No dia 03 de Setembro de 1994, estreava nos
Estados Unidos a série VR TROOPERS(EUA, 1994-1996).
Trata-se
de uma adaptação americana da Saban Entertainment de três séries japonesas do gênero tokusatsu, que
compõe a franquia metal hero.
Ambas
da década de 1980 que originalmente já tinham sido exibidas no Brasil como Guerreiro
Dimensional Spielvan(Jikuu Senshi Spielban, Japão, 1986-1987) e Metalder-O
Homem Máquina(Chōjinki Metarudā, Japão, 1987-1988).
Com
a inserção na segunda temporada do Policial do Espaço Shaider('Uchū
Keiji Shaidā', Japão, 1984-1985).
A
ideia da produtora de fazer essa adaptação aconteceu como consequência do
sucesso de Mighty Morphin Power
Rangers(EUA,1993-Atual) uma adaptação da série japonesa super sentai Kyōryū
Sentai Zyuranger(Japão, 1992-1993). Uma realização de um antigo desejo de
exportar tokusatsu para o Ocidente, através dessas adaptações.
Já
que lá pelo final dos anos 1970, Stan Lee(1922-2018) criador do Universo
Marvel cedeu o Homem-Aranha para ser
adaptado pela Toei numa série tokusatsu, lançada em 1978, como forma de atrair
o mercado asiático, com características
bem típicas dos japoneses que envolviam o Homem-Aranha encarar monstros que se
agigantavam e chamar um robô gigante Leopardon para enfrenta-los.
Isso
passou a ser colocado na franquia Super Sentai, série dos
super esquadrões criadas por Shotaro
Ishinomori(1938-1998), o cabeça da franquia Kamen Rider, a partir de 1975 com Himitsu Sentai
Gorenger(1975-1977).
E que a partir da terceira série da franquia
que foi Battle Fever J (1979-1980), que contou com a participação direta
do próprio Stan Lee é que foi inserido o Robô Gigante que permanece até hoje.
Foi Lee quem tentou trazer para o Ocidente bem
antes do empresário israelense, nascido no Egito, Haim Saban vim a adaptar
Super Sentai para Power Rangers para o Ocidente
no começo dos anos 1990.
Como
bem foi mostrado no episódio da terceira
ou quarta temporada da série documental da Netflix, Brinquedos Que Marcaram Época(The
Toys That Made Us, EUA, 2017-2019).
Ao
entrevistarem a produtora de TV Margareth Loesch, responsável por produzir
grandes desenhos com a Marvel Productions,
que foi com quem Lee mostrou o material da série Taiyou Sentai Sun
Vulcan (Japão, 1981-1982) e quando ela apresentou o material editado aos executivos de muitas emissoras, a maioria detestou, achou a
produção de qualidade questionável, brega, com efeitos especiais capengas
enfim.
Isso
fez Lee terminar desistindo do projeto, anos depois em 1984, Saban que na época
já estava envolvido no ramo do
entretenimento sendo responsável por produzir jingles de séries animadas famosas,
como a de He-Man, Inspetor Bugiganga entre outros desenhos famosos dos anos 1980.
Tinha
feito uma viagem ao Japão e ao assistir na TV do seu quarto de hotel, havia
ficado impressionado ao se deparar com a então série super sentai em exibição na
TV Asahi que foi Choudenshi Bioman(Japão,1984-1985), série que antecedeu
ao famoso Esquadrão Relâmpago Changeman(Degenki Sentai Changeman, Japão,
1985-1986), que passou aqui no Brasil entre o final dos anos 1980 e começo dos
anos 1990, sendo distribuído pela
Everest Vídeo. E que em 2020 passou na Band durante a quarentena da
Pandemia do Covid-19.
Ao
se deparar com essa série, Saban teve a ideia de tentar adapta-la para Power
Rangers antes de Zyurangers. Chegou a fazer um esboço, escalou o elenco, gravou
um piloto não indo para frente até finalmente ver o seu sonho ser concretizado em 1993 com
Mighty Morphins Power Rangers.
Depois
que viu Power Rangers bombar, Saban e seu então sócio, o israelense Shuki Levy
resolveram alçar outros voos, desta vez
adaptando outra franquia japonesa de tokusatsu que foi a Metal Hero.
Depois
que dei uma revisitada na série isso por volta de 2020 enquanto ainda estava disponível
na Netflix, acompanhando todos os 50
episódios da primeira temporada que esses eu já tinha visto e revisto bastante quando eu era criança, na época que passava nas manhãs da Rede Globo na antiga grade infantil da TV
Colosso(1993-1997) hoje ocupada por programa de variedades lá pelos idos de
1995/1996, e os 40 episódios da segunda
temporada onde que essa eu não acompanhei antes, porque ela teve uma passagem
muito obscura aqui no Brasil.
Pude
constatar com outros olhos, as razões do porquê de ao contrário de Power Rangers ter
conseguido vingar como adaptação de Super Sentai ao Ocidente e virar uma grande
marca, o mesmo não se pode dizer em
relação a VR Troopers como outra tentativa de adaptação de outra
franquia de tokusatsu para o Ocidente.
O
enredo da série girava em torno de Ryan Steele(Brad Hawkins), um jovem atleta
faixa preta no karaté da Escola de Artes Marciais Tao Dojo, administrada por
Tao Chong(Richard Rabago), é lá que ele também se torna o instrutor da academia
junto de seus inseparáveis amigos JB Reese(Michael Bacon) e Kaitilin Star(Sara
Brown) que é jornalista do importante jornal de maior circulação da cidade
fictícia de CrossWorld: o Daily Voice Underground.
Nesse
jornal, ela trabalha com Woody Stoker( Michael Sorich) seu excêntrico
editor-chefe e o Percival “Percy” Rooney III(Aaron Pruner) um sujeito
completamente esnobe, egocêntrico por
ser sobrinho do Prefeito de CroosWorld e
com um comportamento bastante
pitoresco, que em qualquer situação se acha bom, mas que no fundo
não passava de um sujeito patético,
vivia espirrando por ser alérgico a qualquer coisa, com um ar bastante dissimulado de ficar no pé
da Kaitilin ao deixar seu evidente ar de inveja com ela, pelas boas matérias
que ela escrevia para o jornal.
Um
dia Ryan e seus amigos, recebem uma mensagem eletrônica misteriosa no
computador do Tao Dojo, que foi do Professor Horátio Hart(Julian Combs) para
irem até o laboratório dele e lá, descobrem que ele um programa de computador
foi quem os recrutou para uma grande batalha do mundo virtual movida por um ser maligno chamado
Grimlord que é o alter ego do ganancioso e prepotente empresário Karl
Ziktor(Gardner Baldwin) dono das Industrias Ziktor, que ao pegar a mão numa
bola de cristal e diz: “Poder da escuridão venha a mim, leve me de volta a
realidade virtual”.
Onde
se transforma no horroroso, asqueroso,
nojento e crápula do Grimlord-Mestre do
Mundo Virtual, onde tem entre seus asseclas General Ivar e General Icebot, que
a cada episódio com um plano mirabolante envia sempre um mutante ou mesmo
mechanoide para dominar o mundo real e o virtual e sempre envia seus soldados
skugs para enfrentar os Troopers e na segunda temporada teve o incremento em
outro cenário do Oraclon, Doomaster, Despera
e os Skugs mudam de forma com as cinco guerreiras aumentando ainda mais a
ameaça.
É
a partir daí que terá início a jornada dos Troopers para combater as forças do
mal, e especialmente Ryan terá motivos
pessoais para isso, já que ele descobre logo no primeiro episódio que
seu pai, o cientista Tyler Steele(David Carr), que havia sumido da vida dele
desde quando era criança e foi quem
desenvolveu o programa virtual junto com o Professor Hart da Realidade Virtual
e ao longo dos episódio descobre que ele
foi sequestrado por Grimlord.
Uma
das razões que posso argumentar, que me fez observar depois dessa revisitada na
série após muitos anos que havia visto na infância pela TV Globo lá pela
segunda metade da década de 1990, é no
quanto pude constatar como ela ao contrário de Power Rangers que conseguiu
vingar ao adaptar os tokusatsu da franquia super sentai originais japoneses para o público do Ocidente e se estabelecer como uma grande marca
mundial, VR Troopers no caso não conseguiu obter esse feito com relação a adaptar a franquia
Metal Hero para o Ocidente.
E um dos principais problemas que posso
destacar, está no fato de que a Saban teve uma ideia duvidosa de não respeitar
como um dos principais pontos
característicos que envolvia a essência
dessa franquia é que nelas, os heróis enfrentavam as ameaças dos
diabólicos impérios malignos sejam vindos do espaço ou mesmo do subterrâneo,
como seres solitários. E não em equipe, como acabou acontecendo em relação a VR
Troopers.
Originalmente,
a Saban tinha pensado em fazer apenas uma adaptação de Metalder, onde até
gravou um episódio piloto, onde a proposta da estética se mostrava bem
diferente do tom que foi tomado na série.
Nesse
episódio piloto, cujo nome original era Cybertron, que depois
da Saban verificar que o registro do nome já era da propriedade intelectual da Hasbro,
fabricante da linha de brinquedos Transformers,
que não por acaso comprou em 2019 da Saban a franquia dos Power Rangers.
Nesse
episódio piloto, onde o protagonista se chamava Adam Steele e foi interpretado primeiramente por Jason
David Frank(1973-2022), o Tommy Oliver-Ranger Verde de Power Rangers,
mostrou preservando algumas características que foram mantidas na série, como
ele encarando um torneio de artes
marciais, onde ele é instruído pelo Tao, enfrenta um adversário interpretado
por Brad Hawkins que acabou ficando com
o seu papel com o nome alterado para Ryan Steele.
O curioso é
que o Tao passaria a figurar como seu mentor e sabia do segredo de
Grimlord, que também foi mantido a característica dele ser um alter ego humano
como era em Metalder e seus asseclas, e
como em Metalder, eles também mantiveram a figura do cachorro falante que na
série virou o Jeb. Companheiro de Ryan desde que ele era uma criança e ele
um filhote.
Praticamente
seria uma versão solitária dele e que também existia na contraparte
japonesa. O episódio piloto não
carregava abordagem envolvendo Realidade Virtual que era de onde vinha os seus
poderes e onde vinha a ameaça do Grimlord que na contraparte japonesa de
Metalder era inspirado no Imperador
Neroz, como acabou resultando depois, o que provavelmente deve explicar o
porquê da ideia de juntá-lo a Spielvan já que achando que um herói solitário
poderia não ser muito rentável, principalmente para atrair o marketing do
licenciamento dos brinquedos como ocorria a Power Rangers e para aproveitar a
onda moderna do desenvolvimento tecnológico da Realidade Virtual que ainda
estava longe de virar uma realidade como agora.
Ainda mais se a gente for lembrar que ainda
vivíamos na fase pré-midia digital, trazia uma estética futurista.
Com
as modificações, resultou de Jason Frank
desistir da série e retornar a Power Rangers reprisando o papel do Tommy agora
assumindo o posto de Ranger Branco inspirado em Kiba Ranger na contraparte
japonesa de Gosei Sentai Dairanger(Japão,1993-1994) inserido na segunda
temporada de Power Rangers. E Brad Hawkins acabou assumindo o protagonismo da
série.
A
ideia duvidosa da Saban de adaptar duas
diferentes séries de tokusatsu
japonesas, três com o enxerto de Policial do Espaço Shaider(Uchuu Kenji
Shaider, Japão, 1984-1985) a partir da segunda temporada, as mesclando, unindo,
cuja características são de heróis solitários para formarem uma equipe trouxe
uma grande estranheza ao público.
Principalmente
para nós brasileiros, que havíamos acompanhado as versões originais que
passariam por aqui nos anos 1990 em diferentes emissoras: Spielvan passou na
Rede Manchete, Metalder passou na Band e Shaider passou na Globo.
E esta
estranheza ao revisita-la pude constatar pela forma como ficou estruturada e remendada sua estética, onde
por exemplo, como a ideia inicial era só adaptar Metalder, todo o ponto central
da trama girava em torno de Ryan Steele, que quando se transformava na primeira
temporada virava a armadura de Metalder.
Isso ficava evidente ao longo dos 90 episódios
que a série contou em suas duas temporadas,
quando a cada episódio nós telespectadores erámos lembrados disso, onde
ao iniciar o enredo vinha a introdução
de Ryan fazendo uma narrativa em off lembrando de sua infância treinando Karatê
com seu pai em um templo japonês com suas mensagens motivacionais que seu pai
ensinou para nos inserir a situação da
ameaça provocada por Grimlord invocando o monstro do dia, para botar em prática
seu plano mirabolante de dominar a humanidade no mundo real e os Troopers tentarem impedir e ao terminar o
episódio mostra Ryan retornando aquele lugar de sua infância com a narrativa em
off provando como a ótica da série centrava
em torno dele narrando na
primeira pessoa.
Ou
seja, Ryan dos três protagonistas era o fio condutor da narrativa.
Isso
porque tudo foi ali consequência do
resultado da pesquisa de realidade virtual desenvolvida por seu
pai Tyler muitos anos atrás, que ele até então achava que
estava morto, mas, na verdade havia sido capturado e mantido refém pelo
Grimlord.
E
o Professor Hart sabia disso, porque muitos anos antes dele virar uma máquina,
vivendo numa tela de computador, ele
ajudou seu pai na pesquisa quando ainda era ser humano e que só no episódio em
que os Troopers vão atrás de uma caixa que mostrava a real identidade de
Grimlord é que soubemos quando ele virou máquina, quando foi morto por Grimlord, onde Tyler
transferiu sua consciência cerebral e o transformou numa inteligência
artificial.
Por
Ryan ser o ponto central do mote da série, era notável que seus dois
companheiros Troopers, o J.B Resse e a
Kaitilin Star ficavam deslocados, desfocados da obra, mesmo dividindo o protagonismo com o Ryan.
Mais
parecendo figurarem como se fossem os
sidekicks de Ryan, o equivalente a se Ryan fosse o Batman, J.B. seria o
Robin e Kaitilin seria a Batgirl.
Fora
que do mesmo jeito como ocorria em Power
Rangers em seus primeiros anos, a Saban para compensar a carência de recursos,
inseriu materiais já prontos das séries japonesas, como bem o próprio Haim Saban descreveu no episódio da
série documental Brinquedos que
Marcaram Época.
No
caso de Power Rangers ele inseriu muito nas cenas de batalhas deles
transformados e com os mechas com os monstros agigantados.
Em
relação a Power Rangers, não se percebia tanto destoamento da qualidade de imagem das películas originais japonesas
remendadas porque como a primeira série
super sentai Zyuranger era uma produção
recente de 1992, e Power Rangers veio em 1993 e logo depois em 1994 fora
inserido os mechas e os monstros de Dairanger e com Tommy retornando como o
Ranger Branco inspirado no Kiba Ranger com sua adaga falante, a estranheza não
era muito perceptível, já com relação a
essa adaptação de três séries da franquia
metal hero que não tinham nada em comum, a não ser por serem da década de 1980,
já deixavam evidente como a qualidade envelhecida das
imagens das películas japonesas,
principalmente nas cenas de batalhas na Pedreira em Yorii, próximo a Provincia
de Saitama onde costumava servir de locação para as produções da Toei Company.
Já
mostrava uma forte estranheza nessa colcha de retalhos que a Saban fazia.
Confesso que em alguns momentos me deu uma vergonha alheia, ver por exemplo
nessas cenas a inserção de diálogos que não precisaria necessariamente ter.
Principalmente porque como eu já tinha visto originalmente Spielvan quando
passou originalmente na extinta Rede Manchete no começo dos anos 1990, isto lá para 1991, com o nome de Jaspion
2, uma sugestão da então distribuidora Everest Vídeo, uma das três adaptadas por VR Troopers, não
acompanhei Metalder que tinha passado na Band na mesma época de Spielvan,
lembro vagamente de ver a série super sentai Gigantes Guerreiros Google Five(Dai
Sentai Google Five, Japão, 1982-1983).
E lembro vagamente de ter visto uns dois
episódios de Shaider quando passou originalmente na Rede Globo de forma bem
obscura. Como eu ainda tinha Spielvan fresco na memória achava muito estranho
observar como ele tinha pouco destaque na série, representado pelo J.B e a
Kaitilin.
Só
aparecer alguns mechanoides, o General Deslock virar Ivar e Dr. Bio virar
Icebot e os Soldados Crown virarem Skugs(que parecia soar com Skank, nome da
famosa banda de rock-reggae brasileira), que quando se tocavam provocavam
choque e sumiam, confesso que até achava divertido apesar da estranheza.
Se
para nós brasileiros que já havíamos acompanhados as versões originais
japonesas escolhidas para serem
adaptadas pela Saban, já achamos estranho os remendos da série, imagine o
público americano que não tinha visto antes estas séries originais que nunca
tinham passado em solo americano. Fora
que o modelo do design das armaduras feitas para serem gravadas na série
destoava muito das versões japonesas que eram inseridas nas cenas de batalha.
Como
o capacete de J.B. parecer um objeto oval, a armadura da Katilin explorou muito
exageradamente os tons anatômicos dos seus seios e da sua bunda para tentar dar um toque
mais a sexy personagem a ponto dela parecer um tanto gordinha e as
armaduras de Ryan também destoavam demais das versões de Metalder e Shaider, e o que falar do Grimlard vestido de forma
carnavalesca quando muda de localização no mundo virtual.
Pelo
menos o trio protagonista mostrou ter dado bem conta do recado nos papeis que
lhe couberam representar, principalmente pelo carisma mostrado em cena. Defendendo bem em cena.
Brad
Hawkins na pele do Ryan Steele mostrou muita segurança no papel, mesmo com a pouco idade que tinha na época com
apenas 18 anos, ao desempenhar o
personagem que era todo o ponto central da série, em todas as suas camadas e
nuances.
Desde
a mais dramática dele lidando com o drama de ter crescido ausente de seu pai
que foi capturado por Grimlord, e a série não mostrou nada sobre sua mãe, mas se deduz que ela morreu
quando ele era um bebê, ou seja, um
órfão, uma característica que foi bem
trabalhada dentro da fórmula campbeliana da Jornada do Herói, até mesmo a mais
cômica quando ele perde a paciência com o seu cachorro Jeb fazendo umas
trapalhadas.
Michael
Bacon ou Michael Hollander como aparece registrado o seu nome no site do IMDB,
mas que na série assinava com este codinome representando o J.B. Reese, na época com apenas 27 anos, sendo nove mais
velho que Brad Hawkins também demonstrou uma boa defesa do seu papel que
dividia o protagonismo com o Ryan, mesmo ele tecnicamente figurando como um
deslocado da história, já que o ponto central da obra era sempre o Ryan.
Ou
seja, ficava muito a sombra dele, mesmo assim o ator conseguiu defender o seu
papel ao dar uns toques nerds entendendo de informática ao personagem sem fazer ele parecer um
estereotipo abobalhado e infatiloide e o representou bem como um companheiro
inseparável do Ryan como se fosse uma espécie de irmão que ele nunca teve,
serviu bem para essa função.
E
Sara Brown na pele da Kaitilin Star, também mostrou uma ótima defesa do papel,
mesmo na época estando com apenas 19 anos e mantinha uma relação amorosa com um
dos produtores da série Shuki Levy.
Com
quem até casou e tiveram um filho. Mesmo a personagem sofrendo do mesmo
problema do J.B. de ficar bastante deslocada e desfocada da trama central que
girava em torno do Ryan.
Porém,
a atriz mostrou um bom desempenho em dar
uma outra função não só como companheira Trooper do Ryan, mas também
como jornalista do importante jornal em circulação de CrossWorld, o Daily Voice
UnderGround. Com um perfil de intrépida repórter equivalente a Lois Lane nas
histórias do Superman.
A
maneira como a sua profissão foi
retratada na série representou bem um detalhe do quanto que a estética
da obra ficou bastante datada.
Principalmente pela forma como o jornal Daily Voice Underground, ainda
trabalhava como mídia impressa, naquele período onde o recurso da internet como instrumento de uso
comum estava ainda engatinhado, não eram todas as
residências que tinham os acessos fáceis e ela era uso mais restrito a poucas
residências.
Fora
que por exemplo, tanto nas cenas do Jornal Daily Voice Underground, quanto no
Tao Dojo e no Laboratório do Professor Hart é bem perceptível ser mostrado eles mexendo
com os modelos de computadores de telas quadradas com tubo polegadas,
que hoje em dia ficaram bastante obsoletos e foi bem na época do surgimento do
famoso modelo Windows 95, fora o uso de
pagers para se comunicarem numa época em que os celulares ainda eram em formato
de telhas.
E
arquivando em disquetes. E como a
internet ainda engatinhando, é até perdoável o fato de que o Jornal onde
Kaitilin trabalhou na série ainda não tenha aderido a formação da mídia digital
criando uma página do site e usado o método tradicional como mídia física.
Deixando bem evidente como a série ficou datada.
E
fora algumas vestimentas muito bregas.
Além
desse trio protagonista, também merece destaque de minha parte as participações
secundárias de Michael Sorich como Woody
Stocker e Aaron Pruner como Percy Rooney. Os dois alívios cômicos da série que
trabalham no jornal Daily Voice Underground de Crossworld.
É
bem compreensível que a Saban criou essa dupla cômica para equivaler ao que
estava dando certo em Power Rangers com a dupla Bulk e Skull que roubavam as
cenas quando implicavam com os rangers na escola de Alameda dos Anjos fazendo
bullying com aquele jeito de vestir bem rebelde
grunge.
Algo
que no papel parecia uma maravilha, na execução falhou miseravelmente. Principalmente o Percy que era chato demais,
eu já não simpatizava muito com este personagem
desagradável pra cacete, na época que eu acompanhava a série na Globo
lá pela década de 1990, e continuei não gostando do Percy depois dessa
minha revisitada nela na Netflix.
Aaron
Pruner que representou o personagem então com apenas 18 anos de idade na época,
até que desempenhou razoavelmente
bem o personagem no humor mais físico,
bem caracteristicamente circense, porém
o texto não o ajudou muito nos diálogos bastantes patéticos onde ele falava
coisas muito afetadas com aquele perfil egocêntrico dele, que saia sem muito
timming mostrando como o humor dele
era bastante sem função e deslocado da
trama. A maneira afetada dele agir muito abobalhado e patético, fazia ele ficar
no típico estereotipo de nerd com óculos e com vestir de forma elegante.
O
nível da chatice do quanto Percy para
mim era bastante irritante e desagradável, pode ser comparável ao Scooby-Loo a
versão mirim do Scooby-Doo ou mesmo como
aconteceu posteriormente com o Jar Jar Binks em Star Wars-Episódio 1: A Ameaça
Fantasma(Star Wars: Episode I – The Phantom Menace,EUA,1999).
Um
fato curioso, é que no episódio piloto de Cybertron, Percy aparece como filho
do vilão, mas como tudo foi alterado e virou Frankstein, pode bem notar que o
Percy acabou ficando muito jogado na história.
Tirando
uns poucos episódios em que ele mostra ter alguma utilidade que é quando ele
convenientemente foi exposto ao perigo de ser mantido refém pelos Skrugs e nisso ele é salvo pelos heróis que envolveu
o conceito da fada da conveniência dentro da inércia da roteiro, de resto, ele
não tem utilidade nenhuma.
Já Michael Sorich como Woody não sofreu tanto
desse problema mesmo ele sendo um editor-chefe excêntrico, pelo menos ele sabia
trabalhar o timming cômico do personagem, e sabia o momento certo dele agir de
forma mais séria, principalmente quando queria convencer a Kaitilin a escrever
matérias que ela não gostava, coisa que faltou demais no Percy.
A
série também contou em seu elenco com Julian Combs como o Professor Hart, que
representou bem o seu papel na série
procurando colocar um tom mais humanizado e emotivo ao personagem mesmo
ele sendo uma inteligência artificial preso numa tela de computador.
Que teve sua vida eternizada do seu antigo cérebro humano depois que perdeu a
vida ao ser assassinado pelo Grimlord, e isto graças a Tyler Steele de quem no
passado quando era humano ainda colaborou em suas pesquisas para o
desenvolvimento da realidade virtual.
Outras
menções do elenco vai para David Carr
fazendo participações pontuais como o Tyler Steele, pai do protagonista, que
desempenhou bem o papel, apesar de eu achar o seu rosto muito sem expressão e
um tanto apático. Pareceu demonstrar uma emoção muito fria.
Também
mencionar e destacar as participações de
dois atores desse elenco que já não se encontram mais vivos nesse plano físico
que são: Gardner Baldwin(1951-2011) como Karl Ziktor/Grimlord e Richard
Rabago(1943-2012) como Tao.
Gardner
Baldwin ficou incrível como o
antagonista Karl Ziktor/Grimlord na série, ele que faleceu em 2011 aos 60 anos esteve
excelente na série.
Principalmente na forma como ele representando
o prepotente e crápula do empresário Karl Ziktor, dono das Industrias Ziktor em
CroosWorld. Sua magnifica representação
e entrega ao papel principalmente na maneira ameaçadora e intimidadora de olhar, e soltando umas constantes risadas
secas e diabólicas, mostravam o nível da megalomania sem limites que ele tinha,
fora a sua excentricidade exótica dele ter como bichinho de estimação uma
iguana que ele batizou de Juliette. E
mesmo quando vira o asqueroso Grimlord onde apenas faz um papel brilhante
emprestando a voz.
Já
Richard Rabago, que representou o Tao na série, que faleceu em 2012, com 69
anos. Nascido no Havaí, de descendência nipônica, do mesmo jeito que seu
personagem na série, Rabago sempre foi praticante das artes marciais, mostrando
inclusive uma ótima verossimilhança ao papel.
Ele
defendeu bem o papel de instrutor dos Troopers, sem perceber que eram os
Troopers.
Visto
que como originalmente o personagem tinha sido pensado para ser o mentor de
Ryan Steele quando a série estava planejada apenas para ser uma adaptação de
Metalder, para não ser desperdiçado, já
que a mentoria acabou ficando com o Professor Hart, o colocaram bem nesta função de instruir os
Troopers com as artes marciais.
Confesso
em um balanço geral, que ao revisitar esta série depois de muitos anos,
constatar com outros olhos que assim até que achei divertido mesmo ficando ruim
e estranhando demais o tipo da estética e rindo de nervoso de momentos
constrangedores.
Só
lamento não terem mantido o áudio com o casting
das vozes dubladas pelo antigo estúdio de dublagem do Rio de Janeiro,
a Herbert Richers que foi exibida na saudosa manhãs da Rede Globo, nessa versão dublada que foi exibida pela Netflix, a dublagem foi produzida
no outro estúdio de dublagem também do
Rio de Janeiro como a Herbert Richers, que no caso aqui foi na Gemini Mídia,
onde todas as vozes foram alteradas. Desde os heróis até mesmo os aliados e
vilões da trama. Uma pena.
Enfim,
posso simplesmente descrever que revisitar VR Troopers pela Netflix me proporcionou um momento nostálgico
bastante vergonhoso.
Pude
constatar que ao observar pelo nível brega da obra como ela envelheceu mal.
Primeiros metal heroes que foram americanizados pelo Saban.
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