domingo, 22 de dezembro de 2024

O DIA EM QUE GILBERTO BARROS CHAMOU YU-GI-OH! DE CAPETA EM REDE NACIONAL.

 

No final de Novembro de 2024, a internet brasileira fez o maior alvoroço ao noticiar  a descoberta do polêmico vídeo mostrando o apresentador Gilberto Barros atacando e rasgando uma das   cartas do jogo  de Yu-Gi-Oh!

Num grau de eloquência intempestiva, Gilberto Barros, o Leão como é referido pela grande mídia  o acusava de coisa do capeta num sensacionalismo barato  que durou semanas.

Esse episódio ocorreu em 2003, no programa Boa Noite, Brasil(2003-2007) na Band.

Um vídeo que por muito tempo foi considerado como  uma mídia perdida, que para quem não é familiarizado com essa terminologia, explicando  de uma forma resumida trata-se de um  termo genérico  que abrange exemplos de mídias inexistentes, ausentes ou indisponíveis ao público geral. O termo abrange mídia visual, de áudio ou audiovisual, como filmes, programas de televisão   e de rádio,  música, e jogos eletrônicos. Obras de arte  e obras literárias  perdidas também podem se encaixar como mídia perdida, embora usar o termo obras perdidas seja mais comum para esses casos.” (Fonte: Wikipédia).

Acontece que o vídeo, melhor dizendo os vídeos já que são divididos em três partes   desse momento pitoresco da história da Tv Brasileira nos anos 2000  já haviam  sido postado no site da plataforma do Youtube há 14 anos por um canal com um número pequeno de inscritos de nome CTERHEMA com a postagem datada de 01 de Outubro de 2010.

Acontece que como eles ficavam muito escondidos, não tem  descrição e o os títulos não eram fáceis de serem achados, isso o tornou figurando como uma mídia perdida difícil de ser procurada na internet. Os únicos registros desse momento eram as imagens estáticas em formatos de fotografia printada.

Confira no trecho abaixo: 








  


Para compreender melhor  o contexto do que levou Gilberto Barros a fazer essa tempestade em copo d´água de pânico moral  com relação a Yu-Gi-Oh! vamos relembrar primeiramente do que se tratava o jogo do “capeta” segundo o Leão e suas origens e  também explicar  e relembrar um pouco do contexto da Tv Brasileira dessa época que ainda hoje repercute e gera discussão.

Minha explicação vai se dividir em dois tópicos, o primeiro explicando do que se tratava Yu-Gi-Oh! e o segundo trazer uma breve biografia de Gilberto Barros explicando seus antecedentes até chegar ao ponto do foco aqui do texto.

Depois eu vou argumentando minhas conclusões do que vi sobre isso.

Então vamos lá para a explicação:

 

1)DO QUE SE TRATA YU-GI-OH!?

Primeiramente começo nesse tópico explicando a origem de Yu-Gi-Oh!, trata-se de “uma franquia de mídia   com o tema "cartas e duelos" de propriedade da editora Shueisha junto da fabricante Konami.

A franquia nasceu como uma série de mangá  sobre o jogo   escrita e ilustrada por Kazuki Takahashi(1961-2022).

A série foi originalmente publicada pela editora Shueisha na revista Weekly Shõnen Jump  entre 1996 e  2004.

A trama segue a história de um menino chamado Yugi Muto, que remonta o antigo Enigma do Milênio, e desperta um espírito dentro de seu corpo com a personalidade de um jogador e que resolve seus conflitos usando vários jogos.

Duas adaptações em anime   do mangá original foram produzidas: uma pela Toei Animation com o mesmo nome, que foi ao ar de 4 de abril   de 1998  a 10 de outubro   de 1998, com 27 episódios; e outra produzida pela Nihn Ad Systems   e animada pelo Studio Gallop   intitulada Yu-Gi-Oh! Duel Monsters, que foi ao ar entre abril de 2000  e setembro de 2004, com 224 episódios. O segundo anime expandiu uma franquia que inclui vários animes spin-offs,  Trading Card Game e diversos vídeo games.

A maioria das encarnações da franquias envolvem o jogo de cartas fictício chamado Duel Monsters (Monstros de Duelo) onde cada jogador usa cartas para um "duelo" entre si, em uma batalha simulada de duelo de "monstros".

O Yu-Gi-Oh! Trading Card Game publicado pela  Konami é a contraparte do mundo real para este jogo ficcional em que é livremente baseado.”

No Brasil, o mangá de Yu-Gi-Oh! foi publicado pela editora JBC   entre 2006 e 2010. A segunda adaptação em anime do mangá, Yu-Gi-Oh! Duel Monsters, foi exibida em 2002 pela Nickelodeon , e entre 2003 e 2004, pela TV Globo”. (Fonte: Wikipédia).

É aqui que a coisa de fato fica interessante, pois foi quando a estreia  do anime  no Brasil ocorreu na Globo em Janeiro de 2003, no antigo matinal infantil  da TV Globinho(2000-2015) que o jogo foi ganhando popularidade entre as crianças e criou a febre dos jogos de cartas e de muitos outros produtos licenciados.  Fiquem atentos a informação dessa data  que mais para frente eu vou explicar a razão disso me chamar a atenção.

 

QUEM É GILBERTO BARROS?

Já a respeito do apresentador em questão que protagonizou essa polêmica com Yu-Gi-Oh! ser do “capeta”.

Ele já carregava um longo histórico em sua carreira de comunicador, começando no rádio, onde começou trabalhando na Rádio Difusora de Lucélia, município paulista, ao se mudar para o município de Lins, trabalhou na Rádio Clube Lins ao mesmo tempo que cursava Engenharia.

Mais tarde foi para a TV, onde ingressou na sede paulista da Rede Globo, onde comandou o jornalístico noticiário local SPTV, das praças locais e permaneceu por lá até a segunda metade dos anos 1990.

Em 1998, se muda para a Rede Record, para quem tem minha faixa etária com certeza deve lembrar de ter tido o primeiro contato com ele apresentando o Leão Livre(1998-1999), programa que substituiu o Ratinho Livre(1997-1998) comandado por Carlos Massa, vulgo Ratinho, depois que este se transferiu para o SBT.

Nesse programa ele ia bem na pegada popularesca e sensacionalista que o anterior se utilizava, beirando ao ridículo do escalafobético.  Era nível mundo cão mesmo.

Além desse, ele ainda comandou dois programa de auditório na Record,  o de auditório Quarta Total(1999-2002) e o  game show Domingo Show(2000-2002)* que duraram até Julho de 2002 quando Gilberto Barros assinou sua transferência para a Band.

Quando foi transferido  para a Band, o primeiro  programa que comandou foi Sabadaço (2002-2007) que estreou em 04 de Agosto de 2002.

E foi no dia 12 de Maio de 2003 que ele estreava o Boa Noite, Brasil(2003-2007) outra data curiosa que me chama a atenção aqui  sobre o  famigerado programa que entra no foco desse texto envolvendo sua polêmica com relação a Yu-Gi-Oh! Guarde bem essa informação.

Um fato curioso sobre esse programa é que ele não era inédito, tratava-se de um programa que a mesma  Band produziu nos anos 1980 que contou com a apresentação de Flávio Cavalcanti(1923-1986) o pioneiro da televisão brasileira.

“O programa estreou oficialmente no ano de 1982 pelo polêmico apresentador Flávio Cavalcanti  no ano de 1982 e durou pouco tempo, findando em 1983, quando o apresentador foi contratado pelo SBT”**. (Fonte: Wikipédia).

Pois bem, agora que já explorei sobre cada um nesses tópicos, explico o fato de ter me chamado a atenção a respeito das datas da estreia de cada um.

Yu-Gi-Oh! havia estreado primeiramente na grade de programação da Globo lá pelo começo de janeiro de 2003 aproveitando  a fase bem propicia que era a época das férias escolares de verão. E quanto  ao Boa Noite, Brasil, só estreou na Band cinco meses depois que a febre de Yu-Gi-Oh! já estava consolidada no Brasil com muita gente consumindo as cartas para jogar.

Justamente por conta disso foi que nem tinha se completado um mês da estreia do programa  que no dia 02 de Junho de 2003, Gilberto Barrou “deu início a uma série de quatro programas focada no jogo de cartas. Segundo ele e o convidado Alexandre Farias, o jogo seria o responsável por aumentar a violência entre as pessoas e pode responder pela destruição da sociedade.” (Retirada da matéria do site Jovem Nerd de 18/11/2024).

Dos três vídeos incompletos que estão disponibilizados pelo  canal CTERHEMA, que além mostrar  Gilberto Barros num eloquente e irascível discurso de ódio ao  acusar os jogos de Yu-Gi-Oh! serem do capeta, dizendo que “O capeta está aqui dentro”, também  aparece ele mostrando  uma tendenciosa matéria nas escolas sobre a febre de Yu-Gi-Oh! e dando entrevistas a profissionais da educação sobre o perigo da má influência e como se não bastasse tudo isso, ele  ainda se dirige ao teólogo Alexandre Farias Torres que tenta enfatizar a má influência dos jogos como satânico a ponto de induzir as crianças a irem para a magia negra e a violência. 

Num tom dos mais  sensacionalistas e moralistas, onde ainda mostra uma matéria equivocada a respeito de denunciarem a má influência, também no mesmo tom moralista de sempre com outros animes.

Eu não vi a edição  desse programa na época que passou até o momento de saber da divulgação da descoberta dessa mídia perdida.

Mas lembro bem de ter lido em diferentes matérias textuais de diferentes sites sobre a repercussão que isso causou e da lenda que repercute até hoje nessas comunidades de internet que discutem sobre mídias perdidas.

Isso  era o mínimo que a gente podia  se informar pela internet do começo dos anos 2000, visto que na época o acesso e armazenamento  de vídeos ainda não era uma coisa comum.

Até a primeira metade dos anos 2000, Pós-Bug do Milênio, o acesso à internet no cenário social brasileiro ainda era limitado principalmente por ser  lento e no formato de computadores grossos  de tubo que eram discado e precisava depender do computador fazer um barulho insuportável para acessar e colocar os telefones fixos bloqueados.

Tem um filme recente da produtora A24, que aborda sobre isso cujo título é Y2K, uma  abreviação em inglês para Years 2000, ou simplesmente Anos 2000, que se referia ao provável clima apocalíptico da Virada do Milênio de 1999 para 2000 e que atualmente virou sinônimo para  o modismo retro kitsch pelo que pude pesquisar e é o codinome de um artista rapper e produtor musical Ari Starace que confesso desconhecer completamente.

É nessas horas que eu percebo que estou ficando velho. Já que na ocasião em que testemunhei a Virada do Século eu era um adolescente de 14 anos, já que pertenço a Geração Millenials que nasceu por volta dos anos 1980 e testemunhou aquele acontecimento único hoje em dia se tornou uma piada. 

Portanto, posso descrever que o acesso à internet há quase vinte anos nos lares brasileiros  era visto como algo um tanto elitista, ainda mais  porque  não existia os conceitos de bandas largas para agilizar os acessos e nem não existia smartphone.

Isso é algo que foi se aprimorando com o passar dos anos.

Quando essa atração foi exibida, dificilmente alguém postaria para compartilhar  no site do Youtube, isso porque a famosa  plataforma de compartilhamento de vídeos só surgiria nos Estados Unidos apenas em Outubro de 2004 na California, fundada por Chad Hurley, Steven Chen e Jawed Karim.

Eu tenho uma vaga recordação  da primeira vez que tive contato com essa plataforma quando na antiga rede social do Orkut, alguém numa comunidade que não lembro qual era postou um link que levou a esse vídeo, isso lá por volta de 2006.

Nesses primeiros anos de operação,  a plataforma ainda não era como hoje tem esse nível forte de influência, assistir a vídeos nessa plataforma ainda eram lentos e assim era uma coisa mais broadcast(enviar por escala) nesses primeiros anos.

Os primeiros vídeos que a gente costumava vê nesses primeiros anos de operações da plataforma  no Brasil  não eram as produções originais de criadores de conteúdos originais  de suas contas, eram compartilhamento de videoclipes de artistas, eram alguns trechos de arquivos de antigos programas de tv brasileiro, é dessa época que surgiu a conta de nome Mofo TV, do saudoso José Marques Neto(1965-2023) que foi a grande referência em preservar o arquivo da TV no Brasil.

Foi também nessa época, a postagem que tornou o site popular no Brasil de um curta brasileiro intitulado de Tapa na Pantera(Brasil, 2006) que foi postado sem autorização da produção onde mostrava uma senhora usuária de maconha que foi representada pela saudosa atriz Maria Alice Vergueiro(1935-2020). Cujo “sucesso explica-se pelo humor contido no filme, como quando a personagem declara que fuma no cachimbo porque o que faz mal não é a droga em si, e sim o papel; assim como outros momentos em que a atriz Maria Alice Vergueiro  interpreta a senhora em estado de êxtase.” (Informação retirada de Wikipédia). Que pela forma espontânea dela expressar, fez pensar que fosse verídico.

Com o passar do tempo, o Youtube foi aos poucos se consolidando graças ao surgimento de  criadores de conteúdo que foram surgindo denominados de Youtubers  expondo a cara e a coragem ao se comunicarem no estilo da comunicação  descolada sem filtro que atraia o público jovem, expondo suas opiniões a respeito de qualquer assunto do cotidiano tipicamente brasileiro, sem muita roteirização nem nada.

Fosse em formato de vlogs(Termo para vídeo blogs) ou mesmo formato de tutoriais como os de videogames.

É dessa época o surgimento de figuras que causaram  e até hoje causam polêmica como referencias de formadores de opinião, nomes tais como: Felipe Netto, Cauê Moura, Izzy Nobre, P.C. Siqueira(1986-2023), Kéfera Buchmann que depois fez carreira como atriz.

Marcas de sites para o nicho nerd/geek passaram a produzir conteúdo da plataforma como o Omelete e o Jovem Nerd, alguns criadores de conteúdo foram passando a criar temáticas especificas como  é o caso do Shcwarza que passou a ser o divulgador de ciência na plataforma, escrevendo o livro Do Átomo ao Buraco Negro, publicado em 2018 assim como a exemplo de outros que também publicaram livros depois ganharem fama com os números de inscritos, também teve   Juaci Júnior(1985-2021) do canal Retro Juabas que abordava sobre nostalgia de série japonesas.

O crescimento do site de compartilhamento de vídeos fez com que alguns nomes de pessoas que tinham trabalhado na mídia tradicional migrasse para essa plataforma. Como foi  o caso do ator e comediante Jamie Gil da Costa, mais conhecido pelo pseudônimo de Gil Brother Away(1957-2023), que era um egresso do humorístico Hermes e Renato(Brasil, 2000-2015) da antiga MTV Brasil*** que passou a postar conteúdo para o Youtube depois.

Também é o caso do jornalista Britto Jr. com passagens por diferentes emissoras onde fez carreira como repórter e foi apresentador do entretenimento na Record e que hoje em dia(com perdão do  trocadilho com o título do antigo programa que ele comandou na Record nos anos 2000), afastado do meio televisivo  produz  uma crônica eletrônica em seu canal no Youtube.

Do mesmo jeito que também é o caso de Mauricio Ricardo, um chargista, cartunista e músico, onde este no caso como posso descrever já é  um dinossauro da internet brasileira antes de existir o Youtube.

Digo  isso porque desde  de Fevereiro de 2000, ele vinha  produzindo charges animadas num programa de  Adobe Flash que eram postadas primeiro num antigo site do Zip.net, que a partir de Setembro de 2003 passou a fazer parte do Portal UOL. Onde lá ele passou a exibir suas charges animadas, foi nesse mesmo interim que o seu trabalho ganharia mais popularidade quando foi contratado pela Rede Globo para animar charges dos programas Domingão do Faustão, Mais Você e  Big Brother Brasil.

A partir de 2010, ele resolveu investir em postar suas charges animadas no Youtube  que duraram  até 2022, com ele lançando  “uma série intitulada "Adeus" se despedindo dos personagens do site, com Maurício explicando que pela mudança de políticas de divulgação do YouTube a monetização se complicava e assim ele iria trabalhar menos com as animações.”(Fonte:Wikipédia).

Desde então, ele vem postando vídeos em seu canal, Fala M.R. onde opina a respeito dos assuntos quentes  do momento.

Bom, mas voltando ao foco do texto depois de explanar sobre o contexto histórico da Internet Brasileira do começo dos anos 2000.

Pelo que pude constatar a respeito desse episódio pitoresco da Tv brasileira  tão comentado na internet  após passados mais de vinte anos,  posso concluir que o senhor Gilberto Barros e o povo que ele entrevistou para essa matéria tendenciosa  enfatizando essa condenação de Yu-Gi-Oh! como coisa do capeta, ele cometeu o maior equivoco de toda a sua carreira de comunicador em criar um pânico moral nisso tudo.

Porque eu vou dizer uma coisa, recentemente na manhã do dia 17 de dezembro, uma terça-feira aqui em minha cidade Natal-RN, uma jovem de 19 anos, que não vou mencionar o nome, porque não vou dar publicidade de jeito nenhum para essa  psicopata, uma  aluna da Escola Estadual Berilo Wanderley, um  importante colégio público potiguar.

Cometeu uma tentativa frustrada de assassinato a coordenadora da escola, mas que foi impedida por um colega que foi atingido de raspão e foi detida pela polícia.

Na bolsa da jovem foram encontrados muitos materiais  de facas, um livro pesado abordando true crime e alerta de gatilho,  uma carta de cunho suicida.

Mostrando que ela já tinha arquitetado aquela ideia, que não agiu por impulso e não teve nada externo que a incentivou a fazer aquilo.

Isso tudo mostra um grave problema da negligencia do estado brasileiro quanto a saúde mental.

Esse foi o mesmo problema que levou os rapazes estudantes de Columbine a cometer o massacre na escola ocorrido em abril de 1999. Ambos pelo que foi analisado nos registros escritos que eles deixaram antes de tirarem a própria vida e  matar colegas e professores já demonstravam propensão para tal ato.

Um demonstrava claros sinais de psicopatia e o outro carregava um claro perfil de ideação suicida, de sentir uma falta de pertencimento e que sofria graves históricos de bullying.

Eles já tinham planejado como queriam executar o massacre, com armas de pistolas de diferentes calibres, facões e bombas.

Que adquiriram pelo acesso fácil ao comercio legalizado das armas de fogo  nos Estados Unidos pelos civis.

Não agiam impulsivamente como faziam a gente acreditar, portanto, eles não eram nenhum pobres coitados. Não só nesse,  mas noutros casos de massacres escolares que ocorreram nos EUA. Em ambos, os atiradores menores de idade tinham acesso fácil a arma, porque na sua residência ele foi comprado legalmente pelo seu pai. Porque a legislação americana permite a compra legal da arma para o cidadão poder portar.

Já aqui no Brasil, desde os anos 2000 já ocorreram registro de diferentes  casos de massacres escolares  como esse recente aqui em Natal-RN, dentre os mais impactantes até hoje foi o Massacre em Realengo na Escola Estadual Tasso da Silveira no estado do Rio de Janeiro  em 2011.

Em todos envolviam esse problema grave de saúde mental, cujo gatilho envolvia o histórico de bullyings e a negligencia da instituição,  todos tinham planejado como executar o crime covarde, em todos os casos eles adquiriam armas pesadas de fogo de maneira legalizada, por conta da constituição brasileira dá essa facilitada no comércio de armas, por meio dos registros de licença.

O que posso descrever nisso tudo, é que o capeta se é que ele existe de verdade, não está no anime ou no jogo eletrônico ou no vicio das telas, mas sim na negligencia que o nosso estado brasileiro deixa que seus governantes  roubem do nosso  dinheiro público dos impostos da população e não dão uma garantia digna de saúde e qualidade de vida, principalmente em se tratando da camada mais vulneravelmente pobre.

Como diz a canção da Legião Urbana:

“Que país é esse

Que país é esse

Que país é esse

Que país é esse”.

O pior capeta de verdade, para mim, é observar pessoas que você espera a benfeitoria falharem miseravelmente  na função a ponto de gerar uma enorme decepção.

É o caso do que vem ocorrendo com pastor que engana os fieis como milagreiro para se enriquecer a custa da ingenuidade alheia para usufruir do luxo e curtir umas orgias.

De docentes que se mostram verdadeiros predadores sexuais com seus alunos. Ou ainda pior de tudo isso foi o que aconteceu com a seleção feminina  de ginástica americana, onde elas eram abusadas sexualmente por Larry Nassar, o médico que por anos prestava serviço para a Federação de Ginástica Americana.

Um homem diplomado que se aproveitava da sua função de cuidar dos corpos das meninas em situação vulnerável depois de encararem uma rotina de treinamentos pesados com a rigidez abusiva física e psicológica do treinador Béla Károly(1942-2024) fazendo suas sessões de massagens onde ele aproveitava para  praticar  seus atos sexuais nojentos.

E ainda pior, com a conivência da direção da federação que  é uma coisa abominável.

Isto sim, para mim é um exemplo do quanto o capeta está em que você espera a compreensão humanista, mas no fundo se mostra um cretino.

Enquanto que os heróis de animes eles apenas representam órfãos que ensinam a lutar por um mundo melhor, enquanto que vocês só decepcionam.

É o mesmo equivoco que cometeu o psiquiatra germânico-americano Fredric Wertham(1895-1981) que em 1954, publicou o polêmico livro intitulado de A Sedução do Inocente, onde acusava os super-heróis dos quadrinhos, como o Batman, por exemplo, de serem os incentivadores da delinquência juvenil.

O que levou nos EUA a criação do código de regulamentação da Comics Code Authorithy(CCA), que esteve ativo por longos 50 anos, até definitivamente extinto em 2011, quando já não tinha mais a mesma força de antes.

Pois já sido descoberto tardiamente todos os equívocos. Aquilo era consequência dos lares disfuncionais onde eles viviam.

Do mesmo jeito foi com relação ao pânico moral que o senhor Gilberto Barros provocou com Yu-Gi-Oh! que levou os pais a colocarem as cartas dos seus filhos para serem queimadas e fez com que o anime passasse por uma nova classificação etária.

Esse tipo de episódio reflete bem aquele momento anárquico, meio sem filtro que a TV brasileira no seu vale-tudo pela guerra audiência que começou nos anos 1990 ainda vivia por assim dizer no começo dos anos 2000.

Valia tudo por qualquer sensacionalismo barato, valia apelar para erotismo, valia apelar para a desgraça humana promovendo o circo dos horrores com pessoas enfermas,  para barracos, para histórias absurdas, enfim. Assim era a TV brasileira dos anos 1990 que até o começo dos anos 2000, seguia essa fórmula.

Muito disso reflexo do fato de que como estávamos vivendo na primeira década Pós-Repressão da Ditadura, a tv brasileira essa vista como uma terra sem lei.

Parece que o ponto de virada, que fez a tv brasileira parar de continuar com essa postura sem filtro  ocorreu quando justamente na mesma data de 2003, o apresentador Gugu Liberato(1959-2019) cometia o maior equivoco de sua carreira de comunicador ao apresentar no Domingo Legal do SBT a polêmica falsa entrevista com os integrantes do PCC(Primeiro Comando da Capital) que fez o Ministério Público investigar toda essa armação. Representando a maior mancha da carreira de Gugu.

Foi também nessa mesma época que estava ganhando força  a atividade do site Quem Financia Baixaria é Contra a Cidadania onde a pressão popular dos internautas mandando suas reclamações fez com que as emissoras brasileiras parassem de adotar qualquer esquema absurdo pela audiência.

O Boa Noite, Brasil foi um dos programas que mais  recebiam grandes números de reclamações dos telespectadores. Pelo horário impróprio e pelo apelo sexual.

Depois desse episódio o programa Boa Noite, Brasil ainda durou no ar na Band até 2007. Gilberto Barros ainda permaneceu na emissora onde apresentou A Grande Chance(2007-2008).

Em 2008 não renovou seu contrato com a Band, já que ficou em negociação com a RedeTV que só a contrataria em 2012 para ele comandar o Sábado Total(2012-2015).

Após se afastar da Tv depois do fim do Sábado Total,   passou a apresentar o Amigos do Leão em seu canal do Youtube.

Foi no seu canal do Youtube que em 2020 ele fez uma declaração  homofóbica que fez a comunidade LGBTQIAPN+ meter um processo nele e em 2023 a 13ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo   confirmou a condenação efetuada em primeira instância contra Gilberto Barros pelo crime de homofobia.

Eu aposto como a comunidade nipônica aqui não deixaria isso nada barato a ponto de achar que essa sua declaração foi um racismo.

O que posso concluir nisso tudo, é que dificilmente algo assim se repetiria hoje em dia na tv brasileira nesse passar de mais de vinte anos.

Primeiro porque  quando ocorreu esse episódio, o anime de  Yu-Gi-Oh! conquistou sua popularidade depois que estreou na antiga grade infantil da Globo que ainda passava desenhos. Acontece que depois que em 2014 foi aprovada a Resolução 163 da  Lei de Publicidade Infantil  que tornou inviável a qualquer programa infantil  se sustentar sem os anúncios de brinquedos. Foi isso que acabou gerando o fim da programação infantil.

Segundo que também os grandes programas dos canais abertos estão cortando  um dobrado para conseguirem se manterem relevantes com a forte concorrência da tv digital das grandes empresas de streamings. O que tem levado a enfrentar duras crises atrás da outra.

*Posteriormente a Record voltaria a utilizar esse título Domingo Show dessa vez num programa comandado por Geraldo Luís entre 2014 e 2019.

**Foi no Sistema Brasileiro de Televisão(SBT) fundado em 1981 pelo também  pioneiro da TV Silvio Santos(1930-2024) que Flávio Cavalcanti ficou contratado até o fim da vida.  No dia 22 de maio de 1986, Flávio Cavalcanti fez uma rápida entrevista em seu programa e jogou o dedo indicador para o alto com seu bordão "Nossos comerciais, por favor!". Após o intervalo, Wagner Montes(1954-2019)  substituiu Flávio, anunciando que ele voltaria no próximo programa, o que não ocorreu. Flávio havia sofrido uma isquemia miocárdica. Levado para o Hospital Unicor, em São Paulo, faleceu quatro dias depois, em 26 de maio de 1986. O enterro de Flávio Cavalcanti foi acompanhado por cerca de duas mil pessoas, no Cemitério Municipal de Petrópolis, na região serrana do estado do Rio de Janeiro.

No dia seguinte à sua morte, o SBT ficou fora do ar até o sepultamento do apresentador. Em sinal de luto a tela apresentou apenas um slide dizendo: "Estamos tristes com a morte do nosso colega Flávio Cavalcanti, que será sepultado hoje, em Petrópolis, às 16 horas, quando então voltaremos com a programação normal.

***MTV Brasil foi uma  rede de televisão brasileira dedicada ao público jovem. Foi fundada em 20 de outubro de 1990, através de uma associação  entre o  Grupo Abril e a MTV Networks, proprietária do canal estadunidense MTV, foi a terceira versão da MTV a ser lançada no mundo e a primeira a ser lançada em TV aberta. Essa sigla surgiu nos EUA em 1981.  A marca operou no Brasil por 23 anos, até encerrar suas operações em 2013, resultado da crise financeira que vinha acompanhando o canal desde 2009 e a Abril, responsável por ser a detentora da marca em território brasileiro. Também vinha  passando por um cenário financeiro critico, resolveu não renovar a marca. Devolveu a VIACOM que fez a emissora operar só como canal fechado. 







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