No
dia 12 de Outubro de 1995, feriado de Nossa Senhora Aparecida, a TV brasileira
testemunhava horrorizada a atitude desrespeitosa do Bispo Sérgio Von Hélder da Igreja
Universal do Reino de Deus chutando a imagem da santa padroeira em pleno ar no programa O Despertar da Fé
na RecordTV nessa época já de propriedade do Bispo Edir Macedo, dono da
Universal.
Um
episódio que repercutiu muito mal. Que ficou conhecido como Chute na Santa.
Um dos mais marcantes episódios da
baixaria na TV Brasileira dos anos 1990.
Para
compreender como essa situação absurda foi possível de ocorrer, vamos mergulhar
no contexto da época para assim podermos entender melhor.
Na
década 1990, a Record já era uma emissora comandada pela Igreja Universal do
Reino Deus, popularmente chamada apenas de Universal.
Uma
instituição evangélica de movimento neopentecostal, que foi fundada em 1977 por
dois sacerdotes: Edir Macedo e por seu cunhado Romildo Ribeiro Soares, o popular R.R.Soares,
este em questão é o que comanda um programa evangélico chamado de Show da Fé.
Que
fundaria mais tarde outra instituição
religiosa chamada de Igreja Internacional da Graça de Deus.
A
Universal passou a se tornar dona da Record, mais ou menos por volta do começo
dos anos 1990 ao comprar as ações de Silvio Santos(1930-2024) que era o
proprietário da emissora, o mesmo dono do SBT.
Não,
vocês não leram errado, Silvio Santos já foi sim proprietário da Record, além de ser o
proprietário do SBT, emissora que fundou.
É
meio confuso, mas vou tentar explicar: A Record trata-se de uma emissora
paulista que foi fundada no dia 27 de Setembro de 1953 pelo empresário Paulo
Machado de Carvalho(1901-1992).
Ou
seja, a emissora foi fundada muito antes de existir a Universal, já que o seu
futuro fundador e atual proprietário da Record o Bispo Edir Macedo nessa época era apenas um garotinho travesso de oito anos*.
Para
quem tem mais ou menos minha faixa etária, que com certeza foi da geração que
alcançou na Record nesse período da segunda metade dos anos 1990 em sua programação infantil o Eliana &
Alegria (1998-2003) da apresentadora Eliana Michaelichen Bezerra
recém-saída do SBT onde foi a primeira que comandou o Bom Dia & CIA(1993-2022) e nessa nova emissora marcada pela exibição do fenômeno do anime de Pokémon.
Alcançaram
também a fase de sua programação vespertina mostrando Ana Maria Braga apresentando o Note & Anote (1993-2005) antes de
se transferir para a Globo em 1999 para comandar o Mais Você que
permanece no ar desde então.
E
na sua programação noturna contar com o
polêmico Carlos Massa vulgo Ratinho, o expoente dos barracos na TV dos anos
1990 com o seu Ratinho Livre (1997-1998) antes de ser transferido para o
SBT a partir de 1998 para comandar o Programa do Ratinho que permanece
no ar até hoje.
Com
a sua transferência para o SBT, quem assumiu seu programa foi Gilberto Barros
com o Leão Livre(1998-1999) que seguiu nos mesmos moldes do Ratinho
Livre.
Portanto,
quem já conheceu a emissora sob o comando da Universal com aquele perfil de emissora com programação
de cunho religioso exibindo tele cultos do próprio Edir Macedo nas madrugadas ou mesmo alguma produção independente de
novela com cunho religioso.
Devem imaginar que a emissora com esse perfil
comandada por um bispo que ele foi o
fundador da emissora, não fazem ideia de que na verdade, a emissora já existia
antes dele ser proprietário.
Desses
primeiros anos de operações da Record, ficou marcado pelo seu investimento nas transmissões do Festival
da Canção, que inclusive existe um documentário que comenta sobre a
cobertura feita pela emissora em 1967 intitulado Uma Noite em 67(Brasil,
2010) com depoimento de Paulinho Machado de Carvalho(1924-2010) que foi da diretoria
artística da emissora.
Com sua produção em teledramaturgia com apelos
mais humorísticos, onde dessa leva de novelas posso citar: Ceará contra 007(Brasil,
1965) de autoria de Marcos César(1934-1987) e direção de Nilton Travesso.
E contando com um elenco de feras do humor
brasileiro como Jô Soares(1938-2022) protagonizando o Jaime Bonde, Ronald
Golias(1929-2005), Consuelo Leandro(1932-1999), Roni Rios(1936-2001), Ary
Toledo(1937-2024), Borges de Barros(1920-2007) dentre outros nomes. Tratava-se
de uma novela que satirizava ao modo brasileiro os filmes de espionagem da
franquia 007 então estrelada nos anos 1960 por Sean Connery(1930-2020)
inspirados na série literária do britânico Ian Fleming(1908-1964).
Aliás,
falando no quesito humorístico, foi nessa época que marcou a produção de A Família Trapo(Brasil,
1967-1971) cujo enredo girava em torno de uma família rica formada pelo
patriarca Pepino Trapo(Otelo Zeloni) de sua esposa Helena(Renata Fronzi), os dois filhos
Verinha(Cidinha Campos) e Sócrates(Renato Corte Real) e do Mordomo Gordon(Jô
Soares) lidando com a presença indesejada de Carlo Bronco Dinossauro(Ronald Golias)**, irmão de
Verinha que é um típico sujeito de
perfil malandro, desagradável, inapropriado que vive infernizando a vida dessa
família.
A
estética desse programa gravado ao vivo e com plateia trazendo um toque bem
teatral foi o que inspirou
posteriormente a estética do Sai do Baixo(Brasil, 1996-2002) produzida
pela Globo nos anos 1990.
Além
de contar no elenco com Jô Soares que além de representar o Mordomo Gordon
também foi redator do programa e com Ronald Golias apresentando pela primeira vez
na TV seu famoso tipo surgido no rádio, o Bronco.
Seu elenco também contou com Otelo
Zeloni(1921-1973) no papel do patriarca Pepino Trapo, Renata Fronzi(1925-2008)
como a matriarca Helena Trapo e no papel dos dois filhos do casal: Renato Corte Real(1924-1982) como o Sócrates
Trapo e Cidinha Campos como Verinha Trapo que até esse momento em que escrevo
esse texto ela figura como a única atriz viva que compunha o elenco fixo da
série.
Foi
por volta dos anos 1970 que a Rede Record enfrentou uma grande crise financeira
que fez seu primeiro dono Paulo Machado de Carvalho resolver anunciar a venda
da emissora.
É
nesse contexto que surgi Silvio Santos como o maior interessado na compra da
Record.
Até
aquele momento ele não tinha fundado o SBT, mas já era o célebre apresentador e
também sabia como exercer o seu trabalho de empresário pelo seu bom faro para os negócios.
Silvio
Santos até aquele momento ainda era contratado da Globo onde apresentava o Programa
Silvio Santos.
Silvio
nessa época estava se articulando com o
opressor governo militar para conseguir adquirir uma concessão de emissora. Foi
então que em 1975, ele adquiriu do então Presidente da República General
Ernesto Geisel(1907-1996) a concessão para fundar em 1976 não o SBT, mas sim a TVS, o embrião do que seria o SBT(Sistema
Brasileiro de Televisão).
O SBT mesmo só seria fundado em 1981 após
Silvio adquiri uma concessão de outro presidente militar General João Batista
Figueiredo(1918-1999) que foi da antiga TV Tupi, a pioneira fundada pelo
magnata Assis Chateaubriand(1892-1968) que encerrava suas operações em Julho de
1980 após enfrentar uma grave crise financeira que ocasionou em greves dos
funcionários que consequentemente levou ao seu melancólico fim.
Portanto,
pode se dizer que quando Silvio Santos fundou o SBT, ele também comandava ao
mesmo tempo a Record.
Dessa
fase de Silvio Santos comandando a Record, ele não investia tanto na emissora.
Retransmitia o Programa Silvio Santos e costumava passar mais programas de
enlatados de séries americanas.
Foi
dessa sua fase comandando a Record, o
primeiro investimento frustrado
em teledramaturgia com a novela O Espantalho(Brasil, 1977) escrita por
Ivani Ribeiro(1922-1995) produzida pelos Estúdios Silvio Santos cuja trama
girava em torno do litoral praiano de Guaianá tendo suas praias interditadas
para banho em decreto oficial pelo
prefeito ambientalista Breno(Fábio Cardoso) por conta das suas águas poluídas.
Essa
sua iniciativa vai enfrentar fortes críticas e resistências de parte da
população que vai enfrentar forte oposição
principalmente pelo lado do
prepotente vice-prefeito Rafael(Jardel
Filho) que é o cunhado de Breno e é dono
de uma pousada da região.
Esse
para provoca-lo manda criar uns espantalhos na praia interditada, onde daí vem
o título da obra. Onde ele queria
espantar os turistas. Esse mesmo objeto
vai ser o seu maior objeto de medo.
Anos
depois, essa novela foi inserida no remake de Mulheres de Areia***,
lançado pela Globo em 1993 inspirado em uma versão homônima da autora feita
pela extinta Tupi em 1973.
Foi
por volta do final dos anos 1980, que Silvio Santos após passar quase uma década como dono da emissora, decide vender a Record para poder se
concentrar mais no SBT que estava lhe dando mais retorno de investimento.
É
nesse período que entra na história a figura do Edir Macedo que entra como
interessado em comprar a Record.
Edir
Macedo àquela altura já era o ilustre bispo que comandava a Universal e já com
uma visão empreendedora foi expandido a Universal a tornando uma marca com
filiais espalhadas por todo o Brasil e até mesmo fora do Brasil.
Ele
sempre causou polêmica, principalmente por se vender como um santo milagreiro,
a ponto de ser acusado pela Igreja Católica pelo ato de curandeirismo e junto ao ato de charlatanismo para enriquecimento pessoal.
O
que já lhe rendeu processos judiciais movidos pelo Ministério Público, e
justamente nessa época em questão da segunda metade da década de 1990 foi onde houve o episódio do chute na santa
provocada pelo Bispo Von Hélder, o Edir Macedo estava sendo alvo de constantes denúncias feitas inclusive
pela grande imprensa, incluindo pelo jornalismo da Globo.
Tanto
que a Globo até produziu uma minissérie
chamada Decadência(Brasil, 1995), escrita por Dias Gomes(1922-1999):
“A
trama tinha como protagonista um líder religioso que explora a fé do povo. Na
época, soou como uma provocação contra a Igreja Universal do Reino de Deus,
vinculada à Record, o que acirrou uma guerra entre as emissoras. Decadência é
ambientada entre 1984 e 1992 e retrata
os acontecimentos políticos dessa época. Mariel Batista (Edson Celulari) é
humilhado e expulso da mansão da família Tavares Branco, onde cresceu e
trabalhava como motorista, após se envolver com a filha caçula do patrão, Carla
(Adriana Esteves). O tempo passa e ele vira um poderoso pastor evangélico.
Rico
às custas dos fiéis, Mariel deseja se vingar dos ex-patrões, a essa altura à
beira da ruína. O fanatismo religioso e as pregações inflamadas do personagem
remeteram à postura do bispo Edir Macedo, dono da Record. A minissérie provocou
a revolta dos líderes evangélicos da época.
Um
mês antes da estreia, em agosto de 1995, o Fantástico exibiu reportagens sobre
a coleta de dinheiro e o exorcismo praticado em igrejas evangélicas
pentecostais. Naquele mesmo ano, o Jornal Nacional mostrou um vídeo em que Edir
Macedo ensinava pastores como convencerem os fiéis a darem dízimos nos cultos.”
(Retirado
da matéria do site NaTelinha de 14 de Maio de 2024, ocasião da estreia da
minissérie no Globoplay).
Essa
minissérie também ficou marcada pela polêmica cena da Jandira(Zezé Polessa)
governanta da rica família Tavares Branco que acolheu Mariel quando ele era criança saído das ruas
e cresce virando motorista particular deles, se insinuando para ele, se ajoelhando diante
dele sentando na cama lendo a Bíblia.
Ela
assanhadamente “leva as mãos até os joelhos do pastor, que deixa a Bíblia
sobre a cama. Em seguida, a personagem coloca o sutiã em cima do livro sagrado.”
(Trecho
tirado do site NaTelinha de 14 de Maio de 2024, ocasião da estreia da
minissérie no Globoplay).
O
que por si só aumentou ainda mais a ira dos bispos da Universal e tudo isso
ocasionou no ponto que envolveu o
estopim para esse triste episódio da
intolerância religiosa praticada pelo
sacerdote Sérgio Von Hélder em pleno ar em chutar a imagem de Nossa Senhora
Aparecida na fatídica data de sua celebração.
Como
se não bastasse só os chutes na santa, o Bispo Von Hélder também não economizou
nos insultos verbais:
“Von
Helder protestava contra o feriado nacional na televisão e também contra o
título de padroeira do Brasil da santa. As igrejas protestantes não acreditam
em santos e abominam adoração de imagens, o que fez com que Helder não tivesse
pudor na hora de agredir Nossa Senhora” .
(Trecho
retirado do site NaTelinha de 12 de Outubro de 2020, em matéria recordando os
25 anos do triste episódio do chute na santa).
Dentre
os insultos verbais de Von Hélder direcionados a Santa estavam de boneco feio,
horrível e desgraçado como este trecho mostra de sua crítica:
"Estamos
mostrando às pessoas que isso aqui não funciona, isso aqui não é santo coisa
nenhuma. 500 reais, cinco salários mínimos, custa no supermercado essa
imagem... E tem gente que compra! Agora se você quiser uma santa mais barata,
você encontra até por 100 reais. Será que Deus, o criador do universo, pode ser
comparado a um boneco desse tão feio, tão horrível e tão desgraçado?"
(Trecho
tirado do site NaTelinha de 12 de Outubro de 2020).
Isso
gerou uma reação imediata dos meios de comunicação e das paroquias que se
sentiram ofendidas com esse ato desrespeitoso do Bispo Von Hélder.
No
dia seguinte, o fato ganhou notoriedade nos noticiários do país, chegando a ser
exibido no Jornal Nacional daquele dia por várias vezes, gerando
diversas reações negativas contra Helder. Então, devido à rápida repercussão
negativa, isso consequentemente
ocasionou na transferência de Von Helder para os Estados Unidos.
Um
fato curioso que chama a atenção sobre o Bispo Von Helder em sua vida pregressa
antes de fazer carreira de sacerdote, ele tinha vindo de uma infância humilde
no bairro da Pavuna, no Rio de Janeiro. Onde nasceu em 1959 numa família
luterana de descendência austríaca, que por essa formação religiosa já se pode
deduzir que sua escolha pela carreira de missionário não foi pelo acaso.
Antes
de seguir no oficio de pastor tentou seguir uma frustrada carreira no futebol e
depois tentou na carreira militar.
Foi
a partir de 1988, que ele ingressa na Igreja Universal do Reino de Deus,
mas não foi logo de cara assumindo o
oficio missionário como o conhecemos, primeiro ele começou como obreiro em um templo da Universal localizado
no Rio de Janeiro.
Foi
aos poucos se ascendendo dentro da hierarquia da Universal, uma instituição
neopentecostal, chegando a presidir no ano seguinte a seccional cearense da Universal
e mais tarde a dirigir trabalhos no Maranhão, Bahia e Minas
Gerais. Seu auge na IURD foi como bispo em São Paulo.
Começou
a ganhar admiração entre os membros da
Universal pela habilidade eloquente de
pregador e pelo talento de oratória fervorosos que foi começando a lhe render
fama, principalmente quando começou a se tornar um pregador na televisão.
Um
ano antes dele protagonizar esse episódio vergonhoso de Chutar a Santa ao vivo
na televisão. Ele já havia causado polêmica durante a campanha presidencial de
1994, onde fez um comentário depreciativo com relação ao nosso atual Presidente da República Luiz Inácio Lula da
Silva, um ex-metalúrgico, líder sindicalista e fundador do Partido dos Trabalhadores (PT) que
naquele momento disputava pela segunda
vez a campanha presidencial de que Lula era o próprio diabo - um sujeito barbudo, que
tem um dedo a menos numa das mãos e fala com a língua presa.
Von
Helder depois disso rompeu com a Universal e passou a pregar sem manter vínculo
com nenhuma instituição religiosa, vivendo nos Estados Unidos.
Nos
últimos anos ele apareceu publicamente em suas contas nas redes sociais como
durante a campanha presidencial de 2018 onde
foi o apoiador de Jair Bolsonaro.
O
jornalista Chico Pinheiro que teve uma breve passagem na Record, justo nesse
momento em que ela se encontrava no olho do furacão.
Relatou posteriormente sobre essa sua
conturbada passagem em entrevistas para podcasts a respeito das brigas que
enfrentou com a direção executiva da emissora que teve a participação de Eduardo Lafon(1948-2000) que ocupava um
importante cargo de chefe de programação
da emissora que sofria interferências da Universal.
“Pinheiro
contou que havia assinado um contrato de quatro anos para ser o diretor
nacional de jornalismo da Record, em que ficou estipulado que a Universal não
poderia interferir nas decisões editoriais jornalísticas da emissora.
Entretanto, seis meses depois ele foi demitido ao relutar em exibir um
posicionamento do bispo Edir Macedo sobre o polêmico episódio, sem que houvesse
o contraponto do cardeal da Igreja Católica do Rio de Janeiro.”
(Retirado
de matéria do site Splash de 20 de Abril de 2023).
Nas
palavras de Chico Pinheiro sobre essa sua passagem na Record:
"Respeito
o bispo Macedo, mas no jornal não, porque se vocês botarem o bispo Macedo no
jornal, vocês vão esculhambar o jornalismo, vira um jornal acessório da
igreja", falou no podcast Inteligência Ltda.”
(Trecho
retirado do site Splash de 23/04/2023).
Outra
declaração que o próprio Chico Pinheiro deu a respeito dessa sua passagem pela
Record:
"Eu
fui pra minha sala, tinha um pessoal editando as matérias, na hora que passei
vi o cardeal falando numa ilha [de edição]. Falei: 'o que é isso?' O editor de
imagens falou: 'isso é a entrevista que o cardeal deu hoje, a igreja mandou
gravar, porque vai ter uma reunião de bispos e pastores e eles vão assistir
isso aqui'. Falei: 'tira uma cópia pra mim que eu quero ver'. O cara tirou uma
cópia, me deu, fui pra minha sala", declarou.” Trecho também retirado
do Site Splash.
E
relembrou o momento mais tenso após a repercussão do acontecimento na emissora:
“No
dia seguinte quando cheguei na minha sala na redação, tinham duas seguranças na
porta e o cara do RH, ele falou: 'o senhor não pode entrar a sala está
lacrada'. Sai da Record escoltado, o pessoal da redação assustado".
Essas
brigas resultaram na demissão de Chico Pinheiro, que moveu um processo contra a
Record por quebra de contrato onde ele teve ganho de causa e depois foi
contratado pela Globo onde permaneceu prestando serviço até 2022.
Atualmente,
Chico Pinheiro integra desde o segundo
semestre de 2023, a equipe de conteúdo
do ICL(Instituto Conhecimento Liberta) comandado por Eduardo Moreira.
Olha,
eu não tenho nada contra qualquer religião, até porque eu já uma tive uma
experiência em frequentar uma igreja evangélica batista quando eu era pequeno
acompanhado de minha falecida avó materna, já que minha mãe nasceu e cresceu
num lar batista, ao contrário do meu pai que é católico e foi inclusive educado
até em colégio de padre.
Eu
tenho um tio materno que atua no oficio de sacerdote, onde há um bom tempo ele
prega em igrejas batistas na Bahia.
Eu
já cheguei a frequentar Centro Espirita, enfim. Apesar de não ser devoto de
nenhuma religião especifica.
Eu
vou aproveitar e compartilhar a minha
experiência de já ter convivido com crentes em diferentes momentos da minha
vida, que foi mais especificamente com pessoas de fora, gente da minha escola
quando eu fazia o ensino médio em colégio particular ou quando fiz faculdade, ou mesmo em outros
lugares que costumava frequentar.
Bom,
essa gente em especial independente de qual denominação institucional
seguia, tipo como: a Igreja Batista que
já mencionei que é onde meu tio materno
exerce o oficio de pastor, além desses temos: a Assembleia de Deus, Igreja Adventista, Universal do Reino de Deus,
Igreja Bethesda, Igreja dos Santos dos Últimos Dias, dentre outros exemplos. Todos ali sempre
demonstravam em alguma conversa um
padrão de comportamento de sempre manter uma fachada pela fala mansa de que são
tementes a Deus, mencionam versículos decorados da Bíblia para convencer de que
são cidadãos de bem acima de qualquer suspeita e posando-se de pseudossábios.
Sempre
soltavam o verbo com o eloquente discurso de ver qualquer coisa que fosse
contra os seus princípios morais eram
vistos como satânicos.
Eu
já presenciei uma cena assim que ocorreu quando eu ainda era um jovem estudante de ensino médio ali por volta de
2003, tive um professor evangélico que não vou citar aqui o seu nome nem sua
disciplina, que ele uma vez em sala de aula soltou o verbo ao demonstrar sua
insatisfação quando tinha assistido ao quadro do programa humorístico Casseta&Planeta, Urgente(Brasil,
1992-2010), que mostrava o personagem do Seu Cresson, vivido por Claudio Manoel estava sendo idolatrado como
Deus pelo povo. Ele comentou que achou aquilo uma blasfêmia, difamação e todos
os tipos de acusações que você pode imaginar. Eu assisti a esse quadro e vou comentar
sinceramente a respeito dessa postura desse meu ex-professor.
Sinceramente escola não é lugar para
ficar pregando palavras de Deus. O que esse docente fez foi um assédio religioso.
Pior mesmo é da parte do aluno bulidor que se utiliza desse pretexto de ser
crente para agredir fisicamente, psicologicamente e verbalmente. Isso é um
assédio religioso.
E
eu sofri isso bastante de colega, ainda mais quando me aventurei a participar
de um trabalho de feira cientifica sobre bruxaria e a direção da escola e muito
colega que testemunhou se omitiu e minimizou a situação.
Pois bem, agora que bullying virou crime, e se você gestor escolar se calar, será punido judicialmente sim por
esse assédio religioso.
A
demonstração irada que ele soltou nesse discurso para nós estudantes, só provou
um quão equivocado demonstrou a sua postura de pessoa institucionalizada
camuflada na figura de cidadão de bem.
Porque
assim, o Estado Brasileiro ele é laico, e essa coisa da religião se meter na
política, a ponto de comandar o poder, a
história bem provou que isso não dá certo se torna uma relação
promiscua.
Ainda
mais quando existem pastores que viram deputados e formam a famosa bancada evangélica, assim fica difícil de digerir, como foi retratado no recentes documentários da Petra Costa Apocalipse nos Trópicos(Brasil, 2025) e em Império Malafaia(Brasil, 2025) produção do ICL.
É
de uma imoralidade, que vou ser sincero, não tem como eu ter respeito por esse
tipo de gente.
Principalmente
se esses sacerdotes virem falando a asneira de chamar nós autistas de capetas,
ai é que eu não vou ter mesmo o menor respeito por esses babacas. Esses asnos
de Buridan, uns tremendo de uns cretinos.
Ou mesmo como aconteceu recentemente com o
jovem pastor menor de idade Miguel Oliveira enganando todo mundo como santo
milagreiro, isso é uma falta de caráter mais escroque que já vi.
Quando
o filosofo alemão Karl Marx(1818-1883), o mesmo que criou a doutrina do
comunismo em sua frase que: A Religião é o Ópio do Povo, “significa
que a religião pode ser uma forma de escapismo e alívio para as pessoas que
sofrem com condições sociais injustas, mas que também pode aliená-las da
realidade e dificultar a mudança social. É uma crítica à religião como um
instrumento de controle social e de alienação da classe trabalhadora.” Frase
tirada da pesquisa da IA do Google.
E
quando outro importante filósofo alemão Friedrich Nietzche(1844-1900) dizia que
Deus Está Morto, não é no sentido
literal, mas sim no sentido do conceito da crença ter sido desvirtuada, irem
contra os preceitos de Deus, principalmente para quem usa as palavras vazias
para fins gananciosos.
E
isso serve bem para ilustrar a negligencia do Estado Brasileiro. Já
conheci alguns desses crentes com quem convivi, falar a asneira de elogiar o
ato da Sara Sheeva, filha da cantora Baby do Brasil, ex-Novos Baianos como um
ato de rebeldia ao virar pastora. Ato de rebeldia nada, ela se tornou tão
desequilibrada quanto a mãe ao declarar coisas absurdas com seus comentários
gordofóbicos, de quem não vou ter o mínimo de respeito. Simplesmente a vejo
como uma cretina.
O
que bem explica o ponto a que chegou esse efeito manada dos lobos em peles de
ovelhas que usam de má fé as palavras das crenças religiosas, para manipular os
mais vulneráveis. Vai me dizer que vocês acreditam que o Guilherme de
Pádua(1969-2022), o assassino da atriz Daniela Perez(1970-1992), tenha se
regenerado após virar pastor.
É
essa a minha conclusão da qual cheguei.
Existem
figuras religiosas que merecem sim meu respeito: a Irmã Dulce(1914-1992), Madre
Teresa de Calcutá(1910-1997), Padre Júlio
Lancellotti, Padre Cícero(1884-1934), Chico Xavier(1910-2002), Divaldo
Franco(1927-2025), Papa Francisco(1936-2025) e o Monsenhor Expedito Sobral de
Medeiros(1916-2000), gente que exerce a função sacerdotal praticando a
caridade.
Mas
de sacerdotes como Edir Macedo, Silas Malafais ou mesmo de pastores ricos, não vou ter o mínimo
de respeito por esses escroques, essas escórias que é o que eles são.
Posso
encerrar mencionado um trecho da letra da canção Sorte tem quem acredita
nela do cantor brega Fernando Mendes que bem exemplifica isso tudo que
descrevi:
“Não
adianta ir à igreja rezar e fazer tudo errado
Você quer a frente das coisas olhando de lado
O céu que te cobre não cobra a luz da manhã
Desperte pra vida, acredite, a sorte é irmã.”
*Um
fato que chama a atenção em Edir Macedo é que ele carrega a curiosa característica de pertencer
a geração de brasileiros que nasceram na última década pré-televisão e
cresceram testemunhando o nascer da televisão em sua primeira década de operação, isso porque
ele nasceu em 1945. Boa parte dos fundadores das emissoras de televisão são das
gerações de brasileiros que nasceram e cresceram nas décadas pré-televisão. Por exemplo: Assis
Chateuabriand, que fundou a pioneira Tv Tupi nasceu no final do século 19. Já
Roberto Marinho(1904-2003), fundador da Rede Globo, Adolpho Bloch(1908-1995),
fundador da Rede Manchete, Mário Wallace Simmonsen(1909-1965) fundador da Excelsior, João
Saad(1919-1999) fundador da Bandeirantes e Paulo Machado de Carvalho tem em
comum o fator de serem da primeira
geração de brasileiros nascidos no começo do século 20 quando fundaram a
televisão. Já Silvio Santos que nasceu no começo dos anos 1930, e se lançou na
televisão primeiro como apresentador nos anos 1950 antes de fundar o SBT em
1981, pertence a penúltima geração de brasileiros que nasceu e cresceu antes do
surgimento da televisão. Já os
caçulinhas entre estes que são mais novos até do que Edir Macedo são Amilcare
Dallevo e Marcelo de Carvalho fundadores da RedeTV. Amilcare que nasceu em 1957
e Marcelo que é de 1961, pertencem em comum a primeira geração de brasileiros
que nasceram e cresceram acompanhando a evolução da televisão no Brasil. Eles
foram moldados pela televisão.




















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