domingo, 1 de setembro de 2024

30 ANOS DE CAVALEIROS DO ZODÍACO NO BRASIL

 

No dia 01 de Setembro de 1994, estreava no Brasil, o  anime que foi o grande fenômeno da tv brasileira Cavaleiros do Zodíaco(Saint Seyia, Japão, 1986-1987).


     Em um dia de Outubro de 2021, eu havia acabado de concluir minha revisitada a fase clássica da animação de Cavaleiros do Zodíaco produzida nos anos 1980 na Netflix.





Exibida na extinta Manchete nos anos 1990. Confesso que foi muito bom revisitar a série. Pude perceber com outros olhos, o que eu nunca tinha percebido antes. Algo que ia além de ser uma produção voltada com o único proposito  para vender brinquedos para crianças como eu ou outros produtos, ou seja, muito além do apego material, isso é algo que acontece também com muita frequência neste tipo de produção, não só no Japão, como também nos EUA.




Tipo,  por exemplo, nos anos 1980, mesma época da produção de Cavaleiros do Zodíaco no Japão, nos EUA estava muito em alta produções de animações voltadas para a TV que tinham esse único objetivo de vender brinquedos, ainda mais que muitas dessas produções  surgiram inspirado  nas  linhas de brinquedos como foi o caso do He-Man, Comandos em Ação, Transformers, Tartarugas Ninjas e mais especificamente no Japão com as séries de tokusatsu que passaram no Brasil, como Jaspion, Changeman, Flashman, Jirayia dentre outros.   

 Principalmente sobre as sutis mensagens espirituais, principalmente no quesito de reencarnação como ocorreu com Saori Kido ser a reencarnação da Deusa Grega Atena, algo que eu aprendi muito quando passei a me ingressar na doutrina espírita,   ou mesmo sobre o conceito de cosmo energia do espaço, do universo e suas outras dimensões físicas.




Nunca tinha reparado como CDZ, tinha esse texto tão além de claro abordar os mitos gregos que foi o que me despertou o interesse  e suas várias  constelações, fora também o fato de trazer uma curiosa abordagem sobre o budismo com os poderes do Cavaleiro de Ouro  Shaka de Virgem, e o misticismo simbolizado nas armaduras de ouro com os doze signos zodiacais.




Analisando bem, pude perceber, quando Cavaleiros estreou aqui no Brasil pela extinta Rede Manchete em 1994, me remetendo aos famosos videntes da TV    que  foi uma data  destinada¹ para isso acontecer. Uma das razões para enfatizar o meu argumento,  é que na época o Brasil estava vivendo uma fase muito  otimista e eufórica  porque no futebol  tínhamos conquistado o título do Tetracampeonato na Copa do Mundo dos EUA após longos 24 anos de jejum e foi nessa ocasião que o nosso cenário socioeconômico também transpareceu favorável  quando foi implementado o Plano Real.





Aproveito para recomendar a  vocês  darem uma assistida ao filme brasileiro Real-O Plano por trás da História(Brasil, 2017) que ele pode exemplificar em forma de dramatização como foram os bastidores do surgimento da moeda.




Pois bem, foi esse Plano Real que ajudou a salvar nossa economia que ela se encontrava afundado desde os anos 1980.

A animação foi inspirada no mangá de Masami Kurumada que  começou a publicar no final de 1985 e cujo sucesso inspirou a Toei Animation a fazer a animação que estreou na TV Japonesa em 11 de Outubro de 1986.




Seria impensável imaginar a animação chegando ao Brasil antes de 1994, e fosse o fenômeno que se tornou comercialmente falando nas vendas de brinquedos justamente pelo fato de que do jeito que nosso cenário econômico se encontrava  um caos  com a inflação em alta entre o final dos anos 1980 e começo dos anos 1990.

É tanto que a nossa indústria de brinquedos fazia umas picaretagens para conseguir importar linhas de bonecos como as dos Live Actions como Jaspion, por exemplo.




Não tinha como a animação estrear no Brasil entre os anos de  1988/89, porque além da inflação alta, estávamos passando também por um período de reformulação política, onde apesar da Ditadura Militar ter acabado no ano que eu nasci, 1985, quando o último presidente militar João Batista Figueiredo(1918-1999), ao concluir seu mandato foi sucedido por José Sarney, um primeiro civil que tomou a posse no lugar de Tancredo Neves, o último eleito indiretamente, mas acabou adoecendo e morreu.





Mesmo durante o começo da segunda metade da década de 1980 a gente ser governado por um civil, ainda assim havia alguns resquícios da ditadura vivos como a censura aos meios de comunicação, que foi extinguido quando  em 1988 foi aprovada a Constituição. E em 1989 tivemos a primeira eleição presidenciável onde elegemos Fernando Collor.






Do mesmo modo que não havia como CDZ estrear no Brasil entre os anos de 1990/91/92, porque durante este período  do Governo Collor a inflação além de estar descontrolada, piorou com os Planos Collor I e II,  quando ele mandou confiscar as poupanças de todos os cidadãos.




Portanto, no cenário propício que a economia do Brasil se encontrava em 1994 aquilo influenciou bastante para que a animação pudesse estrear na grade de programação da extinta Rede Manchete no dia 01 de Setembro de 1994.

É curioso imaginar que antes de Manchete aceitar exibir CDZ, outras emissoras foram procuradas pela empresa espanhola Samtoy, a distribuidora que trouxe CDZ para cá, todas haviam se recusado a exibir temendo pelo  teor violento, principalmente no aspecto gráfico com toques de  nível gore².





Inclusive Eduardo Miranda, crítico de cinema, que tem um canal no Youtube, chamado Projeto Cinevisão, que trabalhava no Departamento de Cinema e TV  da Manchete chegou a contar em mais de uma ocasião  que quando participou da reunião com a Samtoy e a diretoria executiva da emissora e mostraram para eles o material com a fita demo³ de um trailer promo**** que mostrava cortes e edições  de cenas muito pesadas, com a violência muito gráfica. Naquele primeiro instante, a diretoria se recusou a exibir, por causa do espanto com aquele tom pesado.




Os executivos da Samtoy haviam ficado bastante tristes por essa recusa, já que tinham ido atrás de outras emissoras depois de verem essa promo, todas haviam recusado.

 Foi então que Miranda  resolveu dar uma nova chance, conferiu os primeiros episódios e depois de constatar que ele não era de violência, trazia uma história que prezava pela amizade. Foi então que a Manchete decidiu dar um ok e CDZ, pode ser finalmente  exibido na grade da emissora, por um contrato de permuta. Onde a emissora dava uma liberdade deles usarem o espaço para anunciar os produtos de brinquedos da série fabricados diretamente pela fabricante  japonesa Bandai.




Essa forma de troca era a opção mais viável dela  poder aceitar exibir, já que não podia comprar, porque na época ela já se encontrava a beira da falência, e depois do falecimento do dono Adolpho Bloch em 1995, a coisa só piorou para a Manchete ao chegar no fim da década de 1990, ao derradeiramente fechar suas portas em Maio de 1999.




O curioso é que quando a Samtoy trouxe a animação para o Brasil, ela não  trouxe diretamente exportado do Japão, mas sim da Espanha, que foi de lá que eles alteraram o nome original Saint Seyia, para Los Caballeros Dell Zodíaco, que nos brinquedos mantinham até esse nome,  do mesmo jeito que havia feito antes os franceses, o primeiro lugar do Ocidente onde CDZ foi exportado.




Provavelmente para evitar problemas justamente  com a Igreja Católica, principalmente porque o nome original  Saint Seyia pudesse remeter a Santa Ceia. 

E foi exportado da Espanha, com áudio espanhol, mas com roteiro adaptado do inglês que a primeira dublagem de CDZ exibida pela Manchete foi produzido pelo antigo estúdio de dublagem paulista da Gota Mágica,  de propriedade do Mário Lúcio de Freitas que também foi responsável por produzir a trilha sonora da série no Brasil, com a música de abertura cantada pela dupla infantil  Larissa&William,  inclusive a Larissa, agora em carreira solo que assina como Larissa Tassi,  junto com a gravadora Sony Music produziram em CD.

A trilha musical  brasileira de CDZ, onde além de contar com a música da dupla, também contava  com a participação do próprio Mário Lúcio de Freitas, também compositor de boa parte das faixas, que teve também a participação de Michael Sullivan como compositor,  interpretando a faixa  Mestre do Mal, que contou com a participação do dublador Walter Breda, representando com sua voz grave  e amedrontadora o Ares ameaçando matar os Defensores de Atena.

 Do mesmo  modo que o disco  também contou com a participação do Hermes Barolli, dublador do Seyia na faixa Marin, interpretada pela Sara Regina, onde ele apenas reproduz a famosa fala do seu personagem o Me dê sua força Pegasus, que na época eu até cheguei a adquirir junto com alguns brinquedos da linha CDZ que fui ganhando.

Inclusive, aproveito para compartilhar  a agradável experiência que  posteriormente eu tive quando assisti a uma apresentação da  Larissa depois que cresceu e virou um mulherão,  sem o William,   agora em carreira solo  assinando como Larissa Tassi,  eu  tive o privilégio de prestigiar o show que ela fez aqui em Natal-RN durante o evento do Yujô Fest em 2018.

  Foi uma grande nostalgia apreciar o antigo traço da animação que contou com a colaboração do saudoso designer characters  Shingo Araki(1939-2011) dentre outros animadores  que também colaboraram na série. Assim como foi ouvindo a trilha sonora erudita composta pelo também saudoso Seiji Yokoyama(1935-2017).

 E saudoso também foi apreciar algumas vozes da versão dublada que já partiram como Valter Santos(1954-2013) dublador do Camus de Aquário, Araken Saldanha(1928-2020) voz do Mestre Ancião, Maralisi Tartatini(1944-2014), voz da Shina, Paulo Celestino Filho(1957-2017), voz do Máscara da Morte, Borges de Barros(1920-2007) voz  do Gigars e  Jonas Mello(1937-2020) como narrador.

Detalhe que a versão dublada exibida na Netflix que o disponibilizou  até o dia 14 de Outubro de 2021 foi a feita pelo estúdio paulista da Álamo***** por volta dos  anos 2000, para o retorno de CDZ a TV Brasileira.

E não a versão dublada originalmente exibida pela Manchete nos anos 1990. Uma das razões para haver essa redublagem, foi porque a Samtoy, a antiga empresa que trouxe para o Brasil, havia encerrado suas atividades no País.

 Quando CDZ  retornou ao ar no Brasil  por volta de 2003, no canal pago infantil da Cartoon Network brasileira compondo o bloco Toonami foi outra empresa que distribuiu e como consequência dos trâmites burocráticos que envolviam renegociações de contratos com os profissionais da dublagem envolvidos  nessa produção  nos acordos de direitos conexos, além do que como material do áudio dublado exibido pela   Manchete nos anos 1990, trazia muitos  erros de inverossimilhança pelo fato de justamente ter sido feito   em cima de outros idiomas. Veio adaptado do espanhol, que foi adaptado do francês que adaptou o original em japonês e fora que o roteiro veio adaptado em inglês.

Tudo isso  gerou erros de muitas concordâncias nas falas dos personagens, como Jabu de Unicórnio, se apresentar de Capricórnio em um episódio, ou mesmo o Saga fazer uma confusão  de Street Fighter se referindo a cosmo energia de Seyia como Ken, enfim.

Por esses fatores, a série passou pela redublagem feita pelo estúdio paulista da Álamo por volta de 2003/2004.

Boa parte do elenco principal protagonista foi mantido nessa nova dublagem: Hermes Barolli como Seiya de Pégaso, Élcio Sodré como Shryriu de Dragão, Francisco Brêtas como Hyoga de Cisne, Ulisses Bezerra como Shun de Andrômeda e Leonardo Camillo como Ikki de Fênix de quem tive o privilégio de conhecer pessoalmente e tirar uma foto quando em 2018 ele esteve aqui em Natal-RN no evento da Lúdus Convenção Geek, pessoa muito gentil. Do mesmo jeito foi  como mantiveram  a Leticia Quinto que fez a voz da Saori Kido, a  reencarnação da Deusa Atena.

E também os que dublaram mais de um personagem como Gilberto Barolli que dublou o cavaleiro de ouro  Saga de Gêmeos, o General Marina de Poseidon Kanon de Dragão Marinho, Marcelo Campos que dublou o Jabu de Unicórnio e  Mú de Aries, Wendell Bezerra que dublou o Guerreiro Deus Fenrir de Alioth na Saga de Asgard  e o General Marina Baian de Cavalo Marinho na Saga de Poseidon dentre outros exemplos.  

Onde algumas vozes tiveram de serem trocadas: uns  por motivos   de falecimentos, como foi o caso de Ézio Ramos(1936-1999), que dublou a voz do cavaleiro de ouro Afrodite de Peixes na dublagem feita nos anos 1990 e na redublagem da Álamo precisou ser substituído   e do Nelson Batista(1936-1998) que fez a voz do General Marina  Io de Schylla na dublagem dos anos 1990, e que nessa redublagem foi substituído por Mauro Eduardo.

Outros casos foram  por  afastamentos, como foi o  exemplo de Noeli Santisteban que fez a voz da Tetis de Sereia na dublagem dos anos 1990, e como já não residia mais aqui no Brasil, precisou ser substituída na redublagem da Álamo por Denise Reis    ou mesmo por questões trabalhistas envolvendo as rixas entre dubladores com estúdios, como foi o caso de Flávio Dias, que dublou Julian Solo/Poseidon na dublagem dos anos 1990 e que por ser brigado com a Álamo, não aceitou participar dessa nova dublagem, onde ele foi substituído por Alfredo Rollo.

 Na época, muitos grupos de fóruns sobre dublagem na internet, como as das comunidades do extinto Orkut,  criticaram bastante sobre essas mudanças e meteram o cacete sobre a questão de dublador ter rixa com o estúdio.

Esquece-se que ali como em qualquer meio de trabalho é natural ocorrer essas desavenças contratuais  entre as empresas aqui no caso  representados pelos estúdios com funcionários, no caso dubladores.

Enfim valeu a pena revisitar a fase clássica após ter assistido a nova versão da Netflix, que devo confessar que estranhei muito. Confesso que prefiro mais a versão antiga.

 E ao revistar,  olhando agora com um olhar mais crítico depois de adulto.

 Pude perceber como a nostalgia pode nos enganar a respeito de algo marcante da nossa infância que tendemos a endeusar achando que na nossa época era melhor, quando a gente revisita a obra  anos depois, observarmos com um senso mais crítico o que antes costumamos ignorar e passar desapercebido alguns erros como o fato de que na animação clássica exibida pela Manchete,  a história mostrava-se arrastada ao longo dos 114 episódios.

 Ainda mais com um monte de fillers(enchimentos) de personagens que foram criados  especificamente para a animação enquanto que o Kurumada não concluía a saga no mangá.

Fora a ideia de criar a Saga de Asgard justamente para dar tempo de Kurumada conseguir concluir a saga de Poseidon no mangá. E quando ele estava para criar a Saga de Hades no mangá por volta de 1989, ele entrou em atrito com a Toei, com a Sueisha, editora responsável pelas publicações e distribuições  dos mangás de CDZ no Japão e a Bandai, fabricante dos brinquedos sobre os rumos para a série, que isto ocasionou dele encerrar por ali e precisou esperar uns treze anos para conseguir transpor a Saga de Hades para a animação, o que só foi possível em 2002. Aliás, eu também conferi a Saga de Hades na Netflix, onde pude finalmente compreender algumas situações que a série clássica deixou muitos buracos e que preencheu muito bem.

Como o fato de explicar, por exemplo, por  que o cavaleiro de ouro Dhoko de Libra, que muitos conhecem como Mestre Ancião, o mentor do Shiryu de Dragão, cujo corpo real não era daquele simpático senhor anão, mas uma camada para esconder sua real aparência jovial com um bom proposito. Ou mesmo esclarecer que a Seika, a irmã do Seyia de Pégaso que no começo da história mostra o seu desejo de encontrá-la desde que foram separados do orfanatos para ir treina para virar um cavaleiro, mas que depois ele vai esquecendo e só volta a mencionar na Saga de Poseidon, quando o General Marinha Kasa de Salamandra tenta enganar Seyia com o disfarce da Marin, fazendo ele pensar que ela fosse sua irmã.  

Talvez uma das coisas que mais me  fascina em CDZ é o fato da história carregar muitos elementos que remetam a formula campbeliana da Jornada do Herói.

Como o fato dos cinco defensores de Atena serem jovens órfãos, que foram destinados para tal função ao serem selecionados por um rico japonês chamado de Mitsumasa Kido, o avô adotivo da Saori Kido.

Um elemento bastante batido muito usado na cultura pop, basta a gente lembrar do Tarzan, do Batman, do Jaspion,  do Luke Skywalker na saga de Star Wars dentre outros exemplos.

Que trazem um pouco do caráter mítico que envolve a trama, como o fato da Saori Kido ser a reencarnação da Deusa Atena, e dos cinco que a compõe, dois carregam o manto de cosmoenergia inspirado em figuras folclóricas da mitologia grega como o Seyia com o ser alado Pegaso, Shun com a Andromeda uma mulher que foi acorrentada como castigo divino, Ikki com a Fênix.

Já o Shyriu sendo de Dragão remete mais as lendas folclóricas chinesas e japonesas e Hyoga sendo de Cisne que é um animal que simboliza bem a típica cultura russa, principalmente por ele  ter nascido na Sibéria. Onde inclusive existe uma famosa opera teatral criada pelo maestro russo Piotr Ilitch Tchaikovski(1840-1893) intitulado de O Lago dos Cisnes, que simboliza bem essa característica da ave na cultura russa. Onde inclusive podemos notar uma referência a obra de Tchaikovski na batalha de Hyoga contra o Cisne Negro, a sua versão maligna algo como ocorre na opera de O Lago dos Cisnes.

Nas próprias  narrativas mitológicas gregas que Kurumada se inspirou para criar CDZ, muitos heróis eram órfãos, o que bem inspirou a teoria do estudioso americano Joseph Campbell(1904-1987) a criar o livro que estuda isso intitulado de O Herói de Mil Faces.

Um dos maiores legados  que CDZ trouxe para o Brasil, é que foi a partir dele que passamos a categorizar dentro de uma caixinha,  as animações japonesas como animes.

Isso graças a influência da revista Herói que era o único meio de acesso as informações que tínhamos naquela fase pré-midia digital. Se bem que os japoneses costumam nomear  animes tanto as produções deles quanto as vindas do Ocidente.

É bom deixar claro que CDZ não foi o primeiro anime a ser exibido na TV brasileira, antes dele tivemos em outros canais animes como: Speed Racer, Astro Boy, A Princesa e o Cavaleiro, Phantomas, Zillion, Doraemon dentre outros.

Mas como CDZ ficou marcado pelo sucesso não só de audiência, mas também no aspecto comercial da venda de brinquedos, de certo modo dá para entender o nível da importância.

O modo como CDZ chegou ao Brasil nos anos 1990 pela Rede Manchete é algo que hoje em dia seria improvável de acontecer novamente, muito disso por conta da Resolução 163 da  Lei de Publicidade Infantil aprovada em 2014  que tornou inviável a qualquer programa infantil  se sustentar sem os anúncios de brinquedos.

¹O que o autor quis se referir com relação a essa colocação em tom de piada  é porque durante os meados dos anos 1990, quando CDZ estava no ar e era um fenômeno comercial. Coincidentemente aqui no Brasil também estava em alta o modismo místico  do horóscopo sendo exibido na TV. Ainda mais se a gente for lembrar  que na animação  entre os Cavaleiros de Ouro eles eram simbolizados pelos 12 signos zodiacais.  Para isto, basta lembrarmos das propagandas que apareciam constantemente na TV dos serviços telefônicos como do Instituto Omar Cardoso, de videntes como Walter Mercado(1932-2019) enfim. Justamente os serviços telefônicos de 0900, que ajudou a popularizar aquele momento. Era algo comum naquela época em que sequer imaginávamos hoje poder ter um serviço como a Amazon, por exemplo. Por si só já era visto como moderno, para isto basta lembrarmos dos informeciais do antigo Grupo Imagem que apareciam nos comerciais das TVs abertas, que eram um saco de ver. Foi também por essa época que surgiu o Shoptime, um canal de televendas dos antigos canais Globosat das antenas parabólicas. Esse tipo de fenômeno acabou inspirando a canção 1406, do excêntrico conjunto musical Mamonas Assassinas que abre a faixa do único CD da banda lançado em 1995, cuja numeração do título era referente ao digito telefônico do Grupo Imagem em tom de sátira onde aparece uma menção aos produtos como as Facas Ginsu    e a parodia do Casseta & Planeta Urgente! com as Organizações Tabajara.  Era o conceito mais moderno de  serviço comercial  que tínhamos naquela fase pré-mídia digital, onde o acesso  à internet  ainda era um retrato utópico algo parecido com o que, por exemplo,  a então novela das oito da Rede Globo Explode Coração(Brasil, 1995-1996) da  autora Glória Perez nos apresentava,  onde a maneira como a internet foi inserida no mote da história envolvendo  o primeiro encontro virtual do casal protagonista que eram de mundos diferentes, no caso da cigana Dara (Tereza Seiblitz) com o empresário Júlio Falcão(Edson Celulari).  A geração que nasceu depois dos anos 2000, acostumada com Amazon, sequer imaginava como era o estilo de vida  pré-internet que o autor vivenciou.

²Palavra inglesa para descrever sangue.

³A palavra é uma abreviação para demonstração, não tem nada de demoníaco.  

****Abreviação da palavra promoção, de promocional.

*****Fundada em 1972, pelo técnico de som britânico Michael Stoll(1927-2005), egresso da Companhia Som de Vera Cruz e sediada na cidade de São Paulo-SP. Esse estúdio foi uma grande referência na dublagem brasileira, principalmente para o nicho de produções nipônicas. O estúdio encerrou suas operações em Agosto de 2011.


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