sábado, 17 de agosto de 2024

EM MEMÓRIA A SILVIO SANTOS(1930-2024).

 

Nesta manhã de sábado,  17 de Agosto de 2024,  o Brasil acordou com a triste notícia do falecimento do  maior comunicador brasileiro  Silvio Santos aos 93  anos de idade. Após enfrentar  longos dias de internação por causa do H1N1.








Portanto, como forma de homenagem a sua partida  compartilho aqui a descrição que fiz a  este fascinante livro biográfico antigo dele  A Fantástica História de Silvio Santos, que foi publicado em 2000. De autoria do jornalista Arlindo Silva(1923-2011).

 Como já tem mais de vinte anos que foi publicado é uma obra considerada bastante desatualizada onde seu respectivo autor falecido  em 2011 que por anos foi assessor de imprensa apresenta aqui uma visão considerada bastante tendenciosa sobre ele o exaltando demais como patrão a ponto de parecer chapa branca.

E muitos dos fatos que ele descreve sobre Sílvio Santos vão até o recente acontecimento da época com o Show do Milhão. Ou seja, ficou datada.  

Porém, ainda é uma biografia que não deixa de ser fascinante, envolvente em mostra outras facetas de Sílvio Santos além do apresentador despojado que vemos na TV.

Reproduzo aqui o que descrevi na  resenha textual que fiz dele em meu blog Breno Historiador em 2018 com algumas modificações atualizadas:

 

 

Silvio Santos, o maior comunicador que o Brasil  já conheceu desperta um verdadeiro fascínio em todos os brasileiros, não tem quem não fique fascinado e magnetizado por ele. Especialmente por sua versatilidade e sua irreverência. Do mesmo modo que ele tem muito talento para comunicação e diversão ao público, também  mostra para empreender os seus mega empreendimento. 

Mas fora isso também existe uma faceta do Silvio Santos pouco conhecida de muita gente que envolve detalhes curiosos de sua intimidade que talvez ninguém imagina que tipo, por trás daquela simpatia de pessoa mostrada nas câmeras esconde um cara tímido, que sempre foi muito reservado em sua vida pessoal. 

Que seu verdadeiro nome é Senor Abravanel.  Cujo maneirismo característico de se comunicar nunca foi daquele jeito, e ele não nasceu em berço de ouro, conquistou todo o seu patrimônio suando a camisa.





Todos estes detalhes íntimos do Silvio Santos, melhor dizendo do Senor Abravanel, o famoso homem do baú está bem documentado no livro biográfico A Fantástica História de Silvio Santos de autoria do jornalista Arlindo Silva.

 Publicado pela EB-Editora do Brasil no ano 2000. Recentemente tem saído novas publicações biográficas sobre o grande mito da televisão escritas por diferentes autores, trazendo algumas atualizações de fatos  na vida de Silvio Santos, principalmente nos ocorridos entre as décadas de 2000 para cá e com seu falecimento deverão vir outras.




Entre estes exemplos de novas biografias sobre Silvio Santos que posso citar está o livro Topa Tudo por Dinheiro de autoria do crítico de TV, colunista do Jornal Folha de São Paulo e do site UOL Mauricio Stycer.




Acredito que nada possa se comparar a maneira como Arlindo Silva que faleceu em 2011 imprimiu ao leitor a sua descrição sobre   Silvio Santos e suas diferentes camadas, seja no respeitado homem público que diverte todo mundo na TV  ou no  milionário empreendedor e seja na vida intima como bom homem de família.

Vai além  de apresentar um vasto conteúdo citando fontes, arquivos com fotos, recortes de jornais e revistas, trechos que dão um enriquecimento absurdo ao livro e apresentado a árvore genealógica da família Abravanel, o tornando  interessante.

     Ele também teve a preocupação de trabalhar uma boa qualidade da leitura, especialmente na estrutura narrativa com um texto bem  trabalhado que tornasse a leitura compreensível, mais palatável e mais prazerosa ao leitor.




          Arlindo que  trabalhou como assessor de imprensa para Silvio Santos por longos 24 anos, pode-se perceber  pelo teor  da narrativa um tom pessoal, descrevendo com muita propriedade sobre a vida e a pessoa de Silvio Santos.

          Ao longo das 277 páginas divididas em 25 capítulos do livro.  No primeiro capítulo, ele descreve como ele o conheceu pela primeira vez pessoalmente quando trabalhava para a revista O Cruzeiro em 1970, onde inclusive ele descreve as matérias e as reportagens sobre ele para a revista em 1971, inclusive descreve uma série de reportagens que fez dedicados ao dono do  baú na mesma revista em 1972. Que foram reproduzidas na integra.

       No livro também mostra todos os detalhes íntimos da vida de Silvio Santos, antes dele virar o célebre comunicador dono do SBT, e o influente empresário que o Brasil já conheceu.

        De sua vida comum na Travessa da Lapa de onde nasceu em 12 de Dezembro de  1930, no Rio de Janeiro, numa família simples, onde ele sendo filho primogênito de uma família judia de  pai grego e mãe turca  constituída também de  cinco irmãos trabalhou muito duro para dar uma vida digna a eles. 

     Nesta passagem, ele minuciosamente descreve como foi o começo da sua vida profissional de um simples ambulante, passando pela carreira militar e de como ele deu os primeiros passos no show business.   Do rádio para a TV,  entre os anos 1950 e 1960, temos muitas descrições minuciosamente detalhadas dos bastidores dos primórdios da TV.

       Ele também descreve na biografia, mencionando nomes de gente  importante com quem ele firmou grandes parcerias, como Manoel  de Nóbrega(1913-1976), o pai do comediante Carlos Alberto de Nóbrega que com quem o ajudou a criar o Baú da Felicidade em 1958, aliás no último capítulo está exposto na integra uma entrevista de Arlindo a Manoel de Nóbrega em 1974, onde ele descreve outros detalhes íntimos do Silvio Santos.

     Também menciona os nomes do animador Gonçalo Roque e do locutor Luiz Lombardi Netto(1940-2009), seus inseparáveis companheiros dos programas de auditório de antes dele criar o SBT.

        Aliás, o livro também apresenta como foram suas passagens em outras emissoras de antes  assumir o SBT.

       Descreve detalhadamente como ocorreu os bastidores políticos da sua negociação ocorrida em 1976, na época do então Governo Militar do General Ernesto Geisel(1908-1996) para obter a concessão de criar uma emissora de denominada de TVS, na fase pré-SBT.

        A política também é pautada na biografia, especialmente nas suas controversas e um tanto duvidosas tentativas de encarar quatros campanhas eleitorais.

        Primeiro para Prefeito de São Paulo em 1988, em seguida para Presidente da República em 1989, na primeira eleição para presidente no Brasil, em 1990 tentou disputar para Governador de São Paulo e a última tentativa foi para Prefeito de São Paulo em 1992.

       Onde em todas elas ele acabou desistindo de disputar, naquele período do final dos anos 1980 e começo dos anos 1990 em que o cenário político e econômico brasileiro se encontrava bastante crítico, extremamente caótico com a inflação nas alturas, e o primeiro governante eleito diretamente pelo povo  que foi Fernando Collor de Mello fez uma administração tão decepcionante ao confiscar as poupanças de todos os brasileiros que terminou resultando no seu Impeachment em 1992 após seu irmão Pedro Collor(1952-1994) denunciar tudo a público na capa da revista VEJA.

       Foram nestes momentos que na biografia também é descrito os bastidores das articulações dele com os importantes figurões dos mais diferentes partidos, seja da direita, da esquerda, centro-direita, centro-esquerda enfim, temos menções dos nomes de Leonel Brizola(1922-2004), José Agripino Maia  dentre outros.

        Também comenta dos bastidores do surgimento do SBT, que ocorreu logo após a Rede Tupi, a pioneira fechar de vez as portas em 1980, onde ali temos um capitulo que descreve detalhadamente este episódio triste da morte da pioneira.

        E muita descrição bem detalhada de como ele articulou, arquitetou, esquematizou e executou todos os bastidores das atrações para a emissora, dos investimentos em marketing enfim, vários trâmites. Envolvendo principalmente as exportações mexicanas da Televisa como Chaves e algumas novelas.

 Chaves que sempre foi visto como um coringa para o SBT até que em 2020 a emissora  teve de parar de exibir Chaves, por causa da briga jurídica nos tribunais mexicanos entre a emissora Televisa com o Grupo Chespirito, representado pelos herdeiros do interprete e criador do Chaves Roberto Gómez Bolaños(1929-2014), por questões de copyright que afetou a continuidade das exibições da série a nível mundial.




Há um trecho de capitulo do livro  onde Arlindo Silva descreve qual foi sua impressão do programa e que nos bastidores ninguém levava da direção executiva da emissora botava fé que ele fosse um sucesso no Brasil:

Quando tudo ficou pronto, Silvio me perguntou o que eu estava achando do seriado. Respondi que se tratava de um produto barato, sem qualidades em termos de televisão atual, que pecava pela iluminação, pecava nas cores, sempre muito fortes; enfim, percebia-se que o cenário simples da vila era de papelão.

 Mas comentei que preferia ver minha filha de quatro anos assistindo a esse humor puro, de circo, como o que eu assistia no Piolim, ao humor que víamos nos Trapalhões, impregnado de erotismo desnecessário. Contei a Silvio que enviara cópias  de alguns capítulos aos diretores de programas do SBT para opinarem, e todos tinham considerado o seriado uma droga, uma porcaria. Foi ai que Silvio determinou que se preparasse cinco capítulo para colocar no ar como experiência. Isso aconteceu em 1984.

Na verdade, ninguém acreditava que Chaves pudesse emplacar. Todos achavam aquilo um seriado brega, mal feito, uma coisa sem graça. A realidade, porém, é que ao longo de 16 anos, Chaves continua um sucesso de audiência, em qualquer horário em que seja exibido. Além disso, o seriado foi motivo de teses sobre a televisão para a infância em universidades”.

 

Enfim, há muita coisa para conhecer das facetas de Silvio Santos, inclusive sobre a vida intima reservada dele em família.

 No livro há a descrição do quanto ele ficou abalado pela morte de sua primeira esposa Maria Aparecida Vieira Abravanel(Cidinha) em 1977.

 Mãe de duas das seis filhas do apresentador originado  do  fruto dessa união nasceram  Cintia e Silvia(Silvinha)  Abravanel.

E logo depois conheceu Íris Pássaro Abravanel, sua companheira longeva  até a a morte  com que teve mais quatro filhas: Daniela, Patrícia, Rebecca e Renata.

 Assim como apresenta outros fatos curiosos envolvendo as diferentes camadas ao redor do grande dono do baú relatando até a época do Show do Milhão.

A respeito da edição desse livro, eu acredito que ele possa estar disponível em algum sebo ou mesmo no site da Estante Virtual ou provavelmente em algum sebo físico, como  já é uma edição que tem duas décadas de publicação não deve estar disponível em catálogo a não ser que tenham feito novas reimpressões.


Inclusive em 2002 ao ser republicado Arlindo incluiu os acontecimentos na vida dele em 2001 como o Carnaval onde foi samba-enredo de uma Escola de Samba, o sequestro de sua filha Patrícia e a Casa dos Artista.

O curioso de como eu adquiri esta edição original foi um tanto que  por acaso, ocorreu quando eu fui a Fortaleza/CE passar o feriado do Carnaval de 2018 com minha família, onde fiquei hospedado na antiga casa que foi dos falecidos pais da minha amiga Arlete.

No momento que me sentei no sofá, reparei que tinha um cômodo com uma prateleira de alguns livros e dentre livros estava esta edição de A Fantástica História de Silvio Santos.  No que peguei aquela edição, fui começando a ler e fiquei fascinado com a maneira como autor nos surpreende ao descrever outras facetas de Silvio Santos neste livro que contém um riquíssimo conteúdo que inclui a árvore genealógica da Família Abravanel, com a excelente qualidade do texto, bem compreensível e numa estrutura narrativa muito agradável e prazerosa e inclusive Arlete até me presenteou com ele para concluir minha leitura.

Acredito que por essas outras  que as novas biografias que surgirem sobre Silvio Santos escrita por outros autores dificilmente  irão se igualar a maneira como Arlindo Silva criou na biografia A Fantástica História de Silvio Santos.

Aqui fica então registrado a homenagem ao Dono do Baú.

Descanse em paz,

Sílvio Santos,

(1930-2024).

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