quarta-feira, 8 de outubro de 2025

25 ANOS DA ESTREIA DE BAMBULUÁ

 

No dia 9 de outubro de 2000, estreava o programa infantil chamado de Bambuluá(2000-2001), um esquecido programa que talvez as pessoas não saibam  o seu nível de importância, principalmente por marcar uma transição na carreira da apresentadora Angélica  Ksyvickis. Para poder explicar melhor do que se trata esse programa e do porquê que ele é tão pouco lembrado  vou primeiramente contextualizar os meses que o antecederam.




Começo como ponto de partida  no dia 30 de Junho de 2000, foi nesse dia, uma sexta-feira  com base no que já pude pesquisar pelas antigas grades de programação nos arquivos do Google e nos textos de sites mais confiáveis que o programa de auditório matinal   que Angélica então apresentava que era o Angel Mix chegava ao fim.




A principal razão era porque, envolveu o fato de que a apresentadora “Angélica sofria muito para vencer o Bom Dia & Cia (1993-2022), do SBT, e o Eliana & Alegria (1998-2002), da Record. O programa da TV de Silvio Santos tinha os desenhos de Warner e Disney em um contrato milionário. Já a Record tinha justamente Pokémon no auge da "pokemania””.(Trecho tirado de matéria do site Notícias da TV, de 10 de Setembro de 2022).






 

Ou seja, analisando o contexto da época,  esses dois matinais infantis comandados por apresentadoras loiras como: Jackeline Petkovic no SBT e Eliana Michaelichen Bezerra na Record também chamadas pela mídia de babás eletrônicas davam trabalho para a também loira  Angélica Ksysivics na Globo  conseguir reagir nessa disputa entre o público infantil, especialmente quando a gente lembra a fase louca do vale tudo na guerra de audiência que a tv brasileira vivia no  recente fim da  década de 1990 e começo dos anos 2000.

Tanto que o Angel Mix que  Angélica comandava durante o primeiro semestre do ano 2000, estava enfrentando uma série de derrotas consecutivas na audiência foi como consequência pela febre de Pokémon.




Justamente por isso que a Globo naquele momento adquiriu Digimon, que teve a árdua  tarefa ingrata de salvar a audiência da Globo para  enfrentar uma concorrência forte com Pokémon que gerou muitas rivalidades.



Foi então que numa segunda-feira,  dia 3 de  Julho de 2000, o anime de Digimon Adventure(Japão, 1999-2000) estreava na Rede Globo com essa difícil missão de salvar a emissora nesse horário. O anime estreou não na Tv Globinho, mas, no programa Férias Animadas, que foi um tapa buraco do fim do Angel Mix até a estreia do novo programa comandado por Angélica chamado de Bambuluá.




Foi nesse programa dos Férias Animadas que surgiu a Tv Globinho  como uma maneira de preparar o território  para introduzir Bambuluá que mostravam uns repórteres-mirins de nomes pitorescos como: Xereta(Élida Muniz), Prego(Guilherme Vieira), Escova(Charles Emanuel), Jujuba(Vivian Weilly), Matraca(Edmundo Albrecht), Minhoca(Flávia Aloy) e Pipoca (Tayna Silva) que nos introduziam ao programa, quando Bambuluá  estreou a  Tv Globinho* foi mantida como esquete. Visto que o programa estava para previsto estrear em Agosto, mas devidos a atrasos na produção e como já não tinham mais material pré-gravados tiveram que criar esse malabarismo.




Em Bambuluá acompanhamos a jornada de Angélica sendo representada pela mesma, chegando a um local bem pitoresco de nome Bambuluá, “Angélica chega a Bambuluá para cantar no show de inauguração da Lona Musical Passarim. Porém, o que ela não sabe – ou não se lembra – é que está predestinada a ser uma peça-chave na luta de Bambuluá contra o mal. Há muito tempo, quando era ainda uma criança, Angélica foi escolhida por Tchilim por sua coragem, generosidade e bondade para derrotar o Senhor Dumal.”(Tirado da sinopse do site Teledramaturgia do jornalista Nilson Xavier).




Bambuluá é a cidade onde todas as crianças do mundo, e de outros mundos, gostariam de morar, quem nasce nessa Cidade dos Sonho é chamado de Sonhonhoca.

Essa cidade vive sob a ameaça constante  da vizinha Magush, Cidade das Sombras, onde quem nasce lá é chamado de sombrio e é governado de maneira autoritária pelo Senhor Dumal.




É nisso que o   Mago Tchilim, é ele que protege  a Cidade dos Sonhos com o Cristal de Bambuluá  recruta sete crianças sonhonhocas para serem os guardiões contra as forças das tropas sombrias.




Essas  crianças são formadas por: Deco, Cacau, Renatinha, Gabi, Rafael, Tatá e Rodrigo. Eles transformam-se nos sete Cavaleiros do Futuro com os uniformes simbolizando as sete cores do arco-íris  pelos poderes mágicos do Cristal de Bambuluá e têm como missão proteger a Cidade dos Sonhos do Senhor Dumal e de seu ajudante Bruck(Pedro Vasconcelos).





Cidade onde habitam também  o cachorro Mascote e o bebê chamado apenas de Neném que na verdade são dois alienígenas que se dialogam por meio da telepatia sem que ninguém desconfie.




Onde também é  protegido das pessoas más, que não podem entrar em Bambuluá devido à energia positiva irradiada pelo Cristal de Bambuluá, que durante muito tempo foi guardado por Tchilim, o Mago das Mil Faces, sábio e mentor dos sete Cavaleiros do Futuro, que agora são convocados para proteger o artefato dos Sombrios, os habitantes  do lado de Magush, que é governada pelo Senhor Dumal, um vilão virtual que se rebelou contra Tchilim e que provavelmente colocou o nome de sua cidade de Magush para debochar do Mago das Mil Faces.

“Comandado pela apresentadora Angélica, a atração, com três horas e meia de duração, concentrava toda a programação infantil da Rede Globo, reunindo séries, quadros e os desenhos animados da TV Globinho. 'Bambuluá' trazia Angélica protagonizando uma novelinha infantil diária, exibida em capítulos curtos. O elenco reunia mais de 30 atores, além de bonecos virtuais comandados por Cláudio Galvan.”(Tirado do site Memória Globo)

“A primeira temporada ficou no ar entre 9 de outubro de 2000 e 9 de maio de 2001 – quando os Cavaleiros do Futuro passam de crianças para adolescentes – e a segunda temporada entrou no ar no dia seguinte, em 10 de maio, permanecendo até 31 de dezembro de 2001.”(Tirado do site Infatv)




O programa foi idealizado  por Roberto Talma(1949-2015), diretor de longa carreira na Globo  há mais de 25 anos, àquela altura já acumulava em seu currículo trabalhos em novelas, minisséries, humorísticos, linhas de show, programas de auditórios dentre outros,   cujo fato curioso a respeito do nome Bambuluá é que ele foi inspirado no título de um livro de  contos, trata-se de  A Princesa de Bambuluá de autoria de Luís da Câmara Cascudo(1898-1986), uma grande referência no meio intelectual brasileiro como historiador, antropólogo  e principalmente folclorista, ainda mais  sendo ele nascido na minha terra em Natal-RN. Onde na verdade, eles apenas colocaram só o título, pois no livro mesmo a sua  narrativa é diferente,  a trama do conto  gira em torno de João, um rapaz que, ao encontrar uma princesa encantada numa gruta, aceita o desafio de a desencantar, passando por diversas provas de coragem e persistência. 




Ainda assim saber dessa informação  é interessante, porquê posso  descrever que muito do mote do enredo de Bambuluá que foi livremente inspirado na obra de Cascudo, trazia muitos elementos que traziam características mais folclóricas com toques mais fabulares e porque não dizer até escapistas e fantasiosos. Como,  por exemplo, o fato deles criarem uma cidade mágica, colorida, cheia de sonho e a população é chamada de sonhonhocas onde um mago protege com o Cristal Mágicos das forças malignas  da cidade vizinha de Magush, cuja escolha do  nome foi originado de um antigo termo persa para mago,  onde o Senhor Dumal  comanda com tirania e surgem sete heróis com as cores do arco-íris que são os Cavaleiros do Futuro, que se trata de nada mais, nada menos do que uma inspiração de Power Rangers, que adapta a famosa franquia japonesa de Super Sentai. Onde Deco era o cavaleiro vermelho, Renatinha era a cavaleira lilás, Cacau era o cavaleiro azul, Gabi era a cavaleira violeta, Rodrigo era o cavaleiro verde, Tatá era a cavaleira amarela e Rafael era o cavaleiro laranja.




Ao longo da história vão aparecendo criaturas como a Serpente Caolha, O Misterioso Dragão Adormecido, A Mulher Presa  no Espelho Mágico, o Cavaleiro Negro dentre outros que tornam a trama muito rica por assim dizer  nessa característica mais fantasiosa, cumprindo bem essa função.




Juntando as referências de ficção cientifica como o Bruck, por exemplo, que é um vassalo do Senhor Dumal ser uma máquina cuja vestimenta escura  e óculos escuros com jeito de mal encarado faziam bem referência ao malvado T-800 vivido por Arnold Schwarzenegger do filme  O Exterminador do Futuro(1984). E a presença dos alienígenas representados pelo Mascote e o Neném. Enriquecia bastante o toque escapista da proposta estética  do programa.

Para produzir a Cidade dos Sonhos que é  Bambuluá, “a Globo não economizou e o programa começou a ser rodado numa mega cidade cenográfica de três mil metros quadrados nos Estúdios Globo. A área foi usada até para erguer o shopping da novela Torre de Babel (1998).”

(Trecho retirado da matéria do site NaTelinha, publicado em 9 de Outubro de 2020 em comemoração aos 20 anos da estreia de Bambuluá).

A cidade cenográfica construída no Projac (hoje Estúdios Globo) para servir de cenário para Bambuluá ocupava um terreno de três mil metros quadrados. Entre as principais atrações estavam um chafariz de pipoca, uma biscoiteca, onde funcionava o fã-clube de Angélica e a TV Globinho.”

(INFATV).

Em Bambuluá também havia uma estação própria de tv, chamada de Tv Globinho, onde mostrava também entre os desenhos algumas matérias com humor mais paródico, com as esquetes de fantoches inspirados nos personagens de Mauricio de Souza, como a Turma do Penadinho e do Jotalhão  onde eram exibidos animações da Turma da Mônica. 





Também apresentava a esquetes de Irmãos em Ação que “contava as aventuras de Pisco (Kaito Ribeiro) e Gute (Cecília Dassi), um casal de irmãos de 10 anos, de classe média, que vivia situações comuns ao dia a dia da maioria das crianças de sua idade. Os episódios tinham o formato de histórias em quadrinhos. Gute era bem-informada e seus diálogos tinham conteúdo. Pisco era talentoso e criativo, mas muito teimoso. Os dois eram afetivos, contraditórios, competitivos, críticos, afeitos à tecnologia, independentes e rivais entre si, mas se uniam quando surgia um antagonista. Temas como ciúme, amor, autoconfiança, ética, ecologia e cultura brasileira, além de assuntos mais corriqueiros – como a dificuldade de obter um acordo na hora de dividir brinquedos, equipamentos e a atenção dos pais – eram discutidos nas aventuras da dupla, sempre de maneira bem humorada e despretensiosa.



Algumas aventuras envolviam uma terceira pessoa, que podia entrar em cena via internet, para entregar algo a domicílio ou, mesmo, pelo telefone. O texto, o enquadramento, o cenário, as vinhetas e as animações remetiam a um misto de linguagem de cartoon, videogame e show de rock.”(Tirado do site Memória Globo).

 

Também contava com um quadro musical de  Biruta e Bicão, “que fazia paródias de filmes, novelas, comerciais e situações do cotidiano. Biruta e Bicão, amigos de longa data, conheceram-se num show de calouros e receberam um “troféu abacaxi” por suas performances artísticas. Biruta – cujo nome verdadeiro era Hipólito – era um coelho agitado e inconsequente que morava numa toca, localizada embaixo de um teatro. Para impedir que o teatro fosse fechado pelo mal-humorado proprietário, All Capuccino, Biruta fazia um show todos os dias. O pato Bicão, que morava junto com Biruta, também lutava para que o teatro não fosse transformado em açougue. Bicão fazia shows com Biruta, mas sempre sobravam para ele os piores papéis – seu verdadeiro nome era Vandercleitom. Biruta e Bicão ganharam a companhia da formiga Tanachata, que apareceu no teatro após ser despedida de seu último emprego, e foi contratada como faxineira pela dupla, com a qual passou a trabalhar nos shows.”

(Memória Globo).

Também carregava o quadro de Iscavoka, Iscavoka “o quadro representava um programa de humor infantil, com esquetes independentes estrelados por cinco bonecos de manipulação e pela atriz Renata Mor, intérprete da Comandante Terezinha.




A ideia de fazer o humorístico partiu de um projeto apresentado pelo grupo gaúcho Criadores e Criaturas, ex-Cem Modos, os mesmos criadores da 'TV Colosso' (1993). A criação dos eventos e a ideia original eram de Totoni KB, Luíz Ferré e Betinho. Os personagens eram astronautas fisicamente muito velhos, mas que se sentiam e se comportavam como garotos. Sempre em órbita, haviam sido esquecidos no espaço pelo mentor do projeto Iscavoka Iscavoka. Os esquetes de humor eram diários, com duração de três a quatro minutos, e usavam recursos simples, como efeitos de fog, gelo seco, cortes e passagens de tempo.




            O quadro tinha os seguintes personagens: Turbina, o capitão da nave, que era mal-humorado e indeciso, amante de desenho animado e gibis (principalmente os do Astronauta Enlatado, seu super-herói favorito). Turbina era apaixonado por Terezinha. Zé Maria, o piloto da nave, um ex-motorista de táxi ignorante e grosseirão, conduzia a Iscavoka como se ainda trabalhasse na praça. Zé Maria adorava bichos de estimação, por isso adotou Mufa, um mofo. Caldeira, o cientista da nave, era inteligente e espirituoso, e o grande piadista da turma. Havia também o Mufa, um mofo que surgiu no sanduíche esquecido por Caldeira num armário do laboratório. Professor F. S. Bonder, espécie de mito, era o mentor do projeto Iscavoka Iscavoka, construtor da nave e guru dos astronautas. Foi ele quem mandou Turbina, Caldeira e Zé Maria para o espaço, havia mais de 40 anos, e os esqueceu por lá.”

(Memória Globo).

 

      A Garrafinha, um quadro de fantoches que já existia desde o Angel Mix estrelada pela menina Garrafinha “e seus amigos, o pinguim Fraldo e o cachorro Musicão. Em 'Bambuluá', voltou ao ar com uma nova safra de aventuras, enfatizando ecologia e educação. Além do português da padaria, o Seu Pois Pois, e do amiguinho da banca de jornais, o Quadrinhos, uma nova personagem se juntou à turma: Mafralda, a prima chata do Fraldo. Os episódios diários, de cinco minutos de duração, traziam Garrafinha ainda mais romântica, vivendo os conflitos típicos da pré-adolescência. Aos cenários que já existiam – a casa e a rua de Garrafinha, além da casa de Fraldo –, a série apresentava novos ambientes, como uma praia ou o deserto.










Os bonecos foram confeccionados por Marcos Toledo e Jésus Seda e eram manipulados por Daniela D’Andrea e Jacira Santos (Garrafinha), Renato Spinelli (Fraldo e Mafralda), Cacá Senna (Musicão e Seu Pois Pois), Andrea Bernardino (Quadrinhos) e Sidney Beckenkamp, que também davam voz aos personagens.”

(Memória Globo).

Por fim contava com o quadro As Aventuras de Zeca e Juca, “contava as histórias de Zeca, de 12 anos, e de Juca, de 10 anos, dentro de um submarino. Zeca era o ajudante de terra do Capitão, um grande navegador que passava o tempo pesquisando e catalogando as espécies submarinas. Zeca morava no cais de Bambuluá e preparava as viagens do Capitão, comprando mantimentos e fazendo a manutenção de equipamentos. Com seu companheiro Juca, enfrentava várias aventuras em suas viagens, que envolviam desde problemas técnicos com o submarino até os mais inacreditáveis perigos do fundo do mar. O quadro era apresentado diariamente, com duração de cinco minutos.”

(Memória Globo).

Bambuluá  contou com o envolvimento de uma grande equipe criativa de roteiristas onde assinaram nomes como: Claudia Souto, Júlio Fischer, Cláudio Lobato, Bruno Sampaio, Sérgio Melo, Manuela Dias, Celso Taddei, Cláudia Levay, Rodrigo Murat, Thereza Falcão, Cristiane Dantas, Mariana Caltabiano, Mariana Mesquita, Tony Brandão e Chico Soares. Dentre esses alguns se encarregavam de escrever algumas esquetes como: Toni Brandão que assinou o quadro de Irmãos em Ação, Chico Soares se encarregava de Iscavoka, Iscavoka e a  Mariana Caltabiano se encarregava pela Garrafinha, que já integrava antes o Angel Mix e essa também foi a responsável pela produção de Flora Encantada(1999). Foi um dos projetos que a emissora  vinha desde o ano anterior investindo em criar produtos nacionais para o público infantil.



 

 Sua direção contou com o envolvimento de três nomes: Marcelo Zambelli, Márcio Trigo e Pedro Vasconcelos. Esse último também compunha o elenco onde representou o androide malvado Bruck, o servo do Senhor Dumal, que desperta a paixão da protagonista Angélica. Naquele momento  ele já tinha consolidado sua longa carreira de ator na emissora desde que participou da novela Top Model(1989-1990) quando era bem novinho e depois fez um papel de destaque na minissérie Riacho Doce(1990) e ao longo da década de 1990, foi despontando em diferentes produções na emissora figurando como o jovem galã daquela nova geração de atores que estavam sendo revelados na televisão.

Nessa produção, ele  representou bem o papel do Bruck, principalmente ao trabalhar suas outras camadas que envolviam o seu misterioso passado. A de que ele nem sempre foi androide, ele foi transformado pelo Senhor Dumal  que lhe fez uma lavagem cerebral.

Essa produção marcou um ponto de virada em sua carreira, pois foi a partir dela que ele passou a investir mais no trabalho de direção. Nos anos seguintes quando  permaneceu contratado  na emissora até a sua saída  em 2021,  se dedicou mais a dirigir novelas, minisséries e outros formatos e já dirigiu cinema, agora em 2025 vai ser lançado o filme biográfico do criador da Turma da Mônica que é Mauricio de Sousa-O Filme, que conta com a sua direção.

Também vale mencionar o fato de que entre os jovens sombrios que trabalhavam como subordinados ao Senhor Dumal assim como o Bruck,  eles carregavam uns nomes bem apropriados ligados a perfis sombrios: Assombroso(Alan Pontes), Viperina(Bianca Liberatore), Morcegão(Bruno Pereira), Trevinha(Joana Estrela), Nefasta(Stephanye Amaral), Daninha(Tathiane Campos), Pesadelo(Giovane Correa), Medonho(Otávio Carvalho) e Bad Tripa(Yuri Xavier).

Esse último só veio a aparecer na segunda etapa de Bambuluá, quando Medonho e Pesadelo resolvem deixar Magush e se aventurem na Transilvânia, pelo que se sabe nunca houve uma explicação oficial para isso. Supostamente seja provável que tenha havido uma decisão de conveniência de roteiro, do que especular que tenha havido uma suposta treta de bastidores.

O Bad Tripa foi criação do Senhor Dumal que transformou o Ovo da Serpente Caolha sequestrado pelos sombrios e foi transformado numa forma humana que solta a língua.

Quem representou o Bad Tripa foi Yuri Xavier que na ocasião era um recém-egresso do elenco da novela infantil do SBT das Chiquititas da versão da década de 1990, já que quase 20 anos depois em 2013 o SBT também produziu outra versão de Chiquitas, ambas  tratam-se de uma adaptação de uma novela argentina criada por Cris Morena.

Após o fim de Bambuluá, ele ainda participou da novela  O Clone(2001-2002) depois disso resolveu deixar o trabalho artístico e hoje em dia segue outra carreira, trabalha como  executivo nos Estados Unidos onde é diretor executivo na empresa Ligné Agency e lá casou-se com uma americana e é pai de duas meninas.

Aliás, há de mencionar a participação de algumas feras no elenco como: Cosme dos Santos na pele do Prefeito de Bambuluá Teobaldo Fortunato, Dill Costa como a Primeira-Dama Augusta Fortunato que são os pais do Cacau, uma das sete crianças protagonistas. Também mencionar  Anderson Müller fazendo o Serapião, um doceiro dono de uma biscoiteca que é muito frequentado pelos moradores de Bambuluá.  Ele é o pai da Renatinha uma das sete crianças protagonistas que tem uma subtrama interessante contando sobre o seu segredo de quando conheceu uma menina de Magushi chamada Lilith de quem se apaixonou e  teve a Renatinha, que ele achava que  tivesse morta, mas estava viva e  tinha virado a Mulher do Espelho transformada pelo Senhor Dumal que cantava uma canção de ninar para acalmar o Dragão de Bambuluá. Iris Bustamante como a Stela, mãe do Deco, representou bem em cena os seus diálogos mais reflexivos. O saudoso Antônio Pedro(1940-2023) na pele do Haroldo, avô do Rafael, um dos sete cavaleiros do futuro, personagens que vinham do Angel Mix, aliás, curiosamente Antônio Pedro tinha participado de Caça Talentos(1996-1998), novelinha também estrelada por Angélica como a Fada Bela que integrou o programa Angel Mix, onde representou o papel do Tremedeira, um ex-palhaço que administrava a lanchonete da agencia Caça Talentos, sim era esse o nome da agencia.

Também fazer menção a participação de Thierry Figueira que assim como Pedro Vasconcelos figurava como um jovem galã que era expoente daquela geração de novos talentos da tv brasileira dos anos 1990 e representou em Bambuluá o Árion, um príncipe viajante do tempo.

Outra menção importante no elenco  foi a participação especial da saudosa  atriz Zilka Salaberry(1917-2005), muito lembrada como a Dona Benta da versão do Sitio do Pica-Pau Amarelo** da Globo dos anos 1970/80. Bambuluá  foi um dos seus  últimos trabalhos na televisão antes dela falecer em 10 de Março de 2005.

Também mencionar o fato de que Bambuluá serviu bem como um celeiro para revelar novos talentos infanto-juvenis que foram despontando nas novelas da emissora  como: Juliana Knust que representou Amanda, a professora das crianças de Bambuluá e irmã da Gabi, uma das protagonistas,  Bernardo Marinho que protagonizou o Deco na primeira fase,  Bruno Pereira que fazia o Morcegão, Ana Carolina Dias que protagonizou a Tatá crescida, André Luiz Miranda que protagonizou o Cacau crescido, ele tinha começado em Terra Nostra(1999-2000), que pode ser vista na reprise vespertina da Globo.

Também revelou o talento de Humberto Carrão ainda moleque na pele do Perverso, que pelo nome devia morar em Magush, revelou também Gabriel Azevedo que representou o Plinio que sonhava em virar Cavaleiro do Futuro.  Guilherme Vieira, que fazia o serelepe e hiperativo do Prego que compunha o núcleo da Tv Globinho. Antes ele tinha participado da novela Vila Madalena(1999-2000), na produção ele tinha um irmão que participou como ator, que no caso foi Sérgio Vieira que representou o Rodrigo, um dos sete cavaleiros do futuro na versão criança. Após isso, ele seria muito requisitado em novelas ao longo dos anos 2000, atualmente deixou a carreira artística e foi trabalhar com tecnologia na Holanda.

Do mesmo modo que revelou o talento de Charles Emmanuel, que fazia o Escova que  compunha o núcleo da Tv Globinho, que consolidou carreira na dublagem fazendo a voz do Rony Weasley na franquia de filmes de Harry Potter(2001-2011).

Dublagem que inclusive também contou com a participação de algumas feras como Claudio Galvan(Voz do Pato Donald) que em Bambuluá fez as vozes do Dubem e do Dumal, personagens cartunescos produzidos numa computação gráfica 3D que era a melhor que se tinha para a época. Ele também dublou o Tchilim que foi representado por  um fantoche gigante que era movimentado por diferentes manipuladores. Mário Jorge de Andrade(Voz do ator Eddie Murphy) foi responsável por fazer a narração das histórias e também deu voz a conversa telepática do Neném representado por Mateus Saulo que é um alienígena. Márcio Simões que deu voz ao Mascote que foi representado por dois cachorros da  raça Bouvier de Flanders. E Monica Rossi que deu voz a misteriosa Mulher do Espelho.

Um dos momentos mais marcantes da história foi a chegada à cidade de Bambuluá de alguns bonecos do extinto programa infantil TV Colosso. Priscila, Gilmar, JF, Capachão, Borges e Bullborg desceram de um disco voador canino no chafariz de pipoca da cidade.”

(Teledramaturgia).

Como consequência “da carência de índices positivos de audiência, as sete crianças intérpretes dos Cavaleiros do Futuro foram substituídas por adolescentes, no intuito de atrair o público jovem com assuntos se seu interesse. Na história, os jovens seriam o resultado de uma transformação concedida pelo Cristal.”

(Wikipédia).

Quem passou a assumir o papel dos cavaleiros do futuro na segunda fase foram: Rafael Rocha que representou o Deco no lugar de Bernardo Marinho, Ana Carolina Dias como a Tatá no lugar a Louise Peres, André Luís Miranda como o Cacau no lugar de Jefferson Nascimento, Gabriela Lebron como Renatinha no lugar de Camille Moritz, Caio Baldini como Rodrigo no lugar de Sérgio Vieira, Railane Borges como Gabi no lugar de Nathália França e Rodolfo Saraiva como Rafael no lugar de Yuri Jaimovich.

Quando Bambuluá chegou ao fim em 31 de Dezembro de 2001, a TV Globinho “tornou-se um programa independente. Mantiveram-se o mesma equipe de apresentadores e a mesma equipe de direção. Exibido de segunda a sexta-feira, às 9h25, o infantil alternava material inédito com reprises. Em 28 de outubro do mesmo ano, no entanto, a TV Globinho passou por uma reformulação e a saída de seus apresentadores. A redação foi assumida por Thiago Arruda e a direção por Flávio Rocha. O foco do programa continuava a ser a exibição de desenhos animados, transmitidos a partir das 10h30.”

(Wikipédia)

O programa durou um bom tempo, mudando os formatos, os apresentadores, até chegar ao seu melancólico fim gradual por interferência de Fátima Bernardes, que já vinha de uma longa carreira no jornalismo, que vendo que o programa não estava mais dando retorno para a emissora, a audiência estava caindo e  sugeriu retirar para dar lugar ao seu programa o Encontro com Fátima Bernardes que passou a ficar no lugar da Tv Globinho a partir de Junho de 2012. A Tv Globinho ficou somente aos sábados, só exibindo desenhos, chegando ao fim em 2015 depois que foi aprovado a Resolução 163, que passou a regular o uso de publicidade infantil nos programas infantis.  Fátima Bernardes atualmente já não comanda mais o Encontro desde 2022, em 2024 foi dispensada da Globo.

 

O fato da Tv Globinho ter sido mantida como um programa solo após o fim de Bambuluá, gerou uma certa confusão na memória principalmente da geração otaku que é quem aprecia animes como no caso Digimon gerou isso, principalmente como eu já esclareci no começo do texto, na verdade ele estreou em  um programa provisório até o lançamento de Bambuluá. Digimon também gerou   uma outra memória equivocada do seu fandom que envolve o fato deles afirmarem se recordarem de ver a   Angélica  com um chapéu azul cantando na abertura do anime.




Bom, na verdade, a Angélica de fato produziu a música para a abertura do anime, sendo que essa versão  não foi produzida  em cima da versão original feita no Japão que era a canção Butter-fly do finado Kōji Wada(1974-2016), mas da versão que a Globo adquiriu exportado dos Estados Unidos.

Ou seja, da versão americana, que contou com o dedo da Saban Productions, produtora de Power Rangers, já que os responsáveis por compor a música dessa versão anime nos EUA foram os produtores executivos de  Power Rangers, os israelenses Haim Saban e Shuky Levy.


  Cujo primeiro refrão que é Digimon, Digitais, Digimon somos campeões, não é cantado pela Angélica, mas sim pela voz masculina do dublador Romeu D´Angelo que em Digimon dublou alguns digimons, como o Monzaemon que é um urso gigante.

Ela só começa mesmo a cantar a partir do refrão: “Eles vão se transformar
Para o seu mundo salvar....”

 

De fato, foi produzido um videoclipe da Angélica usando um chapéu azul aparecendo  num fundo de chroma-key com o desenho, mas não era a abertura.

Na verdade, esse videoclipe era veiculado durante a janela que o programa Férias Animadas exibia entre o final do bloco  com o desenho que antecedia a Digimon para começar mesmo a sua exibição.




Era uma forma deles  conseguirem segurar os telespectadores mirins para atraírem para a  exibição de Digimon para servir como um esquenta, preparando o terreno  até a atração começar de fato.

Quando iniciava o desenho mesmo, era mostrado a abertura, mas sem a presença da Angélica.

Isso ocorria porque a Globo espertamente encaixou Digimon no horário das 11:00 Horas para poder  concorrer diretamente com Pokémon e  num horário que transitava entre o final do matinal infantil para o começo dos programas vespertinos que começava com as linhas jornalísticas  das PraçasTVs*** e dava continuidade com os programas de entretenimento.  

Umas das razões para essa outra falsa memória que os digifãs brasileiros criaram em Digimon se deve ao fato de que nesse videoclipe da Angélica, o fundo mostrando o desenho com ela aparecendo de chapéu azul  cantando e dançado era da abertura o que ocasionou nessa outra  confusão  com relação a estreia do anime no Brasil.

Outra equivocada falsa memória dos que assistiram a Tv Globinho  está relacionado a interrupção da exibição de Dragon Ball Z no fatídico 11 de Setembro de 2001 pelo Plantão da Globo.



Esse  plantão acompanhou boa parte da programação da emissora, tanto até que nem passou Dragon Ball Z naquele dia.

Porém, já houve casos de internautas afirmarem equivocadamente lembrar de no dia viram a exibição de DBZ ser interrompida pelo Plantão da Globo.  

Para tentar entender essa teoria viajada dos fãs brasileiros com relação a famosa obra do Akira Toriyama(1955-2024) aqui vai a explicação:

Segundo a opinião desses internautas,  eles afirmavam  acreditar que lembravam de estarem assistindo a Dragon Ball Z naquela manhã  de terça-feira, 11 de Setembro, a uma cena de batalha de Goku transformado em Super Sayajin 3 e no momento em que a Globo interrompeu a transmissão de sua programação normal  para começar a  exibir o Plantão Globo com a cobertura do atentado terrorista das Torres Gêmeas, o que segundo eles levam a afirmar  foi o dia mais frustrante da vida deles.

A grande questão equivocada que gera o maior furo que pesa contrário  a  afirmação dessa teoria conspiratória  e segundo pelo que pesquisei no site da Folha de São Paulo sobre a grade de programação da Globo nesse dia.

Pesquisei também lendo  numa matéria do site da Folha de Pernambuco de 11 de Setembro de 2023 e  nos canais do Youtube da Kama Sama Explorer postado em 11 de Setembro de 2020 ao consultar com o próprio diretor de programação da emissora Ali Kamel,  numa postagem em vídeo no Youtube  da programação  do usuário Michel Souza de 11/09/23 e de outro usuário do ClubVintageBR de 10/09/24  que fazem  a afirmação desse pessoal cair por terra.

Na verdade, quando ocorreu no fatídico dia do atentado, houve duas interrupções do plantão da Globo.

A primeira interrupção do Plantão Globo para fazer a cobertura do atentado em Nova York, foi no horário das 9h52, quando a Globo estava dando início a sua programação infantil exibindo Bambuluá, apresentado por Angélica que exibia os desenhos de Mickey e Donald.

Para cobrir sobre o acidente aéreo que ocorreu na primeira torre  e ainda não se tinha informação de quem foi  sua autoria até se descobrir  que foi do grupo terrorista  islâmico Al-Qaeda, comandado por Osama Bin Laden(1957-2011).




Depois disso, a Globo voltou a exibir Bambuluá onde exibiu o quadro da Garrafinha  por inteiro.

Depois do fim do quadro da GarrafinhaBambuluá entrou nos comerciais e  não retornou mais a grade, pois a partir desse momento a Globo passou a acompanhar toda a cobertura do atentado durante toda a manhã.

Nas palavras de Ali Kamel ao ser consultado pela Kama Sama Explorer:

“O primeiro plantão da Globo durou quatro minutos e a programação da emissora se dedicou totalmente ao tema a partir das 10h30, tendo se estendido até o horário do Jornal Hoje, que começou naquele dia às 13h. A emissora também derrubou a exibição do jornal local e do Globo Esporte.

Dragon Ball Z era uma das atrações do Bambuluá e entrava no ar por volta das 11h15 — ou seja, naquele dia, a animação seria transmitida apenas mais de uma hora depois. Bambuluá era exibido das 9h20 às 11h55.”

Ou seja, pode-se concluir que na verdade, no momento que a Globo interrompeu sua programação matinal infantil naquele momento Dragon Ball Z estava longe de começar a ser exibido.

A razão para esse equivoco ocasionado pelos fãs de Digimon e DBZ se deve  ao Efeito Mandela, que é o nome dado para definir o comportamento psicológico de memória coletiva  falsa.




Essa nomenclatura  é uma referência a Nelson Mandela(1918-2013), importante ativista sul-africano que foi o principal porta-voz da população negra na África do Sul contra o modelo político racista do Apartheid que vigorava  no país até os anos 1980.




Ele chegou a cumprir prisão por 27 anos, até ser solto em 1990 e ser eleito  Presidente da nação em 1994 e ficou no mandato até 1999.  A explicação para ele dar nome a esse comportamento  de falsas memórias se deve quando a pesquisadora paranormal Fiona Broome  partiu disso por meio da experiência própria de carregar uma memória falsa de pensar que Nelson Mandela havia morrido na prisão nos anos 1980, a ponto de negligenciar que após sua soltura ele foi eleito Presidente da África do Sul e que ele viveu até os 95 anos.




Ela constatou não ser a única, pois, “muitas outras pessoas também tinham essa mesma recordação falsa e escreveu um artigo sobre a experiência no seu site. Dali, o conceito de memórias falsas comuns espalhou-se para outros fóruns e sites, incluindo as redes sociais.”(Retirado da matéria “O estranho 'Efeito Mandela' que a ciência tenta explicar”, do site da BBC, publicado em 14 de Outubro de 2022).

Portanto, nesse dia não teve como Dragon Ball Z passar naquela triste manhã de terça-feira e ser interrompido pela interferência dos ataques aéreos  as Torres Gêmeas em Nova York, pois toda a programação matinal da Globo foi dedicada a cobertura do atentado.

Num balanço geral, posso concluir que Bambuluá, apesar de ter caído no esquecimento com o passar dos anos, ela de certo modo serviu bem como um ponto de virada na carreira da apresentadora Angélica, que após o fim dessa produção resolveu deixar o nicho do público infantil para investir em outros nichos.

Angélica começou sua carreira nos anos 1980, como apresentadora em 1987,  na época ainda garotinha com 13 anos apresentando o Clube da Criança na extinta  Rede Manchete.  Ela já tinha vindo de uma carreira de modelo infantil, onde com apenas 4 anos participou de um concurso A Criança Mais Bonita, promovida pelo apresentador Chacrinha(1917-1988) quando apresentava na Bandeirante o Buzina do Chacrinha.

 
Angélica no Clube da Criança da extinta Rede Manchete no final dos 
anos 1980. Programa que marcou o lançamento dela como apresentadora. 


Angélica figurava como a expoente da nova geração de apresentadores brasileiros que estava surgindo  na década de 1980 ao lado de Gugu Liberato(1959-2019), Fausto Silva, Xuxa Meneghel com quem já foi bastante comparada, a ponto da imprensa brasileira por muito tempo difundiu um suposto boato de que elas eram inimigas e pelo que a própria Angélica desmentiu ao ser entrevistada por Xuxa no seu  extinto programa do Planeta Xuxa(1997-2002).  

Muito disso tem relação com o fato de que ambas apesar da diferença de idade, com Angélica sendo 10 anos mais nova que Xuxa  com ela tendo quase a idade de ser sua irmã caçula, representavam um retrato da  nova safra  de apresentadores surgidos nos  anos 1980 que pertencem a uma geração de brasileiros que nasceram  e cresceram assistindo a televisão, portanto, podendo se dizer que suas carreiras foram moldadas pela TV. Principalmente conhecendo o modelo de programa de auditório estabelecidos por apresentadores  pioneiros como: Flávio Cavalcanti(1923-1986), Carlos Imperial(1935-1992), Aérton Pelingeiro(1921-1992), Airton Rodrigues(1922-1993),  Bolinha(1936-1998), J.Silvestre(1922-2000), Hebe Camargo(1929-2012), Saulo Gomes(1928-2019)  dentre outros exemplos.

Que trouxeram aquela estética de circo eletrônico que se tornou a televisão brasileira e isso ficou mais evidente quando no começo dos anos 1980, surgiu no recém-inaugurado SBT o programa do palhaço Bozo,  um formato exportado dos Estados Unidos criado por Alan Livingston(1917-2009) em 1949. Que foi replicado dando origem aos programas comandados por Angélica,  Mara Maravilha, Sérgio Mallandro e Xuxa.

 

Inclusive Xuxa Meneghel havia começado sua carreira como modelo no começo dos anos 1980 com apenas 16 anos. Antes de virar apresentadora de programa infantil, Xuxa estrelou o polêmico  filme erótico Amor, Estranho Amor(Brasil, 1982) do diretor Walter Hugo Khoury(1929-2003) e foi  no programa Clube da Criança  na recém-inaugurada Rede Manchete em 1983 que ela iniciou sua trajetória na televisão e lá ficou até se transferir para a Globo em 1986 e onde permaneceu por 28 anos.

O mesmo programa que também revelou a carreira de Angélica, cuja  pessoa em comum que foi  responsável por intermediar a carreira de ambas foi  o diretor Mauricio Sherman(1931-2019), um dinossauro da televisão brasileira desde seus primórdios, foi ele que apadrinhou o começo da carreira de ambas.

O que de fato isso pode explicar a razão do porquê a imprensa brasileira tanto se alimentou da falsa inimizade que havia entre elas que eram grandes concorrentes no nicho infantil.  

De fato, foi na extinta emissora fundada nos anos 1980 pelo ucraniano naturalizado brasileiro Adolpho Bloch(1908-1995) apresentando o mesmo programa em épocas diferentes e sendo dirigidas pelo mesmo diretor, onde tanto Angélica e Xuxa foram moldando,  dilapidando os seus talentos artísticos tanto como apresentadoras quanto como cantoras, gravando discos para o público infantil. Foram também desenvolvendo cada uma maneirismo e um bom traquejo para desempenhar a função de animadoras para aquele estilo específico de programa de auditório.


 
Angélica no Programa Milk Shake, também da extinta Rede Manchete. 


Um dos sucessos de Angélica nesse início de carreira é Vou de Táxi****.

Foi também na emissora que a revelou que ela experimentou comandar outro formato de programa que foi o Milk Shake(1988-1992) esse mais voltado ao público jovem. Foi também na Manchete que experimentou o seu trabalho como atriz onde estrelou a minissérie O Guarani(1991), uma adaptação do clássico romance homônimo de José de Alencar(1829-1877) onde protagonizou a Ceci.



Em 1993, se transfere para o SBT, emissora de propriedade do apresentador Silvio Santos(1930-2024), um dos pioneiros da televisão brasileira, onde comanda o Casa da Angélica(1993-1996).  Lá também se aventurou em apresentar  o game show Passa ou Repassa e no Tv Animal.




Em 1996 se transfere para a Globo, onde passa a comandar o Angel Mix, onde também estrela a novelinha dentro do matinal Caça Talentos(1996-1998) protagonizando a Fada Bela e em Flora Encantada(1999-2000) onde protagonizou a Flora. Que durou até  o fim do primeiro semestre do ano 2000 e dando origem a Bambuluá.



Chegou também a participar  como atriz na novela das sete Um Anjo Caiu do Céu(2001) onde representou a anja Angelina. E também representou no cinema em produções como as dos Trapalhões no final dos anos 1980, estrelou Zoando na TV(1998) dentre outros.




Após o fim de Bambuluá, Angélica nos anos que se seguiram quando permaneceu contratada na emissora comandou outros formatos de programas, comandou o Vídeo Game(2001-2011), um game show que foi um quadro do extinto Vídeo Show(1983-2019), comandou o talento show Fama(2002-2005) ao lado de Toni Garrido, vocalista do Cidade Negra,  depois comandou o Estrelas(2006-2018) um programa de variedades com entrevistas com celebridades divididas em três blocos, com ela entrevistando diferentes personalidades, com uma delas mostrando seus dotes culinários.




E no seu último ano contratada na Globo comandou o Simples Assim(2020), que trazia  reflexões sobre diferentes assuntos relacionados à vida e à felicidade das pessoas.

Desde então, Angélica tem se dedicado mais a formatos esporádicos tanto nos streamings quanto na emissora.

Há mais de vinte anos que ela é casada com o apresentador Luciano Huck, com quem passou a usar o sobrenome de casada e agora é mãe de três filhos.

 *Antes já houve um programa infantil chamado Globinho que durou 10 anos no ar, que foi produzido de 1972 a 1982. Mas apresentava um formato diferente desse programa que compôs a programação da Globo nos anos 2000. Quando Bambuluá chegou ao fim em Dezembro de 2001, essa atração ficou fixa como programa independente até o seu fim em 2015.

**No ano seguinte foi lançado a nova versão do Sitio do PicaPau Amarelo, que foi a quinta versão adaptada  do clássico literário de Monteiro Lobato(1882-1948), a primeira surgiu nos primórdios da tv brasileira que foi na TV Tupi entre 1952 a 1963 cujos roteiros foram adaptados pela renomada teatróloga Tatiana Belisnky(1919-2013) que são versões completamente perdidas, só se acha fotos de jornais.  A segunda versão veio em 1964 pela TV Cultura. A terceira foi produzida pela Bandeirantes entre 1967 a 1969. A quarta versão foi na Rede Globo entre 1977 a 1986 que contou com Zilka Salaberry na pele de Dona Benta. A quinta versão foi a produzida entre 2001 a 2007 também pela Globo onde quem representou a Dona Benta foi Nicette Bruno(1933-2020). Em 2012 foi produzida uma versão animada do Sitio do PicaPau Amarelo, produzido pela Globo em parceira com a Mixer que foi a sexta versão e mais recentemente foi produzida a sétima versão do Sitio do Picapau Amarelo, dessa vez pelo SBT para o seu serviço de streaming +SBT.

***Jargão televisivo usado para definir as programações locais de cada estado, principalmente no jornalismo. Que na Globo costuma começar em três horários. Pela manhã, antes do Bom Dia Brasil, pelo começo da  tarde temos a primeira edição do telejornal local cujo título é a abreviação do estado com TV, como aqui no Rio Grande do Norte o RNTV da InterTVCabugi, e a segunda edição também como RNTV Segunda Edição.

****A canção Vou de táxi que Angélica gravou em 1988, o primeiro single  a compor o repertório do seu LP de estreia quando ela  tinha apenas 15 anos gravado pelo selo da CBS. Trata-se de uma versão de Joe Le Taxi, canção gravada em 1987 pela então jovem cantora de 14 anos Vanessa Paradis que foi muito sucesso nas paradas das rádios francesas e de países da Europa como os francofinos da Bélgica, por exemplo.  A canção original, diferente da adaptação feita aqui no Brasil onde foi por meio de um produtor dela que ao fazer uma viagem à França ao tomar conhecimento dessa canção tocando nas rádios negociou o direito de adaptação e chamou o cantor Byafra e seu irmão Aloysio Reis para adaptar a letra gravada por Angélica. Na letra original composta por Étienne Roda-Gil(1941-2004) a canção aborda sobre a vida rotineira de um taxista chamado Joe, o Joe Le Taxi do título da canção, passeando pelas ruas de Paris que foi inspirado num taxista real, melhor dizendo numa taxista real que foi uma motorista portuguesa chamada Maria José Leão dos Santos(1955-2019) que era conhecido como Joe, uma popular personalidade LGBTQIAPN+ da noite parisiense durante os anos 1980. Bem diferente da versão romântica com toques de erotismo nas entrelinhas do texto que Angélica eternizou.  


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