quarta-feira, 17 de setembro de 2025

A PINTURA NINFAS AQUÁTICAS

 

A obra “Ninfas aquáticas” (1877-1878) do pintor polonês Witold Pruszkowski (1846-1896) reflete esse interesse pela tradição mítica, retratando seres femininos sobrenaturais ligados à água, conhecidas em várias culturas eslavas como rusałki.




Essas figuras eram descritas ora como belas jovens que encantavam e seduziam viajantes, ora como espíritos perigosos das águas, simbolizando a dualidade entre fascínio e ameaça.

Pruszkowski, ao explorar tais temas, não apenas reforçou o imaginário romântico da Polônia do século XIX, mas também contribuiu para preservar elementos do paganismo eslavo em diálogo com o simbolismo europeu. Hoje, sua obra é considerada uma ponte entre a tradição popular e a estética simbolista internacional.

Witold Pruszkowski
foi um pintor polonês associado ao movimento simbolista e ao realismo poético, tendo como principais inspirações o folclore eslavo, os contos de fadas e a natureza.

(PRESENTE DE GREGO).

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

A PINTURA DA TORRE DE BABEL

 

A pintura Torre de Babel, de Pieter Bruegel(1525-1569), o Velho, realizada por volta de 1563, é uma das representações mais emblemáticas do imaginário bíblico no contexto do Renascimento flamengo.




 

Inspirada no relato do Gênesis (11:1–9), a obra reflete não apenas a narrativa da construção de uma torre que alcançaria os céus e provocaria a ira divina, mas também serve como crítica à vaidade humana e aos projetos imperiais da época.

 

Segundo historiadores da arte como Svetlana Alpers e Reindert Falkenburg, Bruegel emprega a arquitetura monumental e inacabada da torre para simbolizar a fragilidade das ambições humanas diante do divino e da natureza.

 

A estrutura remete ao Coliseu romano, o que pode ser interpretado como uma crítica velada à soberba dos impérios, especialmente o Sacro Império Romano-Germânico.

 

Além disso, a obra tem sido lida como uma alegoria da fragmentação linguística e cultural da Europa pós-Reforma, refletindo as tensões religiosas e políticas do século XVI.

 

Assim, Bruegel mescla crítica social, técnica pictórica detalhada e reflexão teológica em uma composição complexa e simbólica.

 

#historiadaarte

(PRESENTE DE GREGO).

sábado, 13 de setembro de 2025

A ODISSEIA EM DESENHO ANIMADO

 

Na expectativa para assistir a nova versão cinematográfica de A Odisseia de Homero, uma nova aposta do renomado Christopher Nolan. Dei  uma conferida no filme animado de 1987 dirigido por Warwick Gilbert e Geoff Collins que está disponível no Amazon Prime Vídeo.







Esse filme animado feito exclusivamente para a televisão com uma  duração  de 55 minutos, trata-se de uma produção australiana, produzida pela Burbank Films Australia.

Confesso desconhecer bastante a referência  da Australia nesse ramo de animações dessa empresa que foi extinta em 2008.

Cujo roteiro ficaram encarregados de serem adaptados por Alex Nicholas e Paul Leadon.

Trata-se de uma adaptação interessante, apesar do estilo de animação carregar aquele toque mais característico de barateamento feito para televisão de animação limitada, ainda assim mostra carregar um bom apuro técnico.

Consegue mostrar ser uma história da melhor qualidade possível, bem estruturada para sua classificação indicativa   que é 12 anos, com um certo grau de violência bastante suavizado.

Nas cenas de batalha de Odisseu contra as criaturas ele não chegam a expor explicitamente o nível gráfica da violência sangrenta, fica só sugestivo.  

Do mesmo modo que eles apresentam uma excelente estrutura de roteiro bem adaptado do clássico que surgiu desde os primórdios da civilização, onde aqui Odisseu é apresentado conhecendo sua amada Penelope, meio que uma forma de não reproduzir  mostrando  ele voltando de Ítaca se deparando com os pretendentes de Penelope promovendo uma chacina como é mostrado no final do livro, o que poderia soar muito pesado para o nível de violência gráfica.

Vale a pena dar uma assistida nessa animação para conhecer que não teve a oportunidade de ler a Odisseia e apreciar a jornada épica heroica de Odisseu depois da Guerra de Troia.

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

A DAMA DA POEIRA DAS TORRES GÊMEAS

 

Na trágica data do 11 de Setembro de 2001, onde o mundo testemunhou  chocado as duas torres do World Trade Center serem atingidas por dois aviões e depois caírem. Onde depois foi descoberto   que esse atentado  foi organizado pelo grupo terrorista islâmico Al-Qaeda comandado por Osama Bin Laden(1957-2011).




Imagem mais  chocante do que testemunhar a destruição das Torres  mesmo foi a foto agonizante  da mulher sobrevivente que foi  fotografada cheia de poeira.

Essa mulher era Macy Bordes estava nas Torres Gêmeas no dia 11 de Setembro de 2001 e foi fotografada toda empoeirada. Foto essa que se tornou um histórico registro da tragédia. Ela trabalhava numa das Torres no fatídico dia.




Borders trabalhava havia apenas um mês no escritório do Bank of America, no 81º andar da Torre Norte do Word Trade Center em Nova York, quando um avião sequestrado por terroristas da Al-Qaeda atingiu o prédio.
    Ela fugiu pelas escadas e depois pelo lobby de um edifício adjacente, onde ela foi fotografada por Stan Honda.




     A imagem tornou-se tão conhecida e tão amplamente distribuída que Borders ficou conhecida como "A Dama da Poeira".
   A roupa que ela usava durante a foto também foi preservada e guardada como um símbolo de sua sobrevivência.
    Mais trágico mesmo na vida dela foi que nos anos seguintes após o 11 de setembro, Macy Borders enfrentou problemas de depressão severa o que a levou ao vício das drogas onde chegou a perder  a custódia de seus dois filhos, recuperada em 2011, após se internar numa clínica de reabilitação e se livrar do vício em drogas.
      No final da vida enfrentou um câncer de estômago até perder a batalha em 2015, aos 42 anos.

(A História Esquecida).

 

 

A ANIMAÇÃO ESQUECIDA DA DREAMWORKS

 

Não existe quem ao ouvir menção do nome DreamWorks, importante empresa de animação,  não faça assimilação do nome a Shrek?




Lógico, já que essa produção do ogro verde simbolizou um divisor de águas para a empresa conseguir consolidar o seu nome no mercado.

Principalmente num estilo inovador e revolucionário  de estética de animação com a textura do 3D em CGI, que   padronizou  o estilo da animação do começo do século 21.  




De tão importante que Shrek se tornou para a DreamWorks, que ele virou uma franquia com quatro filmes.

Porém,  eu acredito que quem houve menção à  animação  O Caminho para El Dorado( The Road to El Dorado, EUA, 2000) com certeza não tem fresco,  guardado na memória como a série de filmes do ogro verde.

Isso porque essa é uma animação esquecida da DreamWorks, produção da Fase Pré-Shrek da produtora, ainda crua no mercado e vivia de forma bastante experimental e não estava tão consolidada quanto agora.

Foi a segunda produção com animação tradicional da DreamWorks, que na época era uma “criança” de apenas seis anos que estava tentando se encontrar para se consolidar com o seu nicho.




A empresa havia sido fundada em 1994, pelo cineasta  Steven Spielberg, que dispensa apresentações, o executivo recém-egresso da Disney Jeffrey Katzenberg e o executivo musical David Geffen que emprestaram as iniciais de seus sobrenomes  ao logo  da empresa DreamWorks Animation SKG.  

Os primeiros filmes que a DreamWorks lançou só surgiram quatro anos depois, em 1998 foi quando a empresa lançou duas animações que  foram  Formiguinhaz(Antz,EUA,1998), primeira a usar técnica do CGI, ainda não muito comum na época. E O Príncipe do Egito(The Prince of Egypty, EUA, 1998), primeira no modelo mais tradicional de animação, ainda bastante comum naquele período do final da década de 1990. Onde estávamos transitando entre  o fim do século 20 para o começo do 21.

Dessas primeiras animações da DreamWorks,  Formiguinhaz não é tão memorável, já que foi lançada no mesmo ano  que a Pixar lançava Vida de Inseto(A Bug´s Life, EUA, 1998), segunda produção da empresa após revolucionar com o primeiro  Toy Story(EUA, 1995). Por conta da temática semelhante, isto até gerou uma treta entre as duas, envolvendo acusações de plágio. Dentre esses, Vida de Inseto é mais lembrado pela geração que viu no cinema do que Formiguinhaz.




 Já quanto à O Príncipe do Egito, se tornou mais memorável, muito disso se deve pelo fato dele usar de um elemento bastante batido que envolveu a temática bíblica, ao se basear na famosa passagem de Moisés de Faraó no Egito  a Messias libertador do povo hebreu e divulgador dos Dez Mandamentos. Algo que Hollywood desde seus primórdios explorou bastante, independente do conceito religioso.

Já em  O Caminho Para El Dorado, ele tem o seu enredo ambientado durante o período das Grandes Navegações do século 15.  Começa se ambientando na Espanha, no ano de 1519, onde somos apresentado a dupla de protagonistas Miguel e Túlio, dois sujeitos malandros,  espertalhões e tipicamente picaretas que nos primeiros minutos de filme passados na Espanha tentam dar um golpe num jogo de aposta usando de dados viciados para conseguirem vencer.




Acontece que quando são desmascarados, correm para não serem pegos pela polícia e acabam acidentalmente entrando no navio com a expedição organizada por Hernan Cortez.

Quando são descobertos por Cortez em pleno alto mar, acabam sendo aprisionados, é lá que conhecem um cavalo que vai se tornar o companheiro de aventuras da dupla, principalmente depois que eles conseguem escapar do navio numa tempestade que o levam para uma paradisíaca ilha. Onde vão se deparar com a civilização nativa que acredita que eles sejam seres divinos, e eles vão precisar sustentar essa mentira antes que fossem desmascarados pelo malvado xamã da tribo para assim poderem ficar com as riquezas douradas que essa civilização produz.




A animação contou com a direção de Bibo Begeron e Don Paul, com roteiro assinado por Ted Elliott e Terry Rossio, com a produção de Brook Breton e Bonne Radford e com a produção musical assinada por Hans Zimmer  e Jonh Powell e também contou com o famoso astro pop internacional, o britânico  Elton John cantando a trilha sonora do filme.

Cujos protagonistas tiveram suas vozes originais representadas por dois nomes famosos com Kevin Kline como Túlio, que na versão brasileira foi dublado por Guilherme Briggs e Kenneth Branagh como Miguel que na versão brasileira foi de dois dubladores Marco Antônio Costa e Marcelo Coutinho nas canções  e destacar que na dublagem brasileira houve a participação de Danielle Winits, famoso atriz da Globo dublando no filme a Chel, a nativa que vai virar companheira de tramoias da dupla que na versão original sua voz foi representada por Rosie Perez.

Na época a animação recebeu umas críticas mistas, detendo uma classificação no Rotten Tomatoes de 48% de comentários positivos.




Para a geração de crianças que cresceram  no começo do século 21, eu já não era mais tão criança na época,  era um adolescente com 15 anos,   que  conheceram  as produções da DreamWorks através de Shrek, e foram se acostumando ao modelo de estética da animação em CGI.  Podem à primeira vista acharem estranho ao apreciar  a estética dessa animação no modelo mais tradicional do 2D, que remete ao padrão da fase dourada e renascentista da Disney durante a década de 1990 com as marcantes animações que essas sim  eu cresci vendo como Aladdin(EUA,1992), O Rei Leão(The Lion King, EUA, 1994), Pocahontas(EUA, 1995), O Corcunda de Notre Dame(The Hunckbak of Notre Dame, EUA,1996), Hércules(EUA, 1997), Mulan(EUA, 1998) e Tarzan(EUA, 1999).

A mesma entrava no século 21 lançando duas animações experimentais na mesma data que  foi lançado O Caminho para El Dorado,  pela DreamWorks marcando  o início de sua triste Segunda Era Sombria que foram Dinossauro(Dinosaur, EUA, 2000), a primeira animação do estúdio com CGI no estilo mais  foto realista e A Nova Onda do Imperador(The Emperor´s New Groove, EUA,2000), cujos estilos não agradaram tanto a crítica e não fizeram sucesso de bilheterias, a ponto de quase trazerem um baita  prejuízo para a Disney que fez mudanças em seu departamento e essas  figurarem na lista das animações esquecidas da Disney.

Sequer imaginam que nos primórdios da animação, elas nem sempre tiveram esse estilo tão foto realista do CGI  que passou a virar o padrão de todas as animações que foram sendo lançadas ao longo das primeiras décadas do século 21, além da DreamWorks, Disney, Pixar, Blue Sky e a Sony Animation. Que para serem produzidas, primeiro foi  em curtas-metragens para cinema  até chegar aos longa quando em 1937, a Disney revolucionou lançando a Branca de Neve e os Sete Anões, a produção dos desenhos eram demorados, custosos, principalmente para se criar a movimentação que era feita quadro a quadro.

No final dos anos 1950, quando dois animadores egressos da MGM, William Hanna(1910-2001) e Joseph Barbera(1911-2006), se juntaram para formar um novo estúdio de animação  que levou o nome deles, a Hanna-Barbera que passaram a produzir animações para TV com produção de baixo orçamento, com histórias mais leves voltadas para as crianças americanas usando uma técnica de animação limitada. Já que antes, como as animações em curtas-metragens passavam antes dos horários dos grandes  filmes que as pessoas estavam esperando para ver. O teor deles era bastante politicamente incorreto.

O que se criou um preconceito a respeito das animações, por estas terem apenas   apelos para as crianças, a ponto de serem vista como infantilizadas. O que ficou bastante evidenciado quando na década de 1980, foram surgindo animações com aquele forte apelo para vender brinquedos, como He-Man, Transformers, Comandos em Ação, Tartarugas Ninjas  dentre outros surgidos nesse intuito porque foram originados das linhas de brinquedos de grandes fabricantes como Hasbro e Mattell, por exemplo.

E talvez por causa disso, eu na época tenha demorado a despertar o interesse por ver a animação na época que foi lançado.

No mesmo ano do lançamento de O Caminho Para El Dorado, a DreamWorks lançou A Fuga das Galinhas(Chicken Run, EUA, 2000), essa no caso uma coprodução com  Aardman Animations se utilizando da técnica da animação em stop motion conseguiu ser memorável antes do lançamento pela sua história reflexiva mostrando as galinhas presas num galinheiro que teve inspiração no holocausto do povo judeu na Segunda Guerra Mundial,  algo que também virou o padrão do estúdio após o lançamento de Shrek no ano seguinte.

Analisando hoje, mais de vinte anos depois que essa animação foi lançada, posso descrever que ela carrega boas virtudes.

Principalmente no conceito que envolve a estrutura de sua história, tendo como protagonistas dois sujeitos de caráter dúbios, mas bastante carismáticos que são os nossos fios condutores para uma aventura rumo ao desconhecido, e que para conseguirem se darem bem usam de muita malandragem e astúcia tentando enganar todo mundo pela sobrevivência, a ponto de nessa jornada descobrirem a importância do valor da  amizade.

Posso descrever que O Caminho Para El Dorado é uma produção excelente, que tem seu valor como animação. Ainda que tenha caído no esquecimento.

Se a já centenária Disney, contém em seu longo acervo produções de animações  memoráveis e outras que caíram no esquecimento com o tempo, com direito a lista de sites especializados ranqueando os que caíram no esquecimento, no caso da Dreamworks, ouso dizer que se fizessem uma lista ranqueando  as animações esquecidas do estúdio, com certeza O Caminho Para El Dorado, figuraria que só uma beleza.  

 

 

 

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

POEMA DE CAIO FERNANDO ABREU

 

'Um café e um amor, quentes por favor!

Sem excessos de doçura ou amargura

forte

doce...

que ambos façam meu coração acelerar

que me mantenham vivo

...




Um café e um amor, quentes por favor!

Para acalmar nos dias frios

para dar colo

quando as coisas estiverem por um fio




E que nunca tenham gosto de ontem

nem anseiem pelo amanhã

que me façam feliz agora

que me abracem pela manhã.'

(Caio Fernando Abreu).

domingo, 7 de setembro de 2025

Malcolm McLaren - Madame Butterfly - John Morales & Sergio Munzibai M+M...

AS TRÊS GRAÇAS

 

“As Três Graças”, de Antonio Canova, (1815-17), na Galeria Nacional Escocesa, Edimburgo.



Esta célebre escultura representa Eufrosina, Aglaia e Thalia, as três filhas de Zeus e Eurionême, segundo a mitologia grega. As Três Graças estão associadas a Afrodite (Vênus) e personificam qualidades como amizade compartilhada, castidade, beleza e amor. Tradicionalmente, as Graças eram representadas em um arranjo mais estático, com uma das irmãs voltada para o lado oposto das outras. Em vez disso, Canova concebeu um grupo unido por poses e olhares complementares, braços entrelaçados e um drapeado impecavelmente esculpido.




O Duque e a Duquesa de Bedford encomendaram o grupo a Canova em Roma, em 1815. Concluído em 1817, foi instalado no Templo das Graças, construído especialmente para esse fim, na Abadia de Woburn, a residência de campo dos Bedford nos arredores de Londres.




Observe os botões de latão em cada lado da base. Isso permitiu que a peça fosse girada para que a parte traseira pudesse ser vista (talvez para propósitos obscenos...).

(TEXTO TRADUZIDO DE BRITANY HENRY).

sábado, 6 de setembro de 2025

45 ANOS DA ESTREIA DE TOM & JERRY COMEDY SHOW.

 

No dia 6 de Setembro de 1980, era lançado nas manhãs do canal americano da CBS, a série Tom and Jerry Comedy Show(1980-1982).




Essa foi a quinta vez que a franquia da famosa dupla de gato e rato ganhava uma nova versão animada. Que foi minha  primeira introdução ao universo Tom & Jerry, ou seja, minha primeira referência.  Digo isso porquê, como eu nasci em 1985, eu já sou da geração que pegou a fase de Tom & Jerry sendo exibido  na programação infantil do SBT.




Não fazia muito ideia de que essa  marca já era antiga e existia antes de eu nascer e que teve outras representações.

Para entender melhor o contexto, dou como ponto de partida no ano de  1940, quando  ainda não existia aparelhos de televisão nas casas dos americanos eles costumavam ter contato primeiramente com animações nas telas de cinema em episódios curtos.

Foi nessa data que surgia Tom e Jerry, uma criação da dupla William Hanna(1910-2001) e Joseph Barbera(1911-2006), que tiveram a ideia de criar essa dupla de gato e rato, que vivem se perseguindo, mas que não chegam a  se serem inimigos  inspirados na situação em que quando o estúdio da MGM sofreu uma  infestação  de ratos, eles trouxeram uns gatos para caçar esses ratos e isso deu origem a inspiração para Tom e Jerry.




Um dos criadores criava um gato que pertencia a uma raça chamada de azul russo que tinha como característica a pele azul-acinzentada e os olhos  verdes brilhantes que inspirou a tonalidade da pelagem do Tom.

Eles surgiram bem no período que o setor de animação vivia aquela fase de sua Era de Ouro com os curtas animados da Disney com as histórias do Mickey Mouse e companhia e suas produções de longas animados, da Warner com Pernalonga e os Looney Tunes, da Universal com Pica-Pau, Paramount com Popeye e Betty Boop dentre outros.




E Tom & Jerry surgiu bem nesse contexto, o setor de animação já vivia uma evolução quando acompanhou o surgimento do som no final da década de 1920 e o surgimento da técnica de  colorização da Technicolor.




A principal característica dessa primeira fase dourada  das animações é o fato deles ao correrem para ficarem perseguindo  como gato e rato e que eles não costumavam verbalizar em diálogos, usavam o nível pastelão e pantomímico  do humor físico que lembrava o cinema mudo e a personagem mais frequente era a Mammy* que não mostrava o rosto.

Essa primeira leva onde Tom & Jerry surgiram marcou a Era de Ouro da Animação ou como também como posso denominar  de Primeiro Período Hanna-Barbera(1940-1958), como assim? Explico:

Foi o longo período em que as produções dos curtas-animados nas telas de cinema estavam bombando. Que eram exibidos antes das exibições dos grandes longas metragens e também tinha as produções baixo orçamento, denominados de filmes B, como os terror, por exemplo. E também era o lugar onde passava os cinejornais, exibindo curtas documentais.






Isso perdurou até o momento em que um novo cenário mudaria na década de 1950, foi quando a maioria dos lares americanos passou a instalar o aparelho  televisão e nisso surgiu uma grande ameaça para as exibidoras.

Fora que o Congresso Americano havia aprovado uma lei para acabar com o modelo de ingresso chamado de casadinha onde se assistia a dois filmes ao mesmo tempo.

Foi por volta desse período que os grandes estúdios  foram começando aos poucos a fecharem seus departamentos de animação e demitir animadores. E dentre essas empresas estava a MGM, que demitiu Hanna e Barbera do estúdio. Após serem demitidos, a dupla que criou Tom & Jerry se juntariam para formar uma sociedade criando o estúdio Hanna-Barbera Productions, onde eles passaram a investir na animação para TV. Guarde bem esse nome Hanna-Barbera, que mais para  frente eu vou voltar a menciona-la no tópico especifico voltado a fase em que a marcou o retorno de Tom & Jerry as mãos de seus criadores ao ser  produzida pelo estúdio criado por eles.

No começo dos anos 1960, logo após a demissão de Hanna e Barbera, como a MGM mantinha a propriedade intelectual da marca T&J, a MGM ainda quis investir em novos curtas da dupla ao ver que a Warner ainda fazia sucesso com os curtas dos Looney Tunes, em novas produções, portanto contratou como novo animador Gene Deitch(1924-2020), que contou com a produção de William L. Snyder(1918-1998) que é conhecido na cronologia da marca Tom & Jerry como o Período Gene Deitch(1961-1962).



Esse período Gene Deitch é um dos controversos da marca  T&J porque foi uma fase  onde o “Tom era o mascote de um homem que tinha problemas em controlar seus nervos e ficava facilmente irritado e furioso quando o Tom causava algum problema (fato bastante visível quando seu rosto ficava vermelho). O rato Jerry também morava em um buraco da casa, assim como na época de Hanna Barbera, para o azar de Tom.





Os desenhos produzidos por  William L. Snyder e realizados por Gene Deitch  foram muito criticados de forma negativa por adotar um formato totalmente diferente da série original, abusando da surrealidade, misturando vários movimentos dos personagens extremamente exagerados, adição e efeitos sonoros bizarros e utilização excessiva de reverberação, além de diversas enfatizações gráficas. Alguns fãs detestaram e detestam esta fase de Tom and Jerry.

Como eram produzidos na chamada Cortina de Ferro  (em Praga, capital da então comunista Checoslováquia**) não constava nos créditos no fim dos desenhos a frase "Made in Hollywood, USA", mas sim "A MGM Cartoon", numa tentativa de esconder o local da produção.”

(Fonte: Wikpédia).

Em seguida veio uma nova produção ainda de curtas animados da MGM com a marca Tom & Jerry, ainda nos anos 1960 produzidas pelo recém-egresso da Warner Chuck Jones(1912-2002).




Batizado na cronologia da marca Tom & Jerry de Período Chuck Jones(1963-1967).

Jones fez diversas adaptações dos personagens, mudando as suas personalidades e fazendo algumas mudanças na aparência de Tom, que teve a sobrancelha mudada e ganhou um tom de cinza mais claro semelhante ao da série original, e Jerry, que teve os olhos aumentados, a orelha mais arredondada e uma cabeça mais expressiva. O leão da MGM na abertura das curtas foi substituído por Tom, tentando imitar os seus gemidos.”

(Fonte: Wikipédia).

A expressividade da dupla no traço de Jones lembrava muito as expressividades dos personagens dos Looney Tunes que ele animava por muito tempo.






O Período  Chuck Jones da marca  Tom e Jerry  marcou a última fase  dos curtas de animação para cinema.

Eis que após passados um longo hiato, depois de muitas negociações, a dupla Tom & Jerry voltaram para as mãos dos seus criadores Hanna e Barbera sendo produzidos na Hanna-Barbera.

Desta vez se adequando  ao universo televisivo, depois que Hanna e Barbera foram demitidos da MGM no final dos anos 1950, eles se juntaram e formaram uma sociedade, criando a empresa Hanna-Barbera Productions.



Onde passaram a se concentrar no mercado televisivo. Passando a produzir produções mais barateadas, porque o custo para se produzir uma animação é muito caro.

O barateamento da Hanna-Barbera em produzir séries animadas como: Zé Colmeia,  Dom Pixote, Flintstones, Jetsons dentre outros ganhou o rótulo de animação limitada. Que se trata de uma  técnica que usa movimentos e quadros simplificados e repetidos para reduzir o tempo e o custo de produção de animações, usando um número menor de quadros por segundo, o que resulta em um desenho menos detalhado. 



A principal característica que os personagens que Hanna e Barbera criaram para a televisão era o acessório da gravata que servia como uma forma de orientar os animadores a só movimentarem a cabeça.




E esse item foi adotado pelo Jerry usando uma gravata borboleta  nessa fase em que a dupla “retornou” a seus criadores, que nessa ocasião em que a empresa que eles criaram havia se firmado no mercado televisivo, eles haviam deixado de lado o oficio criativo e estavam mais se dedicando ao oficio executivo.




Foi então que em 1975 estreou Tom & Jerry Show marcando a primeira fase televisiva da dupla, onde quem passa a assumir o oficio criativo dos roteiros e dos desenhos  foi Iwao Takamoto(1925-2007).




Que na cronologia da marca Tom & Jerry é conhecida como o Segundo Período Hanna-Barbera(1975-1977).

Ao contrário das demais séries nesta versão Tom e Jerry são amigos e frequentemente estão envolvidos em aventuras juntos semelhante a outros desenhos da época como Zé Colmeia  ou Scooby-DooA série não teve êxito, isto devido ao facto de não ter a violência e a rivalidade que tinham antes e por causa disso foram lançados para à televisão apenas 16 episódios.

O motivo da série ser mais leve do que as antecessoras era devido ao facto de nessa época ( décadas de 70 e 80), ter havido um tratado para que não fosse feita tanta violência e que o politicamente incorreto (drogas e racismo) já fossem evitados em desenhos animados.”

(Fonte: Wikipédia).

Eis que agora  chego ao foco desse texto que é dedicado aos 45 anos da estreia de Tom & Jerry Comedy Show, que foi uma produção da Filmation, portanto referida na linha cronológica da marca como Período Filmation(1980-1982).

Marcando a segunda vez que a dupla ganhava uma nova série animada para a TV, dessa vez  pela concorrente da Hanna-Barbera.




 A Filmation  foi fundada em 1962, já no período que  os grandes estúdios de cinema  haviam fechados seus departamentos de animação e alguns animadores resolveram seguir o exemplo  de Hanna e Barbera em se concentrar no mercado  da televisão e fundaram seus próprios estúdios. Isso ocorreu com Friz Freleng(1906-1995) que já trabalhou para a Disney em seus primórdios e trabalhou por um bom tempo na Warner, que após fechar o departamento de animação. Ele se juntou a David Hudson  DePartie(1929-2021) para fundar a DePartie-Freleng Enterprises, responsáveis pela produção das animações de Pantera Cor-de-Rosa.




Outros que também seguiram esse segmento  foram Arthur Rankin Junior(1924-2014) que se juntou a Jules Bass(1935-2022) para fundar a RankinBass e já no caso especifico da Filmation, essa empresa que surgiu para concorrer com a HB Productions surgiu um pouco como consequência de uma dissidência da HB.

Digo isso porque os três fundadores da Filmation eram recém-egressos da HB, formados por: Lou Scheimer(1928-2013), Norm Prescott(1927-2005), que assinaram a produção executiva de Tom & Jerry Comedy Show e Hal Sunderland(1929-2014).



A Filmation era a grande rival da Hanna-Barbera no mercado de animação para televisão, depois que  os setores de animação dos grandes estúdios foram fechados. O único a se manter operando  foi a Disney, que viveu uma turbulenta fase depois da morte de seu fundador Walt Disney em 1966, onde para diminuir custos de produção a Disney produzia suas animações nessa fase com a técnica de xerografia. Muitas das que foram lançadas durante essa época figuram entre mais esquecidas da Disney.




Enquanto que na televisão esse setor estava em alta com produções de baixo orçamento criando com  a  técnica de animação limitada, como é o caso da Filmation que produziu muitas animações que eram adaptadas de outras propriedades intelectuais, como a versão animada  da Liga da Justiça, inspirada nos heróis da DC Comics, por exemplo. Ou mesmo fazendo uma série animada inspirada na série Jornada nas Estrelas.




Essa versão da Filmation de Tom e Jerry que contou com a direção de Don Christensen(1916-2006) “conseguiu restaurar o formato familiar de perseguição de palhaçada e reintroduziu não apenas Tyke  e Nibbles (aqui chamado "Tuffy"), mas também algumas das outras estrelas da MGM. Os programas de meia hora consistiam em dois episódios de Tom e Jerry de sete minutos, além de um desenho animado Droopy  no meio, com outros personagens como Barney Bear.

Spike de Tom e Jerry também foi usado em muitos desses episódios de Droopy, substituindo o outro bulldog "Spike" criado por Tex Avery³(1908-1980)  para os filmes antigos de Droopy****, que não foram usados ​​aqui como personagem separado. O lobo vilão da série clássica também foi incluído e nomeado "Slick Wolf". Ainda sob o "Code of Practices for Television Broadcasters" , a personagem " Red Hot Riding Hood" não reapareceria até o seguinte feito para a série de TV Tom & Jerry Kids, em 1990.”




Essa fase de Tom & Jerry na Filmation também marcou por trazer de volta a característica dos personagens humanos não mostrarem o rosto  como ocorria com a Mammy na fase dos curtas clássicos.  Toda vez que a gente ouvia um episódio de Tom tentando perseguir Jerry em uma mansão, a gente ouvia  a interrupção do grito do(a) dono(a) se chateando com ele, mas não víamos o rosto, apenas a metade do corpo mostrando os pés.  A razão para isso pode ser explicado  pelo simples  fato de que  era para focar na perspectiva dos animais e evitar que os espectadores se distraíssem com o rosto humano, o que também tornava a personagem mais universal e atemporal. É como se  os animais  mostrassem  uma  ótica mais  infantil na interação com os humanos.




Essa versão de Tom & Jerry da Filmation também se caracterizou por sua curiosa abertura que “começa com Tom perseguindo Jerry através de uma tela amarela em branco. Eles continuam perseguindo, enquanto todas as outras estrelas constroem um gigante sinal de "Tom & Jerry" (semelhante à segunda abertura de Tom & Jerry Kids ). O familiar crédito de produtor executivo rotativo de Lou Scheimer e Norm Prescott corre brevemente enquanto Tom persegue Jerry passando pela tela, derrubando coisas e atropelando outras ao longo do caminho. Após a sequência de abertura, os segmentos envolventes, protagonizados por Droopy, começariam. Ele começaria pintando todo o fundo com uma única pincelada grande (fazendo uso estilístico da técnica de "animação limitada" característica da Filmation), e ele e os outros personagens falantes se envolveriam em breves esboços cômicos (como o poema de abertura de Droopy em um deles). "Rosas são vermelhas, violetas são azuis, pintar é meu trabalho, é isso que eu faço; fofa e um pouco molhada").




Outro característica marcante dessa fase de Tom e Jerry da Filmation, que costuma dividir um pouco as opiniões é sua trilha sonora que contou com a assinatura de Ray Ellis(1923-2008), onde “o show foi caracterizado por uma partitura muito limitada; todos os episódios, Tom & Jerry e Droopy, usaram o mesmo material, principalmente criados novos para a série, mas consistindo em apenas um punhado de canções amplamente sintetizadas, com pequenas variações ou reproduzidas em diferentes velocidades ou afinações. Isso combinou com as cenas de perseguição, mas deu aos episódios uma trilha sonora muito monótona, fazendo com que esses episódios "se destacassem" para muitos telespectadores de Tom e Jerry quando eles foram ao ar.

As mesmas músicas sendo repetidas a cada hora da cena chegavam a gerar uma certa dor de ouvido.

O seu roteiro contou com as assinaturas de Jack Hanrahan(1923-2008), Steve Clark, Mike Joens, Charlie Howell  dentre outros.

Depois disso viriam outras produções posteriores da marca Tom & Jerry.

Em 1990 foi lançado Tom & Jerry Kids, com os personagens em versões mirins entrando na tendência de versões kids de outros célebres personagens da animação.




Em 1992, a dupla retornou a tela do cinema em um longa-metragem onde mostrava eles se dialogando pela primeira vez, e ao longo dos anos foram surgindo outras versões da marca para renovar as gerações.





*Mammy que na língua inglesa americana significa Mamãe é um nome dado  a figura do estereotipo racista histórico nos Estados Unidos sobre a representação da mulher negra geralmente escravizada trabalhos domésticos entre  as crianças as amamentando, daí o porquê da origem do rótulo desse estereotipo racista. Ainda mais quando ela é frequentemente visualizada como uma mulher de pele escura com uma personalidade maternal. Um outro melhor exemplo dessa representação está aqui no Brasil com a personagem Tia Nastácia do Sitio do Pica-Pau Amarelo.  Ou mesmo da Mammy  que cuida da protagonista repugnante da Scarlet O´Hara(Vivian Leigh) do clássico do cinema E O Vento Levou(1939) representada pela primeira atriz negra a ganhar o Oscar Hattie McDaniel(1893-1952).

**A Checoslováquia deixaria de existir após o fim  da Cortina de Ferro, que teve início com a Queda do Muro de Berlim em 1989 e perdurou até o decreto do último chefe de Estado soviético Mikhail Gorbatchev(1931-2022) decretar no dia da celebração do Natal em 25 de Dezembro de 1991, o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas(URSS). Com isso, voltou a existir a nação Rússia e a Checoslováquia se fragmentou em 1992 dando origem a República Tcheca e a Eslováquia.

3) Tex Avery faleceu de câncer de pulmão em 26 de Agosto de 1980, uma semana antes de serem lançados Tom & Jerry Comedy Show.

****Na versão da dublagem brasileira feita pela BKS de Tom & Jerry Comedy Show, Droopy no letreiro  é chamado pelo locutor como Mingau.