Conhecer
na manhã de sexta-feira, 23 de junho de 2023, os
resquícios do que foi o Império Romano num pais africano. Foi mais ou menos essa
sensação que tive ao visitar Cartago, que os tunisianos se referem como
Cartage.
Mais
para não criar confusão com os leitores vou me referir com o nome que nos
habituamos a conhecer nos nossos livros de história do ensino fundamental e
médio como Cartago. Certo. Então beleza.
A
visita a Cartago ocorreu na manhã de sexta-feira, dia que a noite iria ocorrer
a cerimônia do jantar de casamento da prima Pina com Medhi.
O
famoso filosofo e teólogo Santo Agostinho(354-430 a.C.), antes de fazer
carreira no sacerdócio virando bispo, havia visitado Cartago ainda muito jovem.
Segundo descrito pelo historiador brasileiro
Luiz Felipe de Alencastro sobre Aurelius Agustinus Hiponesis seu nome original em latim que ele nasceu na periferia
do Império Romano, onde seus pais Patricio e Mônica se endividaram para mandá-lo
estudar na Universidade de Cartago, a metrópole da África romana, porém o jovem
Agostinho em vez de estudar caiu na gandaia como ele bem descreve:
“E eu fui a Cartago; em minha volta crepitava a
caldeira dos amores vergonhosos....; eu procurava a o que amar... vítima é
agente de sedução" .
Foi
em Cartago que Alencastro descreve sobre a pitoresca relação que ele teve com
uma cartaginesa:
“Amancebado
com uma moça cartaginesa, ele tem aos 18 anos, um filho, Adeodato. Dá para
saber de tudo isso e muito mais de sua vida porque Agostinho escreveu, 25 anos
depois, quando já se havia convertido ao cristianismo e era bispo de Hipona, as
Confissões, a autobiografia que constitui uma obra-prima da literatura
ocidental.”*
Digamos
que mais ou menos dessa maneira como Santo Agostinho descreveu sobre Cartago em seu
famoso livro das Confissões, eu meio que senti ao conhecer o
deslumbramento das maravilhosas ruinas
do Império Romano na região de Cartago.
Visitar
o lugar que é um sitio arqueológico, onde cada lugar apresenta um pouco sobre a
rotina do modo vida do povo romano que habitou o lugar na Antiguidade da Roma
dos Césares.
Foi
muito legal passear por cada lugar com as informações que o guia que foi
contratado para nós informar falando em inglês sobre cada lugar com uma das
amigas da prima Pina traduzindo.
Passear
por Cartago numa manhã com o sol
escaldante, ainda mais que ali estava em pleno período da alta estação quente
do verão tunisiano e não
lembro direito qual o grau de temperatura que se encontrava e de hora em
hora eu pegava meu garrafão com água gelada para poder me hidratar e usando um
band-daid para aliviar meu ferimento da noite do meu incidente na casa do noivo.
Passeamos
por todos os cantos de Cartago, onde em cada lugar víamos um pouco sobre como
era o modo de vida do povo romano quando vivia por lá com a explicação do guia.
Um desses lugares curiosos foi quando ele explicou sobre as termas, local que
servia como banho público da população.
Algumas
pessoas tendem a imaginar um lugar como esse numa visão banal associado ao
erotismo pelo fato dali ser um lugar onde o povo dividia o banho de uma piscina de água quente completamente nus,
mostrando as partes intimas de fora e inclusive não havia uma divisão por
gêneros, tanto homens como mulheres dividiam o mesmo espaço se olhando peladões
literalmente falando. A ponto de equivocadamente alguns ignorantes terminarem
pensando de forma poluída em sacanagem.
Acontece
que esse hábito refletia muito o costume
da antiguidade romana onde eles ainda não tinham desenvolvido o costume de
tomar banho isoladamente em suas
residências, eles ainda não tinham o
conceito de banheiro nas residências como conhecemos hoje. Toda a higiene do
povo romano era feita em locais públicos e Cartago nesse período que contou com
a presença romana trouxe esse hábito e as termas refletiam bem isso.
O
hábito deles dividirem o mesmo espaço para tomar banho completamente sem roupa, não significava nada
de teor sexual pecaminoso, lascivo como
muitos tendem a imaginar.
Algo que passou a ser associados séculos
depois na Idade Média com a forte influência da Igreja Católica no meio
político que usando equivocadamente os conceitos bíblicos passou a repudiar a
nudez e o sexo como pecaminoso,
principalmente depois que houve o surgimento do Tribunal da Santa Inquisição.
E isso também meio que aconteceu com relação
ao povo tunisiano depois que passados alguns séculos viraram islamizados com as
invasões dos povos mouros e passaram a adotar a língua árabe como oficial.
As
termas também serviam para que os romanos se socializem para conversar sobre
suas intrigas do Império como bem também explicou o nosso guia.
A
melhor forma de entender o que significava as termas para o povo romano é
recomendando assistirem ao anime Thermae
Romae Novae(Japão, 2022) que está disponível na Netflix,
que dá um exemplo bem didático da importância dessas termas para os romanos.
Uma curiosidade que posso destacar
sobre Cartago é que ele já serviu de palco para rodagens de algumas produções
monumentais do cinema sendo uma dessas produções o filme de comédia A Vida
de Brian(Monty´s Pyton Lifes of Brian, EUA, 1979), estrelado pela trupe
britânica do Monty´s Pytons satirizando a história de Jesus Cristo. Onde aqui
mais especificamente foi rodado locado no teatro romano.
Posso concluir que minha experiência
nesse dia visitando Cartago pela manhã foi sensacional.
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