No
dia 3 de Abril de 2000, o saudoso apresentador Jô Soares(1938-2022) retornava
a Globo após 13 anos de sua conturbada saída para comandar o late-night talk
show Programa do Jô(2000-2016).
Desde
o final dos anos 1980, que Jô estava desejando trazer esse formato para o
Brasil que já estava consolidado nos Estados Unidos que é o programa de
entrevistas inspirado no que apresentadores como: Steve Allen(1921-2000),
Johnny Carson(1925-2005), Larry
King(1933-2021) e David Letterman faziam
e eram bastante populares e queria
trazer isso para o Brasil desde a
época em que ainda estava na Globo
estrelando o humorístico Viva o Gordo(1981-1987).
Jô
chegou a apresentar essa proposta para José Bonifácio de Oliveira
Sobrinho(Boni) o então poderoso chefão
executivo da emissora, mas foi recusada por achar arriscada demais, o que
deixou Jô indignado.
Isso
terminou resultando na sua saída conturbada da emissora no final de 1987, o que
resultou de Silvio Santos(1930-2024) pioneiro da TV Brasileira e naquela
ocasião dono do Sistema Brasileiro de
Televisão(SBT) fundado em 1981 ao observar seu desgosto com a Globo por não
querer realizar o seu sonho de trazer o talk show para a tv brasileira
veio com a proposta de justamente trazer isso para convencê-lo
a ser contratado para compor o seu elenco estelar.
Com
essa proposta irrecusável, Jô então
decidiu aceitar e brigado com a Globo se transferiu para o SBT,
para comandar o Jô Soares Onze e Meia que estreou no dia 17 de
Agosto de 1988, cujo título bem deixava evidente ser um programa noturno da
madrugada que as vezes não começava pontualmente as 11:30 da noite, mas já de
meia-noite.
Sua permanecia no SBT durou longos onze
anos, chegando ao fim em 30 de dezembro de 1999, cuja justificativa que Jô deu
numa entrevista para o periódico O Globo de Junho de 1999 foi de que:
"Quando fui para o SBT, a
programação tinha Boris Casoy, Lillian Witte Fibe, dramaturgia e investimento
em jornalismo. Hoje, isso mudou. Os rumos da programação são outros".
Jô
levou consigo para a Globo, a mesma equipe
de redatores que trabalhava no Jô
Soares Onze e Meia do SBT, gente que já trabalhava para ele em
humorísticos que foram: Hilton Marques e
Max Nunes(1922-2014), que contou também
com a direção e redação de Dilea Frate e a direção de Willem Van Weerelt.
Jô
também levou para a Globo, o garçom Alex que sempre aparecia para lhe servir um
chá durante sua entrevista. Que não o acompanhou no início, quem assumia essa função era o primo de Alex,
Felipe quando este veio a óbito em 1991 ele foi quem passou a assumir a função
de garçom.
E
também levou consigo a banda de apoio do Sexteto do Jô cuja formação era: Dérico Sciotti no saxofone
e flauta, Chiquinho Oliveira no trompete, Miltinho na percussão e bateria,
Carlos Tomati na guitarra, Osmar Barutti
no piano e Ubirajara Penacho dos Reis vulgo Bira(1934-2019) no baixo.
Ele
também imprimiu no programa, além do seu brilhante talento para o humor, o
traquejo que ele desenvolveu nos 11 anos a frente do Jô
Onze e Meia no SBT para apresentar e
conduzir as entrevistas com os convidados que se sentavam em seu sofá,
procurando sempre extrair algo de interessante deles, principalmente quando ele
pressentia que este convidado estava desinteressante.
Algo
que outros que replicaram o formato, dificilmente conseguiriam demonstrar ter
essa mesma habilidade que Jô tinha.
Na
estreia, a primeira pessoa a quem Jô entrevistou foi o fundador da Globo
Roberto Marinho(1904-2003).
Ele
também foi concedendo outras entrevistas com gente importante ao longo dos 16 anos que o programa durou nas
madrugadas da Globo.
Uma
dessas mais pitorescas foi a entrevista
ocorrida no dia 7 de Abril de 2000 que contou com a presença das três artistas
que foram as pioneiras da televisão brasileiras e eram amigas inseparáveis que
no caso estou me referindo a: Nair Bello(1931-2007), Hebe Camargo(1929-2012) e
Lolita Rodrigues(1929-2023).
Onde
esta chegou a cantar o hino dedicado a inauguração da TV Tupi, dizendo que é
horrível.
O
Programa do Jô chegou ao fim em 16 de Dezembro de 2016, diversos foram
os fatores que levaram ao seu encerramento após longas 16 temporadas concedendo
14.426 entrevistas com as mais diferentes personalidades.
Primeiro:
No final de 2013 a Globo começou a enxugar os salários dos seus contratados adotando
uma politica de contrato por obra, não mais o modelo tradicional de contratos fixos de
receber salários exorbitantes. O que foi acarretando numa diminuição nos custos
de sua produção nos últimos dois anos que ele permaneceu na emissora.
Segundo:
Em 2014 Jô precisou se ausentar durante uns meses para tratamento médico
fazendo uma cirurgia bariátrica, foi nesse período que sua equipe sofreu o desfalque
com o falecimento do redator Max Nunes em 11 de Junho de 2014 aos 92 anos, após
ter sofrido uma queda e fraturado a tíbia. Um velho parceiro de Jô desde os primórdios
da televisão brasileira.
Terceiro:
Foi durante sua ausência que o programa The
Noite, que estreou no SBT em 10 de Março de 2014, comandado pelo recém-egresso
da Band Danilo Gentili foi ganhando mais audiência e foi crescendo e se
consolidando com seu formato diferenciado.
Quarto: Quando Jô retornou ao trabalho após a cirurgia
ele sem seu importante parceiro ficou
muito sem rumo e não conseguiu mostrar mais tanto vigor para concorrer com o
formato do The Noite. Isso foi afetando a audiência, como se não
bastasse tudo isso, Jô enfrentou a perda de seu único filho Rafael Soares, no
dia 31 de Outubro de 2014, com 50 anos, ele tinha autismo e sofreu com um câncer
no cérebro, ele foi fruto de sua união com a ex-atriz Teresa Austregésilo(1933-2021).
Quinto:
Nos últimos dois anos de programa no ar, com a equipe reduzida por conta dos
cortes de produção, o que ocasionou na saída em 2015 dos músicos Chiquinho e Tomati, fazendo com
que no final o Sexteto do Jô, virasse só o Quarteto do Jô.
Restando só Bira, Dérico, Miltinho e Osmar
que acompanharam o programa até o fim. Foi nisso que no começo de 2016, Jô Soares anunciar que aquela
foi a última temporada do Programa do Jô. E dito e feito.
Após
o fim do Programa do Jô, Jô Soares viveu nos últimos anos uma vida
discreta longe dos holofotes, em 2017 publicou o Volume 1 de O Livro de
Jô-Uma Autobiografia Desautorizada e em 2018 publicou o Volume 2 de O
Livro de Jô-Uma Autobiografia Desautorizada dividindo a autoria com Matinas
Suzuki Júnior. Foi durante a cobertura da Copa do Mundo de 2018 que participou como comentarista no
programa Debate Final do Fox Sports.
Jô
Soares morreu “no dia 5 de agosto de 2022, aos 84 anos, no Hospital Sírio-Libanês,
na cidade de São Paulo, onde estava internado desde o dia 28 de julho para
tratar uma pneumonia. A notícia de sua morte foi divulgada pela ex-esposa,
Flavia Pedras, em uma publicação em sua página pessoal no Instagram, também
confirmada pela assessoria de imprensa do apresentador. O hospital não
informou qual foi a causa da morte, atendendo a um pedido do próprio ator à
família. Anne Porlan, amiga pessoal de Jô, afirmou que ele faleceu de causas
naturais. Em 22 de dezembro de 2022, foi
divulgado que o apresentador falecera de insuficiência renal e cardíaca,
estenose aórtica, e fibrilação auricular.
Sua
morte teve grande comoção e repercussão no Brasil e no mundo. Várias pessoas
famosas e autoridades prestaram-lhe homenagens. As emissoras de televisão
como a TV Globo, SBT, TV Cultura, Rede Bandeirantes e Viva alteraram
suas respectivas grades de programação previstas para os dias 5 e 6 de agosto,
reexibindo alguns dos trabalhos e entrevistas onde o humorista participou.
A
herança de Jô Soares foi dividida entre seis pessoas: sua ex-mulher, uma amiga
e quatro funcionários. Flávia, que foi sua mulher entre 1987 e 1998, ficou com
80% da fortuna. A amiga de Jô Soares, Claudia Colossi, herdou 10% dos bens.
Quatro funcionários que trabalhavam na residência do apresentador dividiram os
10% restantes. O patrimônio do apresentador foi estimado em aproximadamente R$
50 milhões.
O
apresentador foi cremado e teve parte de suas cinzas transformadas em
biodiamante por Flávia Pedras.
Em
2024, o Globoplay produziu uma minissérie documental sobre a vida e
carreira de Jô, Um Beijo do Gordo.” (Fonte: Wikipédia).
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