quinta-feira, 29 de abril de 2021

30 ANOS SEM GONZAGUINHA.


TRÊS DÉCADAS DE SAUDADES

 

 

No dia 29 de Abril de 1991, o Brasil perdia um grande talento musical. Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior(1945-1991). Vulgo Gonzaguinha perdia sua vida no acidente automobilístico aos 45 anos  quando retornava de mais um show no Interior do Paraná. O seu talento é a paixão pela música  já  vinha do DNA.  Seguindo os passos de seu pai Luiz Gonzaga(1912-1989). Célebre  ícone da música nordestina, o santificado Rei do Baião cujo relacionamento afetivo foi bastante conturbado ainda mais por ele  crescer com um pai muito ausente por causa das suas agendas de shows, agravado ainda mais quando ficou órfão de mãe ainda muito pequeno e não suportava conviver com sua madrasta.  Fora o fato do próprio ser contra ele virar artista como foi retratado no filme Gonzaga-De Pai Pra Filho(Brasil,2012). Mesmo tendo seguido por outro segmento musical que não do pai Gonzagão,  cuja estética se caracterizava pelo estilo bem popularmente regional nordestino  com o tradicional forró, o xaxado e o baião com letra e danças contagiantes. Já Gonzaguinha foi para o segmento mais intelectualizado por assim dizer, principalmente pelas músicas de cunho panfletários em protesto contra a Ditadura Militar no Brasil, que o tornou um dos ícones subversivos das camadas universitárias como o MAU, por exemplo.   30 anos sem Gonzaguinha, que falta que faz uma referência musical de um artista que sabia fazer música de qualidade com letras bem trabalhadas e não essas letras muito genéricas de hoje.

Aqui reproduzo um texto sobre o filme Gonzaga: De Pai Pra Filho, para lembrar a trajetória de Gonzaguinha.

“Para mim comentar sobre a importância de   Luiz Gonzaga para a música brasileira, especialmente a nordestina é um tanto quanto complicado, visto que pessoalmente não tive muito o privilégio de acompanhar a sua carreira.  Quando eu nasci em 1985, a carreira artística  do Gonzaga,  já se encontrava há muito tempo  naquela  fase de  ostracismo, ele já não representava tanto o cantor mais vendável do mercado  fonográfico brasileiro   onde  foi graças a seu filho Gonzaguinha, célebre e talentoso cantor  o revitalizou  convidando-o para   para tocarem juntos num dueto  no começo da década de 1980.

Na época que ele morreu eu era muito criança, tinha só quatro anos. E como toda e qualquer criança dessa geração  eu ouvia as canções de conjuntos musicais infantis como Trem da Alegria, Sandy & Junior e  músicas de apresentadoras infantis como Xuxa, Angélica e Mara Maravilha. Que eram os artistas que representavam os nomes de   peso de ouro na indústria fonográfica brasileira. Juntos com os artistas do  pop  rock nacional com suas batidas modernas de sintetizador  com as influencias das sonoridade de fora  pelo punk, a new wave, a break dance dentre outros estilos que revolucionaram uma nova cara para a música naquele contexto dos anos 1980, especialmente com o surgimento da MTV que popularizou  os videoclipes. E quando  fui crescendo fiquei acompanhando o auge do sertanejo, do pagode meloso e da axé music, estes gêneros musicais eram os que reinavam na indústria fonográfica brasileira pelo seu apelo mais popularesco.  

 Praticamente eu fui crescendo mais conhecendo as referências míticas que outros artistas exaltam sobre  ele, como  o icônico Rei do Baião. Mas pelo que seu respectivo filme biográfico apresenta, vamos conhecer muito mais detalhes da vida do Gonzaga além do santificado Rei do Baião que nós conhecemos. Lançado em 2012, ano do seu centenário, o filme contou com a direção de Breno Silveira, um diretor que já é bem familiarizado com o tema cinebiografia sobre uma ilustre personalidade da música, já que antes ele tinha dirigido 2 Filhos de Francisco(Brasil, 2005), filme biográfico da dupla sertaneja Zézé di Camargo & Luciano, que foi um estouro de sucesso e sua primeira experiência na direção. Visto que antes  ele já carregava um longo currículo cinematográfico onde atuava como diretor de fotografia e dirigindo videocliples. Soube ao pesquisar mais sobre ele para escrever este texto que ele está desenvolvendo outro filme biográfico sobre  outro grande artista da música brasileira, o Rei Roberto Carlos. No filme biográfico sobre o Rei do Baião, o diretor criou sua estética tendo como base no livro biográfico "Gonzagão e Gonzaguinha-Uma História Brasileira" da jornalista Regina Echeverria.

 Onde aqui ele mostra numa narrativa em primeira pessoa, todos os detalhes da vida intima pouco conhecida do Gonzaga além do icônico Rei do Baião como o conhecemos. A maneira como é conduzida é através do Gonzaga conversando com seu filho Gonzaguinha.  Que ocorre logo na premissa da história apresentando  Gonzaguinha chegando a Exú/PE, terra natal de seu pai  onde ele estava vivendo meio recluso sem contato com o   mercadológico mundo louco da indústria fonográfica   do Eixo Rio-São Paulo onde fica-se evidente que ele estava passando por um ostracismo na carreira. Nesta passagem fica sugerido que Gonzaguinha vai lá com a dura missão de ir convencer  o pai a  assinar um novo  contrato com a gravadora para iniciar o projeto de parcerias juntos. É nisto que conhecermos as diferentes camadas das personalidades sobre o Gonzaga Pai e o Gonzaga Filho, principalmente no que envolve o  tumultuado relacionamento  afetivo deles. Principalmente quando Gonzaguinha em diferentes momentos  mostra nutrir mágoa por ele por ter muito ausente em sua vida.  É por meio desse encontro pessoal deles que vamos conhecendo Gonzagão descrevendo linearmente como era sua juventude lá em Exú.

Onde já mostrava aptidão e dotes  artísticos  para tocar sanfona, ao mesmo tempo que mostra um pouco de sua personalidade briguenta e vivendo um romance proibido com Nazinha(Cecilia Dassi), a filha do  poderoso Coronel Raimundo(Domingos Montagner)  com quem ela precisou terminar pelo medo da ameaça de morte. É na sua juventude que ele se alista no exército e lá durante sua passagem pelo serviço militar ele mostrou suas aptidões artísticas tocando na Banda Militar. Após ser dispensado do serviço militar é mostrado ele chegando ao Rio de Janeiro, então capital federal na época. Onde lá  vai enfrentar os mais diferentes percalços para conseguir se estabelecer na carreira artística. Levando muitos foras dos donos de muitas das grandes rádios da época e de dono de gravadora, até finalmente conseguir o tão sonhado estrelato. Foi já no estrelato que é mostrado ele tendo outro envolvimento amoroso que é pela cantora de bar Dancing Brasil Odaleia(Nanda Costa), a mãe de seu primeiro filho Gonzaguinha. Que após complicações no parto e ficando doente  terminou morrendo quando Gonzaguinha era muito pequeno. É nisso que passamos a  conhecer  a construção do complicado relacionamento dos dois ao qual a espinha dorsal do mote do enredo  é bastante centralizado. Com Gonzaga sendo muito ausente na vida do Gonzaguinha por causa de suas agendas lotadas de shows. Colocando o menino para ficar aos cuidados de seus padrinhos na favela. O que complicou  ainda mais quando ele conhece sua terceira e  futura esposa Helena(Ana Roberta Gualda), com quem Gonzaguinha não se bicava com ela. E com ela adotaram uma menina.  Por causa dessas ausências paternas é mostrado Gonzaguinha sendo flagrado pela polícia, praticando furtos. Por causa desse comportamento problemático de Gonzaguinha, Gonzaga decide levá-lo para um internato. Em seguida vai mostrando mais fluidez ao mostrar Luiz Gonzaga vendo sua carreira perder um pouco do fôlego. Ele tira Gonzaguinha do internato, e o que já estava pior. Piorou quando Gonzaga não aprova ele querer seguir os seus passos artísticos, quer que ele seja doutor em vez de cantor. E a história é então concluída com os dois depois de longas conversas e muitas lavagem de roupa suja decidem fazer as pazes. E assim é concluída a história mostrando os dois finalmente juntos cantando para uma turnê com a canção "A minha vida é andar por este pais, para se um dia descanso feliz".

 O diretor e toda a produção tiveram o duro trabalho bem meticuloso de apresentar a biografia de dois talentos da música, sendo um cria do outro onde  cada um tinha  seu estilo próprio. Enquanto o pai  Gonzaga  tinha como grande característica fazer as músicas que representavam as raízes de sua terra natal com o xote, o xaxado e o baião em conjunto  com a  sonoridade da sanfona como na própria composição da letra e da melodia   que o transformou no mitificado Rei do Baião. Já o filho Gonzaguinha ao herdar o talento do pai, mesmo não virando como posso descrever de uma forma mais coloquial, o Príncipe do Baião.  Ainda assim brilhou no estilo musical que seguiu pegando influencias dos sambas cariocas  e da MPB  com  um estilo musical mais sofisticado, mais culto, especialmente pela sua postura  subversiva, transgressora, especialmente pela sua ferrenha crítica ao Regime Militar como bem as letras representavam dessa forma o tornando o símbolo dos jovens universitários com o MAU(Movimento Artístico Universitário), por exemplo. O talento que cada um  tinha para fazer música de qualidade os tornava perfeitos, ao mesmo tempo que  contrastava com a imperfeição  do conturbado relacionamento deles como pai e filho. É neste aspecto o filme explorou bastante da forma mais crível que possa imaginar com umas tomadas de liberdade pincelando e imprimindo umas licenças poéticas para dar mais dramaticidade a obra. Junto também ao impecável trabalho  com os planos de câmeras, a brilhante fotografia com belas paletas de  cores quentes como mostrada nas cenas  de Exu com aquele ar mais escaldante e o tom vintage ambientado nos momentos em que ele chega no Rio de Janeiro então capital federal do Brasil, junto com  os detalhes da  cenografia que fazem lindas reconstituições de época, principalmente do Rio de Janeiro da década de 1940 e tocando as rádios. Os figurinos e as caracterizações também ficaram perfeitas. No casting de elenco há de se destacar a participação de três atores que ficaram responsáveis por se revezarem no papel do Rei do Baião.

 Land Vieira foi quem se encarregou de protagonizar  o papel  do Gonzagão jovem quando vivia uma vida  simples em sua Exu, até se alistar e servir  no Exército.  O músico Chambinho do Acordeon é quem ficou encarregado de protagonizar no filme o Gonzagão após ser dispensado do serviço militar e viver no Rio de Janeiro, começar sua batalha para ser estabelecer como artista profissional e tendo fincado raízes lá. O ator incorporou bem o papel do Gonzaga em sua fase de ascensão e depois entrando no ostracismo num trabalho perfeito de caracterização além de incorporar bem a essência mais de ser humano imperfeito que ele era. E Adelio Lima é quem incorporou muito bem o papel  do Gonzagão mais velho vivendo recluso longe do louco mundo mercadológico da indústria  fonográfica do Eixo Rio-São Paulo com um jeito mais melancólico. Cada um dos três desempenhou  bastante perfeitamente  as diferentes camadas e nuances de um mesmo Gonzaga. Também vale destacar para o brilhante desempenho de Júlio Andrade como o Gonzaguinha, a caracterização dele ficou perfeita,  ficou idêntico ao cantor real como estava no auge da carreira. Ele incorporou todos os sentimentos de mágoas que ele nutria pelo pai, por suas ausências. Vale ressaltar que eu também não acompanhei a carreira do Gonzaguinha, eu praticamente cresci mais ouvindo referências ao legado musical dele assim como foi com seu pai. Quando Gonzaguinha faleceu dois anos após o pai, vitimado por  um fatídico acidente automobilístico ocorrido em 1991  quando ele  retornava de um show  no município de  Pato Branco/PR eu também era muito criança, tinha só seis anos.  No filme ele assim como Gonzagão  também foi representado por três diferentes atores. Além do já citado Júlio Andrade também contou com Alison Santos fazendo o Gonzaguinha menino  entre 10 a 14 anos e Giancarlo Di Tommaso fazendo o Gonzaguinha jovem  aos 18 anos. O casting de  elenco também contou com as participação de grandes star talents da televisão, rostos conhecidos de telenovelas como Nanda Costa na pele da Odaleia, o falecido  Domingos Montagner na pele do Coronel Raimundo, Ana Roberta Gualda como Helena, Claudio Jaborandy como Januário, pai do Gonzagão a quem ele dedicou a música Respeita Januário. Cyria Coentro como a mãe do Gonzagão, Silvia Buarque como a madrinha do Gonzaguinha, dentre outras pequenas participações especiais.

 Posso concluir que Gonzaga: De Pai pra Filho  é um bom exemplo de filme que não se trata só de apresentar uma cinebiografia de um grande gênio do forró pé de serra, autentico gênero musical nordestino que  tornava  o  talentoso e santificado rei do baião Luiz Gonzaga, mas também uma visão mais humanizada e imperfeita dele, explorando principalmente o seu relacionamento afetivo como pai muito negligente e ausente que ele foi com seu filho Gonzaguinha. Como artista  ele era uma perfeição, já como pai era uma imperfeição.  E a principal espinha dorsal da trama era justamente isso, explorar a complicada relação de pai e filho que mantinham um relacionamento complicado, mas graças a paixão pela música conseguiram se entenderem e fazerem as pazes. Ou seja, é um filme  que aborda o relacionamento familiar, independente de alguém conhecer ou não as carreiras deles. Ele também é um bom exemplo de filme em que as gerações de hoje precisam saber como apreciar uma música de qualidade. E não estas genéricas, de apelo popularesco e pornográfico dessas bandas que se dizem forró ou de qualquer outro gênero que não tem nenhum talento e que são explorados a exaustão pela corrupta  indústria fonográfica.”














quarta-feira, 28 de abril de 2021

OS DOIS GOVERNOS DE DEODORO DA FONSECA - EDUARDO BUENO

  

"O que dizer de uma República que começa com um golpe militar farsesco que dá início a um governo provisório com um plano econômico desastroso, censura à imprensa, com ameaças de golpe, com um golpe de fato e, depois, com um golpe dentro dum golpe? Foi assim o governo do primeiro presidente do Brasil, o Marechal Deodoro da Fonseca. Conheça a história para que ela não se repita -- afinal, se estamos onde estamos, a culpa é do povo que não sabe nada e assiste a tudo "bestializado". Inclusive ao canal Buenas Ideias."

H. H. Holmes e seu castelo de horrores | Nerdologia Criminosos

  

"Neste episódio do Nerdologia Criminosos, vamos falar sobre a história de H. H. Holmes e o seu castelo de horrores."

segunda-feira, 26 de abril de 2021

35 ANOS DA EXPLOSÃO DE CHERNOBYL

 

 


 

 

Em 26 de Abril de 1986, enquanto eu nessa época era apenas um bebezinho completando um aninhho de vida. Ocorria na Ucrânia a fatídica explosão da Usina Nuclear de Chernobyl, considerado o pior desastre da história da humanidade. Aproveitando que hoje completa-se 35 anos desse acidente recomendo assistirem a minissérie da  HBO Chernobyl(EUA,Reino Unido, 2019). Que reconstitui e dramatiza  as consequências da tragédia com ótimas subtramas mostrando o núcleo dos bastidores do alto escalão do Governo Soviético investigando o problema e as consequências a população ucraniana que viviam em Prypiat numa caprichada produção. Dividida em cinco capítulos, com direção de John Renck com um excelente roteiro que prende, ao mesmo tempo que é bem didático, também se utilizou de licenças poéticas para o cunho mais dramatúrgico. Mesmo assim  vale a pena a conferida, nesses tempos difíceis com esta pandemia da COVID-19, que ainda nos assola.

terça-feira, 20 de abril de 2021

segunda-feira, 19 de abril de 2021

POR QUÊ CHAVES É UM FENÔMENO MUNDIAL?

 

COMPREENDENDO O MEU FASCÍNIO POR CHAVES

 

 

Durante o ano de 2020, como se não bastasse  a grande tragédia que a pandemia do Coronavírus trouxe para a humanidade, tivemos de nos conformar com a saída de Chaves da grade de programação da TV Brasileira, e não só aqui no Brasil, mas em diversas partes do mundo.




O principal motivo disso  envolveu a briga judicial  pelos direitos autorais entre a emissora de tv mexicana Televisa que detém os direitos de imagem e distribuição da série e foi a responsável pela produção, com o Grupo Chespirito, formado pelos herdeiros de Roberto Gómez Bolaños(1929-2014), o criador e interprete do protagonista da série.

Por causa desse impasse jurídico, isso acabou afetando a exibição da série a nível mundial, inclusive aqui no Brasil que era exibido há mais trinta anos pelo SBT desde 1984, emissora de propriedade do apresentador Silvio Santos teve de tirar da grade da emissora  em virtude justamente disso. Isso não só afetou ao SBT, mas também no canal pago do Multishow das Organizações Globo e no serviço de streaming da Amazon Prime.




Compreender as razões do porquê de Chaves ser um programa de humor que ainda faz sucesso atravessando gerações e continuar a ser engraçado é uma coisa difícil de explicar com precisão para o seu sucesso longevo e principalmente a imensa santificação e divinização  que nós brasileiros sentimos por ele. Eu me incluo nisso, porque cresci vendo e revendo muito desses episódios, e me divertindo bastante, rindo bastante e continuando achando graça.

Mas, existe fatores que podem explicar a razão do porquê da imensa glorificação que esta série gera há diferentes gerações, em especial aqui no Brasil.  

Uma delas pode estar na estética cômica, que segue muito a fórmula mais simplista baseada no tradicional humor físico, com toques de pastelão, bastante  teatralizado, circense com influências do cinema mudo chaplianiano.

Onde o texto se sustentava na previsibilidade com as situações sempre repetidas soltando sempre muitos bordões, para criar umas frases de efeito que provocasse a risada facilmente.





Outro fator também está no fato da trama de uma forma bem lúdica, escapista e muito sutil dos personagens simbolizarem   no cenário pobre  de uma  vila,  fazerem representações  dos tipos com características, personalidades  que podem existir em todo lugar, realidade que existe em qualquer comunidade carente existente  em qualquer país espalhado pelo mundo afora.

Como o Seu Madruga(Ramón Valdés), por exemplo, representar bem o retrato do típico desempregado viúvo,  que para sustentar sua única filha vai atrás de fazer  bicos, mas ainda assim vive enrolado no aluguel.




A Dona Florinda(Florinda Meza) representava bem  a típica figura de uma dondoca chata, mau humorada, carcomida, coroca,  uma viúva de marinheiro que vive mimando demais o único filho e vive transformando o Seu Madruga em saco de pancadas, ela   só se alivia quando aparece o Professor Girafales(Rubén Aguirre) na vila para lhe presentear com umas flores e ela lhe oferecer umas xícaras de café.

A Dona Clotilde(Angelines Fernandez) que não gosta quando é chamada de Bruxa do 71  pelas crianças da vila representava o tipo de uma senhora  vaidosa, dissimulada e muito safadinha que sempre que pode  vive dando uns pegas no Seu Madruga e este morre de vergonha.

Já o trio  das crianças representam um retrato muito curioso de uma coisa que hoje em dia  está cada vez mais raro de se vê com as crianças atuais,   que vivem muito imersas em  brincarem  mais com aparelhos eletrônicos, que é elas se interagindo, brincando juntas  no pátio da vila. O Chaves(representado pelo próprio Bolaños), é o que mais o público  se identifica por simbolizar   a figura de um menino pobre, órfão, que vive o tempo todo esfomeado e carrega um tom bastante ingênuo que acaba caindo nas armadilhas, promovidas principalmente pelo Quico(Carlos Villagran) ou mesmo pela Chiquinha(Maria Antonieta de Las Nieves) ele vive sempre dentro do barril que simboliza bem uma característica filosófica de Diógenes. Já o  Quico, filho único da Dona Florinda, simboliza bem a figura de quem os telespectadores mais sentem raiva  por ele mostrar um ar de inveja pelo Chaves, por viver sempre sendo superprotegido por sua irascível e rabugenta mãe, e faz do Seu Madruga seu bode expiatório e  quando aparece no pátio observando o Chaves brincando muito feliz com um brinquedo surrado,  ele aproveita para mostrar a ele que tem um melhor só para ostentar e do quanto ele é muito burro,  idiota ou como diz o Chaves um tonto para algumas coisas. Quanto a  Chiquinha simbolizava bem a figura de uma garotinha espertinha que era bastante inteligente, mas procurava usar da sua inteligência para convencer o Chaves a fazer umas coisa erradas.

A ideia de Bolaños, que no México é popularmente conhecido como Chespirito, uma palavra hispânica para Pequeno Shakespeare de criar nas crianças  da Vila  a representação de órfãos,  pode estar no fato dele colocar um caráter bem  mais intimista, já que ele passou boa parte da sua infância com um pai muito ausente que vivia tendo problemas com seus vícios em álcool. Sua mãe era quem tinha de  segurar o rojão de cuidar dele e dos seus dois irmãos, Francisco e Horácio, e ele era filho do meio e quando  cresceu e já estava com sua carreira artística  na TV  bem estabelecida, enfrentou a dolorosa perda da mãe em 1968. Isso bem antes de Chaves ter surgido na TV.

Ou seja, pode-se dizer que tanto  o Chaves ser representado como órfão de pai e mãe, simboliza bem um reflexivo da própria vida  pessoal difícil que o seu criador passou, sendo quase que um alter ego do próprio Bolaños. Isto também pode ser sentido  com as duas crianças da Vila que brincam com o Chaves, que  bem reflete a própria experiencia dolorosa da infância traumática  do seu criador, de viverem numa família um tanto desajustada, como é o caso do Quico  que simboliza um garoto  órfão de pai e vive só com a mãe Dona Florinda, que de tanto mimá-lo e superprotegê-lo faz dele como um abobalhado  é um bom reflexo de como Bolaños também vivenciou isso de como ele cresceu  com a ausência da  sua figura  paterna e a Chiquinha órfã de mãe reflete bem  a perda da sua mãe na fase adulta.

Além dos moradores, há dois personagens que  são presenças bem recorrentes na Vila,  que também de algum modo representam e refletem  uns tipos bem sutilmente  realistas.  Como  Girafales, professor do trio de crianças da vila, que costumava aparecer em alguns episódios ambientados ou na escola ou mesmo quando aparecia na Vila sempre levando umas flores para dar uns pegas na Dona Florinda, simbolizava bem a figura de um culto  sedutor dos mais canastrões e o Senhor Barriga que vive aparecendo na Vila para cobrar o pagamento mensal  dos seus inquilinos, representava e refletia  bem a típica figura chata e antipática   de quem já morou de aluguel deve bem saber do que estou me referindo que  é o sindico e proprietário  cobrador.

É curioso observar como o trio de crianças da Vila  era representado por gente já adulta, mas que aparentavam serem bem mais novos quando estavam vestido a caráter como seus personagens. O que aos olhos de hoje tem sido visto como  algo muito estranho. Bem, em 2011, fui conferir um espetáculo teatral que ocorreu aqui em Natal-RN no Teatro Riachuelo, localizado dentro do Shopping Midway Mall com uma trupe brasileira representando os personagens de Chaves, eram quatro atores que representavam apenas o quarteto de crianças da série. Chaves, Quico, Chiquinha e Nhonho, que tipo confesso que gostei demais, me imergir bastante na diversão e não me importei muito quanto a estranheza deles serem uns bandos de  adultos representando crianças. Ainda que ok gere, esta  estranheza pela incompatibilidades das idades reais tornar a representação deles  inverossímil, principalmente quando você notava que em Chapolim, por exemplo, outra criação famosa do Bolaños, onde o mesmo representava o papel tinha episódios onde Carlos Villagrán que representava o Quico na série fazia muitos pares românticos  com Florinda Meza, a sua mãe na série. Como se isto já não fosse bizarro suficiente para ser caracterizado  como um incesto, também havia o fato de que Villagrán namorou com Florinda Meza antes desta ficar com Bolaños por longos anos  até ele morrer.    Bolaños estava com 41 anos quando começou a representar o Chaves a partir de 1970 numa esquete do seu programa de humor antes dele ganhar um programa solo posteriormente. Além do Chaves ser representado por um adulto, também tinha o Quico que foi representado pelo Carlos Villagrán que estava na época com 26 anos quando começou a representar o personagem no programa, ele que recentemente durante a Pandemia  fez uma declaração polêmica ignorando o COVID-19, uma postura  negacionista que não pegou bem,   uma das coisas mais brilhantes  que ele mais imprimiu  ao personagem foi a característica dele ser bochechudo e conseguir falar, o que fazia de naturalmente sua voz ficar num tom bem agudo que na versão brasileira onde o personagem foi dublado por Nelson Machado que conseguiu encontrar o encaixe perfeito do agudo num tom de falsete mais grosso  para conseguir se encaixar ao perfil do personagem.  Já a Chiquinha foi representada por Maria Antonieta de Las Nieves, que apesar da baixa estatura e por ser a caçulinha da trupe estava com 20 anos quando começou a representar a personagem no programa, foi ela quem imprimiu na personagem as tranças e as sardas que foi dublada no Brasil por Sandra Mara Azevedo  e Cecilia Lemes que representaram bem cada uma a personagem com seus respectivos cacoetes característicos.   Não só isso acontecia com a crianças principais da vila. Mas também em relação as crianças que apareciam esporadicamente como Godinez que costumava aparecer nas aulas do Professor Girafales foi interpretado por Horácio Gómez Bolaños(1930-1999), que estava mais ou menos com 40 anos quando representou este papel. O NhoNho o filho do Senhor Barriga, o cobrador do aluguel da vila foi representado por Edgar Vivar, o mesmo que também fazia o Senhor Barriga e ela já estava com uns  20 anos quando representou o papel. E o mais bizarro era  Popis, prima do Quico foi representada pela Florinda Meza, a mesma  que fazia a Dona Florinda que estava 21 anos quando começou a representar o papel. Mais bizarro que isso tudo era o fato de que ela tinha uma diferença pequena de idade com relação a Villagrán que fazia o Quico, filho  da Dona Florinda  sendo que ela era cinco anos mais nova do que ele. E era vinte anos mais nova do que Bolaños que representava o Chaves com quem viveu uma longa história de amor que durou 36 anos numa união estável, que foi somente em 2004 que eles resolveram oficializar a união com ela para que ela pudesse ter os mesmo direitos a sua herança com seus seis filhos fruto de sua união anterior. Mas  ela não teve  filhos com ele. A sua união com Chespirito  durou até ele falecer 10 anos depois.

Mais curioso mesmo, é perceber que quando Edgar Vivar aparecia em cena como o Nhonho, nem parecia que ele fosse o mesmo a representar o Senhor Barriga, isto se deve a forma como as vestimentas que ele usava para compor cada personagem o ajudava a  diferenciar  bastante um do outro. Quando ele aparecia caracterizado na Vila  como Senhor Barriga para cobrar o aluguel dos inquilinos com aquele jeito todo elegante  de vestir-se como um engravatado executivo  acompanhado de uma pasta, usando óculos, bigode e expondo a calvície, ele aparentava  estar mais velho do que a idade real que tinha que era entre  uns 23 ou 24 anos, ficava parecendo um quarentão. Já quando aparecia esporadicamente como Nhonho na Vila para brincar com  as outras crianças, ai já se podia notar  um contraste enorme com relação ao Senhor Barriga. Onde ele aparentava ser mais novo. Tanto pela vestimenta caricata com toques bem teatrais que bem lembrava uma representação de fantoche mambembe  e meio cartunesco agindo de forma espalhafatosa  que o deixava com um aspecto bastante jovial, sem usar óculos e bigode, com  uma peruca para esconder a calvície e uma prótese dentária para destacar o sorriso bem caracteristicamente  dentuço do personagem. Como também pela forma como ele trabalhou bem a forma da técnica vocal  da  fala de cada um com  diferentes tons de  vozes para os personagens. No caso do Nhonho, ele para convencer que era mesmo um garotinho na mesma faixa etária de idade do Chaves e dos outros trabalhou bem não só na caracterização, como  também na maneira como elaborou uma técnica de   afinação na voz com um  timbre agudo em falsete que serviu para incorporar a personalidade boba,  infantilizada e dócil de falar dele para diferenciar do tom de voz grave quando representava o Senhor Barriga onde ele incorporava a personalidade mais grosseira do personagem, principalmente quando este  mostrava uma irritação com o Seu Madruga que era o seu inquilino que mais devia o aluguel ou quando  era recebido com uma pancada pelo Chaves que na primeira versão dublada pela extinta cooperativa MAGA nos Estúdios da TVS  antes de virar SBT, nos quatro  lotes de episódios que o SBT foi adquirindo para transmitir  do primeiro em 1984, do segundo em 1988, do terceiro  em 1990 e do último em 1992 que foram ambos dublados pelo saudoso Mário Villela(1934-2005) que fez um trabalho excelente ao representar com os mesmos diferentes tons  de  timbres de vozes  para representar os personagens que Vivar representava em tela. Tanto no tom grave para o Senhor Barriga para corporificar a sua personalidade mais autoritária e grosseira, principalmente nos cacoetes dele quando se irritava com Seu Madruga na hora de cobrar o aluguel lembrava sempre que estava devendo “14 meses de aluguel atrasado” ou mesmo quando era recebido com uma pancada  de vassoura pelo  Chaves ao chegar a Vila sempre dizia “Tinha que ser o Chaves mesmo” quanto no agudo em falsete bastante caricato para o Nhonho que imprimia bem a personalidade infantil de um típico garotinho moleque que realmente convencia, principalmente quando reagia a alguma piada ofensiva do Chaves e dizia um “Olha ele, Olha ele, Olha ele”.

Curioso também é observar que Florinda Meza, viúva de Bolaños,  que fazia a Dona Florinda, também representava a Popis,  sobrinha da Dona Florinda. Que passou a integrar o núcleo de personagens que faziam visitas recorrentes a Vila a partir da segunda metade dos anos 1970, principalmente crianças como o Nhonho por causa de uma demanda,  já que Maria Antonieta de Las Nieves, a interprete da Chiquinha teve de sair da série em virtude da licença maternidade, por causa da gravidez,  e recebeu um convite de outro canal para comandar um programa que acabou não vingando. Quando aparecia caracterizada como Popis, nem parecia que era a mesma atriz a representar a Dona Florinda, já que além das vestimentas a diferenciarem bastantes. Onde ela como Dona Florinda com aquela vestimenta simplista de típica dona de casa e com o cabelo cheio de penteadeiras, aparecia ser bem mais velha do que em relação a real idade que tinha. Mas quando  aparecia como a Popis, o contraste era nítido, ao parecer com uma vestimenta que parecia de uma típica boneca de pano com um modelo de penteadinhos típicos de maria chiquinhas e com sapatinhos e acompanhada da boneca Serafina onde conseguia convencer que era realmente uma menina em conjunto ao fato  dela ter desenvolvido uma técnica vocal  fanha  e mais aguda  a personagem para  dar uma afinada que convencia de que ela era realmente uma criança, que contrastava  com o timbre grave e grosseiro da Dona Florida. A voz fanhosa da Popis, como bem Bolaños descreveu posteriormente numa entrevista foi a que mais gerou incomodo num telespectador que enviou uma carta para reclamando da voz incomoda da personagem, já que ele tinha um filho com grave problema de voz, era fanho e com a Popis falando daquele jeito, os colegas faziam piadas com ele. Bolaños que sempre prezou em não fazer piadas ofensivas resolveu tirando a personagem de cena por um tempo e fazendo ela retornar sem a voz fanha.   Em ambas as versões dubladas no Brasil, as personagens da mesma atriz  teve a voz de Marta Volpiani,  desde a extinta MAGA nos  lotes de episódios da série adquiridas pelo SBT em quatro diferentes datas, passando pelas outras dublagens  em outros estúdios, como o Gábia, que ficou encarregado de dublar a série no lote de DVDs lançados entre 2005/2006 distribuídos pela Amazonas Filmes.  Onde ela  desempenhou bem para  cada personagem, nos  cacoetes de falas as personalidades através das mesmas técnicas vocais da atriz. Tanto no grave mais grosseiro para a Dona Florinda para  trabalhar bem a  personalidade explosiva da personagem, principalmente quando  ela se irritava com o Seu Madruga por este mexer com o Quico, ela primeiro dava uma bofetada e nessa hora soltava um bom timming ao repetir sempre o bordão: “Vamos Quico não se misture a essa gentalha”,  do mesmo modo  que soube trabalhar bem o tom  suave da personagem  quando ela se deparava com a chegada do Professor Girafales e sempre usava o cacoete dócil  do bordão “Professor Girafales, que milagre o senhor por aqui. Queira entrar para tomar uma xícara de café”. Trabalho impecável das diferentes camadas da personagem.   A mesma coisa em relação a Popis que ela desempenhou um brilhante trabalho ao reproduzir  a voz aguda  fanha anasalada  que dava bem um ar bastante caricato a personagem com toques bem teatrais.

Outra atriz que também representou uma criança na série foi Ana Lillian de La Macorra, que estava na faixa dos vinte anos quando fez a Patty em uma das versões do episódio As Novas Vizinhas. Apesar da baixa estatura e do rosto jovial, ela já não era mais tão criança como boa parte do elenco que fazia o papel de crianças na série.

 

O fato de Chaves ter muito adulto representando criança criou uma conotação negativa usada para quando é feita uma crítica a inverossimilhança de adultos representarem crianças o compararem a série. Se bem que este fator não é inédito de Chaves, no clássico filme musical dos tempos áureos da Hollywood clássica,  O Mágico de Oz(The Wizard of The Oz,EUA,1939), Judy Garland(1922-1969), uma adolescente de 16 anos foi escalda para representar a Dorothy Gale, uma menina de 10 anos que inicialmente foi pensada para a estrela-mirim Shirley Temple(1928-2014), que precisou  recusar por questões contratuais com outros estúdios.

Do mesmo como já ocorreu com o clássico musical Grease-Nos Tempos da Brilhantina (Grease,EUA, 1978), onde John Travolta protagonizando o rebelde adolescente  colegial  Danny  estava com 23 anos e a cantora Olivia Newton-John, a novata e ingênua virgem Sandy, seu par romântico na obra que é seis anos mais velha que ele estava com 29 anos.  

Como também foi exemplo no caso de O  Clube dos Cinco (The Breakfast Club,EUA,1985), onde três  atores que representavam adolescentes já não eram mais tão adolescentes que foi o caso de Emilio Estevez, filho do ator Martin Sheen e irmão do também ator Charlie Sheen, que estava com 23 anos quando representou no filme o papel do esportista Andrew, Judy Nelson que estava com 26 anos quando representou na obra o papel do esquentado John Bender e Ashley Sheedy que estava com 23 anos quando representou a esquisitona da Alisson,   ou mesmo em  Harry Potter e a Câmara Secreta (2002)  onde a atriz Shirley Henderson  que representou a Murta Que Geme estava com  37 anos. No Brasil tivemos algo parecido assim no clássico programa infantil dos anos 1990 Castelo Rá-Tim-Bum(Brasil, 1994-1997), onde o menino de 300 anos Nino, que vivia no castelo e chamava um trio de crianças para brincar com ele foi representado por Cássio Scapin que estava com 29 anos época. Do mesmo jeito também aconteceu com Miguelito, uma tentativa de fazer uma versão brasileira de Chaves.

Segundo algumas pessoas que  que estiveram presentes na negociação da compra  do SBT, então TVS no começo dos anos 1980 com a Televisa para trazer Chaves ao Brasil  em um pacote que veio por acaso, comprado junto com  as novelas mexicanas entre essas estava  Augusto Marzagão(1929-2017), um dos responsáveis por trazer Chaves  ao Brasil. Ele confessou que inicialmente Silvio Santos ao adquirir a série não botava muita fé no potencial dela. Como Marzagão declarou numa entrevista ao Jornal do Brasil em 23/06/1991:

"(...) o programa Chaves, que eu vendi ao SBT há oito anos, ninguém queria, no começo - achavam um lixo, uma porcaria. No entanto, o grande escritor argentino Jorge Luis Borges(1899-1986) que, cego, apenas escutava a televisão, dizia que, para ele, o personagem mais humano era o Chaves. O que acontece é que o brasileiro se acostumou com a beleza visual. Agora é que ele começa a ver uma linguagem mais simples."

E ainda acrescentou:

"A minha função na Televisa era promover e comercializar estes programas. A primeira novela mexicana exibida no Brasil, Os ricos também choram, chegou aqui por meu intermédio. Assim como Chispita, o Chaves, Chapolim. Todas as novelas mexicanas chegaram ao Brasil pelas minhas mãos. Tem um outro programa - vou revelar com exclusividade - que está para chegar. Chama-se Chespirito. É feito com uma parte do grupo de personagens do Chaves. Agrada muito no México. (...)"

O mesmo também  descreveu Salathiel Lage, diretor do núcleo de dublagem da TVS, responsável por contratar o serviço cooperativo de dublagem do Estúdio MAGA, comandado e dirigido pelo primeiro  dublador do Chaves, o saudoso Marcelo Gastaldi(1944-1995). Que foi quem  mais botou fé no sucesso da série no Brasil, enquanto que boa parte  ficava com um pé atrás.

Para o jornalista Arlindo Silva(1924-2011), autor da biografia A Fantástica História de Silvio Santos, publicada no ano  2000 pela EB Editora, descreve sobre esta passagem no livro  já que ele testemunhou de perto os bastidores das negociações envolvendo todo o esquema logístico para a série ser exibida na emissora, ainda mais pelo fato de durante muito tempo, trabalhou por 24 anos como assessor de imprensa de Silvio Santos relata esta passagem de sua impressão sobre a série e dos diretores executivos da emissora em um capítulo:

“Quando tudo ficou pronto, Silvio me perguntou o que eu estava achando do seriado. Respondi que se tratava de um produto barato, sem qualidades em termos de televisão atual, que pecava pela iluminação, pecava nas cores, sempre muito fortes; enfim, percebia-se que o cenário simples da vila era de papelão. Mas comentei que preferia ver minha filha de quatro anos assistindo a esse humor puro, de circo, como o que eu assistia no Piolim, ao humor que víamos nos Trapalhões, impregnado de erotismo desnecessário. Contei a Silvio que enviara cópias  de alguns capítulos aos diretores de programas do SBT para opinarem, e todos tinham considerado o seriado uma droga, uma porcaria. Foi ai que Silvio determinou que se preparasse cinco capítulo para colocar no ar como experiência. Isso aconteceu em 1984.

Na verdade, ninguém acreditava que Chaves pudesse emplacar. Todos achavam aquilo um seriado brega, mal feito, uma coisa sem graça. A realidade, porém, é que ao longo de 16 anos, Chaves continua um sucesso de audiência, em qualquer horário em que seja exibido. Além disso, o seriado foi motivo de teses sobre a televisão para a infância em universidades”.

O tempo provou que Chaves, apesar da descrença inicial dos grandes executivos do SBT, terminou caindo nas graças do público e se tornou muito assimilado  a grande  emissora que sempre passou a recorrer a Chaves para se recuperar da audiência ao longo de 36 anos, muito disso se deve talvez ao fato  de que a série carrega muito características   bastante popularesca, que sempre foi muito a cara da emissora de Silvio Santos, que desde a sua inauguração em Agosto de 1981, após adquirir a concessão da extinta TV Tupi que fechou suas portas em Julho de 1980 sempre pensou como seu grande nicho  nas classes B, C, D, E, enfim,  mas agora diante do impasse jurídico nos tribunais mexicanos envolvendo questões de copyright entre o Grupo Chespirito com a Televisa, que impediu a exibição mundial da série,  o SBT perdeu seu Coringa, e agora passando por uma grande crise depois que a Pandemia do Covid-19 afetou demais sua grade de programação e tem feito uma forte demissão em massa. Os rumos de quando ela voltará  a adquirir de volta essa série para trazer a audiência perdida de volta é um futuro incerto para ela que agora em 2021, completará 40 anos.

Outros  fatores que também podem  explicar o porquê da série ser tão querida e amada  pela maioria dos brasileiros, está talvez no fato da própria conseguir ser engraçada mesmo repetida, consegue manter a mesma graça  e não ficar datado como costuma  acontecer se formos analisar  comparando com algumas estéticas de outros  programas de humor, como o Casseta & Planeta, Urgente(1992-2010), por exemplo, que eu cresci vendo, apesar de ter  um outro formato de estética cômica diferente de Chaves. Mas num comparativo o tipo de humor bem caracteristicamente debochado do Casseta & Planeta que eu cresci acompanhando, apesar de não ser apropriado para crianças ficarem assistindo, enfim, a sua estética cômica comparado a Chaves tendia a  ficar  datado, pelo fato do seu tipo de humor ser baseado na sátira, na paródia sobre a vida  rotineira brasileira  com aquele tom  debochado de tirar sarro com o universo televisivo  inspirado  no jornalismo que era a essência da trupe que surgiu fazendo fanzines distribuindo revistas e jornais como a Casseta Popular e o Planeta Diário com aquele humor mais anárquico, nas suas esquetes  cujo lema característico era o  “Humorismo verdade, jornalismo mentira”, do mesmo jeito como ocorria no humor das charges dos jornais, a representação do humor do Casseta & Planeta na TV ficava datado justamente por isso, ao ridicularizar e tirar sarro  dos políticos e das outras celebridades que geravam o assunto quente do momento  ou mesmo a própria Globo parodiando suas novelas,  e quando este tipo de humor  fica datado, termina não tendo a mesma graça, acaba por “envelhecer mal”. Coisa que não ocorre com Chaves, cuja estética cômica mais tradicional de humor físico com ares mais circenses consegue manter a mesma graça num cenário bastante tosco,  mambembe e sujo  da Vila  com os personagens vestindo trajes muito brega, o que caracterizava   bem aquele toque  de uma  estética kitsch ao seriado.  Muito disso se deve ao bom desempenho que o próprio elenco  demonstrava em cena, que eram bem entrosados para fazer aquele estilo de humor  repetitivo, que ainda contava com Ramón Valdés(1923-1988) representando o Seu Madruga, um personagem que era a cara do próprio, era o único que não tinha um figurino o jeito de vestir era como ele costumava se vestir, portanto, pode-se dizer que ele imprimiu muitas características dele ao personagem. Angelines Fernández(1922-1994), uma espanhola que lutou contra a ditadura franquista na Espanha antes de se mudar para o México e lá construir sua carreira artística foi responsável por representar a Dona Clotilde, que odiava ser chamada de Bruxa do 71  e vivia dando uns pegas no Seu Madruga no programa e Rubén Aguirre(1934-2016) que representou muito bem na série o papel do sedutor canastrão e culto do Professor Girafales. Em cena o entrosamento e a química  que eles mostravam representando os respectivos  papeis na telinha se mostrava absolutamente perfeito. O mesmo não se pode dizer a respeito do relacionamento pessoal deles nos bastidores, como no que diz respeito as tretas que ocorreram entre Bolaños com Carlos Villagrán, devido a popularidade do Quico ter ficado maior do que a do Chaves o que resultou na sua saída do programa em sua fase de sucesso durante a década de 1970 no México,  e ele muito espertamente passou a fazer uso da imagem do personagem fora do programa e nos programas fora do México, onde  ele espertamente modificou o registro da grafia do personagem de Q.U.I.C.O para K.I.K.O, o que resultou em décadas de uma longa batalha jurídica de copyright pelo personagem. O mesmo também ocorreu quando posteriormente  Maria Antonieta de Las Nieves, a interprete da Chiquinha,  também decidiu fazer uso da imagem da personagem anos depois a partir da década de 1990, quando não foi mais produzidos novas séries de Chaves no México. Ela propôs fazer uma série solo da Chiquinha, que chegou a ser aprovada, mas depois descartado, em 1995 ela  muito espertamente  foi atrás do cartório que cuidava dos registros de personagens de audiovisuais e quando foi se informar do atual estado que se encontrava o registro ficou surpresa ao saber que Bolaños não renovava os registros dos  seus personagens fazia 15 anos na época e como pelas leis mexicanas de direitos autorais são necessários que a cada cinco anos sejam renovados os registros dos personagens de audiovisuais e como os personagens de Chaves estavam expirados há tempos no cartório, ela aproveitou da situação  e ficou com o registro da Chiquinha para fazer uso da sua imagem em apresentações de circo e TV. Bolaños só veio a descobrir isso muito tardiamente  em 2000 quando seu filho Roberto Gómez  Fernández ao fazer a curadoria  do acervo de personagens    do pai descobriu  justamente este problema e foi a partir daí que começou outra batalha jurídica de Bolaños com outro ator de Chaves pela questão do direito autoral dos personagens, como se já não fosse o bastante a dor de cabeça que ele teve com Carlos  Villagrán em relação ao Quico. O estopim para que essa batalha jurídica afetasse a cordial relação afetiva de Bolaños com Maria Antonieta de Las Nieves, foi  no fatídico dia  ocorrido  em 2002 quando a atriz ao receber em sua casa a carta do Oficial de Justiça e ao  ler o seu teor que continha o processo que Bolaños estava movendo contra ela envolvendo a questão da propriedade intelectual da personagem, Maria Antonieta tomou um grande susto com aquela notícia que acabou desmaiando e sendo  hospitalizada às pressas conseguindo depois se recuperar para encarar a batalha contra Bolaños. Que deram ganho de causa a atriz ao argumentar  que muita coisa da Chiquinha foi ela que imprimiu como o jeito de se vestir, os óculos, as sardas no rosto,  os penteados, e as características do choro, por exemplo,  que Bolaños apenas registrou só o nome. Por conta disso, com a Chiquinha sendo da propriedade intelectual de Maria Antonieta de Las Nieves isto gerou como  grande problema  o fato de que o Grupo Chespirito não pôde fazer uso da imagem da personagem como aconteceu na produção em desenho animado que contou com sete temporadas, produzida entre os anos de 2006-2014 pela Ánima Estúdios onde ela ficou de fora  e nos licenciamentos dos brinquedos como os lançados por redes de fast-foods como McDonald´s e Burger King ela também ficou de fora, para compensar a sua ausência a Popis é quem ficou encarregada de assumir sua função nos episódios onde ela estava presente. Essa batalha dura até hoje mesmo depois de Bolaños falecer e agora com esse impasse jurídico entre a Televisa com o Grupo Chespirito que tirou as exibições de Chaves e Chapolin a nível mundial, e  quando for  resolvido este imbróglio de ambas as partes, tão cedo Chaves  voltará a ser exibido novamente seja onde for, principalmente  porque eles vão precisar também entrar em acordo com Maria Antonieta de Las Nieves  para ela autorizar a veiculação da série com  a Chiquinha presente por ela ter o registro da personagem. Sem isso, não tem como a Televisa liberar de distribuir novamente a série para outros países. Mas os  caros leitores devem está se perguntando, por quê a Chiquinha ficou de fora do desenho e o Quico não, já que Villagrán também ficou o registro do personagem? Bom, a resposta  nesse caso,  acontece que Vilagrán só tem o registro do personagem com a grafia modificada o que não vai alterar tanto no imbróglio.    Só nos resta conformar em ver desenho animado, esse pessoalmente lembro que acompanhei pouco já que veio depois que eu já fiquei adulto com 21 anos  e estava fazendo faculdade, até que gostava nas poucas vezes, mesmo estranhando,   que continua sendo exibido  normalmente, já que o desenho não entra no pacote do impasse jurídico  da Televisa com o Grupo Chespirito e rezar para que tudo seja resolvido.    Outro fator que pode  explicar o porquê de Chaves ser tão amado no Brasil está em  como foi feito o processo da dublagem feita pela cooperativa da MAGA, de propriedade do falecido  dublador do Chaves,  Marcelo Gastaldi(1944-1995) dentro dos estúdios TVS antes de virar  SBT, cujo nome  eram as iniciais do seu nome e sobrenome, que reuniu um ótimo casting de vozes que conseguiam entrarem bem em sintonia com o ritmo do texto e dentro de atuação do próprio elenco na tela. Como o próprio Gastaldi, que fez a voz do Chaves, representado pelo próprio Bolaños cuja intepretação como o personagem foi crível, conseguiu dá o tom da sua personalidade ingênua  conseguindo encontrar o timbre do falsete principalmente nos cacoetes característicos do personagem como o “Ninguém tem paciência comigo”, por exemplo. Fora os que eu já tinha mencionado aqui no texto  antes ao descrever sobre cada personagem, o casting clássico da Maga dos anos 1980 também contou com Carlos Seidl fazendo a voz do Seu Madruga que fez um incrível trabalho de imprimir bem nos cacoetes do personagem como o “Tinha que ser o Chaves mesmo”, com o tom malandro e ao mesmo tempo grosseirão ao personagem interpretado por Ramon Valdés,   o falecido Osmiro Campos(1933-2015) que foi a segunda voz do Professor Girafales que nos primeiros anos da exibição da série no Brasil que vieram no primeiro lote de episódios em 1984 foi dublado inicialmente pelo também já falecido Potiguara Lopes(1941-1992), cuja interpretação de voz diferenciava um pouco da maneira como Osmiro Campos havia imprimido ao personagem com a personalidade de Don Juan culto e  canastrão, principalmente nos momentos onde o  personagem de Rubén Aguirre  vivia  sempre indo a vila para dar uns pegas na Dona Florinda e lá soltava os seus cacoetes característicos de fala, como quando ele se irritava e fazia o característico grito do  “ Taaaa, taaa, ta, ta!". Que segundo o próprio Aguirre comentou em entrevistas isto foi uma coisa que ele mesmo imprimiu ao personagem inspirado num antigo professor que tinha em sua escola em seus tempos de colegial ou mesmo quando se declarava romanticamente para a Dona Florinda.  A saudosa Helena Samara(1933-2007), é quem foi a responsável por fazer a voz da Dona Clotilde/Bruxa do 71, a vaidosa e dissimulada senhora da Vila  que vive dando uns pegas no Seu Madruga, personagem da Angelines Fernández. Esse elenco clássico  de vozes da MAGA  que também contou com Older Cazarré(1935-1992) que morreu covardemente vitimado por uma bala perdida que fez  a voz do carteiro Jaiminho e Élcio Sodré, famoso pela voz do Shiryu em Cavaleiros do Zodíaco e do Kamen Rider Black e do Kamen Rider Black RX fez a voz do Godinez em poucos episódios, sendo um desses aleatórios que apareciam na série assim como muitos que não dá nem para mencionar, foi o estúdio que ao contratar o tradutor modificou alguns nomes de personagens como o Chaves que no original é Chavo que significa moleque em espanhol, já que ele não tem nome, aliás o título original é El Chavo Del Ocho que é algo como Garoto do Oito, que originalmente se referia ao canal original que a série era exibida e quando foi parar na Televisa era dito que ele vivia na casa de número oito. O Seu Madruga que no original era Don Ramon e a Chiquinha que no original era Chilidrina, que nas primeiras dublagens era chamada de Francisquinha, já o resto mantiveram os nomes originais, do mesmo jeito que incluíram coisas referentes ao Brasil nas piadas como nas aulas de História ou mesmo citações ao próprio SBT, localizações que se mostraram necessárias já que tinha muita coisa que refletia mais sobre o cotidiano dos costumes do  México que para nós brasileiros soaria estranho. Que com o passar dos anos, principalmente depois que Maga foi extinta com o falecimento do Gastaldi em 1995, novas dublagens da série foram feitas por outros estúdios por questões necessárias envolvendo direitos de distribuição. Entre os anos de  2005-2006, quando foram lançados os volumes de DVDs da série, que eu inclusive tenho guardado  um desses volumes, distribuídos pela Amazonas Filmes foi preciso fazer uma nova dublagem desta vez nos Estúdios Gábia, o motivo para esta redublagem foi porque clássica da Maga feita para o SBT com todos os lotes de episódios adquiridos pela emissora  em quatros datas que foram de 1984-1988-1990-1992,  incluindo os perdidos ou os que nunca foram exibidos a Televisa não liberou. Sendo portanto necessário essa redublagem no Estúdio Gábia, onde boa parte que estava viva participou desse processo, sendo substituídos as vozes de Marcelo Gastaldi já falecido para a voz do Tatá Guanieri, Mário Vilella que chegou a participar da dublagem de alguns episódios no DVD, precisou se afastar por causa da diabetes vindo a falecer e sendo substituído por Gilberto Barolli e Gustavo Berriel foi quem ficou encarregado de fazer a voz do Jaiminho nos DVDs para substituir Older Cazarré e fora outros de redublagens, como os que ocorreram quando o SBT passou a exibir episódios engavetados como os que em 2012 e em 2014 e em 2018 quando o canal pago Multishow do Grupo Globo passou a exibir até 2020. Isso sem contar outras dublagens feitas pela CNT no final dos anos 1990 onde Chaves apareceu como esquetes dos programas do Chespirito e foi dublado pela Parisi Video e de quando o SBT exibiu o Clube do Chaves em 2001 com as vozes alteradas enfim.

Do elenco principal, formado por oito atores,  metade já faleceu, além de Bolaños que representava o Chaves na série já faleceram Ramón Valdés, o interprete do Seu Madruga, vítima de um câncer de  estômago com 64 anos em 1988, ele era fumante ativo. Angelines Fernández a Dona Clotilde morreu vítima de câncer de pulmão aos 71 anos em 1994, do mesmo jeito que Ramón Valdés ela também era fumante. E Rubén Aguirre que representou na série o Professor Girafales estava com 82 anos quando faleceu em 2016 já apresentando  sérios problemas de saúde, estava paraplégico  depois de ter sofrido o acidente automobilístico no final de 2007. Os outros quatro remanescentes vivos ainda permanecem ativos no meio artístico como é o caso de Carlos Villagrán que fazia o Quico, Florinda Meza que fazia a Dona Florinda e a Popis, Edgar  Vivar que fazia o Senhor Barriga e o Nhonho e Maria Antonieta de Las Nieves que vivia a Chiquinha e já fase final do programa a Dona Neves, avô do Seu Madruga.

O número de atores  falecidos da série tende a  ficar  maior se forem somados aos nomes de alguns atores que participaram da série fazendo personagens aleatórios que são poucos lembrados por parte do público. Como é o caso de Raul “Chato”Padilla(1918-1994), que representou o papel do carteiro Jaiminho, personagem que apareceu já na fase final da série no México e quando Chaves passou a ser gravado durante os anos 1980 até 1990 em esquetes dos programas do Chespirito, ela passou a ser presença frequente para compensar as ausências do Seu Madruga, já que Ramón Valdés já estava ausente da trupe devido as umas brigas de bastidores e ele veio a falecer em 1988, principalmente para regravar episódios onde contava com a presença do Seu Madruga. Padilla faleceu em 1994, não por acaso, a mesma data que veio a óbito a atriz Angelines Fernández. Estava com 75 anos e sofria de diabetes.  Além desses, outros

atores que também apareciam na série muito aleatoriamente e já são falecidos: Horácio Gómez Bolaños, irmão do Chespirito, responsável por interpretar na série o Godinez, o menino que costumava aparecer raramente na Vila para brincar com Chaves e sua turma e aparecia em episódios ambientados na sala de aula do Professor Girafales. Horácio Gómez faleceu em 1999, aos 69 anos vitimado por um infarto. Os outros nomes  são: José Luiz Fernández(1926-1996), que representou o episódio do vendedor de chapéus, faleceu com 69 anos de causas não reveladas. Paty Juárez(1954-1997) que representou a Paty numa da versões do episódio As Novas Vizinhas faleceu com 42 anos vítima de um câncer no esôfago. German Robles(1929-2015), que representou o Seu Madroga “Roman” no original, primo do Seu Madruga em um único episódio para suprir sua ausência.  Faleceu aos 86 anos vítima de uma doença pulmonar obstrutiva crônica. Maria Luisa Alcalá(1942-2016), que representou a Malicha, que apareceu por pouco tempo na série para suprir a ausência da Chiquinha junto com o Nhonho e a Popis, mas como ela não vingou muito acabou ficando esquecida depois. A atriz tinha 72 anos, faleceu de causas naturais. Olivia Garcia Levya(1946-2019), que foi uma das Glórias, tia bonitona  da Paty  nas diferentes versões do episódio As Novas Vizinhas. Faleceu com 72 anos vítima de câncer.  Por fim, até o momento em que escrevo este texto o último ator que participou da série a falecer foi Abraham Stavans(1933-2019), que representou na série o dono do parque de diversões que aparece em dois episódios e como freguês do Bar da Dona Florinda na fase em que a série já estava perdendo o fôlego. O ator tinha 86 anos e faleceu de causas naturais. Isto sem mencionar as vozes brasileiras do seriado.

 

Posso concluir nisso tudo que Chaves, pode não ser um tipo de programa de humor que chegue a ser comparável a FRIENDS(1994-2004), como a melhor série de todos os tempos em qualidade de produção, principalmente pelo tipo de precariedade do cenário que continha e o próprio em que foi concebido. Em compensação traz um humor que se mostra bastante atemporal, principalmente pela simplicidade da repetição com os bordões e o humor físico.

 

 

 

 

 

quarta-feira, 14 de abril de 2021

OS BRASILEIROS QUE CONQUISTARAM A EUROPA - EDUARDO BUENO

  

"Ah, saudades daquele tempo em que dava para aglomerar! E aglomerar pelado, na rede, dançando, cantando, gritando - e depois tocando fogo em tudo! E foi o que aconteceu na França em 1550. Mas festa assim só podia ser brasileira, né? Foi a chamada “festa brasileira em Rouen”, cujos embalos e agitos e atrações transformaram para sempre o imaginário Europeu em relação aos nativos do Novo Mundo. E como se sabe, festa boa é festa comentada por Montaigne, Rosseau, Diderot e Voltaire e frequentada pela realeza! Isso sim é que é cercadinho vip! Eduardo Bueno te convida para a mais espetacular festança com a qual você poderia sonhar em participar. E todo mundo sem máscara - como era no “velho anormal”. RSVP."

terça-feira, 13 de abril de 2021

quarta-feira, 7 de abril de 2021

A REPÚBLICA CAFÉ COM LEITE - EDUARDO BUENO

  

"A República do Café com Leite, apesar de atrasada e fruto de um parto difícil, já nasceu velha. Na dita República Velha criou-se essa noção inapagável de que "a natureza do Brasil é agrícola" e que estamos fadados a viver exportando commodities por toda a eternidade, favorecendo e paparicando os fazendeiros a troco de todo o nada que eles nos dão em troca. Sirva seu irish coffee (caprichado no goró!) e conheça mais sobre a República do Café com Leite, seus presidentes, seus descaminhos e suas consequências que ainda nos afetam."

terça-feira, 6 de abril de 2021

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Retrospectiva Nostálgica - 1984

  

"Mais uma viagem nostálgica pela década de 80. O que aconteceu na década oitentista? Chegando ao ano de 1984, curiosidades, lembranças e fatos históricos daquele jeitão!"