Na
minha segunda-feira de Carnaval de 2025,
passei assistindo na Netflix ao
documentário Axé: Canto do povo de um lugar(Brasil, 2016). Uma excelente
obra para entender desse movimento artístico que simboliza o Carnaval baiano e
que nesse ano de 2025 comemora 40 anos.
O
ponto de partida que marcou o surgimento desse gênero musical tipicamente baiano
se deu com o lançamento do álbum Magia
de Luiz Caldas, onde das 10 músicas que compõe o repertório desse álbum, foi a sexta canção Fricote, do polêmico trecho
racista da “Nega do cabelo duro, que não gosta de pentear”, fez muito
sucesso comercialmente a nível nacional, muito disso graças a figura de
Abelardo Barbosa vulgo Chacrinha(1917-1988), importante nome pioneiro da tv
brasileira que ao tomar conhecimento dessa empolgante canção, convidou Luiz
Caldas para se apresentar em seu programa o Cassino do Chacrinha, e foi
uma presença recorrente, assim como aconteceu com Sarajane e o Chiclete com
Banana*.
Esse
é considerado o ponto de partida que explica o surgimento desse ritmo musical
que é muito conectado ao carnaval baiano. Se bem que na verdade, a festividade
do carnaval baiano não surgiu a partir desse movimento, e não foi Luiz Caldas o
responsável por nomear isso
comercialmente de Axé Music como nós conhecemos.
Para
explicar melhor, vou precisar me basear nos antecedentes para que possam serem
contextualizados dentro dessa minha explicação para chegar até ao que
conhecemos como Axé Music.
Bom,
não tem como cravar quando deu início a manifestação do carnaval baiano, mas
com base no que a folclorista Hildegardes Vianna(1919-2005) explicou sobre a introdução da micareta foi ali mais
ou menos por volta da década de 1930:
“A
micareta foi introduzida em Salvador porque o carnaval estava perdendo o brilho
na capital. A festa foi organizada pela elite local com os seguintes elementos
inovadores: "desfiles nas ruas com os três grandes clubes e uma profusão
de cordões e blocos. O corso, desfile de cordões de foliões fantasiados
em carros abertos, era o mesmo do carnaval, havendo animadas batalhas de
confetes e serpentinas".
Foi
por volta de 1935, que as festividades trazidas de séculos atrás pelos
colonizadores portugueses, franceses e espanhóis que era chamado de mi-caréme
herdado do idioma francês para definir a
festividade do carnaval fora de época passou a ser denominado de micareta que
eram as festividades do corso e das batalhas das flores.
O
Jornal A Tarde de Salvador publicado em 05 de Abril de 1935, registrou a
pitoresca eleição sobre a mudança de nome:
“Morre,
não morre, a Micareme ganhou novo alento com a campanha feita pelos jornais
para a mudança de nome (...). Depois de ruidosa votação popular, dez nomes
foram selecionados para as semifinais: Refolia, Micareta, Carnavalito
Arlequinada, 1ª Festa Outonal, Mascarada, Bicarnaval, Precarême, Brincadeira
e Remate. Nas finais, Refolia e Micareta se pegaram (...) – vencera Micareta
por três votos.” Foi
por volta de 1950, que uma dupla de músicos formado por Adolfo Antônio “Dodô”
Nascimento (1920-1978) e Osmar Álvares Macedo(1923-1997) resolvem se
apresentarem dentro de um carro Ford Modelo T fabricado em 1929 e apelidado
de Fobica Elétrica. Elétrica
porque eles adaptaram por meio de
amplificadores usando de guitarras, inspiradas na sonoridade do frevo pernambucano adaptando para algo
mais tipicamente baiano, o que ficou chamado de guitarra baiana que eram para
serem ouvidas e reproduzidas em todo o lugar. Foi
um precursor do modelo que conhecemos da caminhonete que circula com a
multidão entre os camarotes com os cantores em cima se apresentando e puxando
o bloco, denominados de puxadores de blocos. “No
ano seguinte trocaram de carro por uma pick-up Chrysler
Fargo e adicionaram um triolim (guitarra tenor) tocado pelo
amigo Temístocles Aragão formando, assim, o "trio elétrico"; em
1952 mais inovações foram introduzidas formando um total de oito
alto-falantes, geradores adicionais, e receberam o apoio da fábrica baiana de
refrigerantes Fratelli Vita; em 1953 a invenção foi copiada por outros grupos
("5 Irmãos", "Ipiranga" e "Conjunto Atlas") e o
conceito do "Trio Elétrico" se consagrou.” (Fonte: Wikipédia). O
que me faz recordar de vagamente quando eu era moleque eu fui passar férias
em Salvador/BA, eu cheguei a visitar um local que não lembro em
qual bairro ficava localizado, devia ser um memorial que estava exposto o primeiro carro do trio
elétrico criado pela dupla Dodó & Osmar. Mesmo
Temístocles tendo permanecido pouco tempo, o termo trio elétrico pegou,
principalmente quando por volta dos anos 1970, o filho de Osmar, o guitarrista Armando da
Costa Macedo, o “Armandinho”, passou a
tocar junto no trio que passou a ser referido como trio elétrico Armandinho,
Dodô & Osmar. Em
1969, o cantor baiano Caetano Veloso, já
renomado no mercado fonográfico brasileiro que figurava junto de conterrâneos formados
por sua irmã Maria Bethânia, Gilberto
Gil e Gal Costa(1945-2022) no movimento da vanguarda musical
revolucionária brasileira conhecida como Tropicalismo lançou uma
canção em referência ao trio elétrico intitulada de Atrás do Trio Elétrico
cujo trecho é: Atrás
do trio elétrico Foi
por volta dos anos 1970, que o cantor Moraes Moreira(1947-2020), após sair do
conjunto musical dos Novos Baianos** passou a tocar nos trios
elétricos do Carnaval Baiano. Foi
o que deu visibilidade nacional para isso, ainda mais quando por volta do
final dos anos 1970 e começo dos anos 1980 foram se formando os blocos de
ruas, que eram divididos pelas classes sociais. Haviam
os blocos que atraiam as elites
brancas das tradicionais famílias baianas e os blocos das camadas sociais mais
pobres, formada pela população preta, que descende dos escravos vindos da
África. Blocos
como Traz os Montes, Camaleão, Crocodilo, Cheiro de
Amor, EVA***, que deram origem aos artistas como os conjuntos
musicais: Chiclete com Banana, Asa de Águia, Banda EVA, Banda
Cheiro de Amor, Banda Beijo, BandaMel e artistas solo como Ricardo
Chaves, Netinho dentre outros exemplos. Esses
representavam os blocos das grandes elites baianas que foram formadas por agremiações
estudantis e por outro lado havia os blocos das camadas periféricas marginalizada
que tocavam músicas com sonoridade da ancestralidade africana como o Ilê Ayê,
Ijexá, Samba de roda, Samba-Reggae,
Pagode Baiano e dentre esses blocos estava o bloco dos Filhos de
Gandhi, onde costuma desfilar Gilberto Gil, esse mesmo símbolo da
vanguarda do tropicalismo. Foram
desses movimento que deram origem a musicalidade de artistas do Ollodum, Timbalda, Ara Ketu, É o
Tchan, Terra Samba, Harmonia do Samba dentre outros exemplos. É
desse momento que dá origem a musicalidade de Luiz Caldas, um egresso do
conjunto musical Acordes Verdes cujo primeiro disco foi gravado pelo
importante Estúdio W.R, se utiliza muito dessas influências para
desenvolver seu disco com outras referências musicais externas como a New
Wave, por exemplo e que deram origem a canção Fricote. No
que isso foi gerando um forte apelo comercial a nível nacional, graças ao apresentador Chacrinha que o convidou para
se apresentar em seu programa foi daí que surgiu um modelo industrial que
ainda não tinha um rótulo especifico. O
responsável por batizar aquilo como Axé Music, foi o jornalista Hagamenon
Brito, um crítico musical que cravou essa denominação especifica como tal ao publicar em 1987 o artigo em sua coluna no importante jornal de
grande circulação no estado da Bahia que é o Correio da Bahia. Que
foi dado com o cunho pejorativo segundo pelo que ele mesmo explicou recentemente numa entrevista ao
site do Jornal Correio da Bahia de 1º de Fevereiro de 2025: “Quando
eu criei o termo Axé Music tinha uma ironia, era uma brincadeira. Axé era
como a minha geração - roqueira influenciada pelo punk e pós-punk - se
referia àquela estética e não àquela música. Hoje em dia falam que se referia
à música e aos músicos. Mentira! A gente se referia à estética, que a gente
considerava brega. Até hoje eu considero. Quando eu via os vídeos antigos de
Luiz Caldas de pés descalços, com as roupas parecendo um hippie e com penas
de pavão no brinco, achava brega. Eu achava Sarajane dançando, daquele jeito
exótico, brega. Já falei isso pra ela, a gente dá risada.” O
termo que Hagamenom batizou para aquele novo
estilo de música surgida na Bahia nos anos 1980, vem justamente de origem africana, um termo
iorubá, que significa energia, poder e
força. O
que faz sentido para a influência da musicalidade africana herdada do povo
escravo. Principalmente de conjuntos
musicais como Ollodum, Timbalada, Ara Ketu, cujas letras, expressavam aquele tom que
exaltavam sem que você percebesse um pouco dessa riqueza cultural, um tanto
marginalizada como pode ser exemplificado num trecho da canção Faraó: “Deus
e divindade infinita do universo Predominante
esquema mitológico A
ênfase do espírito original Formará
no Eden o ovo cósmico A
emersão nem Osíris sabe como aconteceu A
emersão nem Osíris sabe como aconteceu A
ordem ou submissão do olho seu Transformou-se
na verdadeira humanidade”. “Eu
falei faraó Ou
mesmo na letra da canção Cartão Postal, que traz uma interessante crítica
social a respeito do cotidiano dos moradores do Pelourinho, uma grande atração turística de
Salvador que não tem nada dessa romantização como mostra nesse trecho: Pelourinho
não é mais aquele Olha
a cara dele Pelourinho
não é mais aquele Olha
a cara dele Você
não fica à toa Tem
muita gente boa Você
não fica à toa Tem
muita gente boa Aqui
tudo mudou São
15 anos que brilhou Aqui
tudo mudou São
15 anos que brilhou Olodum
filhos do Sol Reluz
e seduz o meu amor Negros
conscientizados Cantam
e tocam no Pelô. Pelo
tom pejorativo inicial, houve artistas desse segmento que não gostavam
inicialmente de se rotularem como de Axé, só depois que viram o forte impacto
e apelo comercial que aquilo trazia
para o mercado fonográfico fora da Bahia, foi então que o gênero se
consolidou. Ainda mais quando em 1992
Daniela Mercury estourou com a canção O Canto da Cidade, que estourou
nas rádios e serviu como um grande escapismo proporcionando alegria para a população
brasileira naquele momento tenso com o Impeachment do então Presidente da
República Fernando Collor de Mello. A Bahia já era rica musicalmente,
principalmente com o talento de artistas de outros gêneros como Dorival
Caymmi(1914-2008) e João Gilberto(1931-2019), ícones da Bossa Nova. Raul
Seixas(1945-1989), ícone da música
transgressora do rock e Waldick Soriano(1933-2008), ícone do brega. Mas
foi o gênero musical da Axé Music, que fez a Bahia figurar como o grande polo
da indústria fonográfica brasileira, graças ao incentivo do empresário Wesley Rangel (1950-2016) ao criar um
estúdio no próprio estado o Estúdio WR, onde os artistas gravavam seus
discos lá, ainda que estivesse longe
de se equiparar aos recursos de níveis
de produção das grandes gravadoras do
Eixo Rio-São Paulo. Foi
por meio da expansão comercial construído pela Axé Music que o modelo de
Micareta foi se espalhando por diferentes estados no Brasil, como por
exemplo, aqui em Natal-RN todo o período de dezembro temos o Carnatal, um
trocadilho com o nome da capital potiguar assim como outras cidades tem seus
trocadilhos. Inclusive a prática do Carnatal
surgiu quando em 1989, um grupo de empresários potiguares ao viajarem para o
município de Feira de Santana/BA, lá tomaram conhecimento com o modelo de
micareta que defini o carnaval fora de época e trouxeram para cá e desde 1990
vem ocorrendo o Carnatal durante o período de dezembro. Eu tive a oportunidade de prestigiar uma
dessas festas de trio elétrico do Carnatal quando eu era menino, a convite de um parente onde fiquei
num camarote com minha família. |
Tudo
isso que expliquei está bem aprofundado no documentário Axé-Canto do Povo de
um Lugar, que recomendo assistirem. Dirigido por Chico Kertész, a obra narra a história desse importante patrimônio cultural da Bahia.
O
documentário apresenta um vasto material riquíssimo com entrevistas com os mais
variados artistas desse segmento que construíram suas carreiras nesse gênero,
desde dos que conquistaram um sucesso
longevo como a Daniela Mercury, Ivete Sangalo,
Claudia Leite aos que não
conseguiram se consolidar artisticamente após lançar uma única canção de
sucesso.
Também
entrevistam Caetano Veloso e Gilberto Gil, dois importante cantores baianos,
que viram o nascer da Axé Music nos anos 1980 quando Luiz Caldas lançou em 1985
a música Fricote.
Outras
entrevistas que o documentário apresenta são de músicos, compositores,
engenheiros de som, radialistas, produtores culturais, dirigentes dos
blocos, gente que de alguma forma teve
envolvida na história desse gênero musical tipicamente baiano.
Dentre
esses merece menção o nome do produtor Wesley Rangel, um importante mecenas que
ajudou a investir na popularidade da Axé Music em todo o Brasil, ainda mais que
ele foi o criador na capital baiana do
Estúdio WR, responsável pelas gravações
dos álbuns dos artistas desse gênero e também do engenheiro de som
Ferando Gundlach****. O documentário apresentou o registro do depoimento deles antes de
ambos virem a falecer.
Fora
que o conteúdo também apresenta uma riqueza de imagens de arquivos das matérias
raras do Chiclete com Banana, Asa de Águia sendo entrevistados na popular emissora
local da Tv Aratu.
Das
primeiras apresentações desses artistas nos populares programas de TV no final
da década de 1980. Como do Chiclete com Banana no Cassino do Chacrinha em
1987. Do Netinho como vocalista da Banda Beijo no Domingão do Faustão
em 1989 e recortes das matérias de
jornais e revistas.
Outros
depoimentos importantes no documentário
são de Hagamenon Brito, jornalista e crítico musical, o autor do
rótulo Axé Music, inicialmente para
designar de forma pejorativa aquele estilo musical popular, alegre,
contagiante, carnavalesco, que trazia uma mistura de músicas típicas dos blocos
carnavalescos, com as influências africanas, trazidas de grupos periféricos com
o intuito de caracterizá-lo como brega, que teve início com Luiz Caldas.
Que
facilmente atraia todas as camadas mais populares.
O
interessante do documentário é que ele não é chapa branca ao abordar o lado espinhoso
da Axé Music em se tratando do seu esquema mercadológico predatório que já
gerou um clima desagradável entre muitos artistas com os empresários dos blocos
que costumam receberem uma porcentagem maior dos lucros, algo que talvez para nós
como público consumidor que tanto os idolatramos sequer paremos para imaginar
como isso não é algo tão glamoroso como podemos imaginar.
Para
citar dois exemplos específicos:
Quando
Bell Marques, que por mais de 30 anos foi o vocalista do Chiclete com Banana,
até resolver deixar a banda em 2014
depois de muitas divergências internas com a banda e a direção executiva da
marca que envolveu até mesmo briga
familiar entre ele e seus dois irmãos: o tecladista da banda Wadinho Marques e
o técnico de som e empresário da banda Wilson Marques. Que inclusive, ambos aparecem
no documentário dando uma breve explicação em como se deu esse rompimento dele
com a banda.
Pior
mesmo foi o que ocorreu com Carla Visi, ex-vocalista da Banda Cheiro de Amor*****,
numa entrevista que concebeu ao Bagunças
Podcast com apoio do Bahia Noticias em 2023, explicou que a razão de
sua saída da banda ocorrida em 2000 envolveu
a briga judicial que a vocalista anterior a ela Márcia Freire moveu um processo
trabalhista contra o bloco e ganhou o processo e como consequência do acordo, deles
aceitarem que ela retornasse ao vocal da banda como uma forma de compensar o
valor estipulado da multa que eles teriam de pagar e como consequência disso, acabou
na saída abrupta de Carla Visi sem uma explicação oficial e com o retorno de Márcia
Freire, e segundo pelo que ela explicou, não podia comentar sobre isso
publicamente.
E
por conta do rótulo comercial, sendo tudo botado num saco só, isso termina gerando a confusão em que por exemplo, o conjunto
musical do É o Tchan, tem uma estética musical inspirada no samba-reggae
e no pagode baiano, com letras e coreografias de cunho erótico, mas comercialmente
são caracterizados como axé.
O
que posso concluir é que nesse ano de 2025, em que a Axé Music, completou seus
40 anos assistir esse documentário para entender um pouco da importância disso
para a cultura do carnaval tipicamente baiano é de suma importância. Vale a
pena assistir.
***O
Bloco Eva surgiu em 1980, na Bahia, a partir de um grupo de amigos do
Colégio Marista que em 1977 formaram um Grêmio Estudantil. O bloco foi
criado após um grupo de amigos passarem
no vestibular e decidirem festejar e tocar juntos. A escolha do nome por
mais estranho que possa parecer, não tem relação alguma com o nome da Eva bíblica, mas ao primeiro local onde eles desfilaram localizado na Avenida
Aliomar Baleeiro também conhecida como Estrada Velha do Aeroporto que formava a
sigla EVA formando também um acrônimo. Ao contrário da canção que leva o nome
da banda originada desse bloco sendo formada em 1993 que foi gravada no seu CD Ao Vivo lançado em 1997 quando a banda
ainda contava com Ivete Sangalo como vocalista. Uma canção que sequer era inédita,
trata-se do cover de outro conjunto musical, Rádio
Táxi gravado em 1983, cuja autoria nem é de um brasileiro, mas dos italianos
Umberto Tozzi e Giancarlo Bigazzi(1940-2012) inspirado na versão original que
foi gravado por Umberto Tozzi em 1982. Essa sim trazia uma referência
da Eva bíblica por trás de sua simplista estética romântica ao abordar um cenário de
ficção cientifica space opera contando a história de forma eu-lírica de um cara que chama sua amada para lhe
acompanhar numa espaçonave para fugir da Terra que está prestes a acontecer um apocalipse
nuclear onde ele metaforicamente remente
a bíblia que eles seriam como Adão e Eva vagando no espaço e sua astronave
seria a Arca de Noé. Pesado não. A principal razão para o porquê
dessa canção carregar uma pesada mensagem sobre uma atmosfera de apocalipse
causada por uma catástrofe nuclear tem a haver com a
contextualização que envolve o cunho real que o seu respectivo
autor tinha vivenciado ao criá-la, pois tratava-se
de uma crítica social a respeito da sensação de pessimismo que o
mundo na década de 1980 estava passando com o medo de haver
uma guerra nuclear, ainda mais que vivíamos no
período da Guerra Fria. Que envolveu a disputa política e industrial entre duas
grandes potências: os EUA e a antiga URSS(União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas) atual Rússia. E o medo constante do uso das armas
nucleares poderiam causar uma destruição em massa da humanidade. A música
de certa forma reflete bem aquela sensação dramática que o mundo
passava na década de 1980, e isto fica bem evidente quando você percebe que ela
em todo o seu escopo apresenta uma atmosfera de um cenário apocalíptico com
referências bíblicas, e a evidencia disso está no fato da própria musa que dá
título à canção fazer a referência a Eva da bíblia, a primeira mulher criada
por Deus pela costela de Adão. Dentre os artistas que já passaram pelo bloco
antes mesmo de surgir sua própria banda, o primeiro responsável por puxar o
bloco foi Juscelino Oliveira Morbeck vulgo Jota Morbeck(1961-2000), também
passaram Ricardo Chaves, Durval Lelys, Ivete Sangalo, Saulo Fernandes dentre
outros.
****O
engenheiro de som Fernando Gundlach, que aparece dando depoimento no documentário morreu de forma covarde ao ser
baleado depois que sofreu um assalto no dia 06 de Outubro de 2015. O
documentário só foi lançado em circuito
comercial postumamente, do mesmo jeito que postumamente foi lançado depois que outro
entrevistado na obra, o produtor musical Wesley Rangel faleceu em 06 de Janeiro
de 2016 após enfrentar uma dura batalha contra o câncer de próstata com metástase
óssea há cinco anos.
*****Surgida
inicialmente nos anos 1980, como Bloco com o nome Pimenta de Cheiro, cujo trio elétrico
carregava como característica soltar o cheiro de perfume. Ao longo da história da banda,
foram mudando as formações de vocalistas, a primeira vocalista foi Laurinha Abrantes que marcou o Carnaval
Baiano por ser a primeira mulher a puxar um bloco, o que até então de predomínio
masculino. Depois foi substituída por Márcia Freire, que assumiu o vocal do
conjunto a partir de 1985 e foi responsável por firmar o nome da banda
nacionalmente até 1996, quando foi substituída por Carla Visi que ficou no conjunto
até o ano 2000. Com a saída de Carla Visi, Márcia Freire ao comando como parte
do acordo judicial, após vencer o processo trabalhista contra a direção
executiva do bloco. Em 2003, Aline Rosa assumiu a função de vocalista do
conjunto e permaneceu até 2014, sendo substituída por Vina Calmon que ficou até
2024, sendo substituída por Raquel Tombesi.
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