizando cada passo que os habitantes desse lugar, principalmente os subversivos, como Winston, faziam, principalmente se tentavam planejar algum plano de conspiração contra o governo, esse “Grande Irmão” do romance de Orwell, foi a inspiração para o surgimento do famoso reality show vendido para o mundo inteiro, o Big Brother, a ideia dele segue praticamente todo o conceito do livro de Orwell, isso porque os participantes formados por pessoas que nunca tinham se visto antes, eram desconhecidas umas das outras participam de um jogo que testam todos os limites de suas convivências, dentro dessa casa eles não tem nenhum contato com o mundo exterior, assim como no livro de Orwell, e assim como no livro de Orwell, em que o único meio de contato dos habitantes da Oceania era através do Grande Irmão que aparecia na tele tela, a mesma coisa também acontece aos que participam deste jogo, pois o único meio contato que eles tem com o mundo exterior é através do apresentador da atração, que no caso era  Pedro Bial, que aparece para eles numa tela de Tv de plasma. 







Um dos pontos mais interessante do livro de Orwell é o lema do partido, que faz uma clara alusão a prática de mão-de-ferro do sistema totalitário do Partido Comunista Soviético:

 

 

“Guerra é paz,

Liberdade e escravidão,

Ignorância é força.”

Além do cinema e  da literatura, até mesmo os quadrinhos do selo da Marvel Comics aproveitaram deste momento para tirar uma casquinha. Um exemplo acima é o Camaleão, que se trata do codinome de  Dmitri Smerdyakov, um habilidoso terrorista,  mestre dos disfarces, nome bem apropriado que surgiu na revista do Homem-Aranha a partir de 1963. Ele é meio-irmão de Sergei Kravinoff, o Kraven-Caçador, também representação caricata dos russos.

      Outro exemplo de representação grotesca estereotipada dos russos durante a Guerra Fria.











AS POLICIAS SECRETAS DA TCHEKA PASSANDO PARA A NKVD ATÉ CHEGAR A TEMIDA KGB.

Foi durante os longos anos do ciclo da Guerra Fria, que o Ocidente capitalista tinha um imenso temor ao ouvir falar da temida KGB, sigla russa em alfabeto cirílico do Komitet Gosudarstvennoi Bezopasnosti(Comitê de Segurança de Estado), a KGB tem raízes na Tcheka( primeira polícia secreta do governo comunista russo surgida na Revolução de 1917) e da NKVD(Comissariado do povo para assuntos internos).





A KGB nasceu depois do fim da Segunda Guerra Mundial, era temida por ser a agencia que mandava muitos espiões se infiltrarem em diferentes meios políticos dos mais diferentes países do mundo, ouvindo conversas ultrassecretas para assim colherem muitas informações sigilosas, existe uma lenda a respeito da KGB, mandava executar qualquer opositores do governo com cartas cheias de um pó venenoso mortal, verdade ou não pode-se dizer que de tudo o que fosse relacionado as práticas da KGB e ao governo comunista soviético foram capazes de fazer as atitudes mais desumanas para eliminar opositores do governo, até mesmo mandarem para trabalhar nas Gulags, campos de concentração de trabalhos para presos políticos e criminosos, que chegavam a morrerem com tamanha exaustão por serem mau-alimentados, morrerem de frio, e sem condições de higiene alguma. As gulags começaram a funcionar em 1918, e duraram até 1956, não existe uma estatística concreta de quantas pessoas tenham morrido nessas gulags, os poucos “dados de quantos soviéticos morreram no gulag 1 053 829 pessoas entre 1934 e 1953, excluindo mortos em colônias de trabalho”(FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gulag.)



RELAÇÃO CONFLITUOSA COM A CHECHÊNIA.




Passados três décadas depois do fim do regime soviético, a Rússia de hoje não viveu uma forte evolução política e nem muito menos econômica, nos primeiros anos depois da dissolução da URSS, a Rússia, assim como a maioria dos países do Leste Europeu que formavam o bloco comunista ou também denominado de “Cortina de Ferro”, como a Iugoslávia, Bosnia-Herzegozina, nações que seguiam os seus ideais comunistas entrou em conflito sangrento, a Bósnia passou entre os anos de 1992-1995 vivendo num cenário de conflito armados com grupos separatistas cujas razões envolviam brigas por território e delicada sociais, assim como a Iugoslávia também passaria durante o ano de 1999, a Rússia também passou por isso quando teve de brigar para reanexar a conturbada Chechênia, tudo isso ocorreu assim que houve a fragmentação da URSS, a Chechênia como a maioria dos países bálticos que formavam o bloco soviético como a Lituânia, a Geórgia e a Letônia, decidiram se tornarem independente, a Chechênia seguiu o mesmo caminho desses outros, no mesmo momento que Mikhail Gorbachev anunciava o fim da URSS, o representante da República Nacionalista da Chechênia, Djokhar Dudaiev anunciava a independência do território, mas não demoraria muito para que o novo governo da Rússia pós-URSS, regida por Boris Yeltsin mandaria três anos depois, mais precisamente em 1994, suas tropas para reivindicar esse território rico em petróleo, o conturbado relacionamento dos russos com os chechenos já era antiga, esse território havia se anexado a Rússia, em 1859, ou seja, muito antes da Rússia virar URSS, ainda na época do Império Czarista, mas foi durante o Governo Soviético, principalmente durante a Segunda Guerra Mundial, que o primeiro sinal da relacionamento conturbado da Rússia com Chechênia daria uma ideia de que a convivência estava longe de ser pacifica, isso porque o Governo Soviético nessa época mandou perseguir cidadãos chechenos acusados de colaborar com governo nazista durante a Segunda Guerra Mundial, onde muitos desses cidadão chechenos sofreram deportações de genocídio. Mas foi depois de anunciado o fim da URSS, que a relação entre os chechenos, com o Governo Russo, ficaram ainda mais delicadas, e o estopim para isso ocorreu principalmente quando a Rússia decidiu exigir de volta esse território de economia forte como o petróleo, isso irritou grupos separatistas como os liderados por Djokar Dudaiev, que começaram a praticarem os atos terroristas dentro do território, entre os anos de 1994-1996, foi o período marcado pela Primeira Guerra da Chechênia, que terminou em Agosto 1996, quando o então Presidente Boris Ieltsin, concordou com os cessar-fogo com o lideres chechenos, naquele mesmo ano de 1996, morria o líder checheno Djokar Dudaiev, responsável pela declaração de independência da Rússia em 1991, Dudaiev morria numa operação das tropas russas, que haviam rastreado sua posição exata ao analisarem os sinais de seu celular, o tratado de paz do Governo Russo com os chechenos foi assinado formalmente em Maio de 1997, mas não demoraria muito para ocorrer outro conflito que se iniciaria dois anos depois, em Setembro de 1999, denominada de “Segunda Guerra da Chechênia”, e essa relação conturbada dos russos com os chechenos aumentaria ainda mais, quando em Junho de 2000, entra no governo Vladimir Putin, que declara que vai por diretamente a Chechênia sob administração direta da Federação Russa, isso acaba gerando um descontentamento de membros de grupos separatistas armados, que nos anos seguintes passam a praticarem atentados terroristas, como o ocorrido  em Outubro de 2002, onde grupos terroristas chechenos entraram num teatro, renderam todo mundo, iriam explodir o local, mas foram impedidos pelo gás mortal, matando além dos terrorista, matou também espectadores inocentes. Mas nada se compara ao triste episódio ocorrido em Setembro de 2004, na Escola de Beslan, na Odéssia do Norte, esse chocou o mundo inteiro pela brutalidade como os terroristas mantiveram as inocentes crianças como reféns, as deixando esfomeadas, ao ponto de mandarem elas se alimentarem da própria urina. Muito se especula que esses atentados tenham ligações com a famosa rede terrorista Al-Qaeda, liderada por Osama Bin Laden, que morreu em Maio de 2011 durante uma operação do exército americano no Paquistão.

 

 

sábado, 18 de dezembro de 2021

O DESCOBRIMENTO DE PERO VAZ DE CAMINHA - EDUARDO BUENO

   


"O Brasil é o único país do mundo que entrou no circuito oficial da história por meio de uma obra-prima da literatura: a carta de Pero Vaz de Caminha. Repleta de imagens, fragrâncias, encantos e augúrios, a carta de Caminha faz um elogio à tolerância e a tudo o que o Novo Mundo representava lá, nos idos e virginais dias de abril de 1500. Pero Vaz de Caminha foi morto na Índia meses depois de redigir a carta e passou séculos esquecido. Mas hoje refulge como um escritor espetacular, que forjou a profecia de um país magnífico “em se plantando tudo dá”. É vexatório que em mais de 500 anos o Brasil não tenha conseguido honrar e cumprir com um vaticínio tão simples e óbvio quanto o de Pero Vaz de Caminha. Vai ver que isso se dá porque os brasileiros não leem sua própria certidão de nascimento…"

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

As conquistas de Alexandre, o Grande

   


"No Nerdologia de hoje, vamos continuar falando sobre Alexandre, O grande, depois de ver sua ascensão, vamos agora falar sobre suas conquistas tanto de batalha quanto nas questões políticas."

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

O BRASIL PERDEU A CABEÇA - EDUARDO BUENO

   

"Sabemos que você está acostumado a perder a cabeça com o canal Buenas Ideias, mas dessa vez vai ser difícil mantê-la no lugar. Complementando o episódio da Revolução Federalista de 1893 já publicado aqui mesmo, o sempre afiado Eduardo Bueno te conta agora a trajetória da degola no Brasil e no mundo. Ponha seu avental de açougueiro, tire as crianças da sala, amole as adagas e prepare-se para mais um episódio de dar nó na garganta, contado de um jeito que você só encontraria aqui nesse canal que tem sangue nas veias!"

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Homem-Aranha e a Filosofia | Nerdologia

  


"No Nerdologia de hoje, vamos falar sobre a relação dos quadrinhos do Homem-Aranha com a discussão filosófica de poder e responsabilidade".

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

DROGAS EM GUERRA - EDUARDO BUENO

  


"Para você que está viciado em conhecimento e ligadaço em cultura, apresentamos agora o fio da história: a carreira da cocaína no Brasil. Popular no Rio de Janeiro desde o século 19, seria nos anos 1980 que o pó branco reduziria a Cidade Maravilhosa a… pó de cal e a pó de vidro. Acompanhe agora como a cocaína deixou o Brasil ligadão ao tráfico em mais um episódio hiperestimulante do canal Buenas Ideias. Mas não se afunde muito no tema que pode dar depressão."

terça-feira, 30 de novembro de 2021

Crimes da Rua do Arvoredo | Nerdologia Criminosos

  


"No Nerdologia de hoje, entenda a história sobre os crimes da Rua do Arvoredo, o que é comprovado historicamente e quais são as lendas boatos falsos. "

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

VIDRO, CRISTAIS E INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA - EDUARDO BUENO

   


"O canal Buenas Ideias é um cristal de sabedoria, disso você sabe. Translúcido e reluzente, poderia até ser de vidro, mas não é frágil. Conheça agora como o cristal e o vidro chegaram e fizeram parte da história do Brasil, desde o descobrimento até o presente, passando pelas vidraças estilhaçadas das guerras da independência e também pelas janelas da Família Real. Esse é mais um dos límpidos, claros e cristalinos episódios do canal Buenas Ideias que, claro, não vai cair no Enem... Mas poderia!"

terça-feira, 23 de novembro de 2021

O que é Economia? | Nerdologia



"No Nerdologia de hoje, entenda o que é a economia e como ela surgiu na história da humanidade, e como funciona o PIB!"

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

OS PRIMÓRDIOS DO GOLPE DE 1964 - EDUARDO BUENO

  

"Foi um golpe premeditado. Por dez longos anos a direita conspirou contra os governos populistas de Vargas, JK e João Goulart, taxando-os de “comunistas”. Era apenas uma desculpa esfarrapada para atacar a legalidade e a Constituição e mergulhar o país nas sombras do arbítrio. Eles conseguiram — com a ajuda “de Deus e da família”? Adentre agora na arqueologia do golpe militar de 1964, e veja que ele começou muito antes de ter sido deflagrado, de um jeito que só o canal Buenas Ideias com sua moderação, equilíbrio e isenção seria capaz de contar. "

terça-feira, 16 de novembro de 2021

O antigo Império Persa

   

"No Nerdologia de hoje, entenda que guerras médicas não eram o que parecem ser neste Nerdologia sobre o antigo Império Persa".

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

DO BRASIL PARA O MUNDO - EDUARDO BUENO

   


"Marechal Cândido Rondon foi um verdadeiro herói: ambientalista, preservacionista e um dos principais desbravadores do Brasil profundo. Já Theodore Roosevelt foi… Bem, deixaremos Eduardo Bueno adjetivar essa criatura por nós no episódio. Apesar de terem índoles tão diferentes, Rondon e Roosevelt se deram bem na impressionante jornada de desbravamento do Rio da Dúvida, no coração da floresta amazônica. Conheça a empreitada do nobre marechal e do não-tão-nobre ex-presidente dos Estados Unidos aqui e agora, de um jeito que nem uma série televisiva poderia contar. Histórias contadas assim você só encontra no seu sempre fiel, imparcial e isentão canal Buenas Ideias."

terça-feira, 9 de novembro de 2021

História do império da Etiópia | Nerdologia

   


"No Nerdologia de hoje, entenda mais sobre a história africana, principalmente sobre o império da Etiópia."

domingo, 7 de novembro de 2021

AMORES IMPERIAIS - EDUARDO BUENO

   


"Eduardo Bueno, em clima folhetinesco, analisa as atuais novelas históricas que andam sendo veiculadas por aí e explica o óbvio: novelas são novelas, não obras historiográficas precisas. Quem quer conhecer a história de verdade precisa desligar a TV e Youtube e fazer o que o canal Buenas Ideias SEMPRE recomenda: LER!"

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

VELANDO OS MORTOS - EDUARDO BUENO

   

"Morrendo e aprendendo com o canal Buenas Ideias! O ato de enterrar os mortos é uma das coisas que diferencia o ser humano dos animais; cada agrupamento humano, no entanto, tem seus próprios ritos fúnebres. Prepare-se para saber mais sobre essa parte mortal da história do Brasil com Eduardo Bueno, que te contará como os indígenas, os escravizados e os colonizadores velavam seus entes queridos, levando em conta tanto a cultura como a classe social do morto. Descubra tudo isso enquanto há tempo… Depois não vale ficar se revirando na tumba. "

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Integralismo e o fascismo no Brasil

   


"No Nerdologia de hoje, entenda mais a História brasileira neste programa sobre o Integralismo e o fascismo no Brasil."

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

COLÔNIA DE SACRAMENTO - EDUARDO BUENO

  

"Colônia de Sacramento é um ponto tão fundamental para a trajetória da América do Sul que deveria ser considerada como a capital histórica do Mercosul. Motivo de quase 150 anos de guerras entre Portugal e Espanha, a Colônia semeou a rivalidade entre Brasil e Argentina e, de quebra, acabou sendo a responsável pela criação do Uruguai (que serviria como uma espécie de Estado-tampão para separar os dois irmãos briguentos). Conheça agora a sinuosa história da Colônia de Sacramento, narrada daquela forma épica que só o Eduardo Bueno consegue: com som e fúria, e significando tudo."

terça-feira, 26 de outubro de 2021

domingo, 24 de outubro de 2021

O INCIDENTE SEMELHANTE OCORREU NO FILME O CORVO(1994)

 

Nesses últimos dias tem se comentado bastante sobre o incidente ocorrido na sexta-feira, 22 de Outubro de 2021, durante as filmagens de Rusty, o faroeste produzido por Alec Baldwin, cujo disparo numa cena atingiu duas pessoas da equipe, o seu diretor e a sua diretora de fotografia, que não sobreviveu.




Esse incidente fez muita gente se lembrar de uma situação semelhante ao que ocorreu nas filmagens de O Corvo(The Crow, EUA,1994). Em que o protagonista Brandon Lee morreu durante a gravação de uma cena de tiro de uma bala de verdade e não de festim,   ocorrida no dia 31 de Março de 1993, com apenas 28 anos.




E coincidentemente  por estarmos  neste clima de Halloween, resolvo aproveitar para entrar no clima comentar um pouco sobre esta obra, bastante sinistra, muito mais lembrada e assimilada pelo trágico acidente que matou seu protagonista do que de fato pelo seu enredo.




Baseado  numa HQ de James O´Baar, cuja obra ele criou após passar por  uma grande fatalidade em sua vida pessoal. Em 1978, sua namorada morreu num fatídico acidente de carro quando estava indo de carona em direção a sua  casa quando este carro que ela estava foi atingido pelo veículo   de um motorista embriagado resultando na morte dela. Este fato trágico o deixou bastante abalado a ponto de durante o período em que estava na Alemanha prestando serviço militar  passou a desenhar isto como uma forma terapêutica de extravasar  os seus sentimentos agoniantes. O que desta forma  originou a HQ publicada em 1981 por um selo independente.




O filme gira em torno da história do roqueiro Eric Draven(Brandon Lee) retornando do mundo dos mortos com a ajuda de um corvo,  para acertar as contas com os seus assassinos pertencentes a uma gang local liderados por Top Dollar(Michael Wincott) que invadiram o seu apartamento numa noite de Halloween. E lá foi bastante espancado, torturado e sofreu muitos tiros, não só mataram  como também sua namorada Shelly(Sofia Shinas).

E é por causa desse corvo que um ano depois ele é ressuscitado, para ir um por um  eliminando os caras que o assassinaram e o seu líder para cumprir a sua vingança, cujo  rastro que ele  vai deixando,  chama a atenção da polícia, principalmente do Sargento Albrecht(Ernie Hudson).




O filme contou  com a direção de Alex Proyas, cujas tomadas de liberdade que ele imprimiu no filme com relação ao material original foi nos excelentes planos panorâmicos noturnos dos prédios urbanos  cheios de sombras que trazem todo um clima atmosférico sombrio, em tomadas que exploram bem a poluição mostrando fumaça em conjunto com o design de produção, principalmente da fotografia que explora muito bem as paletas de cores pretas e brancas e evocando também os elementos mais hardcores, undergorunds, gunges, punks, góticos, mostrando a urbanização suja, podre, corroída pela criminalidade, fora a suavizada que ele procurou colocar na história, principalmente na personalidade do protagonista que nos quadrinhos carregava um perfil vingativo que beirava a loucura a níveis  esquizofrênicos e de porra louquices, aqui no filme ele o amenizou com um perfil heroico  explorando o seu lado integro de sua humanidade, principalmente quando ele interagi com duas figuras importantes  como a menina Sarah(Rochele Davis) e o Policial Albrecht(Ernie Hudson) que os auxiliam bem  na condução da sua jornada vingativa. A Sara inclusive é quem narra a história por sua ótica.  Junto dos figurinos dos personagens evocarem bem esta característica. Bem casado com a trilha sonora que traz no repertorio da trilha sonora músicas de muitas bandas do Heavy Metal e do rock alternativo do cenário mais grunge, como The Cure, Pantera, Stone Temple Pilots dentre outros.  Brandon  Lee faz um desempenho excelente no papel principal incorporando em cena como o Eric as suas diferente camadas, o deixando crível. Pena que sua fatídica morte precoce nos bastidores das filmagens faz com que muita gente o assimile mais a este fatídico acontecimento do que pelo conjunto da obra. E isto pode ser percebido se você  for buscar na internet e pesquisar no Google sobre o filme, vai haver uma infinidade de referências a sites   ou mesmo a canais do Youtube que abordam justamente por esta referência ao filme. Principalmente sobre a atmosfera de estar amaldiçoado. Pois, além de sua morte, o filme também  ficou marcado por outros incidentes na produção, como a morte de um técnico eletrocutado. O fator maldição também ocasionou nas teorias de conspiração pela morte  do  Brandon Lee coincidir com os vinte anos da morte de seu pai Bruce Lee(1940-1973), astro dos filmes de Kung Fu, que morreu vítima de um edema cerebral semanas antes de estrear o seu filme Operação Dragão,  e estava começando a filmar  o seu quinto incompleto Jogo da Morte que só estreou em 1978.  E O Corvo também foi o quinto filme da carreira de Brandon Lee, sendo o primeiro como protagonista para alavancar sua carreira. Como se não fosse o bastante dessas coincidências macabras e sinistras, muitos colocam a ideia conspiratória da perseguição da máfia chinesa envolvida no meio, ainda mais numa história onde seu protagonista foi morto de verdade    durante a filmagem da morte tenha ocorrido justo na cena onde seu personagem Eric reaparece dos mortos com a ajuda de um Corvo que passa a virar os seus olhos e ele o segue em sua jornada toda do filme perseguindo os caras que o assassinaram, e os seus mandantes para um acerto de contas. Enfim, o que posso resumir de tudo isso é que se não fosse esta tragédia da morte de seu protagonista, com certeza, o filme não ficaria estigmatizado para sempre por este episódio. Que é mais levado em conta do que propriamente se for avaliado no quesito técnico por todo o conjunto da obra. Principalmente na sua brilhante estética gótica, com ares grunge e com uma atmosfera pessimista, onde além de contar com a excelente atuação de Brandon Lee no papel principal cuja maquiagem pálida que ele adota com manchas pretas na boca e nos olhos fez bem ele ficar com um toque gótico e assombroso. Também merece destaque a participação do Ernie Hudson, o  eterno Winston de Caça-Fantasmas,  neste filme ele fez o papel do Sargento Albrecth, que mesmo sendo secundário, ainda assim mostrou que tinha uma função bastante relevante e com muito pessoa  para a história. Mais ou menos o equivalente ao Comissário Gordon do Batman, principalmente no tom mais detetivesco. 

Destacar também o desempenho da menina Rochelle Davis, defendeu muito bem o papel da Sara, a menina por quem ele e sua amada Shelly já eram bastante afeiçoados quando estavam vivos, a atriz mostrou uma boa performance madura para a personagem, para a pouca idade que tinha na época, com apenas 12 anos. Ainda mais pelo drama   dela viver num lar bastante disfuncional, principalmente por ser  “órfã” de pai e criada só pela mãe Darla(Anna Thomson), uma mulher que trabalha como garçonete de um bar, mas vive uma vida porra louca se drogando e se envolvendo com gente errada, dentre esses um dos caras que assassinou Eric Draven.

E Michael Wincott na pele do Top Dollar, o grande vilão da trama também se mostrou incrível fez uma entrega excelente ao papel de um sujeito bastante detestável, frio, calculista, ganancioso, um psicopata que não sente o menor remorso a quem ele manda matar.

A quem tiver interesse em conferir esse filme, ele encontra-se disponível completo no Youtube.   

 

terça-feira, 19 de outubro de 2021

O julgamento por combate na Idade Média | Nerdologia

  

"No Nerdologia de hoje, vamos falar sobre os julgamentos por combate, sua origem, sua prática e a sua abolição. "

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

CONHECENDO CUBA POR ELA MESMA COM O FILME MORANGO E CHOCOLATE.


 


 

 

Nestes tempos em que temos visto tanta pregação de ódio aos diferentes com toda esta polarização política com este desgoverno e lidando com o medo da COVID-19. É bem apropriado comentar de um filme que traz este tipo de abordagem de uma forma até sutil como é no caso do cubano Morango e Chocolate (Fresa y Chocolate, Cuba, Méx, Esp, 1994)  dirigido por Tomás Gutierrez Alea(1928-1996) e contou também com a direção de Juan Carlos Tabío(1943-2021).  O enredo de Morango e Chocolate ambienta-se no ano de 1979, na capital Havana. Gira em torno do jovem universitário David(Vladimir Cruz), ainda não muito conformado com o fim de seu noivado. Conhece um dia, numa sorveteria Diego(Jorge Perrugorría), um artista assumidamente gay e descontente com o regime castrista.




 

Diego tenta diversas vezes se insinuar para David tentando obter alguma conquista, só que ele se mostra resistente. Será nesse encontro casual, o ponto inicial para o desenvolvimento da trama.

 


David se sentindo forçado resolve acompanhar Diego até sua casa, lá fica admirado e ao mesmo tempo espantado com a quantidade de livros que ele adquiriu nas prateleiras da sua casa. O impressionante  detalhe explorado nesse momento do filme  é quando o estudante universitário David explica para  Diego que boa parte desses livros ele nunca tinha lido e nem muito menos ouvido falar, porque eram obras proibidas, censuradas pelo sistema. Será nessa e em muitas outras cenas mais para frente de David visitando a casa de Diego, que será observado uma sútil crítica de como a população cubana lida rotineiramente com a opressão imposta pela ditadura castrista.




 

E um desses momentos muito frequentes no filme, é quando Diego ao ler um dos livros em voz alta para David, liga um som com toca-fitas em um volume altíssimo, o motivo era para os vizinhos não ouvirem aquela sua leitura, porque se o ouvissem os denunciariam para o Governo.




 

Também será no decorrer e desenrolar do filme que irá aparecer uma terceira protagonista Nancy(Mirta Ibarra). Uma mulher cuja profissão não é bem esclarecida, há quem pense que ela se trate de uma prostituta como bem sugere uma cena dela recebendo grana de uma garota de programa. Tudo em torno de Nancy é um enigma. Vai ser a Nancy a responsável por conquistar o coração de David, coisa que Diego não consegue, mas no entanto Diego consegue obter uma conquista muito melhor de David, que é a amizade e o respeito. Especialmente quando este resolve defende-lo de uma briga onde ele sofre uma imensa discriminação por sua orientação sexual.

 


 

A trama do filme de Alea pertence ao gênero de uma comédia dramática, que fez história por ser o primeiro filme a representar  Cuba na disputa do Oscar de 1995 a categoria  de melhor filme estrangeiro,  onde perdeu para o russo O Sol Enganador. Venceu vários prêmios em festivais,  entre eles  o Festival de Berlim como o Teddy, Urso de Ouro e o Urso de Prata e o Prêmio do Público e o Kikito de Ouro no Festival de Gramado. Esse filme  foi o penúltimo dirigido pelo Alea, que um ano antes de morrer dirigiu Guantanamera(Cuba, Alemanha, Espanha, 1995).  Considerado o nome de maior expressividade na ilha caribenha, que além desse também carrega um extenso currículo de outros bons filmes já dirigidos.




Em Morango e Chocolate,  dá para perceber, alguns interessantes detalhes que moldam e pincelam o retrato incoerentemente mascarado  de um país que há 50 anos é regido por um sistema de governo que teoricamente segue os princípios do socialismo criado por Karl Marx(1818-1883), onde defende os princípios de uma sociedade igualitária e mais justa, mas que na prática a coisa é completamente diferente.




 

Os três protagonistas do filme: David, Diego e Nancy defendidos brilhantemente pelo elenco enxuto,  pincelam de maneira sucinta, o retrato mascarado da realidade envolvendo esta ilha caribenha, admiradas por muitos como bom  exemplo no sistema educacional, na saúde e também no incentivo aos esportes.




 

Mas que apesar de ser um bom exemplo, também tem lá suas imperfeições que são ignoradas. O universitário David defendido com maestria por Vladimir Cruz , por exemplo, faz uma sutil crítica a maneira como o sistema educacional no país é ao mesmo tempo exemplar, fazendo com que a ilha caribenha tenha o menor índice de analfabetismo. Também carrega uma característica dúbia em relação quanto ao governo só permitir que as escolas ensinem o que seja favorável para eles, o que não for é proibido. Isso explica o motivo pelo qual David ficou bastante surpreso ao olhar e tomar conhecimento através de Diego de livros que ele nem imaginava existirem. Diego, representado brilhantemente por Jorge Prerrugorría pincela um retrato curioso, representando uma camada da população da ilha que poucos conhecem ou nem mesmo imaginam ocorrer nesse lugar que segue há 50 anos um sistema político que teoriza a igualdade.  São as camadas dos gays que lidam com o preconceito. Difícil acreditar? Mas, infelizmente o filme aborda através de Diego a visão dúbia que até num país como Cuba também ocorre a prática de preconceito, em especial o homofóbico.



 

E por fim, a Nancy defendida perfeitamente  por Mirta Ibarra, a viúva do diretor Tomás Gutierrez Alea,  pincela um retrato curioso de uma camada social cubana, como  descrevi acima, ela é bastante enigmática e a explicação para isso está no fato da personagem representar  um retrato de uma agente do Governo Cubano infiltrada em determinados bairros para colher informações sobre supostos subversivos, e o Diego era quem ela tinha a missão de ficar observando. A primeira vez que Nancy aparece no filme é na curiosa cena dela sofrer uma queda de pressão na rua e é socorrida pelos dois que a colocam numa ambulância e ao chegarem num hospital para onde Nancy é atendida, ocorre uma outra visão crítica e cômica a respeito da incoerência  do país que representa o melhor exemplo de competência na área da saúde, exportando até médicos para outros países, em seu próprio território os hospitais viverem numa carência e escassez tecnológica, como bem é mostrado na cena de Nancy ao ser atendida para receber uma transfusão de sangue, e para Diego e David conseguirem isso descobrem que o grande obstáculo é a falta de aparelhos e seringas necessárias para isso.

 

Também é curioso ver uma cena onde Nancy faz uma reza para os santos, se benzendo em banho de água benta pedindo para ter David aos seus braços. O que representa uma interessante visão de mesmo o país sendo regido há 50 anos por um regime totalitário ateu,  ainda existe uma boa parte da população mantém preservado a fé e ainda alguns costumes religioso  de mantê-la viva, como faz Nancy. E a própria mostrar que nesse país também se pratica a prostituição, apesar de ser exemplar em tudo.

 

 

Tenho de admitir que Morango e Chocolate foi o primeiro contanto com um filme cubano. Na primeira vez  que assistir a este filme que foi numa sessão alternativa promovido por Antonino Cordorelli no projeto Café com Cinema no auditório da  antiga livraria PotyLivros ocorrido em 2012. Naquela ocasião, durante os debates ocorrido após o fim da sessão  tanto o coordenador do evento quanto alguns presentes  haviam compartilhados suas experiências de quando foram   visitar Cuba por motivos de trabalho e lá relataram de terem se deparado com situações idênticas que sucintamente pincela, a outra face da Cuba castrista.  Foi bastante curioso ouvir relatos, seja da plateia, ou mesmo, do próprio Antonino Cordorelli, o responsável pelo evento. Alguns detalhes curiosos sobre como a população lida diariamente com a opressão desse governo totalitário, e uma das maneiras como eles procuram driblar como o filme bem mostra em tom de crítica muito sutil  na cena de Diego lendo para David em voz alta é ligando o som alto para os vizinhos não ouvirem e o denunciarem. Foi durante a discussão, que ouvi os exemplos das populações driblarem seja em espaço público   ou mesmo dentro do lar através de códigos.

 

 

Morango e Chocolate trata-se de uma primorosa obra-prima para a gente analisar as coisas que a gente acredita como verdade com outros olhos. E principalmente refletir que o acesso ao conhecimento da maneira que for nos abre a cabeça.   É um interessante filme que serve para a gente conhecer e entender um pouco da realidade cubana, independente de qual ponto de vista for analisado. Uma coisa é certa: Morango e Chocolate defini Cuba por ela mesma.