COMPREENDENDO
O MEU FASCÍNIO POR CHAVES
Durante o ano de 2020,
como se não bastasse a grande tragédia
que a pandemia do Coronavírus trouxe para a humanidade, tivemos de nos
conformar com a saída de Chaves da grade de programação da TV
Brasileira, e não só aqui no Brasil, mas em diversas partes do mundo.
O principal motivo disso envolveu a briga judicial pelos direitos autorais entre a emissora de
tv mexicana Televisa que detém os direitos de imagem e distribuição da série e
foi a responsável pela produção, com o Grupo Chespirito, formado pelos herdeiros
de Roberto Gómez Bolaños(1929-2014), o criador e interprete do protagonista da
série.
Por causa desse impasse
jurídico, isso acabou afetando a exibição da série a nível mundial, inclusive
aqui no Brasil que era exibido há mais trinta anos pelo SBT desde 1984,
emissora de propriedade do apresentador Silvio Santos teve de tirar da grade da
emissora em virtude justamente disso.
Isso não só afetou ao SBT, mas também no canal pago do Multishow das
Organizações Globo e no serviço de streaming da Amazon Prime.
Compreender as razões do porquê
de Chaves ser um programa de humor que ainda faz sucesso atravessando gerações
e continuar a ser engraçado é uma coisa difícil de explicar com precisão para o
seu sucesso longevo e principalmente a imensa santificação e divinização que nós brasileiros sentimos por ele. Eu me
incluo nisso, porque cresci vendo e revendo muito desses episódios, e me
divertindo bastante, rindo bastante e continuando achando graça.
Mas, existe fatores que
podem explicar a razão do porquê da imensa glorificação que esta série gera há
diferentes gerações, em especial aqui no Brasil.
Uma delas pode estar na
estética cômica, que segue muito a fórmula mais simplista baseada no
tradicional humor físico, com toques de pastelão, bastante teatralizado, circense com influências do
cinema mudo chaplianiano.
Onde o texto se
sustentava na previsibilidade com as situações sempre repetidas soltando sempre
muitos bordões, para criar umas frases de efeito que provocasse a risada
facilmente.
Outro fator também está
no fato da trama de uma forma bem lúdica, escapista e muito sutil dos
personagens simbolizarem no cenário pobre de uma vila,
fazerem representações dos tipos
com características, personalidades que
podem existir em todo lugar, realidade que existe em qualquer comunidade
carente existente em qualquer país
espalhado pelo mundo afora.
Como o Seu Madruga(Ramón
Valdés), por exemplo, representar bem o retrato do típico desempregado viúvo, que para sustentar sua única filha vai atrás
de fazer bicos, mas ainda assim vive
enrolado no aluguel.
A Dona Florinda(Florinda
Meza) representava bem a típica figura
de uma dondoca chata, mau humorada, carcomida, coroca, uma viúva de marinheiro que vive mimando demais
o único filho e vive transformando o Seu Madruga em saco de pancadas, ela só se alivia quando aparece o Professor
Girafales(Rubén Aguirre) na vila para lhe presentear com umas flores e ela lhe
oferecer umas xícaras de café.
A Dona Clotilde(Angelines
Fernandez) que não gosta quando é chamada de Bruxa do 71 pelas crianças da vila representava o tipo de
uma senhora vaidosa, dissimulada e muito
safadinha que sempre que pode vive dando
uns pegas no Seu Madruga e este morre de vergonha.
Já o trio das crianças representam um retrato muito
curioso de uma coisa que hoje em dia está cada vez mais raro de se vê com as
crianças atuais, que vivem muito imersas em brincarem mais com aparelhos eletrônicos, que é elas se
interagindo, brincando juntas no pátio
da vila. O Chaves(representado pelo próprio Bolaños), é o que mais o
público se identifica por simbolizar a figura de um menino pobre, órfão, que vive
o tempo todo esfomeado e carrega um tom bastante ingênuo que acaba caindo nas
armadilhas, promovidas principalmente pelo Quico(Carlos Villagran) ou mesmo
pela Chiquinha(Maria Antonieta de Las Nieves) ele vive sempre dentro do barril
que simboliza bem uma característica filosófica de Diógenes. Já o Quico, filho único da Dona Florinda, simboliza
bem a figura de quem os telespectadores mais sentem raiva por ele mostrar um ar de inveja pelo Chaves, por
viver sempre sendo superprotegido por sua irascível e rabugenta mãe, e faz do
Seu Madruga seu bode expiatório e quando
aparece no pátio observando o Chaves brincando muito feliz com um brinquedo
surrado, ele aproveita para mostrar a
ele que tem um melhor só para ostentar e do quanto ele é muito burro, idiota ou como diz o Chaves um tonto para
algumas coisas. Quanto a Chiquinha
simbolizava bem a figura de uma garotinha espertinha que era bastante
inteligente, mas procurava usar da sua inteligência para convencer o Chaves a
fazer umas coisa erradas.
A ideia de Bolaños, que
no México é popularmente conhecido como Chespirito, uma palavra hispânica para
Pequeno Shakespeare de criar nas crianças
da Vila a representação de
órfãos, pode estar no fato dele colocar
um caráter bem mais intimista, já que
ele passou boa parte da sua infância com um pai muito ausente que vivia tendo
problemas com seus vícios em álcool. Sua mãe era quem tinha de segurar o rojão de cuidar dele e dos seus dois
irmãos, Francisco e Horácio, e ele era filho do meio e quando cresceu e já estava com sua carreira
artística na TV bem estabelecida, enfrentou a dolorosa perda
da mãe em 1968. Isso bem antes de Chaves ter surgido na TV.
Ou seja, pode-se dizer
que tanto o Chaves ser representado como
órfão de pai e mãe, simboliza bem um reflexivo da própria vida pessoal difícil que o seu criador passou,
sendo quase que um alter ego do próprio Bolaños. Isto também pode ser sentido com as duas crianças da Vila que brincam com
o Chaves, que bem reflete a própria
experiencia dolorosa da infância traumática do seu criador, de viverem numa família um
tanto desajustada, como é o caso do Quico que simboliza um garoto órfão de pai e vive só com a mãe Dona
Florinda, que de tanto mimá-lo e superprotegê-lo faz dele como um abobalhado é um bom reflexo de como Bolaños também
vivenciou isso de como ele cresceu com a
ausência da sua figura paterna e a Chiquinha órfã de mãe reflete bem a perda da sua mãe na fase adulta.
Além dos moradores, há
dois personagens que são presenças bem
recorrentes na Vila, que também de algum
modo representam e refletem uns tipos
bem sutilmente realistas. Como
Girafales, professor do trio de crianças da vila, que costumava aparecer
em alguns episódios ambientados ou na escola ou mesmo quando aparecia na Vila
sempre levando umas flores para dar uns pegas na Dona Florinda, simbolizava bem
a figura de um culto sedutor dos mais
canastrões e o Senhor Barriga que vive aparecendo na Vila para cobrar o
pagamento mensal dos seus inquilinos,
representava e refletia bem a típica
figura chata e antipática de quem já
morou de aluguel deve bem saber do que estou me referindo que é o sindico e proprietário cobrador.
É curioso observar como o
trio de crianças da Vila era
representado por gente já adulta, mas que aparentavam serem bem mais novos
quando estavam vestido a caráter como seus personagens. O que aos olhos de hoje
tem sido visto como algo muito estranho.
Bem, em 2011, fui conferir um espetáculo teatral que ocorreu aqui em Natal-RN
no Teatro Riachuelo, localizado dentro do Shopping Midway Mall com uma trupe
brasileira representando os personagens de Chaves, eram quatro atores que representavam
apenas o quarteto de crianças da série. Chaves, Quico, Chiquinha e Nhonho, que
tipo confesso que gostei demais, me imergir bastante na diversão e não me
importei muito quanto a estranheza deles serem uns bandos de adultos representando crianças. Ainda que ok
gere, esta estranheza pela
incompatibilidades das idades reais tornar a representação deles inverossímil, principalmente quando você
notava que em Chapolim, por exemplo, outra criação famosa do Bolaños, onde o
mesmo representava o papel tinha episódios onde Carlos Villagrán que
representava o Quico na série fazia muitos pares românticos com Florinda Meza, a sua mãe na série. Como se
isto já não fosse bizarro suficiente para ser caracterizado como um incesto, também havia o fato de que
Villagrán namorou com Florinda Meza antes desta ficar com Bolaños por longos
anos até ele morrer. Bolaños estava com 41 anos quando começou a
representar o Chaves a partir de 1970 numa esquete do seu programa de humor
antes dele ganhar um programa solo posteriormente. Além do Chaves ser
representado por um adulto, também tinha o Quico que foi representado pelo
Carlos Villagrán que estava na época com 26 anos quando começou a representar o
personagem no programa, ele que recentemente durante a Pandemia fez uma declaração polêmica ignorando o COVID-19,
uma postura negacionista que não pegou
bem, uma das coisas mais brilhantes que ele mais imprimiu ao personagem foi a característica dele ser
bochechudo e conseguir falar, o que fazia de naturalmente sua voz ficar num tom
bem agudo que na versão brasileira onde o personagem foi dublado por Nelson
Machado que conseguiu encontrar o encaixe perfeito do agudo num tom de falsete
mais grosso para conseguir se encaixar
ao perfil do personagem. Já a Chiquinha
foi representada por Maria Antonieta de Las Nieves, que apesar da baixa
estatura e por ser a caçulinha da trupe estava com 20 anos quando começou a
representar a personagem no programa, foi ela quem imprimiu na personagem as
tranças e as sardas que foi dublada no Brasil por Sandra Mara Azevedo e Cecilia Lemes que representaram bem cada uma
a personagem com seus respectivos cacoetes característicos. Não só isso acontecia com a crianças
principais da vila. Mas também em relação as crianças que apareciam
esporadicamente como Godinez que costumava aparecer nas aulas do Professor
Girafales foi interpretado por Horácio Gómez Bolaños(1930-1999), que estava mais
ou menos com 40 anos quando representou este papel. O NhoNho o filho do Senhor
Barriga, o cobrador do aluguel da vila foi representado por Edgar Vivar, o
mesmo que também fazia o Senhor Barriga e ela já estava com uns 20 anos quando representou o papel. E o mais
bizarro era Popis, prima do Quico foi
representada pela Florinda Meza, a mesma
que fazia a Dona Florinda que estava 21 anos quando começou a
representar o papel. Mais bizarro que isso tudo era o fato de que ela tinha uma
diferença pequena de idade com relação a Villagrán que fazia o Quico,
filho da Dona Florinda sendo que ela era cinco anos mais nova do que
ele. E era vinte anos mais nova do que Bolaños que representava o Chaves com
quem viveu uma longa história de amor que durou 36 anos numa união estável, que
foi somente em 2004 que eles resolveram oficializar a união com ela para que
ela pudesse ter os mesmo direitos a sua herança com seus seis filhos fruto de
sua união anterior. Mas ela não
teve filhos com ele. A sua união com
Chespirito durou até ele falecer 10 anos
depois.
Mais curioso mesmo, é
perceber que quando Edgar Vivar aparecia em cena como o Nhonho, nem parecia que
ele fosse o mesmo a representar o Senhor Barriga, isto se deve a forma como as
vestimentas que ele usava para compor cada personagem o ajudava a diferenciar bastante um do outro. Quando ele aparecia
caracterizado na Vila como Senhor
Barriga para cobrar o aluguel dos inquilinos com aquele jeito todo elegante de vestir-se como um engravatado executivo acompanhado de uma pasta, usando óculos,
bigode e expondo a calvície, ele aparentava estar mais velho do que a idade real que tinha
que era entre uns 23 ou 24 anos, ficava
parecendo um quarentão. Já quando aparecia esporadicamente como Nhonho na Vila
para brincar com as outras crianças, ai
já se podia notar um contraste enorme
com relação ao Senhor Barriga. Onde ele aparentava ser mais novo. Tanto pela
vestimenta caricata com toques bem teatrais que bem lembrava uma representação
de fantoche mambembe e meio cartunesco
agindo de forma espalhafatosa que o deixava
com um aspecto bastante jovial, sem usar óculos e bigode, com uma peruca para esconder a calvície e uma
prótese dentária para destacar o sorriso bem caracteristicamente dentuço do personagem. Como também pela forma
como ele trabalhou bem a forma da técnica vocal
da fala de cada um com diferentes tons de vozes para os personagens. No caso do Nhonho,
ele para convencer que era mesmo um garotinho na mesma faixa etária de idade do
Chaves e dos outros trabalhou bem não só na caracterização, como também na maneira como elaborou uma técnica de
afinação na voz com um timbre agudo em falsete que serviu para
incorporar a personalidade boba, infantilizada e dócil de falar dele para
diferenciar do tom de voz grave quando representava o Senhor Barriga onde ele
incorporava a personalidade mais grosseira do personagem, principalmente quando
este mostrava uma irritação com o Seu
Madruga que era o seu inquilino que mais devia o aluguel ou quando era recebido com uma pancada pelo Chaves que
na primeira versão dublada pela extinta cooperativa MAGA nos Estúdios da
TVS antes de virar SBT, nos quatro lotes de episódios que o SBT foi adquirindo
para transmitir do primeiro em 1984, do
segundo em 1988, do terceiro em 1990 e
do último em 1992 que foram ambos dublados pelo saudoso Mário
Villela(1934-2005) que fez um trabalho excelente ao representar com os mesmos
diferentes tons de timbres de vozes para representar os personagens que Vivar
representava em tela. Tanto no tom grave para o Senhor Barriga para
corporificar a sua personalidade mais autoritária e grosseira, principalmente
nos cacoetes dele quando se irritava com Seu Madruga na hora de cobrar o
aluguel lembrava sempre que estava devendo “14 meses de aluguel atrasado” ou
mesmo quando era recebido com uma pancada de vassoura pelo Chaves ao chegar a Vila sempre dizia “Tinha
que ser o Chaves mesmo” quanto no agudo em falsete bastante caricato para o
Nhonho que imprimia bem a personalidade infantil de um típico garotinho moleque
que realmente convencia, principalmente quando reagia a alguma piada ofensiva
do Chaves e dizia um “Olha ele, Olha ele, Olha ele”.
Curioso também é observar
que Florinda Meza, viúva de Bolaños, que
fazia a Dona Florinda, também representava a Popis, sobrinha da Dona Florinda. Que passou a
integrar o núcleo de personagens que faziam visitas recorrentes a Vila a partir
da segunda metade dos anos 1970, principalmente crianças como o Nhonho por
causa de uma demanda, já que Maria
Antonieta de Las Nieves, a interprete da Chiquinha teve de sair da série em
virtude da licença maternidade, por causa da gravidez, e recebeu um convite de outro canal para
comandar um programa que acabou não vingando. Quando aparecia caracterizada
como Popis, nem parecia que era a mesma atriz a representar a Dona Florinda, já
que além das vestimentas a diferenciarem bastantes. Onde ela como Dona Florinda
com aquela vestimenta simplista de típica dona de casa e com o cabelo cheio de
penteadeiras, aparecia ser bem mais velha do que em relação a real idade que
tinha. Mas quando aparecia como a Popis,
o contraste era nítido, ao parecer com uma vestimenta que parecia de uma típica
boneca de pano com um modelo de penteadinhos típicos de maria chiquinhas e com
sapatinhos e acompanhada da boneca Serafina onde conseguia convencer que era
realmente uma menina em conjunto ao fato dela ter desenvolvido uma técnica vocal fanha e
mais aguda a personagem para dar uma afinada que convencia de que ela era realmente
uma criança, que contrastava com o
timbre grave e grosseiro da Dona Florida. A voz fanhosa da Popis, como bem
Bolaños descreveu posteriormente numa entrevista foi a que mais gerou incomodo
num telespectador que enviou uma carta para reclamando da voz incomoda da
personagem, já que ele tinha um filho com grave problema de voz, era fanho e
com a Popis falando daquele jeito, os colegas faziam piadas com ele. Bolaños
que sempre prezou em não fazer piadas ofensivas resolveu tirando a personagem
de cena por um tempo e fazendo ela retornar sem a voz fanha. Em
ambas as versões dubladas no Brasil, as personagens da mesma atriz teve a voz de Marta Volpiani, desde a extinta MAGA nos lotes de episódios da série adquiridas pelo
SBT em quatro diferentes datas, passando pelas outras dublagens em outros estúdios, como o Gábia, que ficou
encarregado de dublar a série no lote de DVDs lançados entre 2005/2006
distribuídos pela Amazonas Filmes. Onde
ela desempenhou bem para cada personagem, nos cacoetes de falas as personalidades através
das mesmas técnicas vocais da atriz. Tanto no grave mais grosseiro para a Dona
Florinda para trabalhar bem a personalidade explosiva da personagem,
principalmente quando ela se irritava
com o Seu Madruga por este mexer com o Quico, ela primeiro dava uma bofetada e
nessa hora soltava um bom timming ao repetir sempre o bordão: “Vamos Quico não
se misture a essa gentalha”, do mesmo modo
que soube trabalhar bem o tom suave da personagem quando ela se deparava com a chegada do
Professor Girafales e sempre usava o cacoete dócil do bordão “Professor Girafales, que milagre o
senhor por aqui. Queira entrar para tomar uma xícara de café”. Trabalho
impecável das diferentes camadas da personagem. A mesma
coisa em relação a Popis que ela desempenhou um brilhante trabalho ao
reproduzir a voz aguda fanha anasalada que dava bem um ar bastante caricato a
personagem com toques bem teatrais.
Outra atriz que também
representou uma criança na série foi Ana Lillian de La Macorra, que estava na
faixa dos vinte anos quando fez a Patty em uma das versões do episódio As
Novas Vizinhas. Apesar da baixa estatura e do rosto jovial, ela já não era
mais tão criança como boa parte do elenco que fazia o papel de crianças na
série.
O fato de Chaves ter
muito adulto representando criança criou uma conotação negativa usada para
quando é feita uma crítica a inverossimilhança de adultos representarem
crianças o compararem a série. Se bem que este fator não é inédito de Chaves,
no clássico filme musical dos tempos áureos da Hollywood clássica, O Mágico de Oz(The Wizard of
The Oz,EUA,1939), Judy Garland(1922-1969), uma adolescente de 16 anos foi
escalda para representar a Dorothy Gale, uma menina de 10 anos que inicialmente
foi pensada para a estrela-mirim Shirley Temple(1928-2014), que precisou recusar por questões contratuais com outros
estúdios.
Do mesmo como já ocorreu
com o clássico musical Grease-Nos Tempos da Brilhantina (Grease,EUA,
1978), onde John Travolta protagonizando o rebelde adolescente colegial
Danny estava com 23 anos e a
cantora Olivia Newton-John, a novata e ingênua virgem Sandy, seu par romântico
na obra que é seis anos mais velha que ele estava com 29 anos.
Como também foi exemplo
no caso de O Clube dos Cinco
(The Breakfast Club,EUA,1985), onde três atores que representavam adolescentes já não
eram mais tão adolescentes que foi o caso de Emilio Estevez, filho do ator
Martin Sheen e irmão do também ator Charlie Sheen, que estava com 23 anos
quando representou no filme o papel do esportista Andrew, Judy Nelson que
estava com 26 anos quando representou na obra o papel do esquentado John Bender
e Ashley Sheedy que estava com 23 anos quando representou a esquisitona da
Alisson, ou mesmo em Harry Potter e a Câmara Secreta
(2002) onde a atriz Shirley
Henderson que representou a Murta Que
Geme estava com 37 anos. No Brasil
tivemos algo parecido assim no clássico programa infantil dos anos 1990 Castelo
Rá-Tim-Bum(Brasil, 1994-1997), onde o menino de 300 anos Nino, que
vivia no castelo e chamava um trio de crianças para brincar com ele foi
representado por Cássio Scapin que estava com 29 anos época. Do mesmo jeito
também aconteceu com Miguelito, uma tentativa de fazer uma versão
brasileira de Chaves.
Segundo algumas pessoas
que que estiveram presentes na
negociação da compra do SBT, então TVS
no começo dos anos 1980 com a Televisa para trazer Chaves ao Brasil em um pacote que veio por acaso, comprado
junto com as novelas mexicanas entre essas
estava Augusto Marzagão(1929-2017), um
dos responsáveis por trazer Chaves ao
Brasil. Ele confessou que inicialmente Silvio Santos ao adquirir a série não
botava muita fé no potencial dela. Como Marzagão declarou numa entrevista ao
Jornal do Brasil em 23/06/1991:
"(...) o programa
Chaves, que eu vendi ao SBT há oito anos, ninguém queria, no começo - achavam
um lixo, uma porcaria. No entanto, o grande escritor argentino Jorge Luis
Borges(1899-1986) que, cego, apenas escutava a televisão, dizia que, para ele,
o personagem mais humano era o Chaves. O que acontece é que o brasileiro se
acostumou com a beleza visual. Agora é que ele começa a ver uma linguagem mais
simples."
E ainda acrescentou:
"A minha função na
Televisa era promover e comercializar estes programas. A primeira novela
mexicana exibida no Brasil, Os ricos também choram, chegou aqui por meu
intermédio. Assim como Chispita, o Chaves, Chapolim. Todas
as novelas mexicanas chegaram ao Brasil pelas minhas mãos. Tem um outro
programa - vou revelar com exclusividade - que está para chegar. Chama-se Chespirito.
É feito com uma parte do grupo de personagens do Chaves. Agrada muito no
México. (...)"
O mesmo também descreveu Salathiel Lage, diretor do núcleo de
dublagem da TVS, responsável por contratar o serviço cooperativo de dublagem do
Estúdio MAGA, comandado e dirigido pelo primeiro dublador do Chaves, o saudoso Marcelo
Gastaldi(1944-1995). Que foi quem mais
botou fé no sucesso da série no Brasil, enquanto que boa parte ficava com um pé atrás.
Para o jornalista Arlindo
Silva(1924-2011), autor da biografia A Fantástica História de Silvio
Santos, publicada no ano 2000
pela EB Editora, descreve sobre esta passagem no livro já que ele testemunhou de perto os bastidores
das negociações envolvendo todo o esquema logístico para a série ser exibida na
emissora, ainda mais pelo fato de durante muito tempo, trabalhou por 24 anos
como assessor de imprensa de Silvio Santos relata esta passagem de sua
impressão sobre a série e dos diretores executivos da emissora em um capítulo:
“Quando tudo ficou
pronto, Silvio me perguntou o que eu estava achando do seriado. Respondi que se
tratava de um produto barato, sem qualidades em termos de televisão atual, que
pecava pela iluminação, pecava nas cores, sempre muito fortes; enfim,
percebia-se que o cenário simples da vila era de papelão. Mas comentei que
preferia ver minha filha de quatro anos assistindo a esse humor puro, de circo,
como o que eu assistia no Piolim, ao humor que víamos nos Trapalhões,
impregnado de erotismo desnecessário. Contei a Silvio que enviara cópias de alguns capítulos aos diretores de
programas do SBT para opinarem, e todos tinham considerado o seriado uma droga,
uma porcaria. Foi ai que Silvio determinou que se preparasse cinco capítulo
para colocar no ar como experiência. Isso aconteceu em 1984.
Na verdade, ninguém
acreditava que Chaves pudesse emplacar. Todos achavam aquilo um seriado brega,
mal feito, uma coisa sem graça. A realidade, porém, é que ao longo de 16 anos,
Chaves continua um sucesso de audiência, em qualquer horário em que seja
exibido. Além disso, o seriado foi motivo de teses sobre a televisão para a
infância em universidades”.
O tempo provou que Chaves,
apesar da descrença inicial dos grandes executivos do SBT, terminou caindo nas
graças do público e se tornou muito assimilado a grande emissora que sempre passou a recorrer a Chaves
para se recuperar da audiência ao longo de 36 anos, muito disso se deve talvez
ao fato de que a série carrega muito
características bastante popularesca, que sempre foi muito a
cara da emissora de Silvio Santos, que desde a sua inauguração em Agosto de
1981, após adquirir a concessão da extinta TV Tupi que fechou suas portas em
Julho de 1980 sempre pensou como seu grande nicho nas classes B, C, D, E, enfim, mas agora diante do impasse jurídico nos
tribunais mexicanos envolvendo questões de copyright entre o Grupo Chespirito
com a Televisa, que impediu a exibição mundial da série, o SBT perdeu seu Coringa, e agora passando
por uma grande crise depois que a Pandemia do Covid-19 afetou demais sua grade
de programação e tem feito uma forte demissão em massa. Os rumos de quando ela
voltará a adquirir de volta essa série
para trazer a audiência perdida de volta é um futuro incerto para ela que agora
em 2021, completará 40 anos.
Outros fatores que também podem explicar o porquê da série ser tão querida e
amada pela maioria dos brasileiros, está
talvez no fato da própria conseguir ser engraçada mesmo repetida, consegue
manter a mesma graça e não ficar datado
como costuma acontecer se formos
analisar comparando com algumas
estéticas de outros programas de humor,
como o Casseta & Planeta, Urgente(1992-2010), por exemplo,
que eu cresci vendo, apesar de ter um
outro formato de estética cômica diferente de Chaves. Mas num comparativo o
tipo de humor bem caracteristicamente debochado do Casseta & Planeta que eu
cresci acompanhando, apesar de não ser apropriado para crianças ficarem
assistindo, enfim, a sua estética cômica comparado a Chaves tendia a ficar
datado, pelo fato do seu tipo de humor ser baseado na sátira, na paródia
sobre a vida rotineira brasileira com aquele tom debochado de tirar sarro com o universo
televisivo inspirado no jornalismo que era a essência da trupe que
surgiu fazendo fanzines distribuindo revistas e jornais como a Casseta
Popular e o Planeta Diário com aquele humor mais anárquico, nas suas
esquetes cujo lema característico era
o “Humorismo verdade, jornalismo
mentira”, do mesmo jeito como ocorria no humor das charges dos jornais, a
representação do humor do Casseta & Planeta na TV ficava datado justamente
por isso, ao ridicularizar e tirar sarro dos políticos e das outras celebridades que
geravam o assunto quente do momento ou
mesmo a própria Globo parodiando suas novelas, e quando este tipo de humor fica datado, termina não tendo a mesma graça,
acaba por “envelhecer mal”. Coisa que não ocorre com Chaves, cuja estética
cômica mais tradicional de humor físico com ares mais circenses consegue manter
a mesma graça num cenário bastante tosco, mambembe e sujo da Vila
com os personagens vestindo trajes muito brega, o que caracterizava bem
aquele toque de uma estética kitsch ao seriado. Muito disso se deve ao bom desempenho que o
próprio elenco demonstrava em cena, que
eram bem entrosados para fazer aquele estilo de humor repetitivo, que ainda contava com Ramón Valdés(1923-1988)
representando o Seu Madruga, um personagem que era a cara do próprio, era o
único que não tinha um figurino o jeito de vestir era como ele costumava se
vestir, portanto, pode-se dizer que ele imprimiu muitas características dele ao
personagem. Angelines Fernández(1922-1994), uma espanhola que lutou contra a
ditadura franquista na Espanha antes de se mudar para o México e lá construir
sua carreira artística foi responsável por representar a Dona Clotilde, que
odiava ser chamada de Bruxa do 71 e
vivia dando uns pegas no Seu Madruga no programa e Rubén Aguirre(1934-2016) que
representou muito bem na série o papel do sedutor canastrão e culto do
Professor Girafales. Em cena o entrosamento e a química que eles mostravam representando os
respectivos papeis na telinha se
mostrava absolutamente perfeito. O mesmo não se pode dizer a respeito do
relacionamento pessoal deles nos bastidores, como no que diz respeito as tretas
que ocorreram entre Bolaños com Carlos Villagrán, devido a popularidade do
Quico ter ficado maior do que a do Chaves o que resultou na sua saída do
programa em sua fase de sucesso durante a década de 1970 no México, e ele muito espertamente passou a fazer uso da
imagem do personagem fora do programa e nos programas fora do México, onde ele espertamente modificou o registro da
grafia do personagem de Q.U.I.C.O para K.I.K.O, o que resultou em décadas de
uma longa batalha jurídica de copyright pelo personagem. O mesmo também ocorreu
quando posteriormente Maria Antonieta de
Las Nieves, a interprete da Chiquinha, também
decidiu fazer uso da imagem da personagem anos depois a partir da década de
1990, quando não foi mais produzidos novas séries de Chaves no México. Ela
propôs fazer uma série solo da Chiquinha, que chegou a ser aprovada, mas depois
descartado, em 1995 ela muito
espertamente foi atrás do cartório que
cuidava dos registros de personagens de audiovisuais e quando foi se informar
do atual estado que se encontrava o registro ficou surpresa ao saber que
Bolaños não renovava os registros dos
seus personagens fazia 15 anos na época e como pelas leis mexicanas de
direitos autorais são necessários que a cada cinco anos sejam renovados os
registros dos personagens de audiovisuais e como os personagens de Chaves
estavam expirados há tempos no cartório, ela aproveitou da situação e ficou com o registro da Chiquinha para fazer
uso da sua imagem em apresentações de circo e TV. Bolaños só veio a descobrir
isso muito tardiamente em 2000 quando
seu filho Roberto Gómez Fernández ao
fazer a curadoria do acervo de
personagens do pai descobriu justamente este problema e foi a partir daí
que começou outra batalha jurídica de Bolaños com outro ator de Chaves pela
questão do direito autoral dos personagens, como se já não fosse o bastante a
dor de cabeça que ele teve com Carlos
Villagrán em relação ao Quico. O estopim para que essa batalha jurídica
afetasse a cordial relação afetiva de Bolaños com Maria Antonieta de Las
Nieves, foi no fatídico dia ocorrido em 2002 quando a atriz ao receber em sua casa
a carta do Oficial de Justiça e ao ler o
seu teor que continha o processo que Bolaños estava movendo contra ela
envolvendo a questão da propriedade intelectual da personagem, Maria Antonieta
tomou um grande susto com aquela notícia que acabou desmaiando e sendo hospitalizada às pressas conseguindo depois se
recuperar para encarar a batalha contra Bolaños. Que deram ganho de causa a
atriz ao argumentar que muita coisa da
Chiquinha foi ela que imprimiu como o jeito de se vestir, os óculos, as sardas
no rosto, os penteados, e as
características do choro, por exemplo, que Bolaños apenas registrou só o nome. Por
conta disso, com a Chiquinha sendo da propriedade intelectual de Maria
Antonieta de Las Nieves isto gerou como
grande problema o fato de que o
Grupo Chespirito não pôde fazer uso da imagem da personagem como aconteceu na
produção em desenho animado que contou com sete temporadas, produzida entre os
anos de 2006-2014 pela Ánima Estúdios onde ela ficou de fora e nos licenciamentos dos brinquedos como os
lançados por redes de fast-foods como McDonald´s e Burger King ela também ficou
de fora, para compensar a sua ausência a Popis é quem ficou encarregada de
assumir sua função nos episódios onde ela estava presente. Essa batalha dura
até hoje mesmo depois de Bolaños falecer e agora com esse impasse jurídico
entre a Televisa com o Grupo Chespirito que tirou as exibições de Chaves e
Chapolin a nível mundial, e quando
for resolvido este imbróglio de ambas as
partes, tão cedo Chaves voltará a ser
exibido novamente seja onde for, principalmente porque eles vão precisar também entrar em
acordo com Maria Antonieta de Las Nieves para ela autorizar a veiculação da série
com a Chiquinha presente por ela ter o
registro da personagem. Sem isso, não tem como a Televisa liberar de distribuir
novamente a série para outros países. Mas os caros leitores devem está se perguntando, por
quê a Chiquinha ficou de fora do desenho e o Quico não, já que Villagrán também
ficou o registro do personagem? Bom, a resposta nesse caso, acontece que Vilagrán só tem o registro do
personagem com a grafia modificada o que não vai alterar tanto no
imbróglio. Só nos
resta conformar em ver desenho animado, esse pessoalmente lembro que acompanhei
pouco já que veio depois que eu já fiquei adulto com 21 anos e estava fazendo faculdade, até que gostava
nas poucas vezes, mesmo estranhando, que continua sendo exibido normalmente, já que o desenho não entra no
pacote do impasse jurídico da Televisa
com o Grupo Chespirito e rezar para que tudo seja resolvido. Outro fator que pode explicar o porquê de Chaves ser tão amado no
Brasil está em como foi feito o processo
da dublagem feita pela cooperativa da MAGA, de propriedade do falecido dublador do Chaves, Marcelo Gastaldi(1944-1995) dentro dos
estúdios TVS antes de virar SBT, cujo
nome eram as iniciais do seu nome e
sobrenome, que reuniu um ótimo casting de vozes que conseguiam entrarem bem em
sintonia com o ritmo do texto e dentro de atuação do próprio elenco na tela. Como
o próprio Gastaldi, que fez a voz do Chaves, representado pelo próprio Bolaños
cuja intepretação como o personagem foi crível, conseguiu dá o tom da sua
personalidade ingênua conseguindo
encontrar o timbre do falsete principalmente nos cacoetes característicos do
personagem como o “Ninguém tem paciência comigo”, por exemplo. Fora os que eu
já tinha mencionado aqui no texto antes
ao descrever sobre cada personagem, o casting clássico da Maga dos anos 1980
também contou com Carlos Seidl fazendo a voz do Seu Madruga que fez um incrível
trabalho de imprimir bem nos cacoetes do personagem como o “Tinha que ser o
Chaves mesmo”, com o tom malandro e ao mesmo tempo grosseirão ao personagem
interpretado por Ramon Valdés, o
falecido Osmiro Campos(1933-2015) que foi a segunda voz do Professor Girafales
que nos primeiros anos da exibição da série no Brasil que vieram no primeiro
lote de episódios em 1984 foi dublado inicialmente pelo também já falecido
Potiguara Lopes(1941-1992), cuja interpretação de voz diferenciava um pouco da
maneira como Osmiro Campos havia imprimido ao personagem com a personalidade de
Don Juan culto e canastrão,
principalmente nos momentos onde o personagem de Rubén Aguirre vivia sempre indo a vila para dar uns pegas na Dona
Florinda e lá soltava os seus cacoetes característicos de fala, como quando ele
se irritava e fazia o característico grito do
“ Taaaa, taaa, ta, ta!". Que segundo o próprio Aguirre comentou em
entrevistas isto foi uma coisa que ele mesmo imprimiu ao personagem inspirado
num antigo professor que tinha em sua escola em seus tempos de colegial ou
mesmo quando se declarava romanticamente para a Dona Florinda. A saudosa Helena Samara(1933-2007), é quem foi
a responsável por fazer a voz da Dona Clotilde/Bruxa do 71, a vaidosa e
dissimulada senhora da Vila que vive
dando uns pegas no Seu Madruga, personagem da Angelines Fernández. Esse elenco
clássico de vozes da MAGA que também contou com Older
Cazarré(1935-1992) que morreu covardemente vitimado por uma bala perdida que
fez a voz do carteiro Jaiminho e Élcio
Sodré, famoso pela voz do Shiryu em Cavaleiros do Zodíaco e do Kamen Rider
Black e do Kamen Rider Black RX fez a voz do Godinez em poucos episódios, sendo
um desses aleatórios que apareciam na série assim como muitos que não dá nem
para mencionar, foi o estúdio que ao contratar o tradutor modificou alguns
nomes de personagens como o Chaves que no original é Chavo que significa
moleque em espanhol, já que ele não tem nome, aliás o título original é El
Chavo Del Ocho que é algo como Garoto do Oito, que originalmente se referia ao
canal original que a série era exibida e quando foi parar na Televisa era dito
que ele vivia na casa de número oito. O Seu Madruga que no original era Don
Ramon e a Chiquinha que no original era Chilidrina, que nas primeiras dublagens
era chamada de Francisquinha, já o resto mantiveram os nomes originais, do
mesmo jeito que incluíram coisas referentes ao Brasil nas piadas como nas aulas
de História ou mesmo citações ao próprio SBT, localizações que se mostraram
necessárias já que tinha muita coisa que refletia mais sobre o cotidiano dos
costumes do México que para nós brasileiros
soaria estranho. Que com o passar dos anos, principalmente depois que Maga foi
extinta com o falecimento do Gastaldi em 1995, novas dublagens da série foram
feitas por outros estúdios por questões necessárias envolvendo direitos de
distribuição. Entre os anos de 2005-2006, quando foram lançados os volumes de
DVDs da série, que eu inclusive tenho guardado
um desses volumes, distribuídos pela Amazonas Filmes foi preciso fazer
uma nova dublagem desta vez nos Estúdios Gábia, o motivo para esta redublagem
foi porque clássica da Maga feita para o SBT com todos os lotes de episódios
adquiridos pela emissora em quatros
datas que foram de 1984-1988-1990-1992, incluindo os perdidos ou os que nunca foram
exibidos a Televisa não liberou. Sendo portanto necessário essa redublagem no
Estúdio Gábia, onde boa parte que estava viva participou desse processo, sendo
substituídos as vozes de Marcelo Gastaldi já falecido para a voz do Tatá
Guanieri, Mário Vilella que chegou a participar da dublagem de alguns episódios
no DVD, precisou se afastar por causa da diabetes vindo a falecer e sendo
substituído por Gilberto Barolli e Gustavo Berriel foi quem ficou encarregado
de fazer a voz do Jaiminho nos DVDs para substituir Older Cazarré e fora outros
de redublagens, como os que ocorreram quando o SBT passou a exibir episódios
engavetados como os que em 2012 e em 2014 e em 2018 quando o canal pago
Multishow do Grupo Globo passou a exibir até 2020. Isso sem contar outras
dublagens feitas pela CNT no final dos anos 1990 onde Chaves apareceu como
esquetes dos programas do Chespirito e foi dublado pela Parisi Video e de
quando o SBT exibiu o Clube do Chaves em 2001 com as vozes alteradas enfim.
Do elenco principal,
formado por oito atores, metade já faleceu,
além de Bolaños que representava o Chaves na série já faleceram Ramón Valdés, o
interprete do Seu Madruga, vítima de um câncer de estômago com 64 anos em 1988, ele era fumante
ativo. Angelines Fernández a Dona Clotilde morreu vítima de câncer de pulmão
aos 71 anos em 1994, do mesmo jeito que Ramón Valdés ela também era fumante. E
Rubén Aguirre que representou na série o Professor Girafales estava com 82 anos
quando faleceu em 2016 já apresentando sérios problemas de saúde, estava paraplégico depois de ter sofrido o acidente automobilístico no final de 2007. Os outros quatro
remanescentes vivos ainda permanecem ativos no meio artístico como é o caso de
Carlos Villagrán que fazia o Quico, Florinda Meza que fazia a Dona Florinda e a
Popis, Edgar Vivar que fazia o Senhor
Barriga e o Nhonho e Maria Antonieta de Las Nieves que vivia a Chiquinha e já
fase final do programa a Dona Neves, avô do Seu Madruga.
O número de atores falecidos da série tende a ficar
maior se forem somados aos nomes de alguns atores que participaram da
série fazendo personagens aleatórios que são poucos lembrados por parte do
público. Como é o caso de Raul “Chato”Padilla(1918-1994), que representou o
papel do carteiro Jaiminho, personagem que apareceu já na fase final da série
no México e quando Chaves passou a ser gravado durante os anos 1980 até 1990 em
esquetes dos programas do Chespirito, ela passou a ser presença frequente para
compensar as ausências do Seu Madruga, já que Ramón Valdés já estava ausente da
trupe devido as umas brigas de bastidores e ele veio a falecer em 1988,
principalmente para regravar episódios onde contava com a presença do Seu
Madruga. Padilla faleceu em 1994, não por acaso, a mesma data que veio a óbito
a atriz Angelines Fernández. Estava com 75 anos e sofria de diabetes. Além desses, outros
atores que também apareciam na série
muito aleatoriamente e já são falecidos: Horácio Gómez Bolaños, irmão do
Chespirito, responsável por interpretar na série o Godinez, o menino que
costumava aparecer raramente na Vila para brincar com Chaves e sua turma e
aparecia em episódios ambientados na sala de aula do Professor Girafales. Horácio
Gómez faleceu em 1999, aos 69 anos vitimado por um infarto. Os outros nomes são: José Luiz Fernández(1926-1996), que
representou o episódio do vendedor de chapéus, faleceu com 69 anos de causas
não reveladas. Paty Juárez(1954-1997) que representou a Paty numa da versões do
episódio As Novas Vizinhas faleceu com 42 anos vítima de um câncer no
esôfago. German Robles(1929-2015), que representou o Seu Madroga “Roman” no
original, primo do Seu Madruga em um único episódio para suprir sua ausência. Faleceu aos 86 anos vítima de uma doença
pulmonar obstrutiva crônica. Maria Luisa Alcalá(1942-2016), que representou a
Malicha, que apareceu por pouco tempo na série para suprir a ausência da
Chiquinha junto com o Nhonho e a Popis, mas como ela não vingou muito acabou
ficando esquecida depois. A atriz tinha 72 anos, faleceu de causas naturais. Olivia
Garcia Levya(1946-2019), que foi uma das Glórias, tia bonitona da Paty
nas diferentes versões do episódio As Novas Vizinhas. Faleceu com
72 anos vítima de câncer. Por fim, até o
momento em que escrevo este texto o último ator que participou da série a
falecer foi Abraham Stavans(1933-2019), que representou na série o dono do
parque de diversões que aparece em dois episódios e como freguês do Bar da Dona
Florinda na fase em que a série já estava perdendo o fôlego. O ator tinha 86
anos e faleceu de causas naturais. Isto sem mencionar as vozes brasileiras do
seriado.
Posso concluir nisso tudo
que Chaves, pode não ser um tipo de programa de humor que chegue a ser
comparável a FRIENDS(1994-2004), como a melhor série de todos os
tempos em qualidade de produção, principalmente pelo tipo de precariedade do
cenário que continha e o próprio em que foi concebido. Em compensação traz um
humor que se mostra bastante atemporal, principalmente pela simplicidade da
repetição com os bordões e o humor físico.