No
dia 24 de Abril de 1995, estreava na Rede Globo a primeira temporada de Malhação(1995-2020).
Trata-se de uma produção em formato de soap opera* voltada para o público jovem,
que nos seus primórdios mostrava sua
história ambientada em academia, o que fazia sentido para o título. A
partir dos anos 2000 se concentrou no cenário de colegial, equivalente ao que
nos EUA se chamaria de High School(Ensino Médio).
A
trama foi idealizada por dois roteiristas iniciantes, recém-formados na Oficina
de Roteiristas da Globo, que no caso foram: Emanuel Jacobina e Andréa
Maltarolli(1962-2009).
Cuja
inspiração para abordar no cotidiano do público jovem foi na cultuada série Confissões
de Adolescentes(Brasil, 1994-1996), produzida pela Tv Cultura.
Essa
ideia de trazer um formato inovador ao Brasil que Malhação trouxe, como descrito no
site Teledramaturgia do jornalista Nilson Xavier:
“Início
a um novo conceito de dramaturgia na TV Globo, semelhante ao das soap-operas norte-americanas
em que, entre outras características, não há previsão de término.
Apesar
das diversas mudanças na equipe de produção, no elenco e nas tramas, a proposta
inicial da Malhação manteve-se ao longo de sua duração:
abordar temas relativos ao universo jovem, como relacionamentos amorosos,
separação de pais, amizade, sexo, virgindade, gravidez não planejada, aborto,
DSTs, assédio, violência urbana e doméstica, racismo, machismo, drogas,
homoafetividade, diversidade, etc.
A Malhação foi
extinta em 2021, após mais de 26 anos no ar.
Estrutura
narrativa
Ao
longo dos primeiros anos de Malhação, para desenvolver uma história
dentro dessa nova estrutura, instituiu-se uma espécie de divisão por semanas:
uma trama que começasse na segunda-feira era resolvida na sexta, quando surgia
o fio condutor para o assunto da semana seguinte. Após alguns anos, as ações
passaram a ser contínuas e a conclusão da história acontecia ao fim de cada
temporada.
Após
sete anos, Malhação contabilizou cerca de 1.900 capítulos
exibidos até dezembro de 2002, ano até quando a audiência manteve-se linear.
Porém, a partir de 2005, a audiência do programa passou a cair a cada ano, já
como reflexo dos novos hábitos com a popularização da Internet e TV a cabo e o
surgimento de novas mídias.”
Outro dia quando estava na academia, estava eu
malhando em frente da TV que estava
sintonizada no Youtube, que tocava numa
playlist do vídeo das músicas de Lulu Santos que tocava como se fossem as
faixas de LP ou de CD quando estavam sendo rodados.
Uma
canção tocando no momento que eu estava na bike ergométrica e me chamou a
atenção foi ao ouvir Assim Caminha a Humanidade a música tema de
abertura dos primeiros anos da Malhação.
Essa
canção é de autoria de Lulu Santos, compõe a faixa 2 do álbum homônimo do cantor lançada em 1994.
É
engraçado eu ter notado, o que eu não
tinha percebido antes o fato desta
canção apresentar uma mensagem muito depressiva do início ao fim por trás do ritmo alegre, contagiante, muito
apropriado para gerar uma adrenalina para quem está malhando numa academia.
O
ar depressivo da canção pode ser bem notada logo no primeiro verso quando o
próprio autor
Lulu Santos começa declamando:
“Ainda
vai levar um tempo
Pra
fechar o que feriu por dentro
Natural
que seja assim
Tanto
para você quanto pra mim.”
Como
se não bastasse isso, o segundo verso também deixa evidente o ar depressivo da
canção quando ele declama:
“Ainda
leva uma cara
Pra
gente poder dar risada
Assim
caminha a humanidade
Com
passos de formiga e sem vontade”.
O
terceiro verso deixa mais evidente o teor depressivo da letra quando ele declama:
“Não
vou dizer que foi ruim
Também
não foi tão bom assim
Não
imagine que te quero mal
Apenas
não te quero mais.
Após
declamar esses três versos, ele ainda repete e
conclui repetindo pela última vez o terceiro verso e acrescenta assim:
“Não
vou dizer que foi ruim
Também
não foi tão bom assim
Não
imagine que te quero mal
Apenas
não te quero mais
Não te
quero mais
Não
mais!
Não te
quero mais
Não
mais!
Nunca mais!
Êh!Êh!”.
É
curioso perceber como trinta anos depois, por trás da alegre canção que marcou a
abertura da Malhação e é tão assimilada aos exercícios de ginastica continha
uma mensagem muito triste, de cunho depressivo.
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