sexta-feira, 19 de junho de 2020

FILME BINGO: O REI DAS MANHÃS: O RETRATO DA INFÂNCIA DO BRASIL DOS ANOS 1980.



O EXCÊNTRICO PALHAÇO QUE ALEGRAVA AS MANHÃS DA CRIANÇADA  BRASILEIRA NOS ANOS 1980. VIVIA UMA VIDA QUE  ESTAVA LONGE DE SER TÃO ALEGRE COMO ERA REPRESENTADO NO PROGRAMA DA TV. 

Nesses dias de quarentena eu  dando uma  assistida nos canais  dos catálogos de filmes  da minha Smart TV: por mero acaso encontrei Bingo: O Rei das Manhãs(Brasil, 2017), produção inspirada na história real do artista Arlindo Barreto virando o excêntrico palhaço Bozo na programação infantil da TV nos anos 1980.











No filme, a maneira como   sua trajetória é apresentada  foi bastante ficcionada onde eles modificaram os nomes dos personagens reais onde Arlindo virou Augusto Mendes(Vladimir Brichta), do mesmo jeito que o nome do palhaço virou Bingo em vez de Bozo, as duas maiores emissoras brasileiras concorrentes Rede Globo virou TV Mundial  e o SBT virou TVP. Tudo isso para não criar problemas jurídicos, visto que o nome Bozo é de propriedade de uma empresa fonográfica  americana chamada Capitol Records, onde ele foi criado em 1946  pelo dono da empresa Alan Livingston(1917-2009). 





Mas enfim, mesmo com muitas licenças poéticas, o roteiro mostrou-se uma direção muito acertada em nós apresentar com toques de comédia e de drama bem dosados, brincando muito com as referências  nostálgicas cult dos anos 1980 com seus exageros e suas excentricidades transgressoras, embalados  com a ótima trilha sonora cheia de marcantes canções pops  oitentistas  influenciados pela onda New Wave das nacionais com Titãs cantando Televisão, Gretchen com Conga,Conga,Conga , Tokyo banda comanda por Supla com Humanos, Ritchie com Casanova, canção que embalava a abertura da novela da Rede Globo Champangne(1983-1984), Dr.Silvana com Serão Extra, Metrô com Tudo Pode Mudar dentre outros até mesmo com as internacionais da época como Bring on the Darcing Horses de Echo and The Bunnyan, 99 Red Ballons da cantora Nena e That´s Good da banda DEVO.   





 No filme somos apresentados a  trajetória de  Augusto Mendes(Vladmir Brichta)  antes de virar o simbólico palhaço astro das crianças, como um astro da pornochanchada. E era visto como um ator medíocre que estrelou poucas novelas. Vai ser durante sua entrada na TVP acompanhado de seu filho Gabriel(Cauã Martins), para participar de uma seletiva de testes para uma novela. Que ele descobre um teste para palhaços de um programa infantil. Resolve participar. Ele consegue passar nesse teste que agrada ao produtor americano Peter Olsen(Soren Hellerup) dono do Bingo, por mostrar uma ótima habilidade de conseguir divertir  e contagiar a todos coisa que os outros não conseguiam.




Ao conseguir o papel do palhaço, o enredo  vai transcorrendo de forma orgânica e fluídica  ao  apresentar o começo da sua ascensão ao sucesso que ele tanto sonhava e algemava que o levaria ao caminho desregrado da esbórnia dele viver separado de seu filho e isto terminar destruindo a sua própria essência de pessoa e entrar numa crise existencial, já que ele assinou  o contrato de não poder revelar que era o palhaço. A ponto dele fora do palhaço que ele representava para divertir a criançada na TV era um zé ninguém, um nada sem brilho. E durante todo o abismo que ele se encontrou após perder o personagem ele tem a sua redenção ao se  converter crente.




O filme contou com a direção do Daniel Rezende, que fez sua estreia em longa-metragem depois de vim de um longo currículo cinematográfico  trabalhando como montador em filmes importantes como Cidade de Deus (Brasil, 2002),  Narradores de Javé(Brasil, França,2003) Diários de Motocicletas  (Alemanha, Brasil,Argentina, Chile, Peru, EUA,França, 2004)  Tropa de Elite(Brasil,2007) e  Tropa de Elite 2 (Brasil, 2010). Além desses nacionais, ele  também foi montador em  alguns internacionais como Ensaio sobre a Cegueira (Blindness, Canadá, Japão, Brasil,2008), A Árvore da Vida (The Tree of Life,EUA,2011), Na Estrada (On the Road, EUA, 2012) e Robocop (EUA, 2014). Ele junto com sua produtora Gullane Filmes e  com o roteirista Luiz Bolognesi tiveram um trabalho bastante árduo e  desafiador de representar a trajetória  desse ator que deu vida ao palhaço célebre das crianças nos anos 1980. Mas de uma forma meramente ficcional sem parecer tão cine biográfico com toques documentais parecendo um docudrama. Além de ficcionar tanto o nome do protagonista como do palhaço, das emissoras de TV, também foi  ficcionado na obra  o nome da sua mãe como Martha Mendes(Ana Lúcia Torres) que se refere a atriz Márcia de Windsor(1933-1982).


 A atriz Angélica(Tainá Müller) sua ex-esposa, mãe de seu filho Gabriel que seria uma provável referência  a uma importante atriz da época Angelina Muniz com quem ele já se relacionou. Armando(Pedro Bial), o executivo da TV Mundial uma suposta referência ou a Roberto Marinho(1904-2003) ou mesmo a José Bonifácio de Oliveira Sobrinho(Boni), os poderosos da Globo na época. O único personagem da obra que não aparece ficcionado na história é o da cantora Gretchen interpretado no filme por Emanuelle Araújo. Uma das únicas coisas reais que o filme representou, porque de resto mesmo segundo o próprio diretor o Arlindo Barreto foi quem sugeriu que se ficcionasse tudo. Uma escolha que se mostrou muito bem acertada.












Além disso, outro fator também ficcionado na obra é como o enredo se concentra apenas nele, visto que já houveram outros atores que representaram o Bozo além de Arlindo,  a história deixou transparecer que ele foi o primeiro quanto que na verdade ele só veio a representar o papel do palhaço na TV  bem depois.










Outro fator muito importante da obra em boa parte  ficcionada  que foi bem trabalhado  está principalmente na boa dose deles trabalharem o humor e o drama.  O humor é bem trabalhado nos momentos em que ele adorava soltar  umas provocações, principalmente numa cena onde ele se exalta no ar que estava em primeiro lugar e faz uma indireta a rival  pegando uma boneca e a joga no chão e faz uma pose dançante junto com os outros palhações, ou mesmo no momento dele saindo da TV Mundial só de cueca,   e o drama também é otimamente executado de forma primorosa principalmente numa cena onde ele age muito rispidamente com o diretor executivo da Mundial no enterro de sua mãe ou mesmo do seu relacionamento com Lúcia(Leandra Leal) a rígida  diretora do programa com quem ele vivia soltando umas provocações e que se tornaria o seu porto seguro depois que ele caiu em desgraça e com quem terminaria se casando depois que ele se reergueu e virou crente e tornou-se pastor, aquilo de fato aconteceu, mas não com a diretora do programa, mas sim com a produtora Elisabeth Locatelli. 









Mesmo ficcionado, isso não desmerece a obra que além de contar com um excelente roteiro e direção, também contou com um brilhante  trabalho no  design de produção, principalmente ao fazer uma linda reprodução cenográfica de objetos típicos dos anos 1980, como as TVs de Tubo, as fitas cassetes que tocam os repertórios populares da época,  os veículos, a cena panorâmica dos prédios da zona urbana  da São Paulo com destaque para a antiga loja do  Mappin. Os figurinos bem representando os modismos dos anos 1980, junto aos cortes de cabelos, os bastidores da TV. A incrível direção de fotografia  que contou o dedo do Lula Carvalho com paletas de cores quentes nas tonalidades de amarelo,  principalmente nas cenas que mostram as gravações no auditório  do programa.  












A maneira como foi criada a caracterização do palhaço um tanto diferente do Bozo da TV nos anos 1980 também ficou incrível, como também o trabalho da posição de  câmera numa cena onde mostra Augusto entrando no estúdio que ao descobrir que foi substituído sai de lá num espaço pequeno com as luzes se apagando a ele. Bem simbolizando metaforicamente que ele havia perdido o brilho. Todo esse primoroso trabalho do design de produção ao  ajudar  a criar um tom, uma identidade visual  bastante retrô  na obra, com  uma estética bem vintage.   Junto a tudo isso também merece destaque  a atuação de um elenco bastante estelar. Vladimir Brichta como o protagonista Augusto Mendes/Bingo ficou sensacional no papel, desempenhou todas as camadas do personagem trabalhando bem a comédia e o drama num papel que inicialmente foi destinado ao Wagner Moura, mas por  motivos conflitantes de agenda ele não pôde aceitar o papel e acabou ficando com Brichta. O seu desempenho no  drama foi o que mais surpreendeu do que na comédia, visto que como  eu já acompanhei outros papeis cômicos que ele já representou na TV  em novelas e séries  da Rede Globo, alguns bem abobalhados, canastrões e ingênuos  confesso que nessa parte da comédia  eu já esperava ver mais do mesmo. Mas foi no drama que o seu desempenho aqui mais me surpreendeu. Principalmente quando ele retrata todo o buraco sem fim de quando ele  se drogava, se embebedava e nos tantos momentos  de promiscuidades da vida desregrada que ele levava depois de conquistar o sucesso  que contrastava com a representação divertida do palhaço que ele representava na TV que alegrava as crianças e fora a crise existencial que passava por não poder assumir publicamente que era o palhaço e que dentro do personagem ele era famoso e conhecido, mas fora do personagem ele era um nada,  o que gerava um enorme  vazio dentro dele. Até descobrir sua redenção graças a sua conversão evangélica, virando pastor como mostrado no final. 










Também merece destaque a participação da veterana Ana Lúcia Torre como a Martha Mendes, a mãe do Augusto, uma atriz decadente, antiga estrela da TV, que vivia  no ostracismo,  que desempenha uma função importante no arco da história por ser a figura conselheira de Augusto, usando o exemplo de sua experiência. Ela inclusive tem o dialogo interessante ao comparar o brilho que cada ator conquista ao brilho dos vagalumes como uma boa metáfora ao comparar com as formigas e a cigarras. 











  O elenco também contou com Leandra Leal que  ficou perfeita  representando a Lúcia, diretora do programa que tem uma personalidade rígida e exigente  e usa dessa habilidade para tenta manter Augusto na linha dentro do programa, principalmente para ele seguir o roteiro que ela adaptou do formato americano, coisa que ele ás vezes se recusa a fazer por achar que aquilo não se encaixaria com as crianças brasileiras  e pede para improvisar ao qual ela aceita com muita relutância. 






Mesmo assim, ela consegue se mostrar bastante envolvida por ele a ponto de se mostrar mais para frente super importante no plot twist do enredo para quando ocorrer a sua substituição do papel  e ele caído em desgraça e consumido pelo vício do álcool e pelas drogas, se acidenta,  é ela quem lhe socorre e dá assistência a ele e é por meio dela como evangélica que ele passa a se converter crente e frequentar o grupo dos Alcoólicos Anônimos(AA). Mostrando a sua redenção virando  pastor. Também vale mencionar a participação de Tainá Muller representando a atriz Angélica, em referência a atriz Angelina Muniz  com quem Arlindo foi casado. Ela também vai ter importância no arco da trama, quando resolve judicialmente que Augusto ficasse afastado de Gabriel depois que ela  flagra o menino bebendo uma garrafa de uísque perto  dele.  A participação da Emanuelle Araújo representando a Gretchen também foi sensacional. Ela emprestou bem  a sua  desenvoltura  para cantar e rebolar, visto que ela já carrega um talento musical, já foi vocalista no famoso  conjunto musical baiano de axé music Banda Eva substituindo Ivete Sangalo para representar na obra  a popular rainha do rebolado se apresentando num programa infantil, numa época onde se valia de tudo pela audiência e não se tinha a menor preocupação com o pudor.  Além de mostrar que não tinha mesmo pudor para mostrar sua safadeza em  trepar com o palhaço as escondidas.  





Outra menção importante do elenco  a ser feita é da participação do Domingos Montagner que no filme representou Aparício, o palhaço do circo onde Augusto resolve fazer um estágio para pedir umas dicas, um macetes para se aprimorar em cena. Em virtude de algumas dificuldades iniciais dele de agradar as crianças. O ator emprestou toda a sua longa experiência de anos sendo palhaço circense  nesse que  foi seu trabalho póstumo, o ator morreu tragicamente no dia 15 de Setembro de 2016 quando estava mergulhando no Rio São Francisco, na região de Canindé do São Francisco, em Sergipe onde estava gravando a novela da Rede Globo Velho Chico  onde as correntezas o arrastaram e ele terminou morrendo. Cauã Martins, o menino que representou Gabriel, o filho de Augusto, mostrou um talento incrível para atuar ao mostrar o drama dele viver ter longe do convívio paterno e isto pode ser bem numa cena onde ele ao reparar na escola, a lancheira de um colega com o Bingo, ele demonstra tristeza com a ausência e não puder dizer que o Bingo era ele ou mesmo ligar para ele no programa ao vivo e jogar na cara que ele esqueceu o seu aniversário. Principalmente quando o pai vivia consumido pelo trabalho e pela sua  vida  desregrada,  farrista e muito promiscua. Fora também outras participações também incríveis na obra como do jornalista Pedro Bial representando o Armando, dono da TV Mundial esnobando Augusto na cena dele na emissora. Augusto Madeira na pele  do Vasconcelos, o  câmera man do programa representou bem em cena a figura do muy amigo de Augusto ao ser bastante passivo nas suas esbornias e ainda  acompanha-lo em suas  aventuras porra loucas. E para finalizar as menções de  elenco, destaco as participações de Arthur Khol, o eterno garoto-propaganda da Brastemp representando o responsável jurídico pela papelada do contrato de Augusto com a emissora TVP, a participação gringa  do dinamarquês Soren Hellerup que fez uma interpretação  crível do produtor  americano Peter Olsen, o proprietário do palhaço Bingo que foi inspirado em Larry Harmon(1925-2008), um dos nomes  importantes por trás do  Bozo nos EUA. Na obra ele  foi o responsável por aprovar a escolha de Augusto como Bingo. E a rápida ponta do Arlindo Barreto numa cena bastante importante da obra.




Mesmo tendo sido boa parte ficcional, a obra ainda mostrou seus méritos, como a boa sacada da escolha do nome Augusto para o protagonista que se referiu   bem a figura popular dos palhaços brasileiros. Outro mérito a ser mencionado da obra, está na ótima montagem e edição de onde o diretor na época do lançamento garantiu em entrevistas que não teve participação alguma. Nessa parte, quem ficou encarregado foi Márcio Hashimoto que também fez um trabalho incrível principalmente na abertura da obra que trouxe uma montagem de coisas incríveis marcantes dos anos como a propaganda das pilhas Duracell com os vários mascotes da marca que são os coelhos rosas. A imagem do programa Qual é a Música com  Pablo dublando a canção Casanova  que compõe a trilha do filme.  E a reprodução do letreiro dos tempos da Censura Federal para apresentar o título da obra  foi também sensacional. Do mesmo jeito que merece menção a incrível produção musical, que além de contar no repertório com clássicos oitentistas, também contou com a assinatura de Beto Villares nas músicas incidentais com aqueles toques  modernos de sintetizador que bem rementem a atmosfera oitentista das produções musicais da época.





Pessoalmente eu me lembro muito vagamente de quando eu assistia o programa do Bozo  na TV. Lembro mais da Xuxa, do Sergio Mallandro, da Mara Maravilha, da Angélica e também da Vovó Mafalda que surgiu neste programa do Bozo. Que aliás aparece modificada com nome diferente do mesmo jeito que outros personagens que compunham o programa do Bozo. Assistindo acompanhado da minha mãe, ela lembrou que eu quando era bem bebezinho tive medo de palhaços no meu aniversário de 1 ano e chorava. Se bem que graças a Deus eu não desenvolvi ao crescer um transtorno psicológico  chamado coulrofobia que é o pânico, a fobia por palhaços. Se não eu não teria sequer conseguido assistir numa boa ao filme. Nos tempos de hoje em que a programação infantil nas manhãs  foi basicamente exterminada das grandes emissoras por causa das limitações geradas pela aprovação da lei de publicidade infantil que passou a limitar demais os anúncios de produtos voltados para crianças nessas atrações. O que eliminou qualquer possibilidade de termos programas infantis com apresentação de desenhos, por exemplo. Já que sem anúncios de brinquedos,  por exemplo que atrai mais qualquer criança ou de alimentos como doce ou sorvetes ficava impossível manter o custo de rendimento. A prova disso é como  o filme bem exemplificar o licenciamento com a marca do palhaço nos materiais escolares e nos bonecos. O que por causa disso temos visto uma porcentagem grande  de no lugar dessas antigas atrações, vemos hoje mais nesse antigo horário programas de variedades voltados mais para o público feminino. Com abordagens sobre culinária, moda, fofoca e comportamento.  












Esses fatores levaram a muitos  país terceirizarem a culpa  da má educação dos seus  filhos nesses programas infantis que há de se colocar que eles não tinham mesmo o menor pudor para apelarem para a sacanagem para atrair uma audiência. Se valia de  tudo pela audiência.  
Se bem que hoje em dia  o perfil das crianças é muito diferente das crianças da década de 1980. Antes de qualquer mau julgamento de muitos “pseudoeducadores” que defendem as crianças de ontem viraram adultos mau comportamentos hoje  por causa desses programas e que se não tivesse existido não seriam uns vagabundos, é preciso   levar em conta o contexto de como era o perfil da maioria das crianças brasileiras  nos anos 1980 e daí entender o porquê disso originar nos programas infantis bastantes replicados  com esse toque  bem espalhafatoso, extravagante, lúdico,  apresentado por um ser excêntrico,  anárquico e transgressor como foi representado no pioneirismo do  palhaço Bozo como bem retratou o filme. 











No começo dos anos 1980, boa parte das residências brasileiras ainda não tinha acessos à internet como temos agora. Isso porque, naquele período  ainda não vivíamos uma época tão digital quanto agora. Era impensável  imaginar uma família naquela época  querer  ter a liberdade de assistir  o que quiser numa Netflix sem ficar refém da programação dos grandes canais  como vemos hoje, porque nessa época ainda não existia o conceito de TV Digital em formato fino de plasma como é hoje. Os modelos de televisores eram ainda em sinais analógicos em TV de Tubo, grossos  no tamanho  medidos em  polegadas, que traziam um desfoque na imagem e com dificuldade para captação de sinal. Fora também que como o Brasil ainda estava sendo  governado pelos militares, era comum que todas as atrações trouxessem o letreiro avisando de que essa atração foi liberada pela Censura  Federal  com a voz radiofônica do locutor falando da classificação indicativa. Simbolizando bem como ali o que passava na TV era controlado pelo Governo Federal como bem o filme exemplificou na abertura.   Era raro você vê em muitas residências as pessoas usarem um computador pessoal, porque era muito caro. No começo era restrito apenas as empresas. Que ainda escreviam em maquinas datilográficas. Também era improvável ver muita gente se distraindo com o celular e seus milhões de aplicativos com redes sociais, porque nessa época ainda não foi desenvolvido o telefone móvel, que só seria desenvolvido a partir dos anos 1990. Os únicos meios para alguém conseguir fazer uma ligação a longa distância era por meio dos telefones públicos que custavam uma nota de ficha para falar. E ainda era comum as ligações de telefones fixos. O que hoje em dia tem ficado cada vez mais raro.












Para a criançada brasileira da época que tinha como únicos meios de diversões brincar na rua e as que viviam na classe  média A e B, podiam comprarem brinquedos caros, ler gibis de Turma da Mônica  e jogar um aparelho videogame. Era o mínimo que se tinha sem as modernidades digitais de hoje em dia. Portanto, fazia sentido o porquê do surgimento dessas programações voltadas para a diversão e distração das crianças.













Portanto, faz sentido compreender  o porquê do surgimento e  da função e da importância  que esse  este tipo de atração infantil de  entretenimento simbolizou  a geração dos anos 1980 num auditório todo colorido, com toques espalhafatosos, coloridos, lúdicos,  com representações teatralizadas de  muito humor físico e pastelão  que lembravam um circo e apresentava desenhos animados na grade de programação para divertir e simbolizar uma válvula de escape para elas naquele momento em que o cenário político do Brasil estava passando por uma grande transformação saindo da Ditadura Militar e dando seus primeiros passos para retomar a democracia civil que hoje nesse atual cenário de 2020, vive ameaçada por um Bozo nojento na presidência.  Numa época em que  há 40 anos ainda sequer se imaginaria o surgimento dos meios mais modernos de digitalização que temos hoje, e isto era visto como um utópico sonho distante da realidade da maioria dos brasileiros. Do computador pessoal ao telefone móvel dentre outras inovações modernas comuns que temos hoje. 













Portanto, fica-se compreensível o porquê de muitos adultos de hoje que cresceram vendo o Bozo criarem uma verdadeira glorificação por ele como ícone de sua infância. Por justamente simbolizarem uma válvula de escape para eles esquecerem a realidade que vivia o Brasil daquele período. Ainda que ok, tenha trazido consequências não boas mais para frente como esse apelo sem pudor pela audiência dentre outros fatores negativos como o aumento da obesidade influenciado pela publicidade de alimentos processados industrialmente como os biscoitos por exemplo ou mesmo os picolé da Kibon dentre outros e os anúncios constantes de brinquedos, que despertaram o desejo consumista delas.  Mas, no fundo, o legado positivo é muito maior do que qualquer coisa. Mesmo que os bastidores não tenham sido nada alegre nos bastidores.

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