quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

A HISTÓRIA DO GUERREIRO BRENO

 

"Segundo a lenda, Breno, quando os romanos pagaram o resgate para libertar a cidade dos gauleses, colocou a espada sobre a balança e disse:

 

«Vae victis!», ou seja, «Ai dos vencidos!».

 





Nesse momento, chegou Marco Fúrio Camilo, nomeado ditador, e respondeu:

 

«Non auro sed ferro recuperanda est patria!», que significa: «Não com ouro, mas com ferro se deve recuperar a pátria!».

 

Esse episódio está inserido no contexto do saque de Roma pelos gauleses em 390 a.C. (ou 387 a.C., segundo algumas fontes), liderados por Breno, chefe dos sênones.

 

Após a derrota romana na Batalha do Rio Ália, os gauleses ocuparam e saquearam Roma, exceto o Capitólio, que resistiu ao cerco.




 

Para encerrar a ocupação, os romanos aceitaram pagar um pesado resgate em ouro.

 

A famosa cena do "vae victis" reflete a humilhação imposta pelos gauleses: ao perceberem que os romanos reclamavam do peso injusto das balanças usadas na pesagem do ouro, Breno teria jogado sua espada sobre a balança, aumentando o valor exigido.

 




No entanto, segundo a tradição romana, Marco Fúrio Camilo, nomeado ditador durante o cerco, chegou antes da entrega do pagamento e rejeitou o acordo, proferindo a frase:

 

"Non auro sed ferro recuperanda est patria!" ("Não com ouro, mas com ferro se deve recuperar a pátria!").

 

A historiografia romana narra que ele reorganizou as tropas e derrotou os gauleses, expulsando-os da cidade.

 

Embora essa narrativa tenha um forte tom mítico, reforçando a imagem de Roma como uma cidade destinada à grandeza e jamais subjugada, há debates sobre sua veracidade.

 

Alguns historiadores modernos sugerem que o resgate pode realmente ter sido pago e que a versão da vitória militar foi posterior, criada para preservar a honra romana.

 

De qualquer forma, o episódio consolidou a figura de Camilo como o "segundo fundador de Roma"."

FONTE: PRESENTE DE GREGO.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

O NAZISMO EM A LISTA DE SCHINDLER(1993)

 

No dia 27 de Janeiro, é lembrado o Dia Internacional da Memória do Holocausto, uma forma de respeitar as memórias dos judeus que foram mortos nos campos de concentração pelo genocida Governo Nazista.

Nada melhor do que entender o que foi esse ato desumanizado comentando  sobre o filme A Lista de Schindler(Schindler´s List, EUA, 1993).







Esse filme foi  dirigido pelo renomado Steven Spielberg, aborda aqui esse tema que é muito caro a ele. Já que ele tem raízes judaicas.

Nesse filme cuja história real do holocausto foi baseado no romance biográfico Schindler´s Ark de autoria do australiano Thomas Keneally, cujo roteiro foi adaptado por Steve Zaillian.

    

  


 O filme acompanha a jornada da população judaica na Polônia já invadida pelas tropas nazistas que deram início a Segunda Guerra Mundial.

É nesse contexto que aparece o empresário alemão Oskar Schindler(Liam Neeson) para recrutar alguns judeus para trabalharem em sua fábrica, mandando criar uma lista  para evitar que todos não morram no Holocausto, o que o tornou celebrado até hoje pelos judeus como o símbolo do benfeitor.




Spielberg soube bem como trabalhar a temática nesse filme abordando a dualidade do bem contra o mal de forma tridimensional.

Estabelecendo diferentes dicotomias para fazer o espectador refletir sobre guerra, humanismo e memória”.

(Descrição retirada do canal EntrePlanos do Youtube sobre o filme A Lista de Schindler, publicado em 18 de Outubro de 2018).





Criando uma área ambígua entre os dois lados dos nazistas serem os vilões e os judeus, as vítimas. E nesse aspecto o protagonista Oskar Schindler é o que consegue refletir bem essa dicotomia.

Nos primeiros momentos de rodagem do filme, vemos ele ir bem do lado do mal ao mostrar sua natureza mais egoísta e ambiciosa. De um homem que se aproveitou da guerra para ficar milionário.

Mais pra frente vai mostrando como Schindler vai tendendo para ir ao lado do bem ao não concordar com os ideais pregados pelo nazismo, e ser atencioso com judeus em prol dos seus trabalhadores resolve fazer uma lista de judeus para serem seus funcionários e ficarem livres do holocausto e sacrificando o lucro.





Principalmente depois que ele testemunha o cenário de carnificina que ocorre no Gueto de Varsóvia.

A direção de fotografia do polonês Janusz Kamiński, que se tornou um parceiro frequente de Spielberg após esse filme ao optar pela película em preto e branco, cujos únicos momentos de cores é na introdução mostrando um lar de família judaica fazendo oração e no final com os sobreviventes do Holocausto ajudados por Schindler ao redor do seu tumulo lhe prestando uma homenagem.

O preto e branco  ajudou bem a compor no filme uma estética cinzenta, um tanto noir com toques documentais, onde o único momento ele quebra isso é quando mostra a menina de vestido vermelho caminhando por Varsóvia, que serve mais para frente como uma rima visual para ela reaparecer entre os cadáveres do holocausto.





Fora também que o filme apresenta uma ótima reconstituição de época com a cenografia e os figurinos e contou em seu elenco com feras como: Liam Nesson como o protagonista Oskar Schindler(1908-1974) está impecável em cena. Ralph Fienes como o repugnante oficial nazista Amon Göth(1908-1946) se mostra  excelente ao representar e defender um sujeito que  apresenta um nível de crueldade sentindo um imenso prazer de matar cada judeu sem o menor remorso. E Ben Kingsley como Itzhak Stern(1901-1969), o contador pessoal de Schindler está excelente na pele do sujeito que era sem seu braço direito na sua empresa.




A Lista de Schindler não é um filme fácil de ser assistido para qualquer um em especial por sua temática sensível que explora o nível da crueldade brutal, e também psicológica que o nazismo ocasionou para a população judaica.

Existe muitas cenas fortes mostrando  o nível da crueldade que era praticado, principalmente quando mostra os judeus no holocausto desnutridos e tendo que passarem pela humilhação de andarem sem roupa, tudo torna essa obra não muito fácil digerível para todo mundo.




Mais ainda se mostra necessário para refletir que os ideais de ódio pregados pelo nazismo não morreram, basta vermos o que temos acompanhado atualmente que os movimentos da extrema direita no Brasil e no mundo tem ganhado força e levado a muitos casos de violência.

Como diz a frase do filosofo irlandês  Edrmund Burke(1729-1792):

Um povo que não conhece a sua história, está condenado a repeti-lo”.

sábado, 25 de janeiro de 2025

VISITANDO AS RUINAS DE CARTAGO.

 

Conhecer na manhã de sexta-feira, 23 de junho de 2023,  os resquícios do que foi o Império Romano  num pais africano. Foi mais ou menos essa sensação que tive ao visitar Cartago, que os tunisianos se referem como Cartage.




Mais para não criar confusão com os leitores vou me referir com o nome que nos habituamos a conhecer nos nossos livros de história do ensino fundamental e médio como Cartago. Certo. Então beleza.

A visita a Cartago ocorreu na manhã de sexta-feira, dia que a noite iria ocorrer a cerimônia do jantar de casamento da prima Pina com Medhi.

O famoso filosofo e teólogo Santo Agostinho(354-430 a.C.), antes de fazer carreira no sacerdócio virando bispo, havia visitado Cartago ainda muito jovem.




 Segundo descrito pelo historiador brasileiro Luiz Felipe de Alencastro sobre Aurelius Agustinus Hiponesis seu nome  original em latim que ele nasceu na periferia do Império Romano, onde seus pais Patricio e Mônica se endividaram para mandá-lo estudar na Universidade de Cartago, a metrópole da África romana, porém o jovem Agostinho em vez de estudar caiu na gandaia como ele bem descreve:

“E eu fui a Cartago; em minha volta crepitava a caldeira dos amores vergonhosos....; eu procurava a o que amar... vítima é agente de sedução" .

Foi em Cartago que Alencastro descreve sobre a pitoresca relação que ele teve com uma cartaginesa:

“Amancebado com uma moça cartaginesa, ele tem aos 18 anos, um filho, Adeodato. Dá para saber de tudo isso e muito mais de sua vida porque Agostinho escreveu, 25 anos depois, quando já se havia convertido ao cristianismo e era bispo de Hipona, as Confissões, a autobiografia que constitui uma obra-prima da literatura ocidental.”*

Digamos que mais ou menos dessa maneira como  Santo Agostinho descreveu sobre Cartago em seu famoso livro das Confissões, eu meio que senti ao conhecer o deslumbramento das maravilhosas  ruinas do Império Romano na região de Cartago.




Visitar o lugar que é um sitio arqueológico, onde cada lugar apresenta um pouco sobre a rotina do modo vida do povo romano que habitou o lugar na Antiguidade da Roma dos Césares.

Foi muito legal passear por cada lugar com as informações que o guia que foi contratado para nós informar falando em inglês sobre cada lugar com uma das amigas da prima  Pina traduzindo.

Passear por Cartago  numa manhã com o sol escaldante, ainda mais que ali estava em pleno período da alta estação quente do verão tunisiano e não lembro direito qual o grau de temperatura que se encontrava e de hora em hora eu pegava meu garrafão com água gelada para poder me hidratar e usando um band-daid para aliviar meu ferimento da noite do meu incidente na casa do noivo.




Passeamos por todos os cantos de Cartago, onde em cada lugar víamos um pouco sobre como era o modo de vida do povo romano quando vivia por lá com a explicação do guia. Um desses lugares curiosos foi quando ele explicou sobre as termas, local que servia como banho público da população.

Algumas pessoas tendem a imaginar um lugar como esse numa visão banal associado ao erotismo pelo fato dali ser um lugar onde o povo dividia o banho de  uma piscina de água quente completamente nus, mostrando as partes intimas de fora e inclusive não havia uma divisão por gêneros, tanto homens como mulheres dividiam o mesmo espaço se olhando peladões literalmente falando. A ponto de equivocadamente alguns ignorantes terminarem pensando de forma poluída em sacanagem.




Acontece que esse hábito refletia muito  o costume da antiguidade romana onde eles ainda não tinham desenvolvido o costume de tomar banho isoladamente  em suas residências, eles ainda não tinham  o conceito de banheiro nas residências como conhecemos hoje. Toda a higiene do povo romano era feita em locais públicos e Cartago nesse período que contou com a presença romana trouxe esse hábito e as termas refletiam bem isso.

O hábito deles dividirem o mesmo espaço para tomar banho  completamente sem roupa, não significava nada de teor sexual pecaminoso, lascivo  como muitos tendem a imaginar.




 Algo que passou a ser associados séculos depois na Idade Média com a forte influência da Igreja Católica no meio político que usando equivocadamente os conceitos bíblicos passou a repudiar a nudez  e o sexo como pecaminoso, principalmente depois que houve o surgimento do Tribunal da Santa Inquisição.

 E isso também meio que aconteceu com relação ao povo tunisiano depois que passados alguns séculos viraram islamizados com as invasões dos povos mouros e passaram a adotar a língua árabe como oficial.    

As termas também serviam para que os romanos se socializem para conversar sobre suas intrigas do Império como bem também explicou o nosso guia.





A melhor forma de entender o que significava as termas para o povo romano é recomendando assistirem  ao anime Thermae Romae Novae(Japão, 2022) que está disponível na Netflix, que dá um exemplo bem didático da importância dessas termas para os romanos.

         Uma curiosidade que posso destacar sobre Cartago é que ele já serviu de palco para rodagens de algumas produções monumentais do cinema sendo uma dessas produções o filme de comédia A Vida de Brian(Monty´s Pyton Lifes of Brian, EUA, 1979), estrelado pela trupe britânica do Monty´s Pytons satirizando a história de Jesus Cristo. Onde aqui mais especificamente foi rodado locado no teatro romano.

     

       Posso concluir que minha experiência nesse dia visitando Cartago pela manhã  foi sensacional.

 

*Extraído do livro Fragmentos: Anotações de Meio Século de Leitura A-I, Página 60. De autoria de Heráclito Noé, Editora El Shadday, 1ª Edição, Natal-RN, 2023.

 

 

 

 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

NOSFERATU-O PRIMEIRO DRÁCULA DO CINEMA


 

Assistindo no YouTube pela conta Cine Antiqua ao Nosferatu clássico de 1922 no final de Dezembro de 2024, para entrar no clima da estreia do novo Nosferatu, produção da A24, dirigida por Robert Eggers.

Para compreender melhor  o que levou a  esse marcante filme entrar  para a história do cinema de terror  ter sido  concebido na década de 1920 e se tornou o clássico primeiro registro de uma adaptação não-oficial do Drácula.



Vamos compreender primeiramente o contexto, o diretor alemão  Friedrich Wilhelm Murnau que assinava como F.W.Murnau(1888-1931) queria adaptar o romance Drácula, que o romancista e contista irlandês Bram Stoker(1847-1912) havia publicado em 1897.

A inspiração para Stoker criar esse romance foi com as lendas do real Conde Drácula que não foi um vampiro.

 Foi na verdade  um Príncipe da Valáquia durante o século 15, nascido na Transilvânia, região que existe até hoje e lá fica localizado na Romênia e lá existe  de verdade o Castelo do Conde Drácula onde é ponto turístico.



 

Vlad  Tepes III Dracul(1431-1476) como foi batizado o verdadeiro Drácula que originou a lenda do Drácula Vampiro da mitologia da cultura pop, recebeu esta denominação de Drácula, em referência a seu pai Vlad Dracul, cujo nome na extinta língua latina significa “dragão”, no povoado local ele era de Vlad Draculea, (Vlad Filho do Dragão), em referência a “Ordem do Dragão” uma importante irmandade religiosa surgida naquela região no começo do século 15 do qual ele tinha um forte vínculo sagrado.  

Vlad III era um homem que reinou na Transilvânia em períodos de tempos bem diversos, no primeiro momento assumiu o trono em 1448, onde passou apenas um ano, em seguida voltaria ao trono em 1456 onde governaria por seis anos e no último momento foi em 1476 quando morreu durante uma batalha contra os turcos, estava na época com 45 anos de idade. 

O legado que foi passado ao longo dos séculos sobre a importância do Conde Drácula para o povo romeno foi da figura arquetípica de um herói defensor de seu reinado contra a invasão turca.  

 

A maneira como o verdadeiro Drácula praticava a execução de seus adversários na guerra, de uma maneira um tanto quanto cruel empalando as vítimas principalmente nos turcos, uma técnica de execução “que consiste em atravessar uma lança pelo corpo da vítima, de cima para baixo”* isto o tornaria célebre como Vlad, O Empalador.  

Esta sua má fama perdurou mundialmente por vários séculos, ainda mais quando no final do século 19, um célebre escritor irlandês de romances, contos e poesia chamado Abraham “Bram” Stoker inspirado nesta lenda do real Conde Drácula, o eternizou com um elemento sobrenatural do vampirismo na sua famosa obra de ficção com ares góticos que refletia a influência do movimento literário que a Europa vivia com o romantismo que exaltava uma visão nostálgica de uma Europa Pré-Revolução Industrial quando vivia uma vida mais bucolicamente campestre, trazendo aquele toque de lirismo poético, movimento esse que exaltou também a monarquia com os contos de fadas.

Este romance de Stoker seria na posteridade com o advento do cinema no início do século 20, responsável por eternizar a figura arquetípica mitológica do Drácula como vampiro.

É o primeiro registro de  filme a surgir  inspirado no romance de Stoker foi o Nosferatu-Uma Sinfonia de Horror(Nosferatu, Alemanha, 1922), que é o foco do texto.

No início da década de 1920, a Prana Film, produtora alemã, iniciou suas atividades no país. Albin Grau, que pretendia realizar diversos filmes centrados em temas do sobrenatural e do oculto, assinou a produção do primeiro projeto do estúdio, intitulado inicialmente como “Drácula”. Dirigido por F.W. Murnau, o longa pretendia adaptar o famoso romance do escritor irlandês Bram Stoker, o maior ícone da literatura vampiresca mundial.

À época, Bram Stoker havia falecido há poucos anos, mais precisamente em 1912. Desde então, a viúva do autor, Florence Stoker, detinha os direitos sobre a obra do marido, e não os cedeu à Prana Film, impossibilitando que a produtora retratasse a história nas telas legalmente.

Determinado a produzir o filme, incentivado por lendas locais de mortos-vivos que escutou ao servir o exército durante a Primeira Guerra Mundial, Albin Grau(1884-1971) sugeriu diversas mudanças ao roteirista Henrik Galeen(1881-1949), para que a inspiração na obra de Bram Stoker se tornasse menos evidente.”

(Fonte: Nosferatu: por que o filme original foi proibido? Conheça a história do clássico que ganhou remake - Ingresso.com)

 Murnau  não tinha conseguido adquirir o direito de adaptação, por isso mesmo, tanto o título quanto o protagonista tiveram os nomes alterados,  o título Drácula foi alterado para  Nosferatu que é uma palavra de origem húngaro-românica que significa "vampiro". A palavra se popularizou no final do século XIX e início do século XX, principalmente devido à ficção ocidental, como o romance Drácula(1897) e o filme Nosferatu(1922). 

Uma das etimologias sugeridas para o termo é que ele deriva do romeno Nesuferitul, que significa "o ofensivo" ou "o insuportável". 

 É o protagonista se refere como Conde Orlok nessa versão de Nosferatu.

Essa primeira adaptação do romance de Stoker foi concebida uma década depois que o autor havia falecido.

E como a obra estava protegida por direitos autorais, os herdeiros de Stoker entraram com um processo contra a produtora que deu ganho de causa a família e por conta disso eles precisam queimarem os registros dessa obra para que não fossem mais distribuídas.

““Nosferatu” foi o primeiro e único projeto lançado pela Prana Film, que declarou falência depois que a viúva de Bram Stoker venceu o processo nos tribunais da Alemanha. Além de requerer parte do lucro obtido com o filme, Florence também exigiu que os negativos e todas as cópias do longa fossem destruídos, determinada a apagar o legado da produção para sempre.

Contudo, a Prana Film manteve algumas cópias escondidas, e logo após a morte de Florence, em maio de 1937, “Nosferatu” renasceu das cinzas e voltou a ser exibido nos Estados Unidos, onde “Drácula” já havia caído em domínio público.”

(Fonte: Nosferatu: por que o filme original foi proibido? Conheça a história do clássico que ganhou remake - Ingresso.com)

 

Essa primeira versão cinematográfica de Drácula quase caiu no esquecimento nas décadas que se seguiram, principalmente quando em 1931, mesma data do falecimento do cineasta Murnau, a Universal Studios, após conseguir negociar a compra dos direitos de adaptação da obra de Stoker e contratou para dirigir Tod Browning(1880-1962), e escalou o húngaro Béla Lugosi(1882-1956) para protagonizar a mais  ilustre figura do Principe Vald III como o célebre vampiro em Drácula.  




Com o todo estereótipo que o tornou célebre e referência na cultura pop. Com aquele perfil atraente,  sedutor, com capa preta, se transformando em morcego e com dentes caninos para morder os pescoços.

 Esta celebre adaptação pelas mãos da Universal foi a grande responsável por revolucionar uma ideia bastante inovadora para a época que foi a de idealizar os crossovers, os universos compartilhados com outros monstros como Frankstein, A Múmia dentre outros, que não é um ineditismo que acompanhamos com os filmes de super-heróis da Marvel durante os anos 2010.

E foi sendo replicado ao longo dos anos em que foram outras adaptações de Drácula ou mesmo  fazendo referências em séries de tv, animações, quadrinhos, até mesmo novela da Globo chamada Vamp(Brasil, 1991-1992), enfim deu para entender. Isso porque passados alguns anos, o livro de Stoker caiu em domínio público.




 Ao contrário dessa primeira adaptação que foi a  versão de Nosferatu de 1922, cuja primeira caracterização trazia um toque mais grotesco, pavoroso e medonho como posso descrever que foi concebida para compor o ator Max Shreck(1879-1936) cujo aspecto da feiura causado pela caracterização o deixou bem assustador.

Uma caracterização cuja inspiração veio da representação racista com relação ao povo judeu. Sendo que isso ocorreu bem antes da Alemanha viver os horrores do nazismo, que levou os judeus ao holocausto.

Digo isso porque desde que o povo judeu viveu séculos após a diáspora pelo Império Romano vagando de forma nômade sem território eles eram vistos como um povo indesejado, que eram vistos como transmissores da peste e eram equivalente aos ratos, tanto que na HQ Maus do sueco Art Spilgerman ele faz um representação do judeu como ratos, que inclusive é inspirado na triste história do seu pai Vladek Spilgerman que foi um dos que estiveram no Holocausto.

Mas o que isso tem a ver com a caracterização usada nesse Nosferatu? Simples, o estilo grotesco de orelhas pontuda simboliza o estereótipo caricato  do judeu  ambicioso com um nariz adunco, com as orelhas pontudas e as dentaduras que remetam as dentaduras de ratos que também aparecem no filme, tudo serviu para compor a primeira caracterização do cinema de Drácula.

 

         Nosferatu representou um marco importante para a época áurea  do movimento artístico expressionista alemão.  Um movimento que se desenvolveu na Alemanha após a Primeira Guerra Mundial. Caracterizada pela distorção de cenários e personagens, representação subjetiva do mundo, uso de maquiagem, fotografia e outros recursos para expressar a visão dos realizadores, ambientação de terror, suspense, ficção científica e fantasiosa.

O Expressionismo Alemão foi influenciado pelo Romantismo alemão e pelos sentimentos de impotência e falta de perspectiva que se seguiram ao fim da Primeira Guerra Mundial.

 E  Murnau bem soube como trabalhar a estética expressionista no filme usando dos jogos de luzes e sombras que foi muito trabalhado posteriormente no cinema noir e  também e de todo jeito, pode se considerar “Nosferatu” como o pioneiro na ideia de cultuar a figura vampiresca do Conde Drácula, além disso, pode-se considerar também que o interprete do Conde Orlok em Nosferatu, Max Shreck(1879-1936) foi o pioneiro em encarar o Conde Drácula no cinema, mas de uma forma pouco habitual de caracterização como estamos acostumados a ver  com a capa preta e os dentes caninos.

Um dos cineastas que mais para frente  bebeu da fonte de Nosferatu para explorar o seu estilo de terror gótico é o Tim Burton, ainda mais  que um dos filmes que ele dirigiu que foi em Batman-O Retorno(Batman Returns, EUA, 1992) ele batizou um dos vilões vivido por Christopher Walken de Max Shreck.

Na posteridade houveram outros cineastas que criaram sua própria versão Drácula inspirada em Nosferatu como a exemplo do que Robert Eggers fez recentemente.

Exemplos foi do alemão Werner Herzog em Nosferatu-O Vampiro da Noite(1979), vinte anos tivemos A Sombra do Vampiro(2000) e fora a versão de Robert Eggers em 2024 também teve a versão Nosferatu-Uma Sinfonia de Horror.

O que prova o quanto Nosferatu continua relevante como cinema de terror.

Esse centenário filme, apesar de não ser muito atraente para as novas gerações  por ser em preto e branco e não ter o áudio, visto que o cinema falado só surgiria com o lançamento do filme O Cantor de Jazz(1927). Ainda assim, ele é um filme que tem a sua importância, principalmente para compreender a estética do movimento expressionista alemão.

Tem disponível no Youtube.

 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

HÁ 45 ANOS CHAVES CHEGAVA AO FIM COMO PROGRAMA SOLO

 

No último dia 07 de Janeiro foi lembrado os 45 anos que ia ao ar o último episódio da fase solo de Chaves no México.

No dia 7 Janeiro  de 1980, era exibido o episódio Antes um tanque funcionando que uma lavadora encrencada, que trazia uma história bem aleatória como qualquer episódio da série que girava em torno  da máquina de lavar roletes adquirida  Dona Florinda e despertava a curiosidade de todo mundo da Vila.




 Onde você não sentia tanto esse clima de despedida. Principalmente para nós aqui no Brasil que acompanhamos o SBT, emissora do pioneiro da tv brasileira Silvio Santos(1930-2024) o reprisar constantemente em sua grade de programação. Ainda que eles nunca se preocuparam em exibir pela ordem cronológica de cada temporada, ainda mais quando foram adquirindo quatro lotes de episódios nas datas de 1984, 1988, 1990 e 1992 que foram dublados pela Cooperativa MAGA de propriedade do dublador Marcelo Gastaldi(1944-1995), a primeira voz brasileira do Chaves.

 A razão para esse fim tão abrupto se deve ao fato do seu criador Roberto Gómez Bolaños(1929-2014) sentiu  que durante os episódios da última temporada solo  de 1979, a série  estava ficando um tanto sem fôlego para se sustentar.

Muito disso, consequência da saída de Carlos Villagrán que fazia o Quico  do elenco após umas brigas internas.

Pouco tempo depois, o elenco sofreu outro desfalque que foi a saída de Ramón Valdés(1924-1988) que fazia o Seu Madruga também por razões de brigas internas.

Fora que outro desfalque ocorreu com  a saída do seu diretor Enrique Segoviano, um dominicano naturalizado mexicano que dirigiu os seus programas desde o começo que também foi pelo motivo de brigas internas, e Bolaños precisou fazer um enorme malabarismo de ao mesmo tempo  que representava o Chaves, também era o roteirista e diretor e a qualidade das histórias acabaram pecando um pouco nessa última fase com o seu erro de mão.

Temporada marcou com    com a presença do carteiro Jaiminho vivido por Raul Padilha(1918-1994), da Dona Neves, a avô da Chiquinha vivida pela própria Maria Antonieta de Las Nieves e o Restaurante de Dona Florinda que foi para compensar as ausências de Quico e Seu Madruga, já que sem esses elementos a Dona Florinda perdeu muito de sua  função, ficava deslocada da história.    

Logo depois,  Bolaños  voltaria a produzir Chaves, desta vez como quadro no programa Chespirito (1980-1995) junto de outros quadros com personagens como o Chapolin e o Dr. Chapatin, por exemplo,  onde em 1981 eles contaram até que brevemente com Ramón Valdés retornando ao elenco representando pela última vez representando  o Seu Madruga no seriado que após sua saída definitiva do seriado se dedicou a outros projetos até falecer em 1988.

A produção desses episódios de Chaves  no programa Chespirito duraram   até 1992.

O programa Chespirito ainda durou mais um tempo no ar, até chegar  ao fim  em 1995 e Bolaños viveu nos últimos anos  se dedicando a produzir projetos de teatro, participou da produção da versão em desenho animado de Chaves ocorrido nos anos 2000.

Em 2004, ele oficializou sua união civil  com Florinda Meza, após 36 anos vivendo numa união estável que durou até Bolaños falecer em 2014 aos 85 anos de problemas respiratórios.