Eu
comecei a preparar esse texto em Janeiro de 2023, no momento em que estava acontecendo
a cobertura do falecimento de Pelé, mas
só pude postar agora nesse momento especial já que na data do dia 23 de Outubro
ele completaria 85 anos.
Portanto
aqui fica o registro da homenagem.
No
dia em que perdemos Edson Arantes do Nascimento, em 29 de Dezembro de 2022, o ídolo do futebol brasileiro e mundial, nosso Rei Pelé(1940-2022), eu postei nas
minhas redes sociais o fato curioso a respeito de uma série animada que já foi
feita em cima dele.
Quem
tem minha faixa etária e assistia ao programa infantil matutino do Angel
Mix(1996-2000) na Rede Globo comandado por Angélica lá pela segunda
metade dos anos 1990 talvez se lembre ou
não do desenho Pelezinho que passava nas manhãs dessa antiga grade
infantil da TV Brasileira.
Pelezinho ao
contrário do que eu pensava não se tratava de uma produção nossa,
autenticamente brasileira.
Tanto
que nem foi inspirado na HQ homônima do
Maurício de Sousa, criador da Turma da Mônica. Mas sim de uma produção hispânico-romena
que foi lançada em 1996.
Hoje
esse desenho figura como uma lost média(mídia perdida). Eu confesso que já não
me recordava dessa animação, não fosse os canais de YouTube que abordam Lost
Média.
Como
o Canal GD de quem fiz uma printagem,
postando no meu Instagram. Como é difícil encontrar informações na internet
sobre a produção dessa animação, o pouco que a Wikipédia descreve é
superficialmente sobre o seu enredo, justamente por figurar como uma mídia perdida.
O
que vou descrever abaixo sobre curiosidades e bastidores da produção terá como base na informação que
o canal do Youtube GD, expôs numa
investigação minuciosa em forma de vídeo
sobre essa animação com informações mais aprofundadas, principalmente sobre
detalhes da produção cheia de tretas no vídeo intitulado O Desenho Perdido
do Pelé que recomendo darem uma olhada a quem tiver a curiosidade.
Pelezinho
trazia uma história um tanto surreal inspirada no Rei do Futebol, com ele sendo
protagonizado como um moleque de 12
anos, mas jogando num time de adultos, dirigi um carro mesmo sendo menor de
idade e se envolve numas aventuras envolvendo espionagem pelo mundo com sua parceira Neusa e seu inseparável cachorro Rex que fala. Muito
nesse toque escapista.
Pelezinho
foi
uma animação produzida no exterior, não foi brasileira apesar do protagonista
simbolizar o nosso Brasil, e se ambientar no Brasil, foi
co-produzida pelo canal espanhol Antena
3 e pela produtora também espanhola AnimaDream que contou com a colaboração de
dois diretores romenos Mihai Şurubaru e Lucian Profirescu.
Já que foi na Romênia que o desenho foi
produzido com a colaboração de roteiristas espanhóis. E cujo produtor executivo
foi Arturo Torres.
Soa
muito estranho imaginar que esse desenho foi produzido na Romênia, país sem
muita tradição no mercado das animações,
ao contrário da Espanha que já tinha mercado, onde inclusive uma animação
espanhola chegou a ser exibida aqui no Brasil pela Globo e pelo canal pago
Futura no final dos anos 1990 que foram As Trigêmeas(Les Tres Bessones,
Espanha, 1997-2003).
Muito disso se deve ao fato que o país* havia passado mais de vinte anos regido sob uma opressiva ditadura comunista e havia chegado ao fim fazia pouco tempo, depois que
o ditador Nicolae Ceaușescu foi fuzilado junto com sua esposa numa revolta
popular ocorrida durante o Natal de 1989.
Pode-se dizer que boa parte da
população romena enquanto viveu sob esse longo período oprimida por uma
ditadura, dificilmente eles tenham tido acesso a ver animações, especialmente
as do Mickey Mouse, símbolo do capitalismo americano.
Isso de certa forma explica o porquê da qualidade
dessa animação limitada ser tosca mesmo para a época, em especial nas
movimentações dos personagens nas cenas das partidas de futebol.
Há
momentos que apelam pro nonsene, é preciso você entrar na inércia da suspensão
da descrença como é típico da animação para não tentar quebrar a cabeça para
encontrar alguma lógica e viajar naquele universo, como em alguns momentos
mostrar o locutor aparecer pegando
os instrumentos do batuque e da vuvuzela
para tocar como torcida ou mesmo o comentarista aparecer se
fantasiando de líder de torcida.
Confesso que nas vagas lembranças que tenho de
ter assistido a essa série animada quando passava na Globo na época eu já era
um moleque pré-adolescente até curtia
pelo fato mais curioso dele explorar a temática do futebol, símbolo brasileiro
que não era muito explorado em nosso país, algo que eu não estava acostumado a
ver nas animações que costumavam passar nos extintos programas infantis da
época. E justamente por ser estrelado pelo Rei do Futebol, cheguei a pensar que
a produção fosse brasileira.
Quando
soube da existência já adulto de um gibi
do Pelezinho, criado pelo Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica, também
imaginei a mesma coisa. Sendo que pelo pude constatar, são coisas muito
distintas.
Muito tempo depois, eu reassisti ao único episódio de Pelezinho, disponível no
Youtube postado na conta de um sujeito da Sérvia, que se identifica como Retro
Televizija, com a dublagem no idioma
sérvio provavelmente gravado de alguma fita VHS que ele tinha.
E pelo
que pude constatar com outros olhos como
a animação apresenta uma qualidade sofrível no traço e na movimentação dos
personagens de tão amadora e tão de
quinta categoria que se apresenta, que
mais aparece ter sido feita para comerciais de marcas pequenas. Um verdadeiro mico.
Ainda
mais que por ser uma produção gringa, logicamente vamos nos deparar com uma
visão utopicamente superficial que eles
tem do Brasil, como além do futebol, as
lindas praias mostrando logicamente lindas mulheres de biquini.
Mihai
Şurubaru, um dos diretores da animação, já havia conhecido o Brasil antes nos
anos 1970, ao trabalhar projetando equipamentos para uma petrolífera
brasileira. Por ele já ter pisado antes em solo brasileiro ele sabia como se
nortear em representar o Brasil.
Porém,
ainda assim, apresenta umas inverossimilhanças a respeito do Brasil, como o fato justamente
do protagonista ser representado por um garoto pré-adolescente de 12 anos. Mas que já jogava profissionalmente num time adulto e já poder
dirigir um carro, cara é quase que uma romantização do trabalho infantil. Essa
revisitada me fez constatar como essa obra envelheceu mal.
O
canal GD mostrou na investigação apurada em recorte de jornal da matéria do
jornal espanhol El País de 1995,
e o recorte de uma matéria do Jornal do
Brasil também publicada em 1995. Comentando
sobre o desenho que estava começando a ser produzido durante a visita de Pelé** a Espanha lá contava esses detalhes da
produção que foi idealizada por ele e menciona o nome das três pessoas
envolvidas como o produtor espanhol Arturo Torres, e os diretores romenos Mihai
Şurubaru e Lucian Profirescu.
E
lá também explicava a duração de 52 episódios de meia hora cada e sendo exibida
no horário nobre da tv espanhola e depois foi sendo exportada para outros
países e aqui no Brasil durante a época de Copa de Mundo.
Arturo
Torres tinha o percentual maior das ações de 70%, já Mihai só tinha 30%, e esse
fator foi o que motivou uma treta que ocasionou no fechamento do estúdio e o
que serve para explicar o porque do desenho Pelezinho figurar como uma
mídia perdida.
Pelo
que o canal GD menciona no vídeo o recorte de uma matéria do jornal romeno Romania Liberã,
publicado em 2005, lá o diretor Mihai Şurubaru explicou que o estúdio que ele
havia fundado, AnimaDream tinha chegado ao fim em meados de 1997, quando seu sócio espanhol lhe passou
a perna, pegou todo o material do
estúdio e fugiu da Romênia.
Segundo
pelo que Mihai explicou nessa matéria, naquela época entrou em vigor na Romênia
uma nova lei de direitos autorais. Que exigia que todos os coautores tivessem
participações nos lucros, e isso pelo jeito não era o que o espanhol queria a
ponto de deixar o estúdio e resultou no seu fechamento.
O que de certa forma explica dessa obra figurar
como uma mídia perdida por conta da
situação irregular que ela se encontra depois do estúdio que o produziu
fechou devido a rasteira que um dos proprietários causou.
Essa
irregularidade o torna
impossível de ser lançado em plataformas de streamings, se bem que nunca houve
um lançamento dessa animação em DVD.
Enfim,
o que posso finalizar descrevendo nesse texto em sua homenagem, é que o Pelé sempre vai ser eternizado como o
talentoso jogador que brilhava dentro de campo que se tornava uma majestade,
disso não há como se questionar.
Se
bem que o mesmo não se pode dizer que fora
de campo a respeito de sua vida intima que já foi alvo de polêmicas que não vou
me estender a explicar, não é querendo passar pano nem nada, mas é que não cabe
a mim julgar com quem ele casou e se foi um bom ou um mau exemplo como uma figura paterna que já chegou
a manchar sua reputação de homem público, até porque se eu me alongasse a explicar esses
pormenores poderia deixar a leitura
desagradável. Isso aqui é de conhecimento público. Portanto aqui fica minha homenagem ao maior
craque do futebol que o Brasil já conheceu.
Em
memória do Rei Pelé.






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