terça-feira, 30 de junho de 2020

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Amarelo Mangá 2002 –Filme Nacional Completo

 



"No subúrbio de Recife, Lígia (Leona Cavalli) acorda já mal humorada, pois terá de suportar mais um dia servindo fregueses, que às vezes a bolinam no bar onde trabalha. Quando o dia terminar, só lhe restará voltar ao seu pequeno quarto, em um anexo do bar, e dormir para suportar a mesma coisa no dia seguinte. Paralelamente Kika (Dira Paes), que é muito religiosa, está freqüentando um culto enquanto seu marido, Wellington (Chico Diaz), um cortador de carne, decanta as virtudes da sua mulher enquanto usa uma machadinha para fazer seu serviço. Neste instante no Hotel Texas, que também fica na periferia da cidade, Dunga (Matheus Nachtergaele), um gay que é apaixonado por Wellington, varre o chão antes de começar a fazer a comida. Na verdade ele é a pessoa mais polivalente no Texas, pois faz de tudo um pouco. Um hóspede do Hotel Texas, Isaac (Jonas Bloch), sente um grande prazer em atirar em cadáveres, que lhe são fornecidos por Rabecão, um funcionário do I.M.L. Apesar de decantar Kika, isto não impede de Wellington ter uma amante, que está cansada da situação e quer que ele tome logo uma decisão. Já Dunga pretende conseguir Wellington de outra forma, ou seja, fazendo um trabalho em um terreiro, assim de uma vez só ele "dá uma rasteira" na mulher e na amante. Isaac vai se encontrar no bar com Rabecão para lhe avisar que pode levar o cadáver. Lá ele conhece Lígia e sente vontade de ir com ela para a cama, mesmo com Rabecão lhe avisando que ninguém ali transou com ela."


domingo, 28 de junho de 2020

Wilson Simonal na Porta da Esperança

 






"Em 1993, o cantor Wilson Simonal fez uma participação inusitada no quadro da Porta da Esperança do Programa Silvio Santos. O cantor não compareceu para pedir algo, mas para divulgar um show em sua homenagem que se realizaria com a participação de diversos artistas.

Simonal teve a carreira arruinada após ser acusado injustamente de colaborar com a ditadura militar denunciando artistas subversivos, coisa que nunca fez.

Silvio Santos foi um dos poucos apresentadores que jamais negou espaço para Simonal e este sempre que precisou apareceu nos programas de Silvio para cantar, se apresentar ou simplesmente anunciar seus shows."


JOÃO É UMA ROSA! VIVA GUIMARÃES - EDUARDO BUENO

 







"Na pílula de hoje, celebramos o desaniversário de João Guimarães Rosa, um dos mais geniais escritores brasileiros, autor do livro que o canal Buenas Ideias considera o maior romance do Brasil. Aventure-se pelas veredas e descubra um pouco mais sobre a vida do capitão do sertão, escritor e diplomata, Guimarães Rosa! Saravá!"

quarta-feira, 24 de junho de 2020

NOS 20 ANOS SEM O CANTOR WILSON SIMONAL(1938-2000): RESENHA DE SUA CINEBIOGRAFIA.

      No dia 25 de Junho de 2000, partia para o plano espiritual  o cantor e compositor Wilson Simonal. O mais talentoso ícone da música brasileira que teve sua brilhante carreira prejudicada por causa de um mal entendido envolvendo sua suposta relação com o Regime Militar  que o fez por muito tempo  figurar como o dedo-duro entre os artistas de esquerdas. O que  terminou resultando dele passar as décadas seguintes no completo ostracismo  e morrer bastante empobrecido. Figurando a partir dai como a persona non grata na indústria fonográfica brasileira. 




















      E para lembrarmos essa data, nada melhor do que comentar sobre sua cinebiografia Simonal(Brasil, 2019) .











      Simonal além de um talentoso artista musical,  também mostrou que tinha  talento e muito colhão para empreender. E isto, o filme bem exemplificou ao retratar após conquistar o tão sonhado sucesso e receber bilhões em dinheiro  e construir uma grande fortuna de patrimônio.  E foi também responsável por agenciar grandes carreiras.  

        Eu pessoalmente  não tive muito o privilégio de acompanhar a carreira do Simonal, porque eu nasci em 1985, a carreira dele estava há anos apagada do showbusiness brasileiro em consequência desse embaraço que arruinou sua carreira.  




    Eu lembro que só vim  a tomar conhecimento dele como artista na época em que lá pelos idos do ano 2000 eu estando com 15 anos ouvia muitas noticias  dele já estando bastante adoentado e internado e   veio a falecer vitimado por uma cirrose hepática aos 62 anos de idade. Época em que eu acompanhei o surgimento de seus dois filhos Max de Castro e Simoninha seguirem os passos do pai virando cantores.

     




    O enredo começa do fim, mostrando Simonal se preparando para se apresentar num show, até ocorrer as vaias. É dai que a trama vai fluindo em contar sua trajetória musical de quando começou tocando numa banda bem humilde chamada Dry Boys  até chegar ao apoteótico sucesso  ao conhecer  Carlos Imperial(Leandro Hassum), o homem mais  influente no mundo do showbusiness brasileiro que foi responsável pelo  inicio de sua carreira chegando ao estrelato.
      É por meio dele, que Simonal conhece sua futura esposa Tereza(Isis Valverde).  E esta  sua apoteótica carreira vai crescendo com muitas músicas de sucesso onde ele imprimiu o seu estilo próprio  de cantar mesclando samba com bossa nova, com elementos afro-americano de soul, r&b, jazz, criando assim uma nova sonoridade e com uma estética musical própria. E sua criatividade nas letras, nas melodias e na maneira como contagiava a plateia.






        Todo esse sucesso conquistado o levou a apresentar um programa na TV, e a ele mesmo empreender sua própria carreira criando um selo musical. Tudo ficaria as mil maravilhas na vida do Simonal  até ocorrer dois acontecimento, que vão gerar  as reviravoltas na sua vida que ocasionaram na ruina de sua carreira a ponto dele ficar para sempre estigmatizado como o dedo-duro, traíra, que delatou  artistas da esquerda para os militares,  que vai ter inicio no momento em que ele conhece Santana (Caco Ciocler) o agente do DOPS(Departamento de Ordem Politica e Social), o temido órgão  repressor do regime militar, quando ele é chamado depor sobre uma canção que ele gravou que tinha uma mensagem subversiva. Nisso ocorre dele cometer o maior erro que o arruinaria para sempre. Que foi quando ele aceita o contato do cara. Nisso acontece dele receber uma ligação do Banco cobrando sobre os desfalques de sua empresa, a Simonal Produções Artísticas e quando ele descobre que o responsável por este desfalque era  seu contador Taviani(Bruce Gomlevsky) que o demite e faz a grande burrada, e porque não dizer cagada de denunciá-lo justamente para quem o Santana do DOPS. Foi a partir daí que teve começo  o inferno de sua vida que perdurou pelas décadas seguintes em que amargurou longos anos de ostracismo até sua morte. 



            O filme contou com a direção de Leonardo Domingues, também responsável por assinar o roteiro. Onde ele aqui procurou apresentar ao público todas as facetas desse artistas que ficou esquecido dos anais da história da música brasileira por causa de uma indigesta  situação muito mal explicada dele envolvido com o DOPS que ocasionou dele ser visto até morrer como uma persona non grata da indústria fonográfica brasileira que perdurou pelas décadas seguintes. 




       
       Mesmo contando com a consultoria dos filhos de Simonal, o diretor  tomou a liberdade no roteiro  de se  utilizar  de  licenças poéticas para poder trazer um tom mais cinematograficamente palatável  a obra, para poder gerar mais carga dramática. Alterou alguns nomes de personagens como o nome real  da esposa de Simonal era Sandra Cerqueira e no filme virou Tereza, o contador Taviani  da empresa Simonal Produções Artísticas virou uma referência ao contador real Rafael Viviani que desviava da empresa dele. E a figura do agente Santana  do DOPS, foi puramente ficcional para criar uma carga narrativa mais dramática a obra para representar o DOPS no arco narrativo. Fora também algumas passagens mostradas no filme que ocorreram de fato mas que foram alteradas para ficarem mais narrativamente atraentes. Mas, no fim criaram uma boa construção dramática.   
          A obra representou bem toda a sua meteórica ascensão virando até empreendedor,  e  em seguida toda  decadência que Simonal passou após esse incidente e que não conseguiu se recuperar depois e que mesmo após passados vinte anos de sua morte, esta mancha em sua biografia ainda o assombra. 

            


         Num trabalho muito primoroso e cuidadoso  do design de produção que recriou muitos elementos modistas do final dos anos 1960 e começo dos anos 1970, estes toques retrô que deram uma ótima estética  vintage a obra. Em conjunto aos ótimos planos de câmera, a edição e montagem colocando imagens de arquivo do Simonal real em show e um brilhante plano sequência numa cena mostrando Simonal saindo de uma apresentação para fazer lanche num   barzinho e depois retornando sem nenhum corte. 




          Contando com um ótimo elenco estelar. Os destaques vão para Fabricio Bolivera como o protagonista dá um show de interpretação, representou brilhantemente todas as nuances e  as camadas  do  Simonal como artista, como o empreendedor e como pessoa imperfeita que era. Ou seja, as diferentes facetas por trás do Simonal. Sem tentar glorificar, nem muito menos demoniza-lo. Outros destaque do elenco vão para Ísis Valverde representando a Tereza, esposa do Simonal em referência a real esposa dele Sandra Cerqueira. Esteve incrível, a  representou perfeitamente bem  o quanto que ela foi um importante  porto seguro para ele, principalmente na situação que o mundo inteiro se virava contra ele e não conseguiu se recuperar após  o episódio do  seu suposto envolvimento com o regime militar que desgraçou sua carreira pelo resto da vida.   Além de novamente mostrar uma excelente química com Fabricio Bolivera, protagonista da obra  com quem ela já fez um par romântico em Faroeste Caboclo(Brasil, 2013).




       Também merecem menções, as participações de Caco Ciocler como o agente Santana  do temido DOPS, representando a controversa participação do artista como suposto delator do Regime Militar. Ele esteve incrível em cena representando todo o ar autoritário, violento e irascível ao personagem e responsável por sequestrar e torturar  Taviani quando este recebeu a denuncia do Simonal.  Bruce Gomlevsky como o Taviani, o contador corrupto da Simonal Produções Artísticas representou bem o papel de um sujeito aproveitador, malandro,  desprezível, agindo como um rato,   que quis tentar sair dessa vitimado e acabou arruinando a carreira do Simonal.   Outras participações importantes são de Silvio Guidane como o músico Marcos Moran, que foi companheiro de Simonal na banda Dry Boys  antes dele estourar nacionalmente. Mariana Lima representou bem o papel da socialite Laura Figueiredo que foi a única pessoa no meio do showbuness brasileiro a se solidarizar com Simonal e tentou muitas vezes em vão reerguer a sua carreira depois do fatídico episódio do envolvimento dele com o DOPS, enquanto o restante lhe fechou as portas. E a rápida aparição da atual estrela do humor brasileiro Leandro Hassum que esteve sensacional, dando um show de interpretação em representar Carlos Imperial(1935-1992), o personagem mais polêmico e controverso produtor artístico   que o showbusiness brasileiro já conheceu. Que no filme tem uma função importante, por ter sido o responsável por agenciar o começo da carreira de Simonal e o convidava constantemente para se apresentar em seu programa de auditório na TV. Ou seja, o responsável por lançá-lo ao estrelato. 



         Nestes tempos atuais e obscuros que vivemos atualmente, vendo nossa cultura ser esmagada por um governo totalitarista nojento e com apoio de alguns membros da classe artística e cheio de compartilhamento de informações fakes. Assistir a esta obra  biográfica sobre  um artista que ficou com a carreira prejudicada por causa de uma grande mentira serve bem  para a gente se autoconhecer um pouco mais, mostrando-se assim bastante necessário. 
        

DUARTE PACHECO PEREIRA. O NOBRE NAVEGANTE - EDUARDO BUENO

 





"Quem foi que descobriu o Brasil!? Foi seu Cabral!? Foi seu Bartolomeu? Foi seu Pinzón? Nada disso! Foi seu Pereira. Duarte Pacheco Pereira, o Aquiles Lusitano, personagem de "Os Lusíadas", homem de ciência e de espada! Acredite se quiser, Duarte Pacheco Pereira esteve em terras brasileiras em 1498! Quem garante? Ora, ele mesmo, em seu fabuloso livro "Esmeraldo de situ Orbis"! Venha conhecer a incrível história desse homem épico e multifacetado!"



terça-feira, 23 de junho de 2020

Estátuas, monumentos e suas derrubadas | Nerdologia

 





"No Nerdologia de hoje, vamos falar sobre as estátuas, monumentos e suas derrubadas quando seus valores não condizem mais com a época."

segunda-feira, 22 de junho de 2020

O QUE É FASCISMO? Entenda de uma forma SIMPLES

 



"O que é o FASCISMO? Um governo? Um partido? Uma ideologia? Onde ele surgiu? Como ele funciona? Aprenda de uma forma simples o que é o tão falado FASCISMO".

Conteúdo do Canal Nostalgia.


sexta-feira, 19 de junho de 2020

FILME BINGO: O REI DAS MANHÃS: O RETRATO DA INFÂNCIA DO BRASIL DOS ANOS 1980.



O EXCÊNTRICO PALHAÇO QUE ALEGRAVA AS MANHÃS DA CRIANÇADA  BRASILEIRA NOS ANOS 1980. VIVIA UMA VIDA QUE  ESTAVA LONGE DE SER TÃO ALEGRE COMO ERA REPRESENTADO NO PROGRAMA DA TV. 

Nesses dias de quarentena eu  dando uma  assistida nos canais  dos catálogos de filmes  da minha Smart TV: por mero acaso encontrei Bingo: O Rei das Manhãs(Brasil, 2017), produção inspirada na história real do artista Arlindo Barreto virando o excêntrico palhaço Bozo na programação infantil da TV nos anos 1980.











No filme, a maneira como   sua trajetória é apresentada  foi bastante ficcionada onde eles modificaram os nomes dos personagens reais onde Arlindo virou Augusto Mendes(Vladimir Brichta), do mesmo jeito que o nome do palhaço virou Bingo em vez de Bozo, as duas maiores emissoras brasileiras concorrentes Rede Globo virou TV Mundial  e o SBT virou TVP. Tudo isso para não criar problemas jurídicos, visto que o nome Bozo é de propriedade de uma empresa fonográfica  americana chamada Capitol Records, onde ele foi criado em 1946  pelo dono da empresa Alan Livingston(1917-2009). 





Mas enfim, mesmo com muitas licenças poéticas, o roteiro mostrou-se uma direção muito acertada em nós apresentar com toques de comédia e de drama bem dosados, brincando muito com as referências  nostálgicas cult dos anos 1980 com seus exageros e suas excentricidades transgressoras, embalados  com a ótima trilha sonora cheia de marcantes canções pops  oitentistas  influenciados pela onda New Wave das nacionais com Titãs cantando Televisão, Gretchen com Conga,Conga,Conga , Tokyo banda comanda por Supla com Humanos, Ritchie com Casanova, canção que embalava a abertura da novela da Rede Globo Champangne(1983-1984), Dr.Silvana com Serão Extra, Metrô com Tudo Pode Mudar dentre outros até mesmo com as internacionais da época como Bring on the Darcing Horses de Echo and The Bunnyan, 99 Red Ballons da cantora Nena e That´s Good da banda DEVO.   





 No filme somos apresentados a  trajetória de  Augusto Mendes(Vladmir Brichta)  antes de virar o simbólico palhaço astro das crianças, como um astro da pornochanchada. E era visto como um ator medíocre que estrelou poucas novelas. Vai ser durante sua entrada na TVP acompanhado de seu filho Gabriel(Cauã Martins), para participar de uma seletiva de testes para uma novela. Que ele descobre um teste para palhaços de um programa infantil. Resolve participar. Ele consegue passar nesse teste que agrada ao produtor americano Peter Olsen(Soren Hellerup) dono do Bingo, por mostrar uma ótima habilidade de conseguir divertir  e contagiar a todos coisa que os outros não conseguiam.




Ao conseguir o papel do palhaço, o enredo  vai transcorrendo de forma orgânica e fluídica  ao  apresentar o começo da sua ascensão ao sucesso que ele tanto sonhava e algemava que o levaria ao caminho desregrado da esbórnia dele viver separado de seu filho e isto terminar destruindo a sua própria essência de pessoa e entrar numa crise existencial, já que ele assinou  o contrato de não poder revelar que era o palhaço. A ponto dele fora do palhaço que ele representava para divertir a criançada na TV era um zé ninguém, um nada sem brilho. E durante todo o abismo que ele se encontrou após perder o personagem ele tem a sua redenção ao se  converter crente.




O filme contou com a direção do Daniel Rezende, que fez sua estreia em longa-metragem depois de vim de um longo currículo cinematográfico  trabalhando como montador em filmes importantes como Cidade de Deus (Brasil, 2002),  Narradores de Javé(Brasil, França,2003) Diários de Motocicletas  (Alemanha, Brasil,Argentina, Chile, Peru, EUA,França, 2004)  Tropa de Elite(Brasil,2007) e  Tropa de Elite 2 (Brasil, 2010). Além desses nacionais, ele  também foi montador em  alguns internacionais como Ensaio sobre a Cegueira (Blindness, Canadá, Japão, Brasil,2008), A Árvore da Vida (The Tree of Life,EUA,2011), Na Estrada (On the Road, EUA, 2012) e Robocop (EUA, 2014). Ele junto com sua produtora Gullane Filmes e  com o roteirista Luiz Bolognesi tiveram um trabalho bastante árduo e  desafiador de representar a trajetória  desse ator que deu vida ao palhaço célebre das crianças nos anos 1980. Mas de uma forma meramente ficcional sem parecer tão cine biográfico com toques documentais parecendo um docudrama. Além de ficcionar tanto o nome do protagonista como do palhaço, das emissoras de TV, também foi  ficcionado na obra  o nome da sua mãe como Martha Mendes(Ana Lúcia Torres) que se refere a atriz Márcia de Windsor(1933-1982).


 A atriz Angélica(Tainá Müller) sua ex-esposa, mãe de seu filho Gabriel que seria uma provável referência  a uma importante atriz da época Angelina Muniz com quem ele já se relacionou. Armando(Pedro Bial), o executivo da TV Mundial uma suposta referência ou a Roberto Marinho(1904-2003) ou mesmo a José Bonifácio de Oliveira Sobrinho(Boni), os poderosos da Globo na época. O único personagem da obra que não aparece ficcionado na história é o da cantora Gretchen interpretado no filme por Emanuelle Araújo. Uma das únicas coisas reais que o filme representou, porque de resto mesmo segundo o próprio diretor o Arlindo Barreto foi quem sugeriu que se ficcionasse tudo. Uma escolha que se mostrou muito bem acertada.












Além disso, outro fator também ficcionado na obra é como o enredo se concentra apenas nele, visto que já houveram outros atores que representaram o Bozo além de Arlindo,  a história deixou transparecer que ele foi o primeiro quanto que na verdade ele só veio a representar o papel do palhaço na TV  bem depois.










Outro fator muito importante da obra em boa parte  ficcionada  que foi bem trabalhado  está principalmente na boa dose deles trabalharem o humor e o drama.  O humor é bem trabalhado nos momentos em que ele adorava soltar  umas provocações, principalmente numa cena onde ele se exalta no ar que estava em primeiro lugar e faz uma indireta a rival  pegando uma boneca e a joga no chão e faz uma pose dançante junto com os outros palhações, ou mesmo no momento dele saindo da TV Mundial só de cueca,   e o drama também é otimamente executado de forma primorosa principalmente numa cena onde ele age muito rispidamente com o diretor executivo da Mundial no enterro de sua mãe ou mesmo do seu relacionamento com Lúcia(Leandra Leal) a rígida  diretora do programa com quem ele vivia soltando umas provocações e que se tornaria o seu porto seguro depois que ele caiu em desgraça e com quem terminaria se casando depois que ele se reergueu e virou crente e tornou-se pastor, aquilo de fato aconteceu, mas não com a diretora do programa, mas sim com a produtora Elisabeth Locatelli. 









Mesmo ficcionado, isso não desmerece a obra que além de contar com um excelente roteiro e direção, também contou com um brilhante  trabalho no  design de produção, principalmente ao fazer uma linda reprodução cenográfica de objetos típicos dos anos 1980, como as TVs de Tubo, as fitas cassetes que tocam os repertórios populares da época,  os veículos, a cena panorâmica dos prédios da zona urbana  da São Paulo com destaque para a antiga loja do  Mappin. Os figurinos bem representando os modismos dos anos 1980, junto aos cortes de cabelos, os bastidores da TV. A incrível direção de fotografia  que contou o dedo do Lula Carvalho com paletas de cores quentes nas tonalidades de amarelo,  principalmente nas cenas que mostram as gravações no auditório  do programa.  












A maneira como foi criada a caracterização do palhaço um tanto diferente do Bozo da TV nos anos 1980 também ficou incrível, como também o trabalho da posição de  câmera numa cena onde mostra Augusto entrando no estúdio que ao descobrir que foi substituído sai de lá num espaço pequeno com as luzes se apagando a ele. Bem simbolizando metaforicamente que ele havia perdido o brilho. Todo esse primoroso trabalho do design de produção ao  ajudar  a criar um tom, uma identidade visual  bastante retrô  na obra, com  uma estética bem vintage.   Junto a tudo isso também merece destaque  a atuação de um elenco bastante estelar. Vladimir Brichta como o protagonista Augusto Mendes/Bingo ficou sensacional no papel, desempenhou todas as camadas do personagem trabalhando bem a comédia e o drama num papel que inicialmente foi destinado ao Wagner Moura, mas por  motivos conflitantes de agenda ele não pôde aceitar o papel e acabou ficando com Brichta. O seu desempenho no  drama foi o que mais surpreendeu do que na comédia, visto que como  eu já acompanhei outros papeis cômicos que ele já representou na TV  em novelas e séries  da Rede Globo, alguns bem abobalhados, canastrões e ingênuos  confesso que nessa parte da comédia  eu já esperava ver mais do mesmo. Mas foi no drama que o seu desempenho aqui mais me surpreendeu. Principalmente quando ele retrata todo o buraco sem fim de quando ele  se drogava, se embebedava e nos tantos momentos  de promiscuidades da vida desregrada que ele levava depois de conquistar o sucesso  que contrastava com a representação divertida do palhaço que ele representava na TV que alegrava as crianças e fora a crise existencial que passava por não poder assumir publicamente que era o palhaço e que dentro do personagem ele era famoso e conhecido, mas fora do personagem ele era um nada,  o que gerava um enorme  vazio dentro dele. Até descobrir sua redenção graças a sua conversão evangélica, virando pastor como mostrado no final. 










Também merece destaque a participação da veterana Ana Lúcia Torre como a Martha Mendes, a mãe do Augusto, uma atriz decadente, antiga estrela da TV, que vivia  no ostracismo,  que desempenha uma função importante no arco da história por ser a figura conselheira de Augusto, usando o exemplo de sua experiência. Ela inclusive tem o dialogo interessante ao comparar o brilho que cada ator conquista ao brilho dos vagalumes como uma boa metáfora ao comparar com as formigas e a cigarras. 











  O elenco também contou com Leandra Leal que  ficou perfeita  representando a Lúcia, diretora do programa que tem uma personalidade rígida e exigente  e usa dessa habilidade para tenta manter Augusto na linha dentro do programa, principalmente para ele seguir o roteiro que ela adaptou do formato americano, coisa que ele ás vezes se recusa a fazer por achar que aquilo não se encaixaria com as crianças brasileiras  e pede para improvisar ao qual ela aceita com muita relutância. 






Mesmo assim, ela consegue se mostrar bastante envolvida por ele a ponto de se mostrar mais para frente super importante no plot twist do enredo para quando ocorrer a sua substituição do papel  e ele caído em desgraça e consumido pelo vício do álcool e pelas drogas, se acidenta,  é ela quem lhe socorre e dá assistência a ele e é por meio dela como evangélica que ele passa a se converter crente e frequentar o grupo dos Alcoólicos Anônimos(AA). Mostrando a sua redenção virando  pastor. Também vale mencionar a participação de Tainá Muller representando a atriz Angélica, em referência a atriz Angelina Muniz  com quem Arlindo foi casado. Ela também vai ter importância no arco da trama, quando resolve judicialmente que Augusto ficasse afastado de Gabriel depois que ela  flagra o menino bebendo uma garrafa de uísque perto  dele.  A participação da Emanuelle Araújo representando a Gretchen também foi sensacional. Ela emprestou bem  a sua  desenvoltura  para cantar e rebolar, visto que ela já carrega um talento musical, já foi vocalista no famoso  conjunto musical baiano de axé music Banda Eva substituindo Ivete Sangalo para representar na obra  a popular rainha do rebolado se apresentando num programa infantil, numa época onde se valia de tudo pela audiência e não se tinha a menor preocupação com o pudor.  Além de mostrar que não tinha mesmo pudor para mostrar sua safadeza em  trepar com o palhaço as escondidas.  





Outra menção importante do elenco  a ser feita é da participação do Domingos Montagner que no filme representou Aparício, o palhaço do circo onde Augusto resolve fazer um estágio para pedir umas dicas, um macetes para se aprimorar em cena. Em virtude de algumas dificuldades iniciais dele de agradar as crianças. O ator emprestou toda a sua longa experiência de anos sendo palhaço circense  nesse que  foi seu trabalho póstumo, o ator morreu tragicamente no dia 15 de Setembro de 2016 quando estava mergulhando no Rio São Francisco, na região de Canindé do São Francisco, em Sergipe onde estava gravando a novela da Rede Globo Velho Chico  onde as correntezas o arrastaram e ele terminou morrendo. Cauã Martins, o menino que representou Gabriel, o filho de Augusto, mostrou um talento incrível para atuar ao mostrar o drama dele viver ter longe do convívio paterno e isto pode ser bem numa cena onde ele ao reparar na escola, a lancheira de um colega com o Bingo, ele demonstra tristeza com a ausência e não puder dizer que o Bingo era ele ou mesmo ligar para ele no programa ao vivo e jogar na cara que ele esqueceu o seu aniversário. Principalmente quando o pai vivia consumido pelo trabalho e pela sua  vida  desregrada,  farrista e muito promiscua. Fora também outras participações também incríveis na obra como do jornalista Pedro Bial representando o Armando, dono da TV Mundial esnobando Augusto na cena dele na emissora. Augusto Madeira na pele  do Vasconcelos, o  câmera man do programa representou bem em cena a figura do muy amigo de Augusto ao ser bastante passivo nas suas esbornias e ainda  acompanha-lo em suas  aventuras porra loucas. E para finalizar as menções de  elenco, destaco as participações de Arthur Khol, o eterno garoto-propaganda da Brastemp representando o responsável jurídico pela papelada do contrato de Augusto com a emissora TVP, a participação gringa  do dinamarquês Soren Hellerup que fez uma interpretação  crível do produtor  americano Peter Olsen, o proprietário do palhaço Bingo que foi inspirado em Larry Harmon(1925-2008), um dos nomes  importantes por trás do  Bozo nos EUA. Na obra ele  foi o responsável por aprovar a escolha de Augusto como Bingo. E a rápida ponta do Arlindo Barreto numa cena bastante importante da obra.




Mesmo tendo sido boa parte ficcional, a obra ainda mostrou seus méritos, como a boa sacada da escolha do nome Augusto para o protagonista que se referiu   bem a figura popular dos palhaços brasileiros. Outro mérito a ser mencionado da obra, está na ótima montagem e edição de onde o diretor na época do lançamento garantiu em entrevistas que não teve participação alguma. Nessa parte, quem ficou encarregado foi Márcio Hashimoto que também fez um trabalho incrível principalmente na abertura da obra que trouxe uma montagem de coisas incríveis marcantes dos anos como a propaganda das pilhas Duracell com os vários mascotes da marca que são os coelhos rosas. A imagem do programa Qual é a Música com  Pablo dublando a canção Casanova  que compõe a trilha do filme.  E a reprodução do letreiro dos tempos da Censura Federal para apresentar o título da obra  foi também sensacional. Do mesmo jeito que merece menção a incrível produção musical, que além de contar no repertório com clássicos oitentistas, também contou com a assinatura de Beto Villares nas músicas incidentais com aqueles toques  modernos de sintetizador que bem rementem a atmosfera oitentista das produções musicais da época.





Pessoalmente eu me lembro muito vagamente de quando eu assistia o programa do Bozo  na TV. Lembro mais da Xuxa, do Sergio Mallandro, da Mara Maravilha, da Angélica e também da Vovó Mafalda que surgiu neste programa do Bozo. Que aliás aparece modificada com nome diferente do mesmo jeito que outros personagens que compunham o programa do Bozo. Assistindo acompanhado da minha mãe, ela lembrou que eu quando era bem bebezinho tive medo de palhaços no meu aniversário de 1 ano e chorava. Se bem que graças a Deus eu não desenvolvi ao crescer um transtorno psicológico  chamado coulrofobia que é o pânico, a fobia por palhaços. Se não eu não teria sequer conseguido assistir numa boa ao filme. Nos tempos de hoje em que a programação infantil nas manhãs  foi basicamente exterminada das grandes emissoras por causa das limitações geradas pela aprovação da lei de publicidade infantil que passou a limitar demais os anúncios de produtos voltados para crianças nessas atrações. O que eliminou qualquer possibilidade de termos programas infantis com apresentação de desenhos, por exemplo. Já que sem anúncios de brinquedos,  por exemplo que atrai mais qualquer criança ou de alimentos como doce ou sorvetes ficava impossível manter o custo de rendimento. A prova disso é como  o filme bem exemplificar o licenciamento com a marca do palhaço nos materiais escolares e nos bonecos. O que por causa disso temos visto uma porcentagem grande  de no lugar dessas antigas atrações, vemos hoje mais nesse antigo horário programas de variedades voltados mais para o público feminino. Com abordagens sobre culinária, moda, fofoca e comportamento.  












Esses fatores levaram a muitos  país terceirizarem a culpa  da má educação dos seus  filhos nesses programas infantis que há de se colocar que eles não tinham mesmo o menor pudor para apelarem para a sacanagem para atrair uma audiência. Se valia de  tudo pela audiência.  
Se bem que hoje em dia  o perfil das crianças é muito diferente das crianças da década de 1980. Antes de qualquer mau julgamento de muitos “pseudoeducadores” que defendem as crianças de ontem viraram adultos mau comportamentos hoje  por causa desses programas e que se não tivesse existido não seriam uns vagabundos, é preciso   levar em conta o contexto de como era o perfil da maioria das crianças brasileiras  nos anos 1980 e daí entender o porquê disso originar nos programas infantis bastantes replicados  com esse toque  bem espalhafatoso, extravagante, lúdico,  apresentado por um ser excêntrico,  anárquico e transgressor como foi representado no pioneirismo do  palhaço Bozo como bem retratou o filme. 











No começo dos anos 1980, boa parte das residências brasileiras ainda não tinha acessos à internet como temos agora. Isso porque, naquele período  ainda não vivíamos uma época tão digital quanto agora. Era impensável  imaginar uma família naquela época  querer  ter a liberdade de assistir  o que quiser numa Netflix sem ficar refém da programação dos grandes canais  como vemos hoje, porque nessa época ainda não existia o conceito de TV Digital em formato fino de plasma como é hoje. Os modelos de televisores eram ainda em sinais analógicos em TV de Tubo, grossos  no tamanho  medidos em  polegadas, que traziam um desfoque na imagem e com dificuldade para captação de sinal. Fora também que como o Brasil ainda estava sendo  governado pelos militares, era comum que todas as atrações trouxessem o letreiro avisando de que essa atração foi liberada pela Censura  Federal  com a voz radiofônica do locutor falando da classificação indicativa. Simbolizando bem como ali o que passava na TV era controlado pelo Governo Federal como bem o filme exemplificou na abertura.   Era raro você vê em muitas residências as pessoas usarem um computador pessoal, porque era muito caro. No começo era restrito apenas as empresas. Que ainda escreviam em maquinas datilográficas. Também era improvável ver muita gente se distraindo com o celular e seus milhões de aplicativos com redes sociais, porque nessa época ainda não foi desenvolvido o telefone móvel, que só seria desenvolvido a partir dos anos 1990. Os únicos meios para alguém conseguir fazer uma ligação a longa distância era por meio dos telefones públicos que custavam uma nota de ficha para falar. E ainda era comum as ligações de telefones fixos. O que hoje em dia tem ficado cada vez mais raro.












Para a criançada brasileira da época que tinha como únicos meios de diversões brincar na rua e as que viviam na classe  média A e B, podiam comprarem brinquedos caros, ler gibis de Turma da Mônica  e jogar um aparelho videogame. Era o mínimo que se tinha sem as modernidades digitais de hoje em dia. Portanto, fazia sentido o porquê do surgimento dessas programações voltadas para a diversão e distração das crianças.













Portanto, faz sentido compreender  o porquê do surgimento e  da função e da importância  que esse  este tipo de atração infantil de  entretenimento simbolizou  a geração dos anos 1980 num auditório todo colorido, com toques espalhafatosos, coloridos, lúdicos,  com representações teatralizadas de  muito humor físico e pastelão  que lembravam um circo e apresentava desenhos animados na grade de programação para divertir e simbolizar uma válvula de escape para elas naquele momento em que o cenário político do Brasil estava passando por uma grande transformação saindo da Ditadura Militar e dando seus primeiros passos para retomar a democracia civil que hoje nesse atual cenário de 2020, vive ameaçada por um Bozo nojento na presidência.  Numa época em que  há 40 anos ainda sequer se imaginaria o surgimento dos meios mais modernos de digitalização que temos hoje, e isto era visto como um utópico sonho distante da realidade da maioria dos brasileiros. Do computador pessoal ao telefone móvel dentre outras inovações modernas comuns que temos hoje. 













Portanto, fica-se compreensível o porquê de muitos adultos de hoje que cresceram vendo o Bozo criarem uma verdadeira glorificação por ele como ícone de sua infância. Por justamente simbolizarem uma válvula de escape para eles esquecerem a realidade que vivia o Brasil daquele período. Ainda que ok, tenha trazido consequências não boas mais para frente como esse apelo sem pudor pela audiência dentre outros fatores negativos como o aumento da obesidade influenciado pela publicidade de alimentos processados industrialmente como os biscoitos por exemplo ou mesmo os picolé da Kibon dentre outros e os anúncios constantes de brinquedos, que despertaram o desejo consumista delas.  Mas, no fundo, o legado positivo é muito maior do que qualquer coisa. Mesmo que os bastidores não tenham sido nada alegre nos bastidores.