sábado, 11 de outubro de 2025

30 ANOS DO CHUTE NA SANTA NA TELEVISÃO BRASILEIRA

 

No dia 12 de Outubro de 1995, feriado de Nossa Senhora Aparecida, a TV brasileira testemunhava horrorizada a atitude desrespeitosa do Bispo Sérgio Von Hélder da Igreja Universal do Reino de Deus chutando a imagem da santa padroeira  em pleno ar no programa O Despertar da Fé na RecordTV nessa época já de propriedade do Bispo Edir Macedo, dono da Universal.




Um episódio que repercutiu muito mal. Que ficou conhecido como Chute na Santa. Um dos mais  marcantes episódios da baixaria na TV Brasileira dos anos 1990.

Para compreender como essa situação absurda foi possível de ocorrer, vamos mergulhar no contexto da época para assim podermos entender melhor.




Na década 1990, a Record já era uma emissora comandada pela Igreja Universal do Reino Deus, popularmente chamada apenas de Universal.

Uma instituição evangélica de movimento neopentecostal, que foi fundada em 1977 por dois sacerdotes: Edir Macedo e por seu cunhado  Romildo Ribeiro Soares, o popular R.R.Soares, este em questão é o que comanda um programa evangélico  chamado de  Show da Fé.  

Que fundaria mais tarde  outra instituição religiosa chamada de Igreja Internacional da Graça de Deus.




A Universal passou a se tornar dona da Record, mais ou menos por volta do começo dos anos 1990 ao comprar as ações de Silvio Santos(1930-2024) que era o proprietário da emissora, o mesmo dono do SBT.

Não, vocês não leram errado, Silvio Santos já foi sim  proprietário da Record, além de ser o proprietário do SBT, emissora que fundou.




É meio confuso, mas vou tentar explicar: A Record trata-se de uma emissora paulista que foi fundada no dia 27 de Setembro de 1953 pelo empresário Paulo Machado de Carvalho(1901-1992).

Ou seja, a emissora foi fundada muito antes de existir a Universal, já que o seu futuro fundador e atual proprietário da Record  o Bispo Edir Macedo nessa época era apenas  um garotinho travesso de oito anos*.

Para quem tem mais ou menos minha faixa etária, que com certeza foi da geração que alcançou na Record nesse período da segunda metade dos anos 1990  em sua programação infantil o Eliana & Alegria (1998-2003) da apresentadora Eliana Michaelichen Bezerra recém-saída do SBT onde foi a primeira que comandou o Bom Dia & CIA(1993-2022)  e nessa nova emissora marcada pela   exibição  do fenômeno do anime de Pokémon.

Alcançaram também a fase de sua programação vespertina mostrando  Ana Maria Braga apresentando o  Note & Anote (1993-2005) antes de se transferir para a Globo em 1999 para comandar o Mais Você que permanece no ar desde então.




E  na sua programação noturna contar com o polêmico Carlos Massa vulgo Ratinho, o expoente dos barracos na TV dos anos 1990 com o seu Ratinho Livre (1997-1998) antes de ser transferido para o SBT a partir de 1998 para comandar o Programa do Ratinho que permanece no ar até hoje.

Com a sua transferência para o SBT, quem assumiu seu programa foi Gilberto Barros com o Leão Livre(1998-1999) que seguiu nos mesmos moldes do Ratinho Livre.

Portanto, quem já conheceu a emissora sob o comando da Universal  com aquele perfil de emissora com programação de cunho religioso exibindo tele cultos do próprio Edir Macedo nas madrugadas  ou mesmo alguma produção independente de novela com cunho religioso.

 Devem  imaginar que a emissora com esse perfil comandada por um bispo que  ele foi o fundador da emissora, não fazem ideia de que na verdade, a emissora já existia antes dele ser proprietário.

 


 

Desses primeiros anos de operações da Record, ficou marcado  pelo seu investimento nas transmissões do Festival da Canção, que inclusive existe um documentário que comenta sobre a cobertura feita pela emissora em 1967 intitulado Uma Noite em 67(Brasil, 2010) com depoimento de Paulinho Machado de Carvalho(1924-2010) que foi da diretoria artística da emissora.




 Com sua produção em teledramaturgia com apelos mais humorísticos, onde dessa leva de  novelas posso citar: Ceará contra 007(Brasil, 1965) de autoria de Marcos César(1934-1987) e direção de Nilton Travesso.




 E contando com um elenco de feras do humor brasileiro como Jô Soares(1938-2022) protagonizando o Jaime Bonde, Ronald Golias(1929-2005), Consuelo Leandro(1932-1999), Roni Rios(1936-2001), Ary Toledo(1937-2024), Borges de Barros(1920-2007) dentre outros nomes. Tratava-se de uma novela que satirizava ao modo brasileiro os filmes de espionagem da franquia 007 então estrelada nos anos 1960 por Sean Connery(1930-2020) inspirados na série literária do britânico Ian Fleming(1908-1964).




Aliás, falando no quesito humorístico, foi nessa época que marcou  a produção de A Família Trapo(Brasil, 1967-1971) cujo enredo girava em torno de uma família rica formada pelo patriarca Pepino Trapo(Otelo Zeloni) de sua esposa  Helena(Renata Fronzi), os dois filhos Verinha(Cidinha Campos) e Sócrates(Renato Corte Real) e do Mordomo Gordon(Jô Soares) lidando com a presença indesejada de Carlo  Bronco Dinossauro(Ronald Golias)**, irmão de Verinha que é um típico  sujeito de perfil malandro, desagradável, inapropriado que vive infernizando a vida dessa família.

A estética desse programa gravado ao vivo e com plateia trazendo um toque bem teatral  foi o que inspirou posteriormente a estética do Sai do Baixo(Brasil, 1996-2002) produzida pela Globo nos anos 1990.

Além de contar no elenco com Jô Soares que além de representar o Mordomo Gordon também foi redator do programa e com Ronald Golias apresentando pela primeira vez na TV seu famoso tipo surgido no rádio, o Bronco.

 Seu elenco também contou com Otelo Zeloni(1921-1973) no papel do patriarca Pepino Trapo, Renata Fronzi(1925-2008) como a matriarca Helena Trapo e no papel dos dois filhos do casal:  Renato Corte Real(1924-1982) como o Sócrates Trapo e Cidinha Campos como Verinha Trapo que até esse momento em que escrevo esse texto ela figura como a única atriz viva que compunha o elenco fixo da série.

Foi por volta dos anos 1970 que a Rede Record enfrentou uma grande crise financeira que fez seu primeiro dono Paulo Machado de Carvalho resolver anunciar a venda da emissora.

É nesse contexto que surgi Silvio Santos como o maior interessado na compra da Record.

Até aquele momento ele não tinha fundado o SBT, mas já era o célebre apresentador e também sabia como exercer o seu trabalho de empresário pelo seu bom  faro para os negócios.

Silvio Santos até aquele momento ainda era contratado da Globo onde apresentava o Programa Silvio Santos.

Silvio nessa época  estava se articulando com o opressor governo militar para conseguir adquirir uma concessão de emissora. Foi então que em 1975, ele adquiriu do então Presidente da República General Ernesto Geisel(1907-1996) a concessão para fundar em 1976 não o SBT, mas sim  a TVS, o embrião do que seria o SBT(Sistema Brasileiro de Televisão).

 O SBT mesmo só seria fundado em 1981 após Silvio adquiri uma concessão de outro presidente militar General João Batista Figueiredo(1918-1999) que foi da antiga TV Tupi, a pioneira fundada pelo magnata Assis Chateaubriand(1892-1968) que encerrava suas operações em Julho de 1980 após enfrentar uma grave crise financeira que ocasionou em greves dos funcionários que consequentemente levou ao seu melancólico fim.

Portanto, pode se dizer que quando Silvio Santos fundou o SBT, ele também comandava ao mesmo tempo a Record.

Dessa fase de Silvio Santos comandando a Record, ele não investia tanto na emissora. Retransmitia o Programa Silvio Santos e costumava passar mais programas de enlatados de séries americanas.

Foi dessa sua fase comandando a Record, o  primeiro investimento  frustrado em teledramaturgia com a novela O Espantalho(Brasil, 1977) escrita por Ivani Ribeiro(1922-1995) produzida pelos Estúdios Silvio Santos cuja trama girava em torno do litoral praiano de Guaianá tendo suas praias interditadas para banho em decreto oficial  pelo prefeito ambientalista Breno(Fábio Cardoso) por conta das suas águas poluídas.



Essa sua iniciativa vai enfrentar fortes críticas e resistências de parte da população  que vai enfrentar forte oposição principalmente pelo lado  do prepotente  vice-prefeito Rafael(Jardel Filho) que é o cunhado de Breno e  é dono de uma pousada da região. 

Esse para provoca-lo manda criar uns espantalhos na praia interditada, onde daí vem o título da obra.  Onde ele queria espantar os turistas.  Esse mesmo objeto vai ser o seu maior objeto de medo.

Anos depois, essa novela foi inserida no remake de Mulheres de Areia***, lançado pela Globo em 1993 inspirado em uma versão homônima da autora feita pela extinta Tupi em 1973.

Foi por volta do final dos anos 1980, que Silvio Santos após passar  quase uma década como dono da emissora,  decide vender a Record para poder se concentrar mais no SBT que estava lhe dando mais retorno de investimento.

É nesse período que entra na história a figura do Edir Macedo que entra como interessado em comprar a Record.

Edir Macedo àquela altura já era o ilustre bispo que comandava a Universal e já com uma visão empreendedora foi expandido a Universal a tornando uma marca com filiais espalhadas por todo o Brasil e até mesmo fora do Brasil.

Ele sempre causou polêmica, principalmente por se vender como um santo milagreiro, a ponto de ser acusado pela Igreja Católica pelo ato de curandeirismo e  junto ao ato  de charlatanismo para enriquecimento pessoal.

O que já lhe rendeu processos judiciais movidos pelo Ministério Público, e justamente nessa época em questão da segunda metade da década de 1990 foi  onde houve o episódio do chute na santa provocada pelo Bispo Von Hélder, o Edir Macedo estava sendo  alvo de constantes denúncias feitas inclusive pela grande imprensa, incluindo pelo  jornalismo da Globo. 

Tanto que a Globo até produziu  uma minissérie chamada Decadência(Brasil, 1995), escrita por Dias Gomes(1922-1999):

A trama tinha como protagonista um líder religioso que explora a fé do povo. Na época, soou como uma provocação contra a Igreja Universal do Reino de Deus, vinculada à Record, o que acirrou uma guerra entre as emissoras. Decadência é ambientada entre  1984 e 1992 e retrata os acontecimentos políticos dessa época. Mariel Batista (Edson Celulari) é humilhado e expulso da mansão da família Tavares Branco, onde cresceu e trabalhava como motorista, após se envolver com a filha caçula do patrão, Carla (Adriana Esteves). O tempo passa e ele vira um poderoso pastor evangélico.

Rico às custas dos fiéis, Mariel deseja se vingar dos ex-patrões, a essa altura à beira da ruína. O fanatismo religioso e as pregações inflamadas do personagem remeteram à postura do bispo Edir Macedo, dono da Record. A minissérie provocou a revolta dos líderes evangélicos da época.

Um mês antes da estreia, em agosto de 1995, o Fantástico exibiu reportagens sobre a coleta de dinheiro e o exorcismo praticado em igrejas evangélicas pentecostais. Naquele mesmo ano, o Jornal Nacional mostrou um vídeo em que Edir Macedo ensinava pastores como convencerem os fiéis a darem dízimos nos cultos.”

(Retirado da matéria do site NaTelinha de 14 de Maio de 2024, ocasião da estreia da minissérie no Globoplay).



Essa minissérie também ficou marcada pela polêmica cena da Jandira(Zezé Polessa) governanta da rica família Tavares Branco que acolheu  Mariel quando ele era criança saído das ruas e cresce virando motorista particular deles,  se insinuando para ele, se ajoelhando diante dele sentando na cama lendo a Bíblia.

Ela assanhadamente “leva as mãos até os joelhos do pastor, que deixa a Bíblia sobre a cama. Em seguida, a personagem coloca o sutiã em cima do livro sagrado.”

(Trecho tirado do site NaTelinha de 14 de Maio de 2024, ocasião da estreia da minissérie no Globoplay).

O que por si só aumentou ainda mais a ira dos bispos da Universal e tudo isso ocasionou no  ponto que envolveu o estopim para  esse triste episódio da intolerância religiosa  praticada pelo sacerdote Sérgio Von Hélder em pleno ar em chutar a imagem de Nossa Senhora Aparecida na fatídica data de sua celebração.

Como se não bastasse só os chutes na santa, o Bispo Von Hélder também não economizou  nos insultos verbais:

Von Helder protestava contra o feriado nacional na televisão e também contra o título de padroeira do Brasil da santa. As igrejas protestantes não acreditam em santos e abominam adoração de imagens, o que fez com que Helder não tivesse pudor na hora de agredir Nossa Senhora” .

(Trecho retirado do site NaTelinha de 12 de Outubro de 2020, em matéria recordando os 25 anos do triste episódio do chute na santa).

Dentre os insultos verbais de Von Hélder direcionados a Santa estavam de boneco feio, horrível e desgraçado como este trecho mostra de sua crítica:

"Estamos mostrando às pessoas que isso aqui não funciona, isso aqui não é santo coisa nenhuma. 500 reais, cinco salários mínimos, custa no supermercado essa imagem... E tem gente que compra! Agora se você quiser uma santa mais barata, você encontra até por 100 reais. Será que Deus, o criador do universo, pode ser comparado a um boneco desse tão feio, tão horrível e tão desgraçado?"

(Trecho tirado do site NaTelinha de 12 de Outubro de 2020).

Isso gerou uma reação imediata dos meios de comunicação e das paroquias que se sentiram ofendidas com esse ato desrespeitoso do Bispo Von Hélder.

No dia seguinte, o fato ganhou notoriedade nos noticiários do país, chegando a ser exibido no Jornal Nacional   daquele dia por várias vezes, gerando diversas reações negativas contra Helder. Então, devido à rápida repercussão negativa,  isso consequentemente ocasionou na transferência de Von Helder  para os Estados Unidos.



Um fato curioso que chama a atenção sobre o Bispo Von Helder em sua vida pregressa antes de fazer carreira de sacerdote, ele tinha vindo de uma infância humilde no bairro da Pavuna, no Rio de Janeiro. Onde nasceu em 1959 numa família luterana de descendência austríaca, que por essa formação religiosa já se pode deduzir que sua escolha pela carreira de missionário não foi pelo acaso.

Antes de seguir no oficio de pastor tentou seguir uma frustrada carreira no futebol e depois tentou na carreira militar.

Foi a partir de 1988, que ele ingressa na Igreja Universal do Reino de Deus, mas não foi logo de cara  assumindo o oficio missionário como o conhecemos, primeiro ele começou como  obreiro em um templo da Universal localizado no Rio de Janeiro.

Foi aos poucos se ascendendo dentro da hierarquia da Universal, uma instituição neopentecostal, chegando a presidir no ano seguinte a seccional cearense da Universal e mais tarde a dirigir trabalhos no Maranhão, Bahia e Minas Gerais. Seu auge na IURD foi como bispo em São Paulo. 

Começou a ganhar  admiração entre os membros da Universal pela habilidade eloquente  de pregador e pelo talento de oratória fervorosos que foi começando a lhe render fama, principalmente quando começou a se tornar um pregador na televisão.

Um ano antes dele protagonizar esse episódio vergonhoso de Chutar a Santa ao vivo na televisão. Ele já havia causado polêmica durante a campanha presidencial de 1994, onde fez um comentário depreciativo com  relação ao nosso atual  Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, um ex-metalúrgico,  líder  sindicalista e fundador  do Partido dos Trabalhadores (PT) que naquele momento  disputava pela segunda vez a campanha presidencial de que Lula   era o próprio diabo - um sujeito barbudo, que tem um dedo a menos numa das mãos e fala com a língua presa.

Von Helder depois disso rompeu com a Universal e passou a pregar sem manter vínculo com nenhuma instituição religiosa, vivendo nos Estados Unidos.

Nos últimos anos ele apareceu publicamente em suas contas nas redes sociais como durante a campanha presidencial de 2018  onde foi o apoiador de Jair Bolsonaro.

O jornalista Chico Pinheiro que teve uma breve passagem na Record, justo nesse momento em que ela se encontrava no olho do furacão.



 Relatou posteriormente sobre essa sua conturbada passagem em entrevistas para podcasts a respeito das brigas que enfrentou com a direção executiva da emissora que teve a participação de  Eduardo Lafon(1948-2000) que ocupava um importante cargo  de chefe de programação da emissora que sofria interferências da Universal.

“Pinheiro contou que havia assinado um contrato de quatro anos para ser o diretor nacional de jornalismo da Record, em que ficou estipulado que a Universal não poderia interferir nas decisões editoriais jornalísticas da emissora. Entretanto, seis meses depois ele foi demitido ao relutar em exibir um posicionamento do bispo Edir Macedo sobre o polêmico episódio, sem que houvesse o contraponto do cardeal da Igreja Católica do Rio de Janeiro.”

(Retirado de matéria do site Splash de 20 de Abril de 2023).

Nas palavras de Chico Pinheiro sobre essa sua passagem na Record:

"Respeito o bispo Macedo, mas no jornal não, porque se vocês botarem o bispo Macedo no jornal, vocês vão esculhambar o jornalismo, vira um jornal acessório da igreja", falou no podcast Inteligência Ltda.

(Trecho retirado do site Splash de 23/04/2023).

Outra declaração que o próprio Chico Pinheiro deu a respeito dessa sua passagem pela Record:

"Eu fui pra minha sala, tinha um pessoal editando as matérias, na hora que passei vi o cardeal falando numa ilha [de edição]. Falei: 'o que é isso?' O editor de imagens falou: 'isso é a entrevista que o cardeal deu hoje, a igreja mandou gravar, porque vai ter uma reunião de bispos e pastores e eles vão assistir isso aqui'. Falei: 'tira uma cópia pra mim que eu quero ver'. O cara tirou uma cópia, me deu, fui pra minha sala", declarou.” Trecho também retirado do Site Splash.

E relembrou o momento mais tenso após a repercussão do acontecimento na emissora:

“No dia seguinte quando cheguei na minha sala na redação, tinham duas seguranças na porta e o cara do RH, ele falou: 'o senhor não pode entrar a sala está lacrada'. Sai da Record escoltado, o pessoal da redação assustado".

Essas brigas resultaram na demissão de Chico Pinheiro, que moveu um processo contra a Record por quebra de contrato onde ele teve ganho de causa e depois foi contratado pela Globo onde permaneceu prestando serviço até 2022.

Atualmente,  Chico Pinheiro integra desde o segundo semestre de 2023,  a equipe de conteúdo do ICL(Instituto Conhecimento Liberta) comandado por Eduardo Moreira.

Olha, eu não tenho nada contra qualquer religião, até porque eu já uma tive uma experiência em frequentar uma igreja evangélica batista quando eu era pequeno acompanhado de minha falecida avó materna, já que minha mãe nasceu e cresceu num lar batista, ao contrário do meu pai que é católico e foi inclusive educado até em colégio de padre.

Eu tenho um tio materno que atua no oficio de sacerdote, onde há um bom tempo ele prega em igrejas batistas na Bahia.

Eu já cheguei a frequentar Centro Espirita, enfim. Apesar de não ser devoto de nenhuma religião especifica.

Eu vou aproveitar e  compartilhar a minha experiência de já ter convivido com crentes em diferentes momentos da minha vida, que foi mais especificamente com pessoas de fora, gente da minha escola quando eu fazia o ensino médio em colégio particular ou  quando fiz faculdade, ou mesmo em outros lugares que costumava frequentar.

Bom, essa gente em especial independente de qual denominação institucional seguia,  tipo como: a Igreja Batista que já mencionei  que é onde meu tio materno exerce o oficio de pastor, além desses temos: a Assembleia de Deus,  Igreja Adventista, Universal do Reino de Deus, Igreja Bethesda, Igreja dos Santos dos Últimos Dias,  dentre outros exemplos. Todos ali sempre demonstravam em alguma conversa  um padrão de comportamento de sempre manter uma fachada pela fala mansa de que são tementes a Deus, mencionam versículos decorados da Bíblia para convencer de que são cidadãos de bem acima de qualquer suspeita  e posando-se de pseudossábios.

Sempre soltavam o verbo com o eloquente discurso de ver qualquer coisa que fosse contra os seus princípios  morais eram vistos como satânicos.

Eu já presenciei uma cena assim que ocorreu quando eu ainda era um jovem  estudante de ensino médio ali por volta de 2003, tive um professor evangélico que não vou citar aqui o seu nome nem sua disciplina, que ele uma vez em sala de aula soltou o verbo ao demonstrar sua insatisfação quando tinha assistido ao quadro do programa humorístico  Casseta&Planeta, Urgente(Brasil, 1992-2010), que mostrava o personagem do Seu Cresson, vivido por  Claudio Manoel estava sendo idolatrado como Deus pelo povo.  Ele comentou que  achou aquilo uma blasfêmia, difamação e todos os tipos de acusações que você pode imaginar.  Eu assisti a esse quadro e vou comentar sinceramente a respeito dessa postura desse meu ex-professor.

Sinceramente  escola não é lugar para ficar pregando palavras de Deus. O que esse docente fez foi um assédio religioso. Pior mesmo é  da parte do aluno  bulidor que se utiliza desse pretexto de ser crente para agredir fisicamente, psicologicamente e verbalmente. Isso é um assédio religioso.

E eu sofri isso bastante de colega, ainda mais quando me aventurei a participar de um trabalho de feira cientifica sobre bruxaria e a direção da escola e muito colega que testemunhou se omitiu e minimizou a situação.

 Pois bem, agora que bullying virou  crime,  e se você gestor escolar  se calar, será punido judicialmente sim por esse assédio religioso.

A demonstração irada que ele soltou nesse discurso para nós estudantes, só provou um quão equivocado demonstrou a sua postura de pessoa institucionalizada camuflada na figura de cidadão de bem.

Porque assim, o Estado Brasileiro ele é laico, e essa coisa da religião se meter na política, a ponto de comandar o poder, a  história bem provou que isso não dá certo se torna uma relação promiscua.

Ainda mais quando existem pastores que viram deputados e formam a famosa bancada  evangélica, assim fica difícil de digerir, como foi retratado no recentes documentários da Petra Costa Apocalipse nos Trópicos(Brasil, 2025) e em Império Malafaia(Brasil, 2025) produção do ICL.


 



É de uma imoralidade, que vou ser sincero, não tem como eu ter respeito por esse tipo de gente.

Principalmente se esses sacerdotes virem falando a asneira de chamar nós autistas de capetas, ai é que eu não vou ter mesmo o menor respeito por esses babacas. Esses asnos de Buridan, uns tremendo de uns cretinos.

 Ou mesmo como aconteceu recentemente com o jovem pastor menor de idade Miguel Oliveira enganando todo mundo como santo milagreiro, isso é uma falta de caráter mais escroque que já vi.




Quando o filosofo alemão Karl Marx(1818-1883), o mesmo que criou a doutrina do comunismo  em sua frase que: A Religião é o Ópio do Povo, “significa que a religião pode ser uma forma de escapismo e alívio para as pessoas que sofrem com condições sociais injustas, mas que também pode aliená-las da realidade e dificultar a mudança social. É uma crítica à religião como um instrumento de controle social e de alienação da classe trabalhadora.” Frase tirada da pesquisa da IA do Google.




E quando outro importante filósofo alemão Friedrich Nietzche(1844-1900) dizia que Deus Está Morto, não é no  sentido literal, mas sim no sentido do conceito da crença ter sido desvirtuada, irem contra os preceitos de Deus, principalmente para quem usa as palavras vazias para fins gananciosos.




E isso serve bem  para ilustrar  a negligencia do Estado Brasileiro. Já conheci alguns desses crentes com quem convivi, falar a asneira de elogiar o ato da Sara Sheeva, filha da cantora Baby do Brasil, ex-Novos Baianos como um ato de rebeldia ao virar pastora. Ato de rebeldia nada, ela se tornou tão desequilibrada quanto a mãe ao declarar coisas absurdas com seus comentários gordofóbicos, de quem não vou ter o mínimo de respeito. Simplesmente a vejo como uma cretina.




O que bem explica o ponto a que chegou esse efeito manada dos lobos em peles de ovelhas que usam de má fé as palavras das crenças religiosas, para manipular os mais vulneráveis. Vai me dizer que vocês acreditam que o Guilherme de Pádua(1969-2022), o assassino da atriz Daniela Perez(1970-1992), tenha se regenerado após virar pastor.

É essa a minha conclusão da qual cheguei.

Existem figuras religiosas que merecem sim meu respeito: a Irmã Dulce(1914-1992), Madre Teresa de Calcutá(1910-1997),  Padre Júlio Lancellotti, Padre Cícero(1884-1934), Chico Xavier(1910-2002), Divaldo Franco(1927-2025), Papa Francisco(1936-2025) e o Monsenhor Expedito Sobral de Medeiros(1916-2000), gente que exerce a função sacerdotal praticando a caridade.




Mas de sacerdotes como Edir Macedo,  Silas Malafais ou mesmo de pastores ricos, não vou ter o mínimo de respeito por esses escroques, essas escórias que é o que eles são.  

Posso encerrar mencionado um trecho da letra da canção Sorte tem quem acredita nela do cantor brega Fernando Mendes que bem exemplifica isso tudo que descrevi:

Não adianta ir à igreja rezar e fazer tudo errado
Você quer a frente das coisas olhando de lado
O céu que te cobre não cobra a luz da manhã
Desperte pra vida, acredite, a sorte é irmã.

 

 

 

*Um fato que chama a atenção em Edir Macedo é que ele  carrega a curiosa característica de pertencer a geração de brasileiros que nasceram na última década pré-televisão e cresceram testemunhando o nascer da televisão em  sua primeira década de operação, isso porque ele nasceu em 1945. Boa parte dos fundadores das emissoras de televisão são das gerações de brasileiros que nasceram e cresceram nas décadas  pré-televisão. Por exemplo: Assis Chateuabriand, que fundou a pioneira Tv Tupi nasceu no final do século 19. Já Roberto Marinho(1904-2003), fundador da Rede Globo, Adolpho Bloch(1908-1995), fundador da Rede Manchete, Mário Wallace Simmonsen(1909-1965) fundador da Excelsior, João Saad(1919-1999) fundador da Bandeirantes e Paulo Machado de Carvalho tem em comum o fator de serem  da primeira geração de brasileiros nascidos no começo do século 20 quando fundaram a televisão. Já Silvio Santos que nasceu no começo dos anos 1930, e se lançou na televisão primeiro como apresentador nos anos 1950 antes de fundar o SBT em 1981, pertence a penúltima geração de brasileiros que nasceu e cresceu antes do surgimento da televisão.  Já os caçulinhas entre estes que são mais novos até do que Edir Macedo são Amilcare Dallevo e Marcelo de Carvalho fundadores da RedeTV. Amilcare que nasceu em 1957 e Marcelo que é de 1961, pertencem em comum a primeira geração de brasileiros que nasceram e cresceram acompanhando a evolução da televisão no Brasil. Eles foram moldados pela televisão.

**O personagem Bronco foi uma criação de Ronald Golias para o rádio em 1955. A série da Família Trapo foi a primeira que ele trouxe Bronco  para a TV. Golias ainda estrelou  Bronco na série Super Bronco produzido pela Globo em 1979. Entre 1987 a 1990 Golias estrelou Bronco com a série  homônima na Bandeirantes que contou entre as duas  atrizes fazendo suas irmãs Nair Bello(1931-2007) como Vesúvia e Renata Fronzi(1925-2008) como Helena, não por acaso também representou sua irmã  de mesmo  nome em Família Trapo e a última vez que Golias representou o Bronco foi na série Meu Cunhado produzida pelo SBT entre 2004 a 2006.

***Quando a Globo produziu em 1993 o remake de Mulheres de Areia e inseriu  em sua espinha dorsal  elementos de O Espantalho. O protagonista de O Espantalho, o Prefeito Breno passou a assumir essa mesma  função no remake de Mulheres de Areia, onde em vez de ser o gestor da fictícia Guaianá de O Espantalho, vira o gestor da fictícia Pontal D´Areia de Mulheres de Areia. Um encaixe perfeito já que ambas traziam em suas estéticas ambientações praieiras. Ainda que com suas devidas proporções. Breno que em O Espantalho foi papel de Fábio Cardoso(1932-2010) e no remake de Mulheres de Areia foi papel de Daniel Dantas e justamente nessa versão que ele ganhou um novo parentesco. Como assim? Para compreender melhor:  em O Espantalho quem era o cunhado de Breno e também vice-prefeito de Guaianá era o Rafael papel do Jardel Filho(1927-1983) que no remake de Mulheres de Areia essa função coube ao Virgílio Assunção, vivido por Raul Cortez(1932-2006) no remake da Globo que na versão da Tupi foi de Claudio Corrêa e Castro(1928-2005). Sua irmã Corina(Nathália Timberg) passou a ser Clarita no remake de Mulheres de Areia vivida no remake por Suzana Vieira num papel equivalente a versão de 1973 de Cleyde Yáconis(1923-2013). No remake,  Breno se torna tio do protagonista Marcos(Guilherme Fontes) que na versão de 1973 foi de Carlos Zara(1930-2002), este mesmo que participou do remake na pele do comerciante Zé Pedro personagem inserido de O Espantalho que foi representado por Walter Stuart(1922-1999). O Marcos que é disputado pelas gêmeas Ruth e Raquel vividas por Glória Pires no remake e por Eva Wilma(1933-2021) na versão de 1973.  E tio também da rebelde Malu papel de Viviane Pasmanter no remake e que na versão de 1973 foi papel de Maria Isabel de Lizandra(1945-2019). Que vive uma paixão intensa pelo caubói Alaor, papel de Humberto Martins no remake e de Antônio Fagundes na versão de 1973. Em O Espantalho, o vilão Rafael  também era pai de um rapaz e uma moça assim como o Virgílio,  que no caso eram Ney papel de Carlos Alberto Riccelli e Zilá papel de Carmen Monegal(1943-2024), mas que não mostravam o mesmo grau de protagonismo desses ai. Fora que na versão de O Espantalho, a esposa de Breno se chamava Geni(Ester Góes) que no remake de Mulheres de Areia foi alterado para Vera(Isadora Ribeiro). E também outros personagens de O Espantalho no mote do remake de Mulheres de Areia, como a Tonha(Tereza Amayo) que virou Tonia(Andreia Beltrão), filha de Zé Pedro dentre outros exemplos.


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