Para
compreender melhor o contexto do que
levou Gilberto Barros a fazer essa tempestade em copo d´água de pânico moral com relação a Yu-Gi-Oh! vamos relembrar
primeiramente do que se tratava o jogo do “capeta” segundo o Leão e suas
origens e também explicar e relembrar um pouco do contexto da Tv
Brasileira dessa época que ainda hoje repercute e gera discussão.
Minha
explicação vai se dividir em dois tópicos, o primeiro explicando do que se
tratava Yu-Gi-Oh! e o segundo trazer uma breve biografia de Gilberto Barros
explicando seus antecedentes até chegar ao ponto do foco aqui do texto.
Depois
eu vou argumentando minhas conclusões do que vi sobre isso.
Então
vamos lá para a explicação:
1)DO
QUE SE TRATA YU-GI-OH!?
Primeiramente
começo nesse tópico explicando a origem de Yu-Gi-Oh!, trata-se de “uma franquia
de mídia com o tema "cartas e duelos" de propriedade da
editora Shueisha junto da fabricante Konami.
A
franquia nasceu como uma série de mangá sobre o jogo escrita
e ilustrada por Kazuki Takahashi(1961-2022).
A
série foi originalmente publicada pela editora Shueisha na revista Weekly
Shõnen Jump entre 1996 e 2004.
A
trama segue a história de um menino chamado Yugi Muto, que remonta o antigo Enigma
do Milênio, e desperta um espírito dentro de seu corpo com a personalidade
de um jogador e que resolve seus conflitos usando vários jogos.
Duas
adaptações em anime do mangá original foram produzidas: uma pela
Toei Animation com o mesmo nome, que foi ao ar de 4 de abril de
1998 a 10 de outubro de 1998, com 27 episódios; e outra
produzida pela Nihn Ad Systems e animada pelo Studio Gallop intitulada
Yu-Gi-Oh! Duel Monsters, que foi ao ar entre abril de 2000 e
setembro de 2004, com 224 episódios. O segundo anime expandiu uma franquia
que inclui vários animes spin-offs, Trading Card Game e
diversos vídeo games.
A
maioria das encarnações da franquias envolvem o jogo de cartas fictício
chamado Duel Monsters (Monstros de Duelo) onde cada jogador
usa cartas para um "duelo" entre si, em uma batalha simulada de duelo
de "monstros".
O Yu-Gi-Oh!
Trading Card Game publicado pela Konami é a contraparte do
mundo real para este jogo ficcional em que é livremente baseado.”
No
Brasil, o mangá de Yu-Gi-Oh! foi publicado pela editora JBC entre
2006 e 2010. A segunda adaptação em anime do mangá, Yu-Gi-Oh! Duel Monsters,
foi exibida em 2002 pela Nickelodeon , e entre 2003 e 2004, pela TV Globo”.
(Fonte: Wikipédia).
É
aqui que a coisa de fato fica interessante, pois foi quando a estreia do anime
no Brasil ocorreu na Globo em Janeiro de 2003, no antigo matinal
infantil da TV Globinho(2000-2015)
que o jogo foi ganhando popularidade entre as crianças e criou a febre dos
jogos de cartas e de muitos outros produtos licenciados. Fiquem atentos a informação dessa data que mais para frente eu vou explicar a razão
disso me chamar a atenção.
QUEM
É GILBERTO BARROS?
Já
a respeito do apresentador em questão que protagonizou essa polêmica com
Yu-Gi-Oh! ser do “capeta”.
Ele
já carregava um longo histórico em sua carreira de comunicador, começando no
rádio, onde começou trabalhando na Rádio Difusora de Lucélia, município
paulista, ao se mudar para o município de Lins, trabalhou na Rádio Clube Lins
ao mesmo tempo que cursava Engenharia.
Mais
tarde foi para a TV, onde ingressou na sede paulista da Rede Globo, onde
comandou o jornalístico noticiário local SPTV, das praças locais e
permaneceu por lá até a segunda metade dos anos 1990.
Em
1998, se muda para a Rede Record, para quem tem minha faixa etária com certeza
deve lembrar de ter tido o primeiro contato com ele apresentando o Leão
Livre(1998-1999), programa que substituiu o Ratinho Livre(1997-1998)
comandado por Carlos Massa, vulgo Ratinho, depois que este se transferiu para o
SBT.
Nesse
programa ele ia bem na pegada popularesca e sensacionalista que o anterior se
utilizava, beirando ao ridículo do escalafobético. Era nível mundo cão mesmo.
Além
desse, ele ainda comandou dois programa de auditório na Record, o de auditório Quarta Total(1999-2002)
e o game show Domingo Show(2000-2002)*
que duraram até Julho de 2002 quando Gilberto Barros assinou sua transferência
para a Band.
Quando
foi transferido para a Band, o
primeiro programa que comandou foi Sabadaço
(2002-2007) que estreou em 04 de Agosto de 2002.
E
foi no dia 12 de Maio de 2003 que ele estreava o Boa Noite, Brasil(2003-2007)
outra data curiosa que me chama a atenção aqui sobre o famigerado programa que entra no foco desse
texto envolvendo sua polêmica com relação a Yu-Gi-Oh! Guarde bem essa
informação.
Um
fato curioso sobre esse programa é que ele não era inédito, tratava-se de um
programa que a mesma Band produziu nos
anos 1980 que contou com a apresentação de Flávio Cavalcanti(1923-1986) o pioneiro
da televisão brasileira.
“O
programa estreou oficialmente no ano de 1982 pelo polêmico apresentador Flávio
Cavalcanti no ano de 1982 e durou pouco tempo, findando em 1983, quando o
apresentador foi contratado pelo SBT”**. (Fonte: Wikipédia).
Pois
bem, agora que já explorei sobre cada um nesses tópicos, explico o fato de ter
me chamado a atenção a respeito das datas da estreia de cada um.
Yu-Gi-Oh! havia estreado
primeiramente na grade de programação da Globo lá pelo começo de janeiro de
2003 aproveitando a fase bem propicia
que era a época das férias escolares de verão. E quanto ao Boa Noite, Brasil, só estreou na
Band cinco meses depois que a febre de Yu-Gi-Oh! já estava consolidada no
Brasil com muita gente consumindo as cartas para jogar.
Justamente
por conta disso foi que nem tinha se completado um mês da estreia do programa que no dia 02 de Junho de 2003, Gilberto
Barrou “deu início a uma série de quatro programas focada no jogo de cartas.
Segundo ele e o convidado Alexandre Farias, o jogo seria o responsável
por aumentar a violência entre as pessoas e pode responder pela destruição da
sociedade.” (Retirada da matéria do site Jovem Nerd de 18/11/2024).
Dos três
vídeos incompletos que estão disponibilizados pelo canal CTERHEMA, que além mostrar Gilberto Barros num eloquente e irascível
discurso de ódio ao acusar os jogos de
Yu-Gi-Oh! serem do capeta, dizendo que “O capeta está aqui dentro”, também aparece ele mostrando uma tendenciosa matéria nas escolas sobre a
febre de Yu-Gi-Oh! e dando entrevistas a profissionais da educação sobre o
perigo da má influência e como se não bastasse tudo isso, ele ainda se dirige ao teólogo Alexandre Farias
Torres que tenta enfatizar a má influência dos jogos como satânico a ponto de
induzir as crianças a irem para a magia negra e a violência.
Num tom
dos mais sensacionalistas e moralistas,
onde ainda mostra uma matéria equivocada a respeito de denunciarem a má
influência, também no mesmo tom moralista de sempre com outros animes.
Eu não vi
a edição desse programa na época que
passou até o momento de saber da divulgação da descoberta dessa mídia perdida.
Mas
lembro bem de ter lido em diferentes matérias textuais de diferentes sites
sobre a repercussão que isso causou e da lenda que repercute até hoje nessas
comunidades de internet que discutem sobre mídias perdidas.
Isso era o mínimo que a gente podia se informar pela internet do começo dos anos
2000, visto que na época o acesso e armazenamento de vídeos ainda não era uma coisa comum.
Até a
primeira metade dos anos 2000, Pós-Bug do Milênio, o acesso à internet no
cenário social brasileiro ainda era limitado principalmente por ser lento e no formato de computadores grossos de tubo que eram discado e precisava depender
do computador fazer um barulho insuportável para acessar e colocar os telefones
fixos bloqueados.
Tem um
filme recente da produtora A24, que aborda sobre isso cujo título é Y2K, uma
abreviação em inglês para Years 2000,
ou simplesmente Anos 2000, que se referia ao provável clima apocalíptico
da Virada do Milênio de 1999 para 2000 e que atualmente virou sinônimo
para o modismo retro kitsch pelo que
pude pesquisar e é o codinome de um artista rapper e produtor musical Ari
Starace que confesso desconhecer completamente.
É nessas
horas que eu percebo que estou ficando velho. Já que na ocasião em que
testemunhei a Virada do Século eu era um adolescente de 14 anos, já que
pertenço a Geração Millenials que nasceu por volta dos anos 1980 e testemunhou
aquele acontecimento único hoje em dia se tornou uma piada.
Portanto,
posso descrever que o acesso à internet há quase vinte anos nos lares
brasileiros era visto como algo um tanto
elitista, ainda mais porque não existia os conceitos de bandas largas
para agilizar os acessos e nem não existia smartphone.
Isso é
algo que foi se aprimorando com o passar dos anos.
Quando
essa atração foi exibida, dificilmente alguém postaria para compartilhar no site do Youtube, isso porque a famosa plataforma de compartilhamento de vídeos só
surgiria nos Estados Unidos apenas em Outubro de 2004 na California, fundada
por Chad Hurley, Steven Chen e Jawed Karim.
Eu tenho
uma vaga recordação da primeira vez que
tive contato com essa plataforma quando na antiga rede social do Orkut, alguém
numa comunidade que não lembro qual era postou um link que levou a esse vídeo,
isso lá por volta de 2006.
Nesses
primeiros anos de operação, a plataforma
ainda não era como hoje tem esse nível forte de influência, assistir a vídeos
nessa plataforma ainda eram lentos e assim era uma coisa mais broadcast(enviar
por escala) nesses primeiros anos.
Os
primeiros vídeos que a gente costumava vê nesses primeiros anos de operações da
plataforma no Brasil não eram as produções originais de criadores
de conteúdos originais de suas contas, eram
compartilhamento de videoclipes de artistas, eram alguns trechos de arquivos de
antigos programas de tv brasileiro, é dessa época que surgiu a conta de nome Mofo
TV, do saudoso José Marques Neto(1965-2023) que foi a grande referência em
preservar o arquivo da TV no Brasil.
Foi
também nessa época, a postagem que tornou o site popular no Brasil de um curta
brasileiro intitulado de Tapa na Pantera(Brasil, 2006) que foi postado
sem autorização da produção onde mostrava uma senhora usuária de maconha que
foi representada pela saudosa atriz Maria Alice Vergueiro(1935-2020). Cujo “sucesso
explica-se pelo humor contido no filme, como quando a personagem declara que
fuma no cachimbo porque o que faz mal não é a droga em si, e sim o papel; assim
como outros momentos em que a atriz Maria Alice Vergueiro interpreta
a senhora em estado de êxtase.” (Informação retirada de Wikipédia). Que pela
forma espontânea dela expressar, fez pensar que fosse verídico.
Com o
passar do tempo, o Youtube foi aos poucos se consolidando graças ao surgimento
de criadores de conteúdo que foram
surgindo denominados de Youtubers expondo a cara e a coragem ao se comunicarem
no estilo da comunicação descolada sem
filtro que atraia o público jovem, expondo suas opiniões a respeito de qualquer
assunto do cotidiano tipicamente brasileiro, sem muita roteirização nem nada.
Fosse em
formato de vlogs(Termo para vídeo blogs) ou mesmo formato de tutoriais como os
de videogames.
É dessa
época o surgimento de figuras que causaram e até hoje causam polêmica como referencias de
formadores de opinião, nomes tais como: Felipe Netto, Cauê Moura, Izzy Nobre, P.C.
Siqueira(1986-2023), Kéfera Buchmann que depois fez carreira como atriz.
Marcas de
sites para o nicho nerd/geek passaram a produzir conteúdo da plataforma como o Omelete
e o Jovem Nerd, alguns criadores de conteúdo foram passando a criar
temáticas especificas como é o caso do
Shcwarza que passou a ser o divulgador de ciência na plataforma, escrevendo o
livro Do Átomo ao Buraco Negro, publicado em 2018 assim como a exemplo
de outros que também publicaram livros depois ganharem fama com os números de
inscritos, também teve Juaci Júnior(1985-2021) do canal Retro
Juabas que abordava sobre nostalgia de série japonesas.
O
crescimento do site de compartilhamento de vídeos fez com que alguns nomes de
pessoas que tinham trabalhado na mídia tradicional migrasse para essa
plataforma. Como foi o caso do ator e
comediante Jamie Gil da Costa, mais conhecido pelo pseudônimo de Gil Brother
Away(1957-2023), que era um egresso do humorístico Hermes e Renato(Brasil,
2000-2015) da antiga MTV Brasil*** que passou a postar conteúdo para o Youtube
depois.
Também é
o caso do jornalista Britto Jr. com passagens por diferentes emissoras onde fez
carreira como repórter e foi apresentador do entretenimento na Record e que
hoje em dia(com perdão do trocadilho com
o título do antigo programa que ele comandou na Record nos anos 2000), afastado
do meio televisivo produz uma crônica eletrônica em seu canal no
Youtube.
Do mesmo
jeito que também é o caso de Mauricio Ricardo, um chargista, cartunista e
músico, onde este no caso como posso descrever já é um dinossauro da internet brasileira antes de
existir o Youtube.
Digo isso porque desde de Fevereiro de 2000, ele vinha produzindo charges animadas num programa
de Adobe Flash que eram postadas
primeiro num antigo site do Zip.net, que a partir de Setembro de 2003 passou a
fazer parte do Portal UOL. Onde lá ele passou a exibir suas charges animadas,
foi nesse mesmo interim que o seu trabalho ganharia mais popularidade quando
foi contratado pela Rede Globo para animar charges dos programas Domingão do
Faustão, Mais Você e Big
Brother Brasil.
A partir
de 2010, ele resolveu investir em postar suas charges animadas no Youtube que duraram
até 2022, com ele lançando “uma
série intitulada "Adeus" se despedindo dos personagens do site, com
Maurício explicando que pela mudança de políticas de divulgação do YouTube a
monetização se complicava e assim ele iria trabalhar menos com as animações.”(Fonte:Wikipédia).
Desde
então, ele vem postando vídeos em seu canal, Fala M.R. onde opina a
respeito dos assuntos quentes do
momento.
Bom, mas
voltando ao foco do texto depois de explanar sobre o contexto histórico da
Internet Brasileira do começo dos anos 2000.
Pelo que
pude constatar a respeito desse episódio pitoresco da Tv brasileira tão comentado na internet após passados mais de vinte anos, posso concluir que o senhor Gilberto Barros e
o povo que ele entrevistou para essa matéria tendenciosa enfatizando essa condenação de Yu-Gi-Oh! como
coisa do capeta, ele cometeu o maior equivoco de toda a sua carreira de
comunicador em criar um pânico moral nisso tudo.
Porque eu
vou dizer uma coisa, recentemente na manhã do dia 17 de dezembro, uma
terça-feira aqui em minha cidade Natal-RN, uma jovem de 19 anos, que não vou
mencionar o nome, porque não vou dar publicidade de jeito nenhum para essa psicopata, uma aluna da Escola Estadual Berilo Wanderley, um importante colégio público potiguar.
Cometeu
uma tentativa frustrada de assassinato a coordenadora da escola, mas que foi
impedida por um colega que foi atingido de raspão e foi detida pela polícia.
Na bolsa
da jovem foram encontrados muitos materiais
de facas, um livro pesado abordando true crime e alerta de gatilho, uma carta de cunho suicida.
Mostrando
que ela já tinha arquitetado aquela ideia, que não agiu por impulso e não teve
nada externo que a incentivou a fazer aquilo.
Isso tudo
mostra um grave problema da negligencia do estado brasileiro quanto a saúde
mental.
Esse foi
o mesmo problema que levou os rapazes estudantes de Columbine a cometer o
massacre na escola ocorrido em abril de 1999. Ambos pelo que foi analisado nos
registros escritos que eles deixaram antes de tirarem a própria vida e matar colegas e professores já demonstravam
propensão para tal ato.
Um
demonstrava claros sinais de psicopatia e o outro carregava um claro perfil de
ideação suicida, de sentir uma falta de pertencimento e que sofria graves históricos
de bullying.
Eles já
tinham planejado como queriam executar o massacre, com armas de pistolas de diferentes
calibres, facões e bombas.
Que adquiriram
pelo acesso fácil ao comercio legalizado das armas de fogo nos Estados Unidos pelos civis.
Não agiam
impulsivamente como faziam a gente acreditar, portanto, eles não eram nenhum
pobres coitados. Não só nesse, mas
noutros casos de massacres escolares que ocorreram nos EUA. Em ambos, os
atiradores menores de idade tinham acesso fácil a arma, porque na sua residência
ele foi comprado legalmente pelo seu pai. Porque a legislação americana permite
a compra legal da arma para o cidadão poder portar.
Já aqui
no Brasil, desde os anos 2000 já ocorreram registro de diferentes casos de massacres escolares como esse recente aqui em Natal-RN, dentre os
mais impactantes até hoje foi o Massacre em Realengo na Escola Estadual Tasso
da Silveira no estado do Rio de Janeiro em 2011.
Em todos
envolviam esse problema grave de saúde mental, cujo gatilho envolvia o
histórico de bullyings e a negligencia da instituição, todos tinham planejado como executar o crime
covarde, em todos os casos eles adquiriam armas pesadas de fogo de maneira
legalizada, por conta da constituição brasileira dá essa facilitada no comércio
de armas, por meio dos registros de licença.
O que
posso descrever nisso tudo, é que o capeta se é que ele existe de verdade, não
está no anime ou no jogo eletrônico ou no vicio das telas, mas sim na negligencia
que o nosso estado brasileiro deixa que seus governantes roubem do nosso dinheiro público dos impostos da população e
não dão uma garantia digna de saúde e qualidade de vida, principalmente em se
tratando da camada mais vulneravelmente pobre.
Como diz
a canção da Legião Urbana:
“Que país
é esse
Que país
é esse
Que país
é esse
Que país
é esse”.
O pior
capeta de verdade, para mim, é observar pessoas que você espera a benfeitoria
falharem miseravelmente na função a
ponto de gerar uma enorme decepção.
É o caso
do que vem ocorrendo com pastor que engana os fieis como milagreiro para se
enriquecer a custa da ingenuidade alheia para usufruir do luxo e curtir umas orgias.
De
docentes que se mostram verdadeiros predadores sexuais com seus alunos. Ou
ainda pior de tudo isso foi o que aconteceu com a seleção feminina de ginástica americana, onde elas eram
abusadas sexualmente por Larry Nassar, o médico que por anos prestava serviço
para a Federação de Ginástica Americana.
Um homem
diplomado que se aproveitava da sua função de cuidar dos corpos das meninas em
situação vulnerável depois de encararem uma rotina de treinamentos pesados com
a rigidez abusiva física e psicológica do treinador Béla Károly(1942-2024) fazendo
suas sessões de massagens onde ele aproveitava para praticar seus atos sexuais nojentos.
E ainda
pior, com a conivência da direção da federação que é uma coisa abominável.
Isto sim,
para mim é um exemplo do quanto o capeta está em que você espera a compreensão
humanista, mas no fundo se mostra um cretino.
Enquanto
que os heróis de animes eles apenas representam órfãos que ensinam a lutar por
um mundo melhor, enquanto que vocês só decepcionam.
É o mesmo
equivoco que cometeu o psiquiatra germânico-americano Fredric
Wertham(1895-1981) que em 1954, publicou o polêmico livro intitulado de A Sedução
do Inocente, onde acusava os super-heróis dos quadrinhos, como o Batman, por
exemplo, de serem os incentivadores da delinquência juvenil.
O que levou
nos EUA a criação do código de regulamentação da Comics Code Authorithy(CCA),
que esteve ativo por longos 50 anos, até definitivamente extinto em 2011,
quando já não tinha mais a mesma força de antes.
Pois já
sido descoberto tardiamente todos os equívocos. Aquilo era consequência dos
lares disfuncionais onde eles viviam.
Do mesmo
jeito foi com relação ao pânico moral que o senhor Gilberto Barros provocou com
Yu-Gi-Oh! que levou os pais a colocarem as cartas dos seus filhos para serem queimadas
e fez com que o anime passasse por uma nova classificação etária.
Esse tipo
de episódio reflete bem aquele momento anárquico, meio sem filtro que a TV brasileira
no seu vale-tudo pela guerra audiência que começou nos anos 1990 ainda vivia
por assim dizer no começo dos anos 2000.
Valia
tudo por qualquer sensacionalismo barato, valia apelar para erotismo, valia
apelar para a desgraça humana promovendo o circo dos horrores com pessoas enfermas,
para barracos, para histórias absurdas,
enfim. Assim era a TV brasileira dos anos 1990 que até o começo dos anos 2000,
seguia essa fórmula.
Muito
disso reflexo do fato de que como estávamos vivendo na primeira década Pós-Repressão
da Ditadura, a tv brasileira essa vista como uma terra sem lei.
Parece
que o ponto de virada, que fez a tv brasileira parar de continuar com essa
postura sem filtro ocorreu quando justamente
na mesma data de 2003, o apresentador Gugu Liberato(1959-2019) cometia o maior
equivoco de sua carreira de comunicador ao apresentar no Domingo Legal
do SBT a polêmica falsa entrevista com os integrantes do PCC(Primeiro Comando
da Capital) que fez o Ministério Público investigar toda essa armação. Representando
a maior mancha da carreira de Gugu.
Foi
também nessa mesma época que estava ganhando força a atividade do site Quem Financia Baixaria
é Contra a Cidadania onde a pressão popular dos internautas mandando suas
reclamações fez com que as emissoras brasileiras parassem de adotar qualquer
esquema absurdo pela audiência.
O Boa
Noite, Brasil foi um dos programas que mais recebiam grandes números de reclamações dos
telespectadores. Pelo horário impróprio e pelo apelo sexual.
Depois
desse episódio o programa Boa Noite, Brasil ainda durou no ar na Band
até 2007. Gilberto Barros ainda permaneceu na emissora onde apresentou A Grande
Chance(2007-2008).
Em 2008
não renovou seu contrato com a Band, já que ficou em negociação com a RedeTV
que só a contrataria em 2012 para ele comandar o Sábado Total(2012-2015).
Após se
afastar da Tv depois do fim do Sábado Total, passou
a apresentar o Amigos do Leão em seu canal do Youtube.
Foi no
seu canal do Youtube que em 2020 ele fez uma declaração homofóbica que fez a comunidade LGBTQIAPN+
meter um processo nele e em 2023 a 13ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal
de Justiça de São Paulo confirmou a condenação efetuada em primeira
instância contra Gilberto Barros pelo crime de homofobia.
Eu aposto
como a comunidade nipônica aqui não deixaria isso nada barato a ponto de achar
que essa sua declaração foi um racismo.
O que
posso concluir nisso tudo, é que dificilmente algo assim se repetiria hoje em
dia na tv brasileira nesse passar de mais de vinte anos.
Primeiro
porque quando ocorreu esse episódio, o
anime de Yu-Gi-Oh! conquistou sua popularidade
depois que estreou na antiga grade infantil da Globo que ainda passava desenhos.
Acontece que depois que em 2014 foi aprovada a Resolução 163 da Lei
de Publicidade Infantil que tornou inviável a qualquer programa
infantil se sustentar sem os anúncios de brinquedos. Foi isso que acabou
gerando o fim da programação infantil.
Segundo que também os
grandes programas dos canais abertos estão cortando um dobrado para conseguirem se manterem relevantes
com a forte concorrência da tv digital das grandes empresas de streamings. O
que tem levado a enfrentar duras crises atrás da outra.