Nesta
manhã de sábado, 17 de Agosto de 2024, o Brasil acordou com a triste notícia do falecimento
do maior comunicador brasileiro Silvio Santos aos 93 anos de idade. Após enfrentar longos dias de internação por causa do H1N1.
Portanto,
como forma de homenagem a sua partida compartilho aqui a descrição que fiz a este fascinante livro biográfico antigo
dele A Fantástica História de Silvio
Santos, que foi publicado em 2000. De autoria do jornalista Arlindo Silva(1923-2011).
Como já tem mais de vinte anos que foi
publicado é uma obra considerada bastante desatualizada onde seu respectivo
autor falecido em 2011 que por anos foi
assessor de imprensa apresenta aqui uma visão considerada bastante tendenciosa
sobre ele o exaltando demais como patrão a ponto de parecer chapa branca.
E
muitos dos fatos que ele descreve sobre Sílvio Santos vão até o recente
acontecimento da época com o Show do Milhão. Ou seja, ficou datada.
Porém,
ainda é uma biografia que não deixa de ser fascinante, envolvente em mostra
outras facetas de Sílvio Santos além do apresentador despojado que vemos na TV.
Reproduzo
aqui o que descrevi na resenha textual
que fiz dele em meu blog Breno Historiador em 2018 com algumas modificações
atualizadas:
Silvio
Santos, o maior comunicador que o Brasil
já conheceu desperta um verdadeiro fascínio em todos os brasileiros, não
tem quem não fique fascinado e magnetizado por ele. Especialmente por sua
versatilidade e sua irreverência. Do mesmo modo que ele tem muito talento para
comunicação e diversão ao público, também
mostra para empreender os seus mega empreendimento.
Mas
fora isso também existe uma faceta do Silvio Santos pouco conhecida de muita
gente que envolve detalhes curiosos de sua intimidade que talvez ninguém
imagina que tipo, por trás daquela simpatia de pessoa mostrada nas câmeras
esconde um cara tímido, que sempre foi muito reservado em sua vida
pessoal.
Que
seu verdadeiro nome é Senor Abravanel.
Cujo maneirismo característico de se comunicar nunca foi daquele jeito,
e ele não nasceu em berço de ouro, conquistou todo o seu patrimônio suando a
camisa.
Todos
estes detalhes íntimos do Silvio Santos, melhor dizendo do Senor Abravanel, o
famoso homem do baú está bem documentado no livro biográfico A Fantástica
História de Silvio Santos de autoria do jornalista Arlindo Silva.
Publicado pela EB-Editora do Brasil no ano
2000. Recentemente tem saído novas publicações biográficas sobre o grande mito
da televisão escritas por diferentes autores, trazendo algumas atualizações de
fatos na vida de Silvio Santos,
principalmente nos ocorridos entre as décadas de 2000 para cá e com seu falecimento
deverão vir outras.
Entre
estes exemplos de novas biografias sobre Silvio Santos que posso citar está o
livro Topa Tudo por Dinheiro de autoria do crítico de TV, colunista do
Jornal Folha de São Paulo e do site UOL Mauricio Stycer.
Acredito
que nada possa se comparar a maneira como Arlindo Silva que faleceu em 2011
imprimiu ao leitor a sua descrição sobre
Silvio Santos e suas diferentes camadas, seja no respeitado homem
público que diverte todo mundo na TV ou
no milionário empreendedor e seja na
vida intima como bom homem de família.
Vai
além de apresentar um vasto conteúdo
citando fontes, arquivos com fotos, recortes de jornais e revistas, trechos que
dão um enriquecimento absurdo ao livro e apresentado a árvore genealógica da família
Abravanel, o tornando interessante.
Ele
também teve a preocupação de trabalhar uma boa qualidade da leitura,
especialmente na estrutura narrativa com um texto bem trabalhado que tornasse a leitura
compreensível, mais palatável e mais prazerosa ao leitor.
Arlindo que trabalhou como assessor de imprensa para
Silvio Santos por longos 24 anos, pode-se perceber pelo teor
da narrativa um tom pessoal, descrevendo com muita propriedade sobre a
vida e a pessoa de Silvio Santos.
Ao longo das 277 páginas divididas em
25 capítulos do livro. No primeiro
capítulo, ele descreve como ele o conheceu pela primeira vez pessoalmente
quando trabalhava para a revista O Cruzeiro em 1970, onde inclusive ele
descreve as matérias e as reportagens sobre ele para a revista em 1971,
inclusive descreve uma série de reportagens que fez dedicados ao dono do baú na mesma revista em 1972. Que foram reproduzidas
na integra.
No livro também mostra todos os detalhes
íntimos da vida de Silvio Santos, antes dele virar o célebre comunicador dono
do SBT, e o influente empresário que o Brasil já conheceu.
De sua vida comum na Travessa da Lapa
de onde nasceu em 12 de Dezembro de
1930, no Rio de Janeiro, numa família simples, onde ele sendo filho
primogênito de uma família judia de pai
grego e mãe turca constituída também
de cinco irmãos trabalhou muito duro
para dar uma vida digna a eles.
Nesta passagem, ele minuciosamente
descreve como foi o começo da sua vida profissional de um simples ambulante,
passando pela carreira militar e de como ele deu os primeiros passos no show
business. Do rádio para a TV, entre os anos 1950 e 1960, temos muitas
descrições minuciosamente detalhadas dos bastidores dos primórdios da TV.
Ele também descreve na biografia,
mencionando nomes de gente importante
com quem ele firmou grandes parcerias, como Manoel de Nóbrega(1913-1976), o pai do comediante
Carlos Alberto de Nóbrega que com quem o ajudou a criar o Baú da Felicidade em
1958, aliás no último capítulo está exposto na integra uma entrevista de
Arlindo a Manoel de Nóbrega em 1974, onde ele descreve outros detalhes íntimos
do Silvio Santos.
Também menciona os nomes do animador Gonçalo Roque
e do locutor Luiz Lombardi Netto(1940-2009), seus inseparáveis companheiros dos
programas de auditório de antes dele criar o SBT.
Aliás, o livro também apresenta como
foram suas passagens em outras emissoras de antes assumir o SBT.
Descreve detalhadamente como ocorreu os
bastidores políticos da sua negociação ocorrida em 1976, na época do então
Governo Militar do General Ernesto Geisel(1908-1996) para obter a concessão de
criar uma emissora de denominada de TVS, na fase pré-SBT.
A política também é pautada na
biografia, especialmente nas suas controversas e um tanto duvidosas tentativas
de encarar quatros campanhas eleitorais.
Primeiro para Prefeito de São Paulo em
1988, em seguida para Presidente da República em 1989, na primeira eleição para
presidente no Brasil, em 1990 tentou disputar para Governador de São Paulo e a
última tentativa foi para Prefeito de São Paulo em 1992.
Onde em todas elas ele acabou desistindo
de disputar, naquele período do final dos anos 1980 e começo dos anos 1990 em
que o cenário político e econômico brasileiro se encontrava bastante crítico,
extremamente caótico com a inflação nas alturas, e o primeiro governante eleito
diretamente pelo povo que foi Fernando
Collor de Mello fez uma administração tão decepcionante ao confiscar as
poupanças de todos os brasileiros que terminou resultando no seu Impeachment em
1992 após seu irmão Pedro Collor(1952-1994) denunciar tudo a público na capa da
revista VEJA.
Foram nestes momentos que na biografia
também é descrito os bastidores das articulações dele com os importantes
figurões dos mais diferentes partidos, seja da direita, da esquerda,
centro-direita, centro-esquerda enfim, temos menções dos nomes de Leonel Brizola(1922-2004),
José Agripino Maia dentre outros.
Também comenta dos bastidores do
surgimento do SBT, que ocorreu logo após a Rede Tupi, a pioneira fechar de vez
as portas em 1980, onde ali temos um capitulo que descreve detalhadamente este
episódio triste da morte da pioneira.
E muita descrição bem detalhada de como
ele articulou, arquitetou, esquematizou e executou todos os bastidores das
atrações para a emissora, dos investimentos em marketing enfim, vários
trâmites. Envolvendo principalmente as exportações mexicanas da Televisa como Chaves
e algumas novelas.
Chaves que sempre foi visto como um
coringa para o SBT até que em 2020 a emissora teve de parar de exibir Chaves, por
causa da briga jurídica nos tribunais mexicanos entre a emissora Televisa com o
Grupo Chespirito, representado pelos herdeiros do interprete e criador do
Chaves Roberto Gómez Bolaños(1929-2014), por questões de copyright que afetou a
continuidade das exibições da série a nível mundial.
Há
um trecho de capitulo do livro onde
Arlindo Silva descreve qual foi sua impressão do programa e que nos bastidores
ninguém levava da direção executiva da emissora botava fé que ele fosse um
sucesso no Brasil:
“Quando
tudo ficou pronto, Silvio me perguntou o que eu estava achando do seriado.
Respondi que se tratava de um produto barato, sem qualidades em termos de
televisão atual, que pecava pela iluminação, pecava nas cores, sempre muito
fortes; enfim, percebia-se que o cenário simples da vila era de papelão.
Mas comentei que preferia ver minha filha de
quatro anos assistindo a esse humor puro, de circo, como o que eu assistia no
Piolim, ao humor que víamos nos Trapalhões, impregnado de erotismo
desnecessário. Contei a Silvio que enviara cópias de alguns capítulos aos diretores de
programas do SBT para opinarem, e todos tinham considerado o seriado uma droga,
uma porcaria. Foi ai que Silvio determinou que se preparasse cinco capítulo
para colocar no ar como experiência. Isso aconteceu em 1984.
Na
verdade, ninguém acreditava que Chaves pudesse emplacar. Todos achavam aquilo
um seriado brega, mal feito, uma coisa sem graça. A realidade, porém, é que ao
longo de 16 anos, Chaves continua um sucesso de audiência, em qualquer horário
em que seja exibido. Além disso, o seriado foi motivo de teses sobre a
televisão para a infância em universidades”.
Enfim,
há muita coisa para conhecer das facetas de Silvio Santos, inclusive sobre a
vida intima reservada dele em família.
No livro há a descrição do quanto ele ficou
abalado pela morte de sua primeira esposa Maria Aparecida Vieira
Abravanel(Cidinha) em 1977.
Mãe de duas das seis filhas do apresentador
originado do fruto dessa união nasceram Cintia e Silvia(Silvinha) Abravanel.
E
logo depois conheceu Íris Pássaro Abravanel, sua companheira longeva até a a morte com que teve mais quatro filhas: Daniela,
Patrícia, Rebecca e Renata.
Assim como apresenta outros fatos curiosos
envolvendo as diferentes camadas ao redor do grande dono do baú relatando até a
época do Show do Milhão.
A
respeito da edição desse livro, eu acredito que ele possa estar disponível em
algum sebo ou mesmo no site da Estante Virtual ou provavelmente em algum
sebo físico, como já é uma edição que
tem duas décadas de publicação não deve estar disponível em catálogo a não ser
que tenham feito novas reimpressões.
Inclusive
em 2002 ao ser republicado Arlindo incluiu os acontecimentos na vida dele em
2001 como o Carnaval onde foi samba-enredo de uma Escola de Samba, o sequestro
de sua filha Patrícia e a Casa dos Artista.
O
curioso de como eu adquiri esta edição original foi um tanto que por acaso, ocorreu quando eu fui a
Fortaleza/CE passar o feriado do Carnaval de 2018 com minha família, onde
fiquei hospedado na antiga casa que foi dos falecidos pais da minha amiga
Arlete.
No
momento que me sentei no sofá, reparei que tinha um cômodo com uma prateleira
de alguns livros e dentre livros estava esta edição de A Fantástica História
de Silvio Santos. No que peguei
aquela edição, fui começando a ler e fiquei fascinado com a maneira como autor
nos surpreende ao descrever outras facetas de Silvio Santos neste livro que
contém um riquíssimo conteúdo que inclui a árvore genealógica da Família
Abravanel, com a excelente qualidade do texto, bem compreensível e numa
estrutura narrativa muito agradável e prazerosa e inclusive Arlete até me
presenteou com ele para concluir minha leitura.
Acredito
que por essas outras que as novas
biografias que surgirem sobre Silvio Santos escrita por outros autores
dificilmente irão se igualar a maneira
como Arlindo Silva criou na biografia A Fantástica História de Silvio
Santos.
Aqui
fica então registrado a homenagem ao Dono do Baú.
Descanse
em paz,
Sílvio
Santos,
(1930-2024).
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